08/08/2012

Daredevil, el hombre sin miedo #1

La sonrisa del diablo







Colecção Marvel 100 %
Mark Waid (argumento)
Paolo Rivera e Marcos Martín (desenho)
Joe Rivera (arte-final)
Muntsa Vicente e Jaime Rodríguez (cor)
Panini (Espanha , Julho de 2012)
250 x 170 mm, 144 p., cor, capa brochada com badanas
12,00 €




1.       Daredevil (possivelmente a ausência mais marcante da colecção Heróis Marvel, da Levoir/Público ) constitui, com o Homem-Aranha e Batman, o meu triunvirato preferido no que aos super-heróis diz respeito.
2.      Talvez porque – tal como os outros dois – embora “super” mantém uma forte componente humana…
3.      Talvez porque a sua incapacidade física o torna narrativamente mais interessante…
4.      Talvez porque o descobri na sua melhor fase, quando foi escrito – de forma brilhante e genial – por Frank Miller.
5.      E se nessa altura teve a sua primeira descida aos abismos – quando ocorreu a sua primeira queda…
6.      A verdade é que – como bem destaca Julián M. Clemente na interessante introdução deste livro, mais um magnífico objecto da colecção Marvel 100 % da Panini espanhola – os sucessivos autores que assumiram o seu controlo sentiram a necessidade de o tornar cada vez mais negro, de o fazer cair cada vez mais e mais, numa descida aos infernos que parecia não ter fim…
7.      Por isso, também, este tomo recompilatório do início de um novo período da vida do super-herói cego – na qual Matt Murdock tem que assumir a sua profissão de advogado quando todos sabem que ele é também Daredevil e o utilizam em tribunal contra ele – surpreende pelo seu tom mais luminoso, menos intimista e menos desesperado.
8.     E se uma boa quota-parte da responsabilidade por isso tem que ser assacada a Mark Waid (re)conhecido pela capacidade de mostrar o lado melhor e mais positivo de cada um dos super-heróis com que tem trabalhado (embora no caso presente isso implique por uma pedra sobre (quase todo) o passado e aceitar um reinício quase do zero) …
9.      … seria injusto deixar de fora o belo trabalho gráfico de Paolo Rivera  e Marcos Martín, dois desenhadores soberbos…
10.  Quer do ponto de vista anatómico e de cenários, onde cada objecto parece o que realmente é, graças ao seu traço realista, límpido, praticamente linha clara…
11.   Quer enquanto narradores de histórias aos quadradinhos, com pranchas de grande legibilidade – mesmo quando nelas existe algum experimentalismo e o ultrapassar aqui e ali de convenções geralmente “tabus” no género de super-heróis – onde cada elemento (tira, vinheta, a sua desconstrução, balão, onomatopeia…) tem um papel fundamental para a constituição do todo.
12.  Mas também pelo trabalho de cor de Vicente e Rodríguez, baseado em cores planas, vivas e (muitas vezes) luminosas, que contrastam em grande medida com o colorido (e o tom) negro seguido ao longo dos últimos anos.
13.  Porque, se bem que esteja presente a narrativa de super-heróis mais “pura e dura”, se assim posso escrever, que passa por um confronto entre Daredevil e o Capitão América ou pela destruição do bando de Klaw, a verdade é que são os aspectos mais humanos dos relatos, nomeadamente quando o advogado Murdock utiliza os seus conhecimentos legais para ajudar os seus clientes a defenderem-se “sozinhos”, que mais me atraem neste novo ciclo de Daredevil…
14.  … e que – também em meu entender – justificam os três prémios com que foi distinguida na mais recente entrega dos Eisner.


07/08/2012

Tex Edição de Ouro #58

O homem sem passado











Claudio Nizzi (argumento)
Claudio Villa (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Janeiro de 2012)
135 x 175 mm, pb, 268 p., brochado
R$ 18,40 / 9,00 €




Resumo
Durante um confronto com um bando de traficantes de armas, Kit é ferido na cabeça e desaparece nas águas de um rio. A partir daí, enquanto Kit Carson e Jack Tigre tentam encontra-lo – ou pelo menos ao seu cadáver – Tex Willer persegue o chefe do bando com o firme propósito de fazer justiça pelas suas próprias mãos.

