Estive no Amadora BD 2021 apenas no dia 23, primeiro sábado, da parte da tarde, o início da qual dedicado a entrevistas. Tenho, por isso, uma visão limitada e (muito) subjectiva do 32.º Festival Internacional de BD da Amadora, mas pareceu-me importante deixar algumas notas sobre ele.
Divulgação
Divulgar é fundamental; divulgar atempadamente é o mínimo que se exige a qualquer evento público, desde logo no seu próprio interesse.
Este aspecto, era (cada vez mais) uma das pechas do certame. Este ano, em meados de Agosto surgiam as primeiras notícias, a 27 de Setembro já se conhecia a programação, a 13 de Outubro eram divulgados os nomeados para os Prémios de Banda Desenhada da Amadora (PBDA), a 18 do mesmo mês já havia programa e convidados. O Amadora BD 2021 abriu a 21 de Outubro.
Não sendo o ideal, longe disso, foi uma melhoria significativa que se espera tenha continuidade nas próximas edições.
Como senão, fica o atraso da colocação online da informação que ia sendo divulgada, embora reconheça a facilidade de consulta e navegação no site oficial.
Localização
Este ano, por razões diversas, fui de carro, a nova localização não me afectou. Quem conhece, diz que o acesso através de transportes públicos é mais complicado. A organização criou uma linha de autocarros para amenizar o problema.
Não podendo opinar, não me apercebi de grandes queixas nas redes sociais.
Espaço
O Amadora BD 2021 decorreu pela primeira vez no Ski Skate Amadora Park, em duas grandes ‘bolhas’. Numa delas, estavam situadas as exposições, na outra os stands, o palco para debates e apresentações e a zona de autógrafos.
No dia 23 de Outubro, na primeira circulava-se bem; na segunda o espaço revelou-se pequeno, nomeadamente para acesso aos autógrafos. A solução foi pedir às pessoas para esperarem no exterior, dado que havia um sistema de senhas. Num dia soalheiro como aquele, não foi grande problema; não sei como seria resolvido num dia de chuva. Más condições meteorológicas afectariam também sobremaneira a pequena zona de alimentação existente no exterior.
Comparativamente com o Fórum Luís de Camões, o espaço é mais acolhedor e confortável, com o senão da sua exposição à intempérie.
Outros espaços
A dispersão de exposições nunca funcionou no Amadora BD. Como muitos já repetiram, a Amadora não é Angoulême, por isso as mostras na Biblioteca Fernando Piteira Santos e na Galeria Municipal Artur Bual, passaram ao lado de muitos dos interessados, especialmente quem, como eu, foi com o tempo contado.
Apesar disso, o facto de encerrarem mais tarde do que o festival, respectivamente em Fevereiro de 2022 e a 14 de Novembro, é positivo e poderá atrair mais alguns visitantes.
Exposições
Todas prontas na inauguração - parece óbvio mas foi algo que falhou demasiadas vezes em tempos recentes.
E todas com a habitual marca de qualidade do festival, algo que sempre se manteve ao longo dos anos, mesmo dos piores. Houve algumas queixas dos comissários, sim; havia pequenos aspectos a corrigir, também; apreciei mais umas (Louro, Drácula, Mulher-Maravilha, Lucky Luke, Comic Heart) do que outras (Mangá, Hoje não), em grande parte devido ao meu gosto e interesses pessoais.
O espaço estava bem organizado, com um interessante percurso labiríntico. Não sei como aguentaria uma eventual enchente, mas para isso temos, nos dias que correm, o controlo de entradas (por toda a parte).
Durante muitos anos o Amadora BD distinguiu-se pelos grandes nomes da banda desenhada que trazia ao nosso país. Essa ‘tradição’ entretanto perdida, foi retomada este ano, com nomes incontornáveis como Juanjo Guarnido, Frank Pé ou Achdé. E com George Bess, Alain Ayrolles, Marcello Quintanilha, Mawil, Marc Bourgne, Benjamim Beneteau e, claro está, Daniel Henriques e Miguel Mendonça. E ainda, com Alvaro Martinez Bueno, Lúcio Oliveira. E um imenso et cetera extensivo a todos os autores portugueses que lá estiveram e deram tantos ou mais autógrafos que os grandes nomes citados.
E, muito importante, com quase todos a terem livros novos lançados no festival ou recém-editados.
Nota muito positiva neste aspecto que é fundamental, porque são eles que chamam os visitantes… e os media.
Autógrafos
O sol nas costas dos autores, transformou inicialmente a sua zona numa pequena estufa. A colocação de guarda-sóis no exterior amenizou a situação.
