03/09/2010

Cathy, o fim aos 34 anos


Cathy, a neurótica protagonista da tira diária de imprensa com o seu nome, viverá os seus últimos quadradinhos no próximo dia 3 de Outubro, após 34 anos de publicação ininterrupta.
Estreada em Novembro de 1976, esta banda desenhada que chegou a ser publicada diariamente em 1400 jornais e conquistou um Prémio Reuben em 1992, atribuído pela National Cartoonists Society, destacou-se desde logo por ser escrita e desenhada por uma mulher – Cathy Guisewite – e por ter como base algumas das questões que preocupam (especialmente) o belo sexo – aspecto, dietas, relações, trabalho - abordadas de um ponto de vista especificamente feminino.
Ao longo das suas tiras e pranchas dominicais, Cathy, uma mulher solteira, trintona, anafada, independente, neurótica, explorada no trabalho, insegura quanto ao sexo oposto, dividida entre a vontade de comer e a necessidade de dietas que não consegue cumprir, com dificuldades em aceitar o proteccionismo dos pais e as semelhanças com a mãe, divertiu gerações de leitoras, com quem partilhou diariamente as suas desventuras com Irving (namorado, ex-namorado, outra vez namorado e, finalmente, marido), os pais, os colegas de trabalho, o chefe prepotente ou a sua cadela.
Agora, mais de três décadas depois, a autora, nascida no Ohio, a 5 de Setembro de 1950, decidiu pôr fim a esta aventura gráfica, para se dedicar à família. Às fãs de Cathy - e aos fãs também – resta-lhes reler as muitas colectâneas, cronológicas ou temáticas, existentes, das quais mais de duas dezenas foram editadas em português pela Gradiva, com títulos sugestivos como “Pernas elegantes nem daqui a 30 anos”, “Os homens deviam vir com manual de instruções” ou “Melhor que chocolate só mesmo um par de sapatos novos”.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 21 de Agosto de 2010)

02/09/2010

Leituras ASA de Setembro

Lista dos títulos previstos pelas Edições ASA para o mês de Setembro:

Happy Sex
Zep (argumento e desenho)

Com um humor cúmplice e irónico, este álbum evoca o nosso tempo, com pranchas muito divertidas, especialmente aquelas que dizem respeito às situações do dia-a-dia que, sem caírem na vulgaridade, abordam temas como as imperfeições do corpo, as obsessões e a gestão da vida sexual… sem nos esconder absolutamente nada!
O grafismo de Zep juntamente com as cores pastel que utilizou, permitem mostrar o corpo humano com humor, pondo a nu as excentricidades e os comportamentos sexuais mais hilariantes!

Adèle Blanc-sec , vol. 1
(inclui os álbuns “Adèle e o Monstro” e “O Demónio da Torre Eiffel”
Jacques Tardi (argumento e desenho)
Esta série decorre nos inícios do séc. XX. Uma época de grandes feitos tecnológicos e avanços científicos, onde tudo é possível. Uma época na qual ciência e misticismo andam de mãos dadas, em busca de um futuro melhor para a humanidade…
É neste contexto que têm lugar as extraordinárias aventuras de Adèle Blanc-sec; no primeiro volume, assistimos à eclosão de um ovo de pterodáctilo que levará à revelação de seitas diabólicas que ameaçam Paris…

Spirou e Fantásio #51 – A invasão dos Zorcons
Vehlmann (argumento)
Yoann (desenho)

Edição com capa exclusiva para a FNAC disponível a partir de 3 de Setembro
O célebre sábio Pacómio passa tranquilamente os dias no seu Castelo… Enquanto se dedica às suas experiências, o nosso amigo micólogo recebe a intrigante visita de um Zorglub que se apresenta mais altivo do que nunca… Mas o que pensar do comportamento do Conde que confunde o seu famoso rival com um simples canalizador? Será que Zorglub preparou minuciosamente todas as catástrofes que estão prestes a ocorrer?
Com a edição deste álbum, assistimos ao regresso de um mítico duo da banda desenhada humorística a uma selva insólita, infestada de criaturas inquietantes…


