30/06/2012

Melhores Leituras

Junho 2012


Furioso (Futuropolis)
Lorenzo Chiavini
 

Frank Miller


Yves H. e Hermann


Franquin e Greg
 

Giovanni Luigi Bonelli e Guglielmo Letteri


Desvendando os quadrinhos (M. Books)
Scott McLoud
 

El arte devolar (Ediciones del Ponent)
António Altarriba  e Kim
 

Black Hole (Delcourt)
Charles Burns
 

en Silence (KSTR/Casterman)
Audrey Spiry

29/06/2012

As aventuras de Philip e Francis #1

Ameaças ao Império


Pierre Veys (argumento)
Nicolas Barral (desenho)
Gradiva (Portugal, 2005)
240 x 310 mm, 56 p., cor, cartonado
7,50 €

28/06/2012

Pequenos Prazeres












Arthur de Pins
Contraponto (Portugal, Junho de 2012)
152 x 234 mm, 176 p., cor, brochada com badanas
16,60 €



1.      Este é mais uma daquelas surpresas que apesar de tudo o que conhecemos – crise, dimensão reduzida do mercado de BD, pouca audácia editorial, etc. – continuamos a encontrar ciclicamente nas nossas livrarias.
2.      Sem o impacto de “Persépolis”, é a segunda aposta em dois meses da Contraponto – e eu sei que há mais a caminho…
3.      É também – de novo – a prova de que existem outros formatos de publicação de BD, que podem ser (economicamente) viáveis para o mercado português…
4.      Neste caso o chamado “formato livro”, com quase duas centenas de pranchas que compilam os dois tomos originais, e pouco mais caro do que o álbum tradicional.
5.      É verdade que nalguns casos – poucos – a legibilidade dos balões ficou algo comprometida, mas no global o objecto em si satisfaz e cumpre bem a sua missão.
6.      “Pequenos Prazeres” – num registo de todo diferente do de “Persépolis” – conta as (des)aventuras de Arthur com o belo sexo.
7.      Tímido, algo introvertido e complexado, não é no entanto muito diferente dos homens da sua idade – aquela zona indefinida entre o fim da juventude e a entrada na idade adulta – demonstrando muitas dificuldades em relacionar-se com colegas, amigas ou simples (complexas?) desconhecidas.
8.      Representante de uma geração desde cedo bombardeada com sexo – como se nada mais houvesse na vida – vê-se e deseja-se para encontrar alguém com quem o partilhar…
9.      Mas mesmo quando (quase…) o consegue, os preconceitos, ilusões e medos sobrepõem-se ao momento e quase sempre estragam-no.
10. Colectânea de anedotas conhecidas, situações inesperadas e ideias divertidas, “Pequenos Prazeres”, se não transpira tanto sexo quanto quer deixar a entender o texto da contracapa, tem-no como tema central…
11.  Tratado com bastante humor, com facilidade diverte e provoca sorrisos, até pela facilidade de identificação com muitas das situações ou o inesperado de muitos dos desfechos.
12.  O tom aqui e ali um pouco mais picante – mas de todo longe de exigir uma bolinha vermelha no canto superior das páginas – acaba por ser aligeirado pelo traço escolhido: caricatural, agradável (, “fofinho” dirão muitos), próximo do utilizado nas figuras “Amor é…” que estiveram em voga nos anos 80, num contraste que surpreende e acaba por funcionar bastante bem.
13.  Com uma capa apelativa, “Pequenos Prazeres”, leitura leve e que dispõe bem, mais do que dirigido aos habituais leitores de quadradinhos, tem tudo para agradar a um espectro de público bem mais vasto.
14.  O que não deixa de ser bem positivo, como tudo que contribua para aumentar o número de leitores (também) de BD em Portugal e o espaço de prateleira nas livrarias para este género.