Desenvolvimento
Esta história, originalmente publicada em Itália no início de 1997, apresenta algumas curiosidades. Desde logo – como raramente aconteceu em Tex – porque o seu ponto de partida foi uma ideia base do desenhador, depois desenvolvida pelo competente argumentista Claudio Nizzi, um dos mais prolíferos escritores do ranger da Bonelli.
Depois, porque o desenhador tem por nome Claudio Villa, ou seja é o habitual capista da série – o que se reflecte no seu trabalho gráfico nesta banda desenhada. Por isso, plasticamente existem em “O homem sem passado” belíssimas vinhetas (acima da média) e algumas soluções gráficas invulgares na série – embora também seja evidente um menor cuidado nas páginas finais, possivelmente devido ao apertar dos prazos - o que leva a pensar se para ganhar um (renomado) ilustrador não se perdeu um bom autor de quadradinhos porque, de um modo geral, a sequência narrativa e as cenas de acção são bastante ágeis e dinâmicas, com um grande recurso a pontos de vista diferenciados e a grandes planos.
Finalmente, o aspecto mais interessante – tanto para o leitor comum, quanto para os fãs do ranger – é que a história assenta num pressuposto bastante original, o que desde logo a diferencia da longa lista de aventuras do ranger: a perda de memória de Kit Willer, o que – para além funcionar como elemento central, a vários níveis, para o adensar da tensão - lhe vai proporcionar uma vivência diferente – muito marcante - durante dezenas de pranchas (semanas) e conduzirá a história ao (invulgar) momento que a capa de alguma forma antecipa, constituindo-se como o melhor chamariz para o leitor.
É verdade que esse momento chave – no qual a história atinge o seu clímax – acaba por ser algo breve – como tantas vezes acontece em Tex, embora seja legítimo questionar se desta vez poderia ser de outra forma.
No entanto, para além dele, esta longa aventura – como qualquer western que se preza - tem diversas cenas marcantes e o inevitável lote de investigações, confrontos físicos, perseguições e tiroteios que a dotam de um alto ritmo narrativo – o que em combinação com o suspense criado pela sua ideia central e o consequente envolvimento romântico de Kit - lhe conferem as características necessárias para fazer as delícias dos fãs do género e mesmo de alguns mais.

(Texto originalmente publicado no Tex Willer Blog)




06/08/2012

Ouro da Casa


















No princípio foi o sucesso – justificado pelo tema e pelo tratamento que lhe foi dado – da trilogia “MSP50” (Maurício de Sousa por 50 artistas), “MSP + 50 – Mauricio de Sousa por Mais 50 Artistas” e “MSP Novos 50 – Mauricio de Sousa por 50 Novos Artistas”, que na sua génese assinalou os 50 anos de carreira do criador da Turma da Mônica, na qual autores brasileiros – novos e consagrados – adaptaram ao seu estilo gráfico e temáticas habituais as personagens e o universo desenvolvido por Maurício de Sousa ao longo de décadas.

Agora, durante a 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que decorre entre 9 e 19 de Agosto de 2012, será lançado “Ouro da casa”, que segue a mesma ideia base, com uma variante: os autores publicados, quase oito dezenas, foram seleccionados no interior da própria Mauricio de Sousa Produções.

A todos, foi dada liberdade para – no espaço de uma ilustração ou uma BD curta – deixarem o traço tradicional de personagens como Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Astronauta, Piteco, Penadinho ou Horácio que utilizam diariamente, para as mostrarem na sua interpretação pessoal.

E isso é o mínimo que se pode dizer das páginas que nas últimas semanas têm sido divulgadas, pois elas revelam talento, criatividade, estilo próprio e uma imensa capacidade  de reinventar de forma conseguida um universo único e (re)conhecido, que acompanha leitores de “quadrinhos” há muitas gerações.