Blacksad - O inferno, o silêncio
Dias Canales (argumento)
Juan Guarnido (desenho)


(álbum a lançar dia 17, em simultâneo com a edição original francesa)



As Aventuras de Tintin
Hergé (argumento e desenho)
(nova tradução e novo formato: 160 x 220 mm)
PVP: € 8,90


Tintin no país dos sovietes
Tintin vai à Rússia fazer uma reportagem para o jornal, mas vários homens tentam impedi-lo para que não revele a verdadeira realidade russa.
Originalmente publicado num suplemento juvenil, esta história foi retirada de circulação por Hergé a partir dos anos 30 e só em 1973 voltou a ser publicada, tornando-se num “best-seller”. Livro onde o regime comunista e os comunistas são retratados como vilões, o que gerou controvérsia.
É o único livro de Tintin a preto e branco

Tintin no Congo
Tintin é enviado para o Congo, colónia belga na época. Por uma série de peripécias acaba por entrar em confronto com um bando de gangsters que controlam a produção de diamantes…
Esta história foi publicada inicialmente no suplemento juvenil e depois em álbum a preto e branco.
Em 1946, Hergé redesenhou a história alterando a ideologia colonialista do álbum, deu-lhe cor e alterou os diálogos.

Tintin na América
Tintin parte para a América durante o período da lei seca. Em Chicago é raptado por gangsters, cujo chefe é Al Capone, que o consideram perigoso. Após escapar e ser de novo perseguido, acaba por encontrar os peles-vermelhas…
Este álbum é considerado um dos mais fantasistas e infantis. Hérge quis centralizar a história nos índios da América, que o fascinavam.

Os Charutos do Faraó
Tintin está a fazer um cruzeiro com destino ao Extremo Oriente, quando encontra um egiptólogo extravagante que procura a tumba de um faraó. Ao decidir acompanhá-lo é capturado e após várias peripécias chega à Índia, onde desmonta uma organização de traficantes de ópio…
Álbum inicialmente publicado a preto e branco, foi o último a ser colorido, em 1955. Este álbum surgiu 12 anos após a descoberta do túmulo de Tutankhamon.

O Lótus Azul
Um mensageiro da China, que se iria encontrar com Tintin, é atingido por uma flecha envenenada com o veneno da loucura, dando-lhe apenas tempo para pronunciar o nome Mitsuhirato. Tintin parte em busca deste individuo desconhecido, o que o leva até à Índia e à China…
Publicado em álbum a preto e branco em 1936, só 10 anos depois foi colorido.
Este livro, onde Hergé defende a causa chinesa, nunca foi bem visto pelos japoneses.

A Orelha Quebrada
Tintin investiga o roubo no Museu Etnográfico de um fetiche pertencente a uma tribo – Os Arumbaias. As pistas levam-no até à América do Sul, onde existe uma revolução em curso. Perseguido por todos, refugia-se na tribo dos Arumbaias onde descobre o segredo do fetiche… Álbum editado em 1937, foi reeditado a cores em 1943.
Mais uma vez são feitas alusões à actualidade mundial - a guerra do Chaco, entre o Paraguai e a Bolívia. No livro Hergé denomina o conflito por “guerra do Chapo”.

(Resumos da responsabilidade da editora)

01/09/2010

As Melhores Leituras de Agosto


Adèle Blanc-sec #4 - Mumies en folie (Casterman), de JacquesTardi
Cid (Assírio & Alvim + El Corte Inglés), de João Paulo Cotrim

Libérale Attitude (Fluide Glacial), de Pluttark

Tex Edição de Ouro #45 – O Passado de Kit Carson (Mythos Editora), de Boselli (argumento) e Marcello (desenho)

XIII Mystery - La mangouste (Dargaud), de Xavier Dorison (argumento) e Ralph Meyer (desenho)

31/08/2010

Cid

João Paulo Cotrim
Assírio & Alvim e El Corte Inglés (Portugal, Junho de 2010)
232 x 295 mm, 208 p., cor, cartonado


