1949-1950
Harold R. Foster (argumento e
desenho)
Manuel Caldas e Pedro Caldas
(restauro)
Rafael Marin (tradução e posfácio)
La Imprenta (Uruguai, Setembro de
2011)
260 x 340 mm, 112 p., pb,
brochado
680 pesos uruguaios / 25,00 €
1. Acredito
que pertenço à mais afortunada geração de leitores de histórias aos
quadradinhos de sempre.
2. É
verdade que alguns poderão afirmar que preferiam ter vivido no início dó século
passado para assistirem in loco aos primeiros passos da BD norte-americana nos
jornais, nos anos 1930/1940 como contemporâneos da sua idade de ouro, ter
acompanhado a explosão dos super-heróis ou o movimento undeground na década de
1960, ou, do outro lado do oceano, ter vivenciado o nascimento de Tintin, o
boom da BD europeia pós-Segunda Guerra Mundial, a sua libertação temática
pós-Maio de 1968…
3. Mas
a verdade é que – se todos estes e outros períodos foram estimulantes – nos dias
de hoje, como nunca, conseguimos compreender a importância de cada um deles….
4. ...
e temos acesso a muitos dos grandes momentos dos quadradinhos das épocas
citadas, em edições cuidadas e comentadas que são uma autêntica perdição para
quem lê histórias aos quadradinhos.
5. Para
além disso - como todos os contemporâneos daquelas épocas – podemos acompanhar
o muito e bom que é criado nos nossos dias.
6. Dirão
alguns que, daqui para a frente isso acontecerá sempre, mas permitam-me duvidar.
7. Não
só pelos avanços tecnológicos que poderão conduzir a BD para outros caminhos e
outros suportes, pondo fim – a curto? médio? prazo - às edições em papel,
pesadas na mão, em que se sente o cheiro da tinta, a textura do papel, que eu
tanto prezo…
8. …
mas também pela questão geracional, pois hoje em dia reedita-se – em boa parte
acredito eu – para aqueles que em crianças e jovens leram os quadradinhos hoje
clássicos e que conheceram esses períodos tão estimulantes…
9. …
e não me parece que próximas gerações venham a ter esses mesmos interesses.
10. Dito
isto, em jeito de introdução (bem longa), permitam-me passar ao livro que hoje
destaco, no terceiro e último dos três textos que As Leituras do Pedro dedicam
aos 75 anos do Príncipe Valente.
11. La
Reina y el Escudero, é mais uma dessas reedições (quase) perfeitas de um
clássico incontornável da BD, ou não fosse o seu responsável Manuel Caldas, cujo
trabalho nunca é de mais salientar.
12. Suspensa
a edição portuguesa pelas (tristes razões) já conhecidas, perdidos os direitos para
Espanha por força da força de uma editora “grande”, esta edição para o Uruguai
(!) surge como bem-vindo oásis para os que admiram o trabalho de restauro,
minucioso e perfeccionista que Caldas desenvolveu na (re)descoberta do traço
original a preto e branco de Foster.
13. Para
não repetir o que já escrevi várias vezes sobre a obra, o autor e o trabalho de
Caldas, referirei a variedade temática das várias histórias incluídas neste tomo,
14. que
“abarca o período das últimas pranchas publicadas em "O Mosquito" e
das primeiras saídas no "Mundo de Aventuras", incluindo as pranchas
que na época não se publicaram enquanto uma revista não retomou a série
abandonada pela outra”, esclarece Manuel Caldas,
15. o
alto nível gráfico e narrativo que Foster mais uma vez demonstra,
16. com
especial destaque para o seu elevado sentido de humor e a cada vez maior humanização
dos participantes.
17. E
também a harmonia com que a narrativa aventurosa combina com a temática
familiar, a intriga palaciana e as questões sociais e políticas.
18. E
ainda, o protagonismo que ocupam nestas páginas a (rainha) Aleta e o
(escudeiro) Arf, daí o sub-título do livro
19. cujo
desenho se mantém soberbo, preciso, expressivo e minucioso.
20. Por
isso, mesmo em tempos de crise, esta é sem dúvida uma daquelas obras
incontornáveis, que pode – que deve! – ser encomendada. Aqui.