16/11/2012

Leituras de banca


Novembro 2012
Revistas periódicas de banda desenhada este mês disponíveis nas bancas portuguesas.

Marvel (Panini Comics)

Homem-Aranha #123

Os Vingadores #98

Wolverine #87

Universo Marvel #21

X-Men #123


Turma da Mónica (Panini Comics)
Almanaque da Mônica #33

Almanaque do Cascão #33

Almanaque do Cebolinha #33

Cascão #65

Cebolinha #65

Chico Bento #65

Magali #65

Mônica #65

Turma da Mônica - Colecção Histórica #29

Grande Almanaque Turma da Mônica #11

Historinhas de Duas páginas #7

Turma da Mônica – Uma aventura no parque #65

Mónica y su Pandilla - Turma da Mónica em Espanhol #14

Monica’s Gang - Turma da Mónica em Inglês #14

Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #65

Turma da Mónica – Saiba mais #56 – Profissões

Turma da Mônica Jovem #47

Bonelli (Mythos Editora)
Com a mudança de distribuidora VASP, os títulos de Tex disponíveis em cada mês,
serão distribuídos em duas vezes, quinzenalmente.
As revistas abaixo indicadas chegarão aos quiosques a partir do fim deste mês.
Tex 482

Tex Coleção 274

Almanaque Tex 41

Tex Ouro 52


DC Comics (Panini Comics)
Batman #113

Liga da Justiça #112

Superman #113

Universo DC #22

15/11/2012

O Enigma Diabólico










  
Colecção Quadradinho #16
José Abrantes (argumento)
Miguel Rocha (desenho)
ASIBDP (Portugal, Outubro de 1998)
105 x 147 mm, 24 p., pb, capa fina com sobrecapa
390$00 (!)



Há algum tempo à procura de um pretexto para evocar a colecção Quadradinho, encontrei-a agora com o lançamento amanhã de um novo álbum de Blake e Mortimer.
Iniciativa da ASIBDP (Associação do Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto), inspirada na colecção Patte de Mouche de l’Association, que - acredito hoje - surgiu antes do tempo, ao longo de 18 números, para além de duas divertidas criações de Lewis Trondheim, publicou obras originais de autores nacionais como Pedro Morais, Arlindo Fagundes, José Carlos Fernandes, Paulo Patrício, Mário Moura, Pedro Pires ou a surpreendente dupla composta por José Abrantes e Miguel Rocha.
Este último, dava então os primeiros passos aos quadradinhos, surgindo nesta colecção como revelação - que o tempo rapidamente viria a confirmar – num grafismo assente em contrastes de branco e negro, com algumas referências identificáveis mas já com uma inegável marca pessoal.
Com o título emprestado de O Enigma da Grande Pirâmide e de A Armadilha Diabólica, que desde logo antecipava a homenagem a Jacobs, este livrinho mostrava Mortimer (?) como herdeiro de uma mansão abandonada, ganha ao jogo ao pérfido Conde Moloch. A entrada no edifício revelá-lo-ia como uma enorme armadilha, do qual o protagonista só conseguiria sair – na companhia de uma bela jovem de sumária indumentária, refira-se – após resolver o tal enigma diabólico.
O argumento, cuja escrita evocava a diversos níveis a obra da figura tutelar do criador de Blake e Mortimer, para além da similitude de uma ou outra situação com aventuras daquela dupla, tinha como trunfo final a revelação da essência do sucesso dos heróis de Jacobs, consolidando a homenagem a um dos grandes clássicos da banda desenhada franco-belga.




14/11/2012

Jours de destruction, jours de révolte








Chris Hedges (texto)
Joe Sacco (ilustração e banda desenhada)
Futuropolis (França, 2 de Novembro de 2012)
195 x 265 mm, 320 p., pb, cartonado
27,00 €