27/06/2012

Leituras Novas

Maio de 2012

Ao Norte
O filme da minha vida
#12 - Dead man
António Gonçalves
A coleção O filme da Minha Vida faz-se do repto lançado pela AO NORTE a autores portugueses de BD para que criem um álbum inspirado num filme que tenha deixado marcas nas suas vidas. Este cruzamento entre a sétima e nona arte é vocacionado para os amantes de ambas e, principalmente, dirigida aos jovens que frequentam o ensino secundário e superior.
A apresentação de cada álbum terá uma periodicidade trimestral, contará com a projecção e análise do filme escolhido, a apresentação do livro, uma exposição dos originais e um encontro com o autor, para os quais serão convidados a participar alunos de artes visuais e de disciplinas relacionadas com o audiovisual, comunicação e língua portuguesa.
Cada álbum incluirá 32 pranchas a preto e branco, um texto de análise (da autoria de João Paulo Cotrim e Pedro Moura), uma biografia do autor e a filmografia do realizador escolhido.
Esta colecção é dirigida pelo artista plástico Tiago Manuel e tem design gráfico de Luís Mendonça.


ASA
Asteroid Fighters
#2 – Os Oráculos
Rui Lacas

Após o primeiro cataclismo, em 2012, o planeta Terra vivia há quase 100 anos sem sobressaltos, defendido por uma nova tropa de elite, munida de indivíduos superpoderosos, os “Asteroid Fighters”…
Agora, a Terra depara-se com uma nova e inesperada ameaça… Otipep, o vilão que é irmão gémeo do Pepito, que opera a partir da sua base lunar secreta, enviou um Asteroide artificial constituído por uma substância explosiva na sua tentativa de vingança contra os Asteroid Fighters e a vida no Planeta!
Um grupo selecionado de Asteroid Fighters pereceu na tentativa de destruir esta colossal bomba, e todos os esforços estão a ser feitos para impedir a sua colisão com o nosso planeta…
Conseguirão os defensores da Terra vencer mais esta batalha contra o mal?

Bouncer
#6/#7 - A Viúva Negra/Coração Dividido (volume duplo)
Jodorowsky e Boucq
Neste western, repleto de massacres e bandidos, Bouncer prepara-se para entrar em confronto com uma temível personagem: A Viúva Negra. Esta última está determinada a apropriar-se da principal riqueza da região, ou seja, um rio subterrâneo.
Entretanto, Bouncer é também alvo das tentativas de sedução da professora primária…
Os segredos da bela “Viúva Negra” vão ser revelados neste álbum.
Bouncer vai descobrir toda a verdade que esta misteriosa e manipuladora mulher esconde e o confronto entre os dois é inevitável, especialmente quando a professora primária também se envolve nesta guerra…

As Aventuras de Philip & Francis
A Armadilha Maquiavélica
Veys e Barral
O professor Philip e o capitão Francis são os faróis da civilização ocidental, os pilares da sabedoria britânica. Mas o que teria acontecido se Philip tivesse interrompido os seus estudos, e se Francis nunca tivesse feito parte do exército? O mundo seria outro?
Os nossos atrapalhados heróis foram parar a um mundo paralelo. Estão em Londres onde tudo está literalmente virado de pernas para o ar! Aqui, o típico autocarro de 2 andares possui 3, enquanto os táxis da cidade são conduzidos por cegos, já para não falar no nome das ruas que aparecem todos trocados…

Blake & Mortimer
#18 - O Santuário de Gondwana (3ª edição)
Yves Sente e André Juillard


ASA/Público
Thorgal
A Jaula
Aracnéa
A peste Azul
O Reino sobre a Areia
Jean Van Hamme e Grzegorz Rosinski



Booktree
O Amor – Regras de Ouro
Guillermo Mordillo

Este livro é um hino ao amor. É um livro que celebra a união.
Comovente, perspicaz e muitas vezes engraçado, este livro é um guia para fazer durar o amor.
Cartoons únicos, cheios de encanto, aliados a uma série de simples conselhos para um relacionamento amoroso feliz.
Como manter um relacionamento saudável com a pessoa amada, ultrapassando as crises e sobrevivendo ao desgaste do tempo. Evite os erros que podem arruinar a sua vida amorosa ou conduzi-la a um beco sem saída.
Cartoons inéditos, cheios de magia e que dispensam palavras, da autoria de Mordillo, o grande mestre argentino que há décadas encanta e seduz gerações de mulheres e homens através do seu traço arrebatador e grafismo ímpares.
Compreender os pequenos gestos e atitudes do quotidiano para ser feliz e viver em sintonia na vida a dois.
Ah, o amor!... afinal, ser feliz é possível.