Como cereja no topo do bolo, “Ouro da casa” – uma edição da Panini com 200 páginas, disponível em capa dura ou cartonada - inclui uma história original, escrita e desenhada pelo próprio Maurício de Soisa que, assim regressou – por momentos – à prática da arte que tão bem soube desenvolver e na qual se tornou um marco.




05/08/2012

Andy Capp: 55 anos a beber e a dormir















O texto que se segue serviu de base à apresentação de dois álbuns de Andy Capp – aliás Zé do Boné – que fiz em 2007, a convite do jornal O Primeiro de Janeiro, na sessão comemorativa dos 140 anos daquele jornal.


Quero começar por agradecer ao Primeiro de Janeiro e à Fólio Edições este convite para vir aqui falar do Zé do Boné.
Um convite que me levou num duplo regresso ao passado.

Primeiro, por que me fez relembrar os anos em que colaborei com o Primeiro de Janeiro, onde comecei a escrever a sério sobre BD.
Depois, porque foi a oportunidade de recordar uma das bandas desenhadas da minha infância e juventude.
Conheço Andy Capp, ou melhor, o nosso Zé do Boné, desde pequenino, das páginas do Primeiro de Janeiro, que o meu avô materno comprava diariamente.
Nesse jornal, descobri, também as bandas desenhadas do Caderno Dominical - que foi uma referência para todos os que gostam de BD em Portugal. Relembro em especial as aventuras do Príncipe Valente e as peripécias mudas do Reizinho.
Mas, falando do Zé do Boné, para começar, deixem-me dizer que é preciso uma grande dose de coragem para publicar as suas tiras nos nossos dias.

Desde logo porque é precisa coragem para publicar livros em Portugal, mais a mais de BD.
Depois, porque é precisa muita coragem para publicar uma personagem tão politicamente incorrecto como o Zé do Boné.
Num tempo em que o lobo mau já não come porquinhos nem se pode atirar o pau ao gato, é preciso coragem para promover um herói preguiçoso, desempregado por opção, que bebe até cair para o lado, fumou até aos anos 80, é machista, bate na mulher, namorisca todas as raparigas que vê, faz apostas, pratica a violência no desporto, é implicativo e conflituoso. 
Foi a 5 de Agosto de 1957 que o Zé do Boné apareceu pela primeira vez. Há 50 anos, portanto. Não ainda como tira diária mas como cartoon. E ao contrário do que é normal neste género de banda desenhada, não teve origem norte-americana, mas sim britânica, pois foi publicado pela primeira vez nas páginas da edição regional do "Daily Mirror".
Na origem, recuperava um estereótipo habitualmente associado aos habitantes de Hartlepool, uma cidade operária do nordeste da Inglaterra, onde o seu autor residia. Mas, apesar dos seus muitos defeitos e do retrato negativo transmitido, foi rapidamente adoptado pelos seus concidadãos.
Em cerca de seis meses passou a tira diária e prancha dominical, e trocou a distribuição regional pela circulação nacional.
Aos Estados Unidos, país pai das tiras diárias de imprensa, chegaria em 1963, com igual sucesso. No seu auge chegou a ser publicado diariamente em 13 línguas, 50 países e 1400 jornais. Entre os quais o Primeiro de Janeiro, onde há quase meio século é uma referência

Na sua primeira aparição, o seu aspecto era substancialmente diferente, o traço era menos estilizado, mais pormenorizado e trabalhado, era mais alto e a sua mulher mais baixa, menos imponente. Mas já considerava o trabalho sagrado, não lhe tocando por isso.
Com o tempo o Zé assumiu o aspecto que lhe conhecemos hoje. Nariz e orelhas grandes, quase sempre encostado ao balcão do pub ou a dormir no sofá da sala, sempre com o seu velho chapéu aos quadrados, amarrotado, enterrado até aos olhos, e o cachecol ao pescoço. Muitas vezes de costas porque o autor, no início não tinha muito jeito para desenhar rostos, como admitiu numa entrevista.
O seu criador foi o britânico Reginald ou Reg Smythe, nascido a  10 de Julho de 1917.
Com uma infância e adolescência sem história, Smythe chegou tarde à banda desenhada, já com 30 anos, após mais de uma década no exército e nos correios.