Se mais méritos não tivesse – e tem, desde logo pela (mediática) chamada de atenção para expressões artísticas (cartoon, caricatura, ilustração) raras vezes suficientemente valorizadas para além da efémera existência nas páginas de jornais e revistas – o Prémio Stuart instituído pelo El Corte Inglés, “por herança do seu fundador, num contributo à sociedade em que se insere” numa demonstração de “consciência social e esforço de preservação do património”, com o objectivo de “dignificar a obra dos clássicos do desenho de imprensa recuperando-a do esquecimento”, deu também origem a uma colecção de obras monográficas sobre os seus vencedores.
Por essa notável galeria do humor gráfico nacional já passaram clássicos - Stuart Carvalhais, Bordallo Pinheiro - ou contemporâneos cuja obra podemos admirar diariamente – João Fazenda, André Carrilho. Ou, ainda, clássicos contemporâneos, se assim se podem definir João Abel Manta ou, agora, Augusto Cid, vencedor em 2009 e tema do mais recente tomo.
Como os restantes, é da autoria de João Paulo Cotrim, primeiro director da Bedeteca de Lisboa, que, enquanto argumentista, tem tido experiências episódicas nalgumas destas artes e tem sido um dos grandes responsáveis pela divulgação e credibilização da banda desenhada, do cartoon, do desenho de imprensa e da ilustração nacionais nas últimas duas décadas. É verdade que a sua escrita nem sempre é fácil – e poucas vezes linear, com uma prosa de grande carga poética, que geralmente, sugere mais do que expõe – mas que, nesta colecção, tem reduzido os seus textos ao mínimo, avançando apenas pistas de interpretação e análise, destacando características ou técnicas ou inserindo o cartoon ou a ilustração no contexto – mediático, político, artístico – em que foi criado/publicado, dando assim o máximo destaque ao trabalho gráfico do homenageado, que se encontra em profusão nas cerca de duas centenas de páginas do livro.
Por isso, se Cotrim é o autor, o protagonismo pertence a Augusto Cid, de quem são mostrados cartoons, tiras e bandas desenhadas (todos identificados e datados) de diversas épocas e temáticas: ultramar, processos, Eanes, Soares, touradas, animais, mendigos, sexo, motas, auto-retratos… Para que o seu traço personalizado, seguro e sintético, e o seu olhar mordaz, cruel, independente e provocador, cumpram o seu papel: divertir, revelar, acusar, apontar o nu. Porque Cid “mexe com o objecto, incomoda com a perspectiva e a caneta”; “o seu humor ultrapassou qualquer noção de bom ou mau: é bílis em estado puro” e “como bom cartoonista, ignora a culpa e aspira à mais absoluta liberdade”.
Como pode ser (re)descoberto nesta colectânea onde as criações de Cid têm hipótese de uma nova existência, evitando que o tempo as cristalize – há cartoons que continuam actuais, por situações que se repetem ou momentos que ganham nova interpretação à luz da História – para lá do papel – tantas vezes marcante e fundamental – que tiveram nas publicações periódicas que originalmente as acolheram. Colectânea que, também por isso, mais do que ser o culminar ou a súmula de uma carreira marcante, deve servir apenas como ponto de partida para novas viagens e explorações.

(Versão revista e aumentada do texto publicado na página de Livros do Jornal de Notícias de 23 de Agosto de 2010)

30/08/2010

Celle que je ne suis pas

Vanyda (argumento e desenho)
Dargaud (França, Abril de 2008)
172 x 240, 192 p., cor, brochado com badanas