Contraponto
Pequenos Prazeres
Arthur de Pins
Um comic irresistivelmente divertido e provocador sobre amor, sexo, relacionamento, sexo, amizades, sexo, traição, sexo, encontros, desencontros e... sexo.



Texto Editores
World Press Cartoon 2012

O WORLD PRESS CARTOON tem em 2012 a sua oitava edição.
Distinguir, expor, divulgar e premiar os melhores desenhos publicados na imprensa mundial ao longo de um ano continua a ser a missão. Caricaturas, cartoons editoriais e desenhos de humor que fazem a história de todo um ano, olhares de diferentes culturas, obras em que os cartoonistas retratam e criticam o andar do Mundo com a acutilância do humor.
Para os apaixonados da ilustração, seguidores da actualidade, artistas e não só, deixamos-vos uma selecção do que de melhor se fez em cartoon em 2011.

 (Os textos, quando existem, são da responsabilidade das editoras)

26/06/2012

“Heróis Marvel” no Público


O diário “Público” vai lançar a colecção “Heróis Marvel”.
É uma colecção composta por 15 volumes, de capa dura, com material praticamente todo inédito em português. O primeiro tomo custará 4,90 € e os restantes 8,90 €.
A distribuição será feita à quinta-feira, a partir de 5 de Julho, por isso a edição do primeiro volume, “Homem-Aranha - Integral Frank Miller”, coincide, de forma inteligente, com a estreia do novo filme do Homem-Aranha. Isso fará com que a nova colecção coincida, durante algumas semanas, com a colecção Thorgal que a ASA e o Público disponibilizam actualmente, à quarta-feira.
A colecção foi concebida pela Levoir, editora de marketing e conteúdos multimédia de Silvia Reig Molina, em conjunto com o Público, estando a sua produção a cargo da antiga equipa portuguesa da Devir.
Eis a data de publicação, títulos, autores e local de publicação original dos 15 volumes já anunciados:

05 de Julho -Homem-Aranha - Integral Frank Miller”, (Bill Mantlo, Chris Claremont, Denny O’Neil e Frank Miller (argumento) e Frank Miller e Herb Trimpe (desenho); Spectacular Spider-Man 27 e 28, Amazing Spider-Man Annual 14 e 15 e Marvel Team-Up 100 e Annual 4)
12 de Julho - “X-Men - Os Filhos do Átomo” (Joe Casey e Stan Lee (argumento) e Steve Rude, Esad Ribic e Jack Kirby (desenho); X-Men: Children Of The Atom 1-6 e The X-Men 1)
19 de Julho - Capitão América - A Lenda Viva” (Roger Stern (argumento e John Byrne (desenho); Captain America 247 a 255)
26 de Julho - “Thor - As Idades do Trono” (Matt Fraction (argumento) e Peter Milligan (desenho; Ages of Thunder, Reign Of Blood, Man Of War, God-Sized e The Trial of Thor)
02 de Agosto - Homem-Aranha- A Morte dos Stacy” (Stan Lee, Gerry Conway e Lee Weeks (argument) e John Romita, Gil Kane e Lee Weeks; Amazing Spider-Man 88-90, 121-123 e Death And Destiny 1-3)
09 de Agosto - “Vingadores - Confiança Mundial” (Geoff Johns (argumento) e Ivan Reis (desenho); Avengers vol. 3, 57-60 e Avengers Icon: Vision 1-4)
16 de Agosto - “Vingadores - Zona Vermelha” (Geoff Johns (argumento) e Gary Frank, Ivan Reis e Olivier Coipel (desenho); Avengers vol. 3, 61, 62, 64-70)
23 de Agosto - “Hulk - Tempest Fugit” (Peter David (argumento) e Lee Weeks e Jae Lee (desenho); The Incredible Hulk vol 3, 77-82)
30 de Agosto - “Wolverine - Madripoor” (Chris Claremont (argumento) e John Buscema (desenho); Marvel Comics Presents 1-10 e Wolverine v2, 1-5)
06 de Setembro - “Justiceiro - Diário de Guerra” (Carl Potts (argumento) e Jim Lee (desenho); Punisher War Journal 1-8)
13 de Setembro - “X-Men - Graduação” (Roy Thomas (argumento) e Neal Adams (desenho); The X-Men 56-66)
20 de Setembro - “Guerras Secretas - Heróis vs. Vilões” (Jim Shooter (argumento) e Mike Zeck e Bob Layton (desenho); Secret Wars 1-7)
27 de Setembro - “Guerras Secretas - A Batalha Final” (Jim Shooterey Jay Faerber (argumento) e Mike Zeck e Gregg Schiciel (desenho); Secret Wars 8-12 e What If? vol. 2, 114)
04 de Outubro - “Quarteto Fantástico - Em Busca de Galactus” (Marv Wolfman (argumento), e Keith Pollard, Sal Buscema e John Byrne (desenho); Fantastic Four 204-214 USA)
11 de Outubro - “Nick Fury - Agente da Shields” (Stan Lee e James Steranko (argumento) e Jack Kirby e James Steranko (desenho); Strange Tales 135, 142, 143, 150-158 e Nick Fury: Agent of SHIELD 1-3)