O Zé do Boné, a que se dedicou toda a vida foi a sua única criação digna de registo. O seu traço era simples, mas eficiente e expressivo, mesmo escondendo quase sempre os olhos do Zé.
Reduziu os cenários ao mínimo indispensável e utilizou-os de forma repetida e exaustiva. Isso, permitiu-lhe assegurar durante décadas a tira diária e a prancha dominical, e fizeram do Zé do Boné um exemplo a seguir para os aspirantes a cartoonistas, no que toca à simplificação de processos.
Senhor de um humor directo, cínico e irónico, Reg Smythe limitou-se a reproduzir aquilo que o rodeava, exagerando nos podres, como que reflectidos por um espelho deformador.
Distinguido em 1974 como cartoonista do ano, Reg Smythe faleceu a 13 de Junho de 1998, vítima de cancro, deixando material para quase ano e meio de publicação.
Como sempre acontece nas tiras diárias de sucesso, o Zé do Boné sobreviveu ao seu criador, sendo hoje assinado por Roger Mahoney e Roger Kettle, que têm mantido a série dentro dos parâmetros gráficos e narrativos estabelecidos por Smythe.
Ao lado do Zé do Boné está quase sempre a sua mulher, Florrie, diminutivo de Florence, ou Flora/Flo, na versão portuguesa. Trabalhadora esforçada, divide o tempo entre a lida da casa, o trabalho, os mexericos com as vizinhas ou a mãe e os constantes conflitos com o Zé. Mas arranja sempre tempo para passar pelo pub e beber o seu copito e controlar o marido.
Em torno deles gravitam ainda Chalky, o melhor amigo do Zé, igualmente um inútil; Rube White, a confidente de Flo; Jack, o fleumático dono do bar; as diversas empregadas deste; o vigário que não perde a oportunidade de dar um sermão ao protagonista, embora no fundo saiba que é tempo perdido; o senhorio, que tenta ingloriamente receber as rendas atrasadas; diversos cobradores de dívidas, igualmente mal sucedidos; a sogra do Zé, que nunca é visível nas tiras, ouvindo-se apenas em off os seus comentários mordazes sobre o genro; o conselheiro matrimonial do Zé e Flora, incapaz de dar uma sugestão útil para o casamento; os muitos desgraçados anónimos a quem o Zé crava um copo ou deixa estendidos no campo de futebol ou râguebi.
O dia a dia do Zé do Boné é pouco diversificado: dorme, bebe, joga, discute com Flo, critica tudo e todos, inventa desculpas para a hora tardia a que chega a casa e pouco mais.
Tudo isto se passa na sua sala, no pub, na rua ou no campo de jogo.
Apesar disso, é espantosa a quantidade de situações diferentes que Smythe e os seus continuadores recriaram neste microcosmos ou os múltiplos desfechos diferentes para as muitas situações recorrentes na tira, explorando ao limite o cómico das situações.
Esta aparente limitação de espaços, personagens e situações, ajuda, no entanto, a ganhar o leitor, que rapidamente se familiariza com o herói, se assim se pode chamar, e se sente como que em casa em cada um daqueles locais que vai aprendendo a conhecer. O que o leva a aguardar, com interesse crescente, de que forma vão sendo renovadas as piadas, muitas vezes desconcertantes, quase sempre mordazes.
E que nos fazem sorrir de um dia-a-dia miserável que representa muito daquilo que nenhum de nós quer para si próprio.
É esta desconstrução de um quotidiano inquietante, possivelmente, o principal segredo do sucesso de uma personagem inconveniente, que dá pelo nome do Zé de Boné. E que eu vos convido a descobrir - ou redescobrir, como aconteceu comigo - nos álbuns da Fólio Edições que prometem, para o próximo ano, mais seis títulos, entre tiras diárias e pranchas dominicais coloridas [mas que infelizmente se ficaram por dois tomos, curiosamente o I e o III].