No espaço de tempo em que estive presente, as filas para autógrafos eram enormes. Foi necessário deslocar algumas das pessoas para o exterior para controlar as presenças num tempo que ainda é de pandemia.
Apesar de haver senhas para os autógrafos, no primeiro sábado houve alguns problemas que, segundo me pude aperceber nas redes sociais, foram satisfatoriamente resolvidos nos dias seguintes. A organização foi capaz de se ajustar.
Pessoalmente, tive que optar entre ir para as filas ou as entrevistas marcadas, as conversas há muito desejadas e a visita às exposições. Não foi realmente uma opção, mas mesmo assim trouxe autógrafos de Guarnido, Mawil, Frank Pé (obrigado José de Freitas), de Álvaro (obrigado Álvaro) e de Marcello Quintanilha (obrigado Rui Brito).
Um dos grandes problemas dos festivais. Se são em locais isolados, ninguém aparece; se são em locais de passagem, sofrem com o ruído ambiente.
A opção de os realizar junto à feira do livro e das sessões de autógrafos é de saudar, mas em próximas edições haverá que melhorar as condições acústicas para que os participantes se façam ouvir.
Feira do Livro
Beneficiou com a proximidade dos debates e da zona de autógrafos. Estavam presentes as principais editoras, a livraria ‘oficial’ (Dr. Kartoon) tinha grande variedade, a Cult apostou nas importações espanholas. Só não comprou quem não quis (ou não pôde…) Faz falta, num certame destes, um espaço assumido para vendas em segunda mão ou de raridades.
Balanço
Obviamente positivo, mesmo que condicionado pelo pouco tempo que tive para avaliar, e a deixar bons auspícios se a equipa organizadora - com disponibilidade e capacidade de ouvir - e as normas orientadoras seguidas este ano se mantiverem.
(clicar nas fotos para as aproveitar em toda a sua extensão)
Fui no último domingo do festival, e posso dizer que fiquei desiludido... O espaço é muito pequeno, tanto da exposição como da zona da feira do livro/autógrafos/entrevistas/palestas.
ResponderEliminarA exposição tem de ser centralizada num só local, para ser efetivamente uma exposição digna do festival. Já noutros anos isso se verificava, e este ano tínhamos meia-dúzia de pranchas a concurso. Participaram assim tão pouco?
A qualidade do que estava exposto também deixou algo a desejar... mas imagino se fossem as pranchas originais!!! A humidade que se fazia sentir estava bem vísivel em praticamente todos os livros (tirando os que estavam ainda envoltos em plástico), em todas as bancas... muito mau. Pelo que vi também, chouveu em cima e algumas bancas... os livros que tinha interesse estava todos "ondulados"!
A meio da tarde, 16h~17h, não se conseguia circular em qualquer dos espaços, e especialmente na zona da feira do livro, o ruído tornou-se insuportável, não se conseguia ver os livros expostos... desisti mais cedo do que pretendia.
A ideia de juntarem a feira do livro, autógrafos e palestras no mesmo local é boa, mas não numa zona tão pequena.
Para o ano há mais... ou talvez não! :-)
Concordo com o Dinis. Este foi um novo ano zero do festival, e algumas coisas correram bem, mas nem todas. Há muito que melhorar, não sei é se haverá condições para que isso aconteça. Resta-nos esperar pela edição de 2022 e ver como será. Se for como este ano, será muito mau sinal.
ResponderEliminarEstá na altura de passar este evento para a Primavera ou para o Verão, tempos cinzentos, frios e chuvosos não apelam a ir a exposições e feiras e depois a BD não gosta de água!
ResponderEliminarAno após ano é sempre a mesma coisa.
Também não fiquei entusiasmado
ResponderEliminarPrimeiro sábado, muita confusão com os autógrafos, eram senhas que não serviam para nada, e funcionários a garantir as chamadas que depois não se faziam, se na teoria a ideia era boa0 e deixaria mais tempo para se passear nos stands na pratica não funcionou . não sei como se processou nos outros dias, a ideia das senhas é boa desde que exista algum apoio eletrónico ou humano.
Positivo estarem a acontecer as entrevistas ao menos dava para entreter um pouco.
Positivo também a divulgação mais a tempo do evento
As exposições em si pareceram-me fracas, gostei do espaço Lucky Luke e pouco mais.
Também achei os espaços pequenos e pouco apelativos, acho que o Mamarracho de Ski é bem pior que o anterior local mas serve um interesse de "downsizing" da "Capital da BD"
Veremos ... para o ano como corre