Com o manga em grande no mercado francófono, este é mais um exemplo de como este género influencia os autores locais, no caso uma belga de quase 30 anos, já com uma biografia respeitável, com um estilo próximo do da BD japonesa – deixo para outros a discussão se só é manga o que é produzido por nipónicos…
Mas onde também se notam outras leituras, no ritmo pausado, lento, do relato, que se demora em pormenores, que aprofunda as pequenas conversas, que transmite no papel tiques e hábitos do quotidiano normal, como o beijo de cumprimento, as banalidades que se trocam, o tempo de um passeio em silêncio ou pormenores de uma refeição ou de uma compra.
Mas passemos à história deste primeiro tomo de uma trilogia, protagonizada por Valentine, uma morena bonita, perdida num mundo, numa sociedade, numa família, numa escola em que não se reconhece, entre as tentativas de se integrar à força e o desejo – quase sempre reprimido - de marcar a sua diferença, de afirmar a sua individualidade, por medo da eventual rejeição subsequente.
Uma história que mostra – principalmente em relação a Valentine mas também relativamente às suas colegas e amigas – os prós e os contras das cedências que é necessário fazer para pertencer a um grupo, aquilo de que é necessário abdicar, as violências que essas escolhas exercem sobre si próprio, os efeitos que têm sobre a sua auto-imagem, numa idade – 14, 15 anos – em que a personalidade se afirma, em que as solicitações são muitas - álcool, droga, sexo, grupos – e as ajudas – em tempo de famílias desagregadas e culto da próprio umbigo - quase sempre poucas. Ou nenhumas.

(Texto publicado originalmente no BDJornal #24, de Outubro de 2008)

27/08/2010

Sardine de l'espace 1 – Platine Laser














Emmanuel Guibert (argumento)
Joann Sfar (desenho)
Walter (cores)
Dargaud (França, Junho de 2007)
158 x 212 mm, 128 p, cor, brochada com badanas

25/08/2010

Fathom Digital Comics #1

Vince Hernandez (argumento)
Siya Oum (desenho)
Aspen Comics (EUA, Setembro de 2010)

A editora norte-americana Aspen Comics anunciou para o próximo mês de Setembro uma edição especial de Fathom que terá como tema de fundo a maré negra que teve lugar no Golfo do México, em Abril último e cujos efeitos ainda se fazem sentir.
Escrita pelo vice-director da Aspen, Vince Hernandez, esta banda desenhada ficará disponível apenas em formato digital, em diversas plataformas, assinalando assim também a entrada da editora neste segmento em expansão, que muitos apontam como suporte preferencial dos quadradinhos num futuro próximo.
A protagonista curvílinea de Fathom, Aspen Mathews, já tem os oceanos como seu cenário primordial pelo que, segundo o argumentista, faz todo o sentido envolvê-la com a maior catástrofe ambiental não provocada de todos os tempos, o que levará a heroína a auxiliar os seres vivos afectados pelo derrame. E como o propósito é “não só falar do que aconteceu” mas também “ajudar a combater os seus efeitos”, os lucros desta edição destinam-se ao National Wildlife Federation, um fundo dedicado à preservação da vida selvagem.
O desenho foi entregue à tailandesa Siya Oum, de 30 anos, já com experiência em comics e animação, que tentou manter-se fiel ao estilo da série criada por Michael Turner (1971-2008) em 1998, para a Top Cow.
Esta edição poderá dar um novo alento ao eventual filme baseado em Fathom, a que o nome de James Cameron chegou a estar associado. Recentemente Megan Fox mostrou-se interessada em protagonizá-lo, tendo manifestado a sua aprovação a um argumento que lhe foi submetido. As últimas notícias dão conta que a Twentieth Century Fox procura um realizador para concretizar o projecto.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 9 de Agosto de 2010)

23/08/2010

La Montagne Magique

Jiro Taniguchi (argumento e desenho)
Casterman (França, Outubro de 2007)
226 x 303 mm, 72 p., cor, cartonado