Na ressaca das eleições norte-americanas e em dia de greve geral em Portugal, esta é uma obra cuja leitura seria útil a Barack Obama (e a Mitt Romney também, possivelmente antes dessas mesmas eleições) mas igualmente aos líderes europeus - os subservientes, os lambe-botas e os outros.
Na verdade, a situação nele descrita, embora retrate a situação concreta norte-americana, tem (demasiados) pontos de contacto com aquilo que se vive agora - em Portugal, na Grécia, em Espanha, em toda a Europa comunal não tarda muito? – pelo que uma leitura atenta – acompanhada por reflexão consciente – é altamente aconselhável para se ponderar o futuro que estamos a proporcionar aos nossos filhos, às próximas gerações.
Subintitulado pela Futuropolis “A realidade da sociedade norte-americana por dois grandes autores comprometidos”, este é um retrato duro da sociedade norte-americana.
Retrato duro e subjectivo, ideológico e empenhado, correspondente à visão comum dos dois autores e resultante de um longo périplo pelo país, o livro - editado nos EUA em Junho último - assume a forma de uma longa reportagem escrita, ilustrada e em BD – esta última pouco presente para o que desejariam os fãs de Sacco, usada apenas para "transcrever" algumas entrevistas.
É um retrato que se inicia com os últimos indígenas, na reserva índia de Pine Ridge, no Dakota, passa pelos guetos negros de Camden, em Nova Jérsia, revela as condições miseráveis dos últimos mineiros de carvão na Virgínia Ocidental, acompanha os apanhadores de tomate ilegais latinos em Immokalle, na Florida, e termina junto do movimento Occupy Wall Street, em Nova Iorque, num percurso não inocente.
É um retrato violento e incómodo que – na óptica desta dupla de criadores – mostra não só como os EUA caminha(ra)m para a auto-destruição, espoliando, oprimindo, explorando, despojando da dignidade, escravizando a base da sua sociedade, a sua força produtiva, mas também a revolta que a diferentes níveis isso está a gerar e como essa é a única réstia de esperança para um mundo governado por uma ínfima minoria assente no poder financeiro, cego, amoral e impiedoso.
Por isso, este retrato que mostra, destaca, dá voz, acompanha seres reais, de carne o osso como nós, mais do que espelhar o idealizado sonho americano revela um pesadelo atroz cada vez mais omnipresente – tornado banal? - em todo o mundo (ocidental), onde há cada vez mais gente “sem esperança, que trabalha duro por quase nada”.


13/11/2012

Três sombras











Cyril Pedrosa
Polvo (Portugal, Outubro de 2012)
165 x 230 mm, 270 p., pb, brochado com badanas
17,00 €



Esta é uma obra ao mesmo tempo terna e chocante, cativante e incómoda, doce e angustiante.
E sobre a qual é impossível escrever sem revelar o que está na sua génese, embora isso retire ao leitor a possibilidade d(ess)a descoberta. Por isso, se desejarem, parem por aqui a leitura deste texto e vão à procura deste “Três sombras”, uma das mais aconselháveis bandas desenhadas editadas em Portugal neste (fim de) ano.
Na origem deste livro está uma das mais chocantes e incompreensíveis situações que um ser humano pode experimentar: a perda de um filho pequeno devido a doença. Vivida por um casal amigo de Cyril Pedrosa, empurrou-o a descrevê-la aos quadradinhos como catarse e libertação.
E Pedrosa fê-lo - num preto e branco de traço fino, solto e muitas vezes impreciso, dinâmico e expressivo, vivo e singular, bem distante do abundante colorido de Portugal - de forma terna, comovente, simbólica, metafórica, onírica e maravilhosa, transformando numa fuga (literal) do inevitável o que na vida real prende e imobiliza.
Por isso, em Três sombras, o pequeno Joaquim, que vive despreocupado com os pais, quando três cavaleiros inquietantes começam a rondar o seu lar, é levado pelo progenitor para o mais longe possível, numa viagem singular mas perigosa, durante a qual, para o conservar, o pai experimenta tudo, despoja-se de tudo e (quase) de si mesmo, dá-se completamente, arrisca tudo – até a sua própria identidade e a relação conjugal – a família… - que se revelará finalmente o porto de abrigo, o único local de conforto.
Ode ao amor paternal, retrato maravilhoso da infância – desfrute-se da primeira vintena de pranchas, da harmonia e felicidade familiar que emanam (tal como as últimas) – Três sombras é uma obra profundamente humana, de início enganador que apenas torna mais densa a tragédia, mas também um hino de esperança e de louvor da vida, que deve ser vivida de forma intensa, numa dádiva diária para ser desfrutada plenamente.  



12/11/2012

Cinzas da Revolta













Miguel Peres (argumento)
Jhion (desenho)
ASA (Portugal, Outubro de 2012)
195x265 mm, 48 p., cor, cartonado
13,90 €



Resumo
Angola, 1961. Durante um ataque a uma fazenda de portugueses, o casal que lá habita é assassinado e a sua filha adolescente levada por um dos assaltantes.
Angola, 1963. Um comando de soldados portugueses é enviado supostamente para encontrar a rapariga desaparecida dois anos antes.
As mudanças por ela sofridas, o questionar da missão – eventualmente do interesse de uma alta autoridade nacional - e da própria guerra pelos soldados são outros dos motes que orientam a narrativa.