04/08/2012

Selos & Quadradinhos (82)

Stamps & Comics / Timbres & BD (82)

Tema/subject/sujet: Anime Hero & Heroine Series 13 – Fullmetal Alchimist
País/country/pays: Japão/Japan
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2008

03/08/2012

As Aventuras de Philip e Francis #2

A Armadilha Maquiavélica










Pierre Veys (argumento)
Nicolas Barral (desenho)
ASA (Portugal, Junho de 2012)
240 x 310 mm, 56 p., cor, cartonado
13,95 €


Resumo
Apanhados numa armadilha à qual são atraídos pelo testamento (mais um) deixado pelo pérfido Miloch, Philip e Francis vão ter a uma realidade alternativa, descobrindo uma Londres caótica: os autocarros têm 3 andares, os táxis são conduzidos por cegos, a Marks & Spencer virou Spencer & Marks (!), Olrik vai casar com a rainha e os seus duplos locais nada têm de heróicos!

Desenvolvimento
Depois da divertida surpresa que constituiu “Ameaças ao Império” , Veys e Barral regressam ao universo de Edgar P. Jacobs para mais uma conseguida sátira.
E o que primeiro se destaca nesta série paralela, é a apropriação desse mesmo universo, das suas personagens e referências, de uma forma tão próxima e credível – embora bem combinadas (ou distorcidas) com os elementos satíricos – que surpreende como os detentores dos direitos de Blake & Mortimer o permitiram.
Mas em boa hora o fizeram, porque o resultado é francamente bom, com os autores a desmontarem a partir do interior (quase) tudo aquilo que identificávamos como canónico na série original de Jacobs, para lhe dar uma roupagem a um tempo reconhecível mas nova, que a transforma num belíssimo exercício de humor. Que pode assentar em gags directos e imediatos, em piadas com segunda leitura ou quanto em piscadelas de olho aos fãs de Blake e Mortimer que só estes identificarão.
E a tudo isto, acrescentam um relato criativo, divertido, que vai além da simples combinação de gags mirabolantes e cuja ideia base e algumas das soluções, de certa forma, até poderiam pertencer ao próprio Jacobs!


02/08/2012

Heróis Marvel #5

Homem-Aranha - A Morte dos Stacy









Stan Lee, Gerry Conway e Lee Weeks (argumento)
John Romita, Gil Kane e Lee Weeks (desenho)
Levoir+Público (Portugal, 2 de Agosto de 2012)
170 x 260 mm, 200 p., cor, cartonado
8,90 €



Resumo
Este volume compila as revistas “Amazing Spider-Man” #88 a #90 e #121 a #123 e a mini-série “Death and Destiny” e nas suas páginas estão narradas as mortes de três personagens que foram fundamentais na vida de Peter Parker/Homem-Aranha.

Desenvolvimento
Quinto tomo da colecção Heróis Marvel e segundo dedicado ao Homem-Aranha, este volume contém uma das histórias mais marcantes da bibliografia do aracnídeo, aquela que narra a morte de Gwen Stacy, então namorada de Peter Parker. Mais do que marcante, esta BD pode ser considerada uma das pedras basilares da mitologia deste super-herói, não só porque abriu caminho para a relação de Peter com Mary Jane, com quem viria a casar e a viver durante muitos anos, mas também porque serviu para acentuar o lado trágico da vida do Aranha e para aumentar exponencialmente o peso que já carregava nos ombros pela morte do seu tio Ben.
No entanto, antes de chegar a ela, o leitor terá primeiro de assistir à morte do capitão Stacy (que descobrira e guardara para si a identidade secreta do Homem-Aranha), que Peter então via como um pai. Ocorrido numa BD datada do início da década de 1970, como dano colateral num confronto com o Doutor Octopus, provocou em Parker um enorme sentimento de culpa e de dúvida em relação ao seu futuro, não só quanto a continuar como super-herói, mas também no que dizia respeito à sua relação com a bela Gwen.
Este dilema, explorado sem grande brilho na mini-série “Death and Destiny” – mais recente, pois foi originalmente publicada no ano 2000 – igualmente presente neste tomo, viria a atingir o seu auge em 1973, numa BD que marcou uma geração e que hoje, quase 40 anos depois, continua a ser de leitura obrigatória, não só pelo seu impacto, mas também pelas suas qualidades intrínsecas: legibilidade, ritmo, tensão, combinação entre acção, drama e tragédia, planificação diversificada e dinâmica e planos arrojados.
Conhecida como a banda desenhada cujo título apenas foi revelado no final, numa época em que as mortes nas histórias de super-heróis ainda eram definitivas (como convém lembrar), está muito bem construída por Gerry Conway e Gil Kane, que ao longo das páginas fazem subir a tensão que atingirá o clímax num confronto entre o Homem-Aranha e o Duende Verde que tinha raptado Gwen e que de forma vingativa a lançará do alto da ponte George Washington, num acto que, de forma surpreendente, terá consequências funestas.
E que levará a um novo e também trágico confronto entre o super-herói (com muita raiva quase incontida) e o vilão, num acentuar do lado humano do Homem-Aranha mas também num reforço do seu lema imutável: “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”.

