
Publicar em pequenas editoras é uma opção pessoal ou a única alternativa face ao desinteresse por parte das “grandes” editoras?
David Soares - Quanto à questão do desinteresse das grandes editoras, aquilo que elas demonstram não é isso, mas algum temor em publicar autores menos conhecidos e tal não acontece apenas no mercado da BD. Publicar o álbum "Mucha" pela Kingpin Books começou por ser o desejo que eu tinha de trabalhar com o Mário Freitas, porque somos amigos e achámos que seria enriquecedor fazer algo em parceria. No que diz respeito ao meu trabalho de banda desenhada, eu não teria problemas nenhuns em publicá-lo por qualquer editora que eu escolhesse, fosse ela mais pequena ou maior, considerando o currículo que tenho e isso é factual. Eu gosto é de trabalhar com quem gosto, por conseguinte a dimensão da Kingpin Books nunca foi uma questão que tivesse sido sequer equacionada por mim.
- Até onde conseguem chegar/que visibilidade têm estas edições?
David Soares - Os distribuidores não querem saber se as editoras com quem trabalham são pequenas ou grandes: apenas estão preocupados em distribuir o maior número possível de edições, a um ritmo constante. Garantir a distribuição dos álbuns de BD depende, em exclusivo, do capital do editor. Se tiver capital para publicar muitos títulos com regularidade assegura uma boa distribuição. Se não, pode defender-se oferecendo livros de características únicas. O leitor "normal" de BD é conservador, lê sempre a mesma coisa e, quase sempre, desconfia da BD nacional. Os leitores "especializados" que compram BD nacional sabem que podem encontrá-la nas livrarias de BD ou encomendá-la pela Internet aos próprios editores, por isso nem sequer vale a pena falar sobre distribuição nas grandes superfícies, porque os leitores "especializados" não precisam dela para nada.
- Nestes moldes, que futuro antevês para a BD nacional?
David Soares - O mercado da BD nacional sempre foi de nicho, feito com obras de qualidade sismográfica realizadas por autores que, na sua maioria, nunca se profissionalizaram - ou seja, nunca chegaram a viver da BD ou (para não ir tão longe) a produzir trabalhos de qualidade a um ritmo constante. Existiram e existem autores que fogem a esta caracterização, mas de maneira geral o que se passou e passa é isto. Logo, se não crescemos mais até agora é porque o nosso estado natural é este. Em termos de proporção, se calhar até temos o mesmo número de autores que Espanha: países maiores, e com mais leitores, têm de ter mais autores, mais editores e mais livros - isso parece-me evidente. Acho que o futuro da BD portuguesa vai ser idêntico ao que tivemos ontem. Mudarão os actores, as linguagens, os veículos de expressão, mas as mecânicas continuarão a ser as mesmas. Hoje continuamos a ter autores que nem sequer pensam em publicar cá e publicam directamente lá fora (como sempre tivemos, verdade seja dita) e essa mecânica irá manter-se, senão acentuar-se.
* Romancista e argumentista de Mucha e do álbum É de noite que faço as perguntas
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Nascido a 2 de Março de 1931, em Nova Iorque, encetou uma carreira profissional aos 17 anos, após frequentar um curso de desenho na Cartoonists and Illustrators School, leccionado por Burne Hogarth, de quem se tornou assistente em Tarzan. Westerns, terror, guerra e ficção-científica foram alguns dos géneros que experimentou durante a década de 50, muitas vezes ao lado de nomes como Frank Frazzeta, Wally Wood, Reed Crandall, Roy Krenkel ou Jack Kirby. Em 1961 John Prentice convidou-o para o assistir em Rip Kirby.
As adaptações de filmes como Flash Gordon, Blade Runner ou O Regresso de Jedi foram alguns dos seus trabalhos nos anos 80 e 90, em que também trabalhou para a Marvel, como arte-finalista de John Romita Jr. (em Daredevil), Gene Colan, John Buscema, Rick Leonardi, Pat Oliffe, Mike Mignola ou Lee Weeks.
















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