A
mudança de paradigma em relação à banda desenhada, em Portugal,
nos últimos anos, é evidente e só isso explica, por um lado, a
multiplicação de edições que fogem à oferta mais óbvia e, por
outro, a aposta neste género por parte de editoras que ainda há
poucos anos não incluíam esta forma narrativa nos seus catálogos. Patos,
de Kate Beaton, é um dos exemplos recentes que comprova o escrito
atrás.
Termino,
finalmente, o balanço de 2023 no que à BD diz respeito. Por
razões que não vêm ao caso, arrastou-se no tempo e obrigou a
saltar algumas etapas, mas de alguma forma sinto que estava em dívida
para com quem costuma visitar este blog por ainda não ter divulgado
o número de edições publicadas no ano transato. E
como chamei a 2022 ‘O ano de todas as edições’, fiquei sem
saber o que dizer de 2023...
Sei
que a unanimidade é perigosa mas no caso de Blacksad
é impossível não ficar deslumbrado pelo originalidade da sua
estrutura, pela qualidade das histórias e pela desenvoltura do traço
desta criação dos espanhóis Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido O
título mais recente Então,
tudo cai
é, até agora, o mais ambicioso da série e talvez por isso foi
necessário dividir a história por dois álbuns - e
sobre o primeiro, já escrevi aqui - que
a Ala dos Livros já disponibilizou em português, reproduzindo as
capas originais que compõem uma imagem única (ver acima), com quatro dos
principais intervenientes e a coragem da segunda não ter o
protagonista.
Embora
viva neste tempo
- e
por isso ele também seja o meu - confesso alguma inveja dos
adolescentes/jovens(/e adultos!) de hoje que não vivem com a
angústia permanente quanto à edição ou não do volume seguinte de
uma qualquer das séries que seguem. Em tempos idos - os anos
1970/80/90…
- multiplicaram-se as séries incompletas, com um, dois ou três
volumes, seguidos ou saltados publicados em português… The Promised Neverlandé
o exemplo mais recente desta (nova) normalidade.