Laerte (argumento e desenhos)
Devir Livraria (Brasil, Novembro de 2007)
210 × 280 mm, 112 p., cor+pb, cartonado
Devir Livraria (Brasil, Novembro de 2007)
210 × 280 mm, 112 p., cor+pb, cartonado
1985, um Brasil recém-saído da ditadura, descobria nas bancas a Chiclete com Banana, uma revista de BD “underground” a resvalar para o anarquismo.
Nela, Angeli, o seu criador, depois com Laerte, Glauco ou Luís Gê, traçava um retrato cínico e mordaz das misérias do país, visto através das suas franjas mais marginais. A publicação tornou-se um marco, vendeu três milhões de exemplares numa década, teve até uma versão para Portugal (onde agora há nas livrarias pacotes com a “Edição definitiva para coleccionadores”) e lá nasceram anti-heróis como Rê Bordosa, os Skrotinhos, Bob Cuspe ou os invulgares Piratas do Tietê.
As aventuras destes últimos, traçadas por Laerte com detalhe e pormenores deliciosos, num preto e branco contrastante muito bem trabalhado, e dotadas de uma planificação multifacetada que lhes transmite uma grande dinâmica e ritmo, desenvolvem-se ao longo do rio Tietê, que atravessa a cidade de São Paulo. Recheadas de acção e nonsense, partem dele para as mais diversas paródias ou para libelos anti-economistas, anti-ecologistas ou anti-outra-coisa-qualquer, com base na estranha combinação dos estereótipos das narrativas de corsários com uma crítica exacerbada da actualidade brasileira, utilizando com frequência citações da literatura (Pessoa é protagonista involuntário de uma BD no segundo tomo, onde também se encontram Batman, Fantasma ou a Virgem Maria), cinema, pintura ou mesmo banda desenhada.
Agora, estão compiladas numa bela edição de luxo em três volumes – o segundo foi recentemente distribuído entre nós -, que incluem notas biográficas e comentários do autor, que enquadram melhor e possibilitam um outro nível de leitura de cada narrativa.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 20 de Outbro de 2008)
Nela, Angeli, o seu criador, depois com Laerte, Glauco ou Luís Gê, traçava um retrato cínico e mordaz das misérias do país, visto através das suas franjas mais marginais. A publicação tornou-se um marco, vendeu três milhões de exemplares numa década, teve até uma versão para Portugal (onde agora há nas livrarias pacotes com a “Edição definitiva para coleccionadores”) e lá nasceram anti-heróis como Rê Bordosa, os Skrotinhos, Bob Cuspe ou os invulgares Piratas do Tietê.
As aventuras destes últimos, traçadas por Laerte com detalhe e pormenores deliciosos, num preto e branco contrastante muito bem trabalhado, e dotadas de uma planificação multifacetada que lhes transmite uma grande dinâmica e ritmo, desenvolvem-se ao longo do rio Tietê, que atravessa a cidade de São Paulo. Recheadas de acção e nonsense, partem dele para as mais diversas paródias ou para libelos anti-economistas, anti-ecologistas ou anti-outra-coisa-qualquer, com base na estranha combinação dos estereótipos das narrativas de corsários com uma crítica exacerbada da actualidade brasileira, utilizando com frequência citações da literatura (Pessoa é protagonista involuntário de uma BD no segundo tomo, onde também se encontram Batman, Fantasma ou a Virgem Maria), cinema, pintura ou mesmo banda desenhada.
Agora, estão compiladas numa bela edição de luxo em três volumes – o segundo foi recentemente distribuído entre nós -, que incluem notas biográficas e comentários do autor, que enquadram melhor e possibilitam um outro nível de leitura de cada narrativa.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 20 de Outbro de 2008)