Primeira experiência em formato franco-belga (álbum cartonado, a cores, de “apenas” 72 páginas) de Jiro Taniguchi, o mais europeu dos mangakas, se desilude um pouco pois não ressalta dela qualquer ganho particular com a mudança, é uma continuação dos temas que mais têm marcado a carreira do autor japonês, que mais uma vez revisita a sua infância. Melhor algumas das suas recordações de infância, dotando-as depois de contornos ecológicos e fantásticos, que as transformam num belo conto, humano e sensível, sobre os medos infantis, a força do amor filial, a persistência, a coragem e o muito que se consegue quando acreditamos em nós próprios em prol dos outros.
Tudo começa em Tottori – terra natal do autor - onde vivem Ken’ichi, de 11 anos, e a sua irmã Sakiko, de 7, órfãos de pai e confrontados com a possibilidade de também perderem a mãe, que necessita de ser submetida a uma operação delicada, sujeita a uma longa e difícil recuperação. A dificuldade surgida aprofunda a relação entre os dois irmãos, que se tornam mais unidos e vão viver uma estranha experiência relacionada com a montanha próxima da localidade, considerada morada de seres míticos e dos guardiães daquele local, quando uma salamandra gigante, há muito prisioneira no museu, contacta telepaticamente Ken’ichi e lhe propõe realizar um desejo se ele a devolver à sua origem…

(Texto publicado originalmente no BDJornal #24, de Outubro de 2008)

20/08/2010

Este céu cheio de terra

Max Tilmann (argumento e desenho)
Campo das Letras (Portugal, Outubro de 2006)
170 x 237 mm, 128 p., cor, cartonado


Memória. A capacidade de retermos/recordarmos. Independentemente da nossa vontade. Porque tanto recordámos o que nos agrada, como, ironicamente, aquilo que mais queríamos esquecer…
Assim é a memória de cada um. A memória colectiva não funciona bem assim. É mais condicionada. Pelo que nos querem fazer lembrar e pelo que nos querem fazer esquecer - são sucessivos os "branqueamentos" históricos, políticos, religiosos, promovidos pelas mais diversas instituições, partidos, credos, e que ainda hoje existem, mais subtis, às vezes - pelo que nos querem apresentar como verdade…
As memórias são fundamentais para sabermos quem somos, quem fomos - para nos ajudar a definir o que queremos ser e fazer, apesar dos condicionalismos, das imposições. Por isso, recordar o passado é fundamental para construir o futuro - adivinhando-o, antecipando-o…
Por isso, também recordar Auschwitz é fundamental. Pelos branqueamentos/apagamentos cada vez mais frequentes que alguns (demasiados) querem fazer a um dos maiores actos de barbárie de que a espécie humana foi capaz - como foi capaz de queimar nas fogueiras da inquisição, de exterminar civilizações nas Américas, de tratar seres humanos como animais em África, como mata aos milhares - aos milhões - nos dias de hoje.
Max Tilmann (ou apenas M.T., que também se pode ler como Terry Morgan, ou Tom McCay, ou Murai Toynobu, ou …, tantos são os múltiplos heterónimos em que se tem desdobrado Manuel Tiago) em "este céu cheio de terra" recorda Auschwitz de A a Z (as letras inicial e final do local onde os nazis gasearam e cremaram milhões de judeus), através de um conjunto de aguarelas. Aguarelas imprecisas como que se dissolvidas por uma brisa, um vento ligeiro (o branqueamento que alguns pretendem?).
Mas aguarelas que, mesmo assim, ficam como uma névoa incómoda (o fumo dos fornos crematórios?) que não deixa esquecer, que acirra as nossas memórias e as faz voltar.
Aguarelas que, mesmo imprecisas - talvez não o sejam tanto assim… - nos contam uma história, uma história terrível e terrífica, em contraponto com as belezas naturais desta Terra não cheia de céu, muitas vezes um autêntico inferno. Como foi Auschwitz.
Aguarelas que nos mostram como fica esse céu, enevoado e sujo, cheio de terra, cheio das barbáries humanas desta terra.
Aguarelas que, parecendo desenhos soltos - podendo ser vistas assim - postas em sequência - uma vaga banda desenhada…? - contam uma história, em que soldados nazis, apenas vagos contornos, sem consistência (sem alma?), guardam e conduzem, presos (a cheio - gente, portanto…), quais animais em rebanho ordenado, para o inexorável final. Uma sequência narrativa sem palavras, sem mais palavras do que aquelas que a nossa memória for capaz de lhe apor, acreditando que a nossa memória - cada memória - ainda é capaz de as identificar e relacionar.
Durante quanto tempo mais, num mundo em que o momentâneo, o acessório, o imediato, são senhores e reis, e em que a tendência para a desculpabilização, a todos os níveis, é assustadora? Não sei responder, mas acredito que este livro possa contribuir para prolongar estas memórias mais um pouco. Menos, com certeza, infelizmente, do que era necessário. Mas mais algum, o que já fará com que cumpra a sua missão.