A reter
- A boa qualidade gráfica da edição, mais a mais se considerado o seu preço.
- A importância clássica do conteúdo deste tomo.
- A forma exemplar como os arcos mais antigos estão desenvolvidos, avançando num crescendo de tensão dramática para o clímax e o final trágico de cada um.

Menos conseguido
- A mini-série Death and Destiny no seu todo, embora seja compreensível a sua inclusão neste livro. De fora ficou a mais interessante “O Beijo”, história de DeMatteis e John Romita Sr., publicada em “Amazing Spiderman” #365, que mostra como as memórias de Gwen acompanharam Peter ao longo dos anos com a compreensão de Mary Jane.
- Bastante falada em sites e blogs - e não só naqueles dedicados aos quadradinhos - esta colecção iniciada há já um mês, continua com alguns (incompreensíveis) problemas de distribuição que poderão afastar potenciais leitores e ser um óbice a um (maior? e) merecido sucesso.

Nota – As imagens com texto em português que ilustram este texto foram retiradas do portal Central Comics.



01/08/2012

Melhores Leituras

Julho 2012


As aventuras de Philip e Francis #2 – A Armadilha Maquiavélica (ASA)
Pierre Veys e Nicolas Barral



Dampyr #147 - Tributo di Sangue (Sergio Bonelli Editore)
Giovanni Eccher e Giovanni Dotti


Jorge Magalhães


Roger Sterne, John Byrne e Josef Rubinstein



Zeb Wells, Chris Bachalo, Emma Rios, Towsend, Mendonza, Olazaba e Irwin


Marazano  e Kerfriden

31/07/2012

Turma da Mônica Jovem #43













Está já distribuída em Portugal a revista “Turma da Mônica Jovem” #43, na qual as versões adolescentes de Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, vivem uma aventura em conjunto com Kimba, o leão branco, AstroBoy, Safiri (de A Princesa e o Cavaleiro) e outros heróis criados pelo japonês Osamu Tezuka.
Considerado o pai do manga moderno, Tezuka (1928-1989) conheceu Maurício de Sousa nos anos 1980, tendo os dois criadores de quadradinhos ficado amigos e tido vários encontros no Brasil e no Japão, tendo mesmo projectado uma história em conjunto, que acabou por não se concretizar devido à morte prematura do criador japonês.
“Na época em que conversámos, a ideia era fazer uma animação juntando os nossos personagens”, explicou Maurício de Sousa, mas recentemente, após contactos com a família de Tezuka, “achamos melhor começar com uma publicação aos quadradinhos, para depois vermos a possibilidade de fazer um desenho animado também”.
O resultado é “Tesouro Verde” uma história em duas partes – que foi introduzida num encarte especial incluído na “Turma da Mônica Jovem” #42 – que une os heróis mais emblemáticos dos dois criadores na luta pela preservação da Amazônia e que tem por objectivo alertar os mais jovens para a importância da sustentabilidade.
A “Turma da Mônica Jovem” #43, lançada há seis meses no Brasil e agora disponível também em Portugal, antecipava a ECO+20, um encontro internacional de temática ecológica, organizado pelas nações Unidas, que teve lugar no Rio de Janeiro em Junho passado.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 28 de Julho de 2012)


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...