25/06/2012

Black Hole - L'Intégrale












Charles Burns
Delcourt (França, 8 de Novembro de 2006)
175 x 260 mm, 368 p., pb, cartonado com sobrecapa
29,90 €



Resumo
Numa pequena vila norte-americana, surge uma estranha doença, sem explicação (vírus? maldição? ataque extraterrestre?) aparente nem causas confirmadas, que provoca horríveis mutações exclusivamente na população adolescente/juvenil. Membranas entre os dedos, cornos, uma segunda boca, estranhos orifícios em diferentes partes do corpo, são algumas das suas manifestações.

Desenvolvimento
Se a base da narrativa deixa antever um tom fantástico – que obviamente existe – não é esse o caminho (principal) trilhado por Charles Burns que optou por um registo de terror psicológico, que perpassa toda esta longa e densa narrativa, de tom incómodo e inquietante, com mais perguntas do que respostas.
A par dele, de forma algo surpreendente - pelo que atrás fica escrito – Burns traça um retrato forte e impactante sobre os relacionamentos e os valores de uma (nova) geração que busca na alienação proporcionada pelas drogas e pelo sexo (recém-descobertos ou em fase exploratória) as respostas que não consegue encontrar ou aquelas que já descobriu e quer esquecer.
Desta forma, “Black Hole” revela-se uma enorme metáfora, um retrato distorcido – mas não tanto quanto uma leitura apressada poderá sugerir – de uma determinada época e de uma geração (perdida?), à deriva, com o peso das (novas) responsabilidades que o crescimento traz agravado pelo estranho mal que os afecta e os leva, ao auto-isolamento e/ou a uma revolta – mais ou menos violenta – contra uma sociedade que não sendo (?) culpada, também pouco ou nada faz para os ajudar (recuperar, integrar, guiar, direccionar…).
Burns, acentua a sensação de estranheza e incómodo pelo forte contraste entra o seu traço limpo, bastante realista, pormenorizado e até agradável, e o tom escuro das pranchas fruto do predomínio do tom negro, que – numa boa utilização de técnica fotográfica - muitas vezes assumem o aspecto de negativos e não de imagem já revelada.
O relato, feito a várias vozes – as dos principais intervenientes – e várias interpretações – consoante os pontos de vista de cada um - é feito de avanços e recuos, exibindo muitas vezes o que aconteceu e só depois as causas que levaram ao efeito já desvendado, numa narrativa elíptica, que obriga o leitor a atenção redobrada e, por vezes, a sucessivas reinterpretações do que vê, enquanto se sente a mergulhar, inexoravelmente, sem escapatória, num infinito “buraco negro”.



