Jacques Martin (argumento)
Jean Pleyers (desenho)
NetCom2 Editorial (Portugal, Dezembro de 2012)
235 x 315 mm, 48 p., cor, cartonado
15,00 €
Resumo
Após a morte de Ramsés II, o seu escudeiro é levado para
morrer com ele. No seu lugar, para servir o novo faraó Mineptah, fica o seu
filho, o jovem Keos, elevado à categoria de príncipe.
Protegido pelo deus Osíris, que lhe entrega um anel de
fantásticos poderes, Keos – com o auxílio de um surpreendente aliado, Moshe
(aliás Moisés) - terá que preservar a vida do seu soberano, ameaçado pelas
intrigas da corte e a ambição dos sacerdotes de Ámon.
Desenvolvimento
Para os (muitos) apreciadores de Jacques Martin (e consequentemente
de Alix) existentes em Portugal, a edição deste álbum, uma das duas apostas
iniciais da NetCom2 Editorial – a outra foi “As Investigações de Margot” - terá sido certamente uma grata surpresa, até pelos diversos pontos de contacto
entre ambas: o protagonismo de dois jovens nobres, Alix e Keos; a conjugação
entre as personagens criadas e os protagonistas da História (com o Moisés dos
quadradinhos a desviar-se sensivelmente da imagem geralmente transmitida pela
religião e a tradição judaico-cristãs); o contexto histórico que serve de base
à acção ficcional; as intrigas políticas e religiosas como mote; a minúcia e
consistência do argumento de Martin, com a habitual dose de ingenuidade e
moralidade que geralmente lhe associamos e que são sinal distintivo de uma
certa forma de narrar aos quadradinhos que marcou uma época…
Como “extras”, por assim escrever, “Keos” transfere a acção
da corte (e do império) de Roma para o (não menos estimulante) império egípcio
- onde Alix viveu também várias aventuras - e assume uma componente mística e fantástica,
pouco habitual na obra de Martin, que confere ao relato um tom algo
surpreendente.
O traço de Pleyers – fiel discípulo do estilo do mestre e um
dos mais capazes que com ele trabalhou – bem trabalhado em termos de colorido, que
consegue transmitir ao leitor o clima quente e sufocante em que decorre a maior
parte do relato, ajuda a compor o conjunto e não será difícil que a
visualização de muitas das pranchas dê a observadores distraídos a sensação de
estarem a revisitar Alix.
A reter
- Repito o que já escrevi: uma nova editora de BD é sempre
uma boa notícia, mesmo que muitos possam não estar interessados nas suas
propostas. Outros estarão.
- O toque de fantástico que surge como nota distintiva no
relato.
- A curiosidade da participação – activa e preponderante - de
Moisés.
Menos conseguido
- Também já o escrevi: a parca distribuição deste álbum
(disponível apenas online e em lojas seleccionadas) o que lhe retira visibilidade e, consequentemente, vendas(?).
- A legendagem, muito diferente do original – embora próxima
da que é habitual em Alix… – com a agravante de uma estranha opção pelo centrar
do texto em todos os balões.