Desenvolvimento
Este álbum é uma das surpresas deste fim de ano em Portugal, apesar das limitações que se lhe reconhecem. Fundamentalmente pela (nova) dupla autoral e pela sua temática.
Vamos por partes.
Os autores são os portugueses Miguel Peres e Jhion (ou seja “o artista anteriormente conhecido por João Amaral!).
O traço deste último surpreende por surgir diferente do seu registo mais habitual. Mais natural, possivelmente porque mais liberto da base fotográfica e/ou informática que geralmente utiliza, mas também com alguma falta de expressividade e preso de movimentos. Nota-se, no entanto, uma melhoria ao longo do álbum, fruto certamente da experiência que este lhe foi possibilitando.
A composição das páginas, diversificada, serve-lhe para ritmar a narrativa, embora nalguns casos a utilização de um traço demasiado espesso para delimitar as vinhetas, torne as páginas algo pesadas. Ainda no que diz respeito à planificação, destaque para alguns efeitos interessantes, originais e conseguidos, nomeadamente os “rasgões” que permitem visualizar em simultâneo o interior e o exterior da fazenda (na p. 4) ou a utilização recorrente das onomatopeias como limite das vinhetas (como na p.5).
A surpresa maior acaba por ser o argumento do estreante Miguel Peres, apesar de algumas pontas soltas, uma ou outra oscilação de ritmo e, principalmente a falta de explicação para a(s) mudança(s) de atitude da cativa. A sensação que fica é que faltaram páginas para a justificar, bem como para aprofundar a sua relação com o seu captor e para explorar o tempo (e as respectivas consequências) que os soldados passaram no mato.
Destaca-se, mesmo assim, a coragem para abordar uma temática – a guerra colonial - que a diversos níveis ainda continua a ser tabu entre nós. O que se lamenta pois é extremamente rica a diversos níveis, permitindo abordagens em registos de acção, intimistas, ideológicos, históricos…
A Miguel Peres serviu para questionar as razões por detrás das guerras e os efeitos que elas provocam naqueles que mais directamente estão a ela associados – sejam os soldados que combatem ou as “vítimas colaterais” hoje tanto na moda.
Dessa forma, Cinzas da Revolta, inegavelmente, indica e trilha um caminho que a BD nacional pode percorrer com originalidade, para exorcizar fantasmas e para chegar a leitores habitualmente avessos aos quadradinhos.


11/11/2012

Selos & Quadradinhos (90)


Stamps & Comics / Timbres & BD (90)


Tema/subject/sujet:
1º Salão dos Humoristas – Centenário 1912-2012
1st Hall of Humorists – Centenary 1912-2012
1er Salon des Humoristes – Centenaire 1912-2012
País/country/pays: Portugal
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 16/10/2012





10/11/2012

AmadoraBD 2012 (VI)


Último fim-de-semana









Antes do programa do último fim-de-semana do AmadoraBD 2012, que fica marcado pela presença de Zep e cujo visita recomendo, ficam as ligações para o programa geral, para o meu balanço do festival e para a lista das obras e autores distinguidos com os Prémios Nacionais deBanda Desenhada.

Apresentações e encontros
Sábado, 10 de Novembro
16h00
Apresentação da coleção Heróis Marvel Série II, com João Miguel Lameiras,
José de Freitas e responsável da Editora Levoir

Domingo, 11 de Novembro
18h00
Encontro/debate com Victor Mesquita sobre o seu novo projecto, moderado por Pedro Mota


Visitas Guiadas
Sábado, 10 de Novembro
10h30 — 11h30
A Cenografia da Exposição Os Vários Rostos do Eu,
com Susana Lanceiro, Susana Vicente, João Rapaz e Bruno Caetano

15h30 — 17h00
A Exposição Os Vários Rostos do Eu,
com Comissário Pedro Moura e convidados estrangeiros

17h00 — 18h00
Exposição O Infante Portugal em Universos Reunidos,
com José de Matos-Cruz e Daniel Maia

Domingo, 11 de Novembro
10h30 — 13h00
O 23º AmadoraBD, com Nelson Dona, Director do Festival,
Pedro Moura, Comissário da Exposição Os vários Rostos do Eu
e convidados estrangeiros