24/06/2012

Entrevista a Georges Wolinski

"A política é mais fácil do que o sexo"











Em 2004, aproveitando a passagem de Wolinski pelo PortoCartoon, cujo júri integrou, tive a oportunidade de entrevistar o cartoonista francês Georges Wolinski.
A pretexto da exposição que o Museu Nacional da Imprensa lhe dedicou a propósito dos seus 50 anos de carreira, inaugurada ontem, aqui fica o registo dessa entrevista, publicada no Jornal de Notícias de 19 de Junho de 2004, mas que continua perfeitamente actual.




Pedro Cleto - Desenha há 40 anos. Como vê a sua evolução pessoal e a do Mundo?
Georges Wolinski - Uma pergunta interessante... Sabe, quando se começa, descobre-se. Fazem-se progressos. No desenho, hoje, sou melhor do que há três anos. Mas há 40 anos, fazia desenhos formidáveis, com frescura, imaginação. Comecei a desenhar sobre amor e sexo ao mesmo tempo que descobria o amor e o sexo. Depois do Maio de 68 comecei no desenho político. Até aí não me interessava - nem sabia se o sabia fazer. Há 40 anos já havia desenhadores formidáveis: Bosch, Sempé. Mas o desenho não é melhor hoje. Há só mais liberdade.

PC - Ainda há censura nos jornais?
GW - Há a censura do dinheiro - a pior de todas. Mais do que a censura moral, há a censura económica, dos homens de negócios, dos grandes industriais dos jornais.

PC - Teve muitos problemas com os seus desenhos?
GW - Não, nem por isso. Sou demasiado esperto! (risos) Sou um desenhador de esquerda, com convicções. Um bom desenhador político tem que ter convicções - e ideias e valores. Eu tenho valores de esquerda.

PC - Isso não afecta o seu trabalho?
GW - Basta que seja um bom profissional. Faço desenhos que poderiam, da mesma forma, ser publicados num jornal de direita ou num jornal de esquerda. Digo o que penso, mas não sou militante - um humorista não pode ser militante. Claro quando se fala de sexo é diferente. Para o semanário Journal de Dimanche faço desenhos políticos; no Charlie Hebdo, um jornal satírico, tenho toda a liberdade para o que quiser. Quanto ao Paris-Match, um jornal nacional, posso incluir um pouco de... belas mulheres! Posso desenhar o Chirac a ser entrevistado por uma bela jornalista, que cruza as pernas, mostra um pouco as cuecas... e isso diverte-me! Mas isso já não incomoda ninguém. Esta época é muito mais livre do que antes.

PC - Prefere o sexo ou a política?
GW - A política é mais fácil do que o sexo. A actualidade tem mais interesse, muda: terrorismo, eleições, dramas, acidentes... O sexo é sempre igual! (risos)

PC - Como escolhe os seus temas?
GW - Compro três jornais por dia, vejo TV, leio livros políticos, interesso-me pelo Mundo. Tenho uma certa cultura e trabalho com antecipação. Muitas vezes faço desenhos de políticos que vão fazer um discurso e já sei o que eles vão dizer.

PC - É fácil fazer rir todos os dias?
GW - Pensa-se que fazemos um desenho quando estamos inspirados. Mas não. Um jornalista recolhe elementos e depois escreve. Com um desenhador passa-se o mesmo. Perscruto a actualidade, tomo notas e... dá-se o milagre.

PC - Quando as notícias são os atentados em Nova Iorque ou em Madrid, é fácil fazer rir?
GW - Não, não é fácil. Nesses casos fiz desenhos simbólicos. Não podemos rir de tudo... No atentado espanhol representei a Europa coberta de pessoas a dizer 'Não!'. No atentado de Nova Iorque, desenhei as ruínas com uma vela e um cartão a dizer 'love'. São os únicos casos em que fiz desenhos simbólicos. Não procurei divertir, procurei a emoção.

PC - Um desenho é melhor do que um texto?
GW - Não diria isso. Mas o desenho é a primeira coisa que vemos. É essa a sua força. Mas é preciso que seja simples e conciso. Mas nada substitui um texto. Se hoje desenho, é porque li muito desde pequeno.

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