(Texto publicado originalmente no BDJornal #17, de Fevereiro/Março de 2007)

18/08/2010

Filme “A Origem” inspirado em BD Disney?


O filme A Origem (Inception) , actualmente em exibição, realizado por Chris Nolan e com Leonardo DiCaprio no papel principal, poderá ser inspirado numa banda desenhada Disney protagonizada pelo Tio Patinhas.
A notícia, que circula na internet, aponta as coincidências entre os argumentos do filme e de “The Dream of a Lifetime”, uma BD com 26 páginas, originalmente publicada na Noruega, em 2002. E que em Portugal, sob o título “Uma vida de sonho”, integrou o volume 2 da colecção “Obras-Primas da BD Disney”, “Episódios Extraordinários”. O seu autor é Keno Don Rosa, um dos mais conceituados autores Disney, responsável por estabelecer uma cronologia detalhada da vida do Tio Patinhas, na multipremiada história “The Life and Times of Scrooge McDuck” (de 1992), que em Portugal foi publicada como “A Saga do Tio Patinhas”. Aliás, o episódio agora em causa, que pode ser lido gratuitamente no site da Disney
.
é um capítulo extra da biografia do pato mais rico do mundo.
Nele, os Irmãos Metralha roubam uma máquina inventada pelo professor Pardal, para entrarem nos sonhos do Tio Patinhas e descobrirem o segredo para entrar na caixa-forte. Para os impedir, Donald utiliza o mesmo equipamento, numa perseguição atribulada pelas memórias do Tio Patinhas, em cenários em constante mudança, como o velho oeste, as planícies australianas ou o Titanic.
No filme, também escrito por Nolan, um bando de assaltantes invade os sonhos das suas vítimas para se apoderar dos seus segredos. O realizador norte-americano já contestou a notícia, afirmando que começou a desenvolver a ideia há cerca de dez anos, mas a verdade é que alguns sites já colocam em causa uma eventual nomeação do filme ao Óscar de Melhor Argumento Original.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 10 de Agosto de 2010)

17/08/2010

Leituras Bonelli de Agosto

Com as edições previstas para Julho a chegarem só agora às bancas nacionais, devido a um atraso alfandegário, eis a lista dos títulos Bonelli da Mythos Editora (Brasil) que deverão ser distribuídos no final do corrente mês.

Tex 458
Tex Colecção #250
Grandes Clássicos de Tex #21
Tex Edição Histórica #76
Zagor Especial #24
Zagor Extra #71
Zagor #107
J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga #64
Mágico Vento #93
Leo Pulp #2 (de 2)

16/08/2010

Leituras da Turma da Mónica de Julho

Títulos da Turma da Mônica editados pela Panini Comics (Brasil) distribuídos este mês nas bancas portuguesas:

Mônica #38
Cebolinha #38
Cascão #38
Chico Bento #38
Magali #38
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #38
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #38
Almanaque da Magali #19
Almanaque do Chico Bento #19
Almanaque Temático – Magali #13
Turma da Mônica - Clássicos do Cinema #18 – Homem-Aranho
Turma da Mónica – Saiba mais #29 – Oswaldo Cruz
Turma da Mónica – Historinhas de uma página #5
Turma da Mônica Jovem #20

13/08/2010

Leituras DC Comics de Julho

Títulos da DC Comics editados pela Panini Comics (Brasil) distribuídos este mês nas bancas portuguesas:

Batman #86
Superman #86
Superman & Batman #54
Liga da Justiça #85
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