15h00 — 16h00
Exposição Happy Zep, com Zep, por Pedro Mota


Sessões de autógrafos
Sábado, 10 de Novembro
15h00
Ana Afonso
André Oliveira
António Valjean
Daniel Maia
Geral & Derradé
Joana Afonso
José Matos-Cruz
José Ruy
Mathieu Sapin
Ricardo Cabral
Sergei
Susana Resende
Victor Mesquita

16h00
Ana Afonso
Ana Oliveira
André Oliveira
Antonio Altarriba
António Valjean
Caeto
Daniel Maia
Filipe Andrade
Geral & Derradé
Joana Afonso
João Mascarenhas
José Matos-Cruz
Mathieu Sapin
Nuno Duarte
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Sergei
Susana Resende
Victor Mesquita
ZEP

17h00
Ana Afonso
Ana Oliveira
António Altarriba
Caeto
Filipe Andrade
Geral & Derradé
Joana Afonso
João Mascarenhas
José  Ruy
Kati Rapia
Marko Turunen
Mathieu Sapin
Nuno Duarte
Pedro Leitão
Peter Pontiac
Sergei
Victor Mesquita
ZEP

18h00
Ana Oliveira
António Altarriba
Caeto
Filipe Andrade
Joana Afonso
João Mascarenhas
José Ruy
Kati Rapia
Marko Turunen
Nuno Duarte
Pedro Leitão
Peter Pontiac
Victor Mesquita
ZEP

Domingo, 11 de Novembro
15h00
Ana Afonso
António Altarriba
Bruno Ma
Diogo Campos
Geral & Derradé
Joana Afonso
Mathieu Sapin
Paulo Monteiro
Ricardo Cabral
Victor Mesquita
ZEP

16h00
Ana Afonso
Ana Oliveira
António Altarriba
Caeto
Diogo Campos
Filipe Melo
Geral & Derradé
Joana Afonso
João Mascarenhas
Kati Rapia
Marko Turunen
Mathieu Sapin
Nuno Duarte
Paulo Monteiro
Pedro Leitão
Peter Pontiac
Ricardo Cabral
Rui Lacas
Victor Mesquita
ZEP

17h00
Ana Afonso
Ana Oliveira
António Altarriba
Caeto
David Soares
Filipe Melo
Geral & Derradé
Joana Afonso
João Mascarenhas
Kati Rapia
Marko Turunen
Nuno Duarte
Paulo Monteiro
Pedro Leitão
Peter Pontiac
Rui Lacas
Victor Mesquita

18h00
Ana Oliveira
Caeto
David Soares
Filipe Melo
Joana Afonso
João Mascarenhas
Kati Rapia
Marko Turunen
Nuno Duarte
Pedro Leitão
Peter Pontiac
Rui Lacas


AmadoraBD Júnior
Pinturas Faciais e Modelagem de balões
Sábado e domingo
das 10h30 às 12h30 e das 16h00 às 18hh00

Oficina de Origami
Pretende-se com esta oficina iniciar os formandos na arte ancestral japonesa de dobragem de papel: entender o conceito de origami e conseguir executar diferentes tipos de origami.
Sábado e domingo
das 10h30 às 12h30 e das 15h00 às 18h00

Atelier de Cinema de Animação
Dar a conhecer as técnicas de cinema de animação, dando a oportunidade da experimentação aos participantes produzindo um pequeno filme.
Descrição:
Jogos ópticos:
- Exercício 1: Animação em tiras de papel para Zootrópio (desenho)
- Exercício 2: Animação em pixilação
- Exercício 3: Animação directa sob a câmara, com recortes e objectos
10 de Novembro, das 10:30 às 12:30

Hora do Conto
11 de Novembro
10h30
O Lobo Prateado, de Isabel Alçada, Ana Maria Magalhães e Ana Afonso (Caminho)

Atelier Baralho de Contos
10 de Novembro
das 10h30 às 12h30
Vamos explorar o universo dos contos infantis e juntar os ingredientes necessários à criação de uma história. Aqui podemos reinventar o mundo!
Escolhemos o cenário e as personagens, podemos pôr pinguins numa floresta ou camelos no polo norte. Escolhemos a acção e o final. Registamos a ideia no papel e, para terminar, vamos ver a nossa história em movimento. Até parece magia.
Baseado no livro O Lobo Prateado, de Isabel Alçada, Ana Maria Magalhães e Ana Afonso (Caminho)

Atelier(es) Picassa-te!
11 de Novembro
das 10h30 às 12h30
Pablo Picasso esteve na origem do movimento cubista. Através do desenho, experimentou registar no plano (2d) o movimento e o volume do que é tridimensional (3d).
Tens curiosidade de perceber como é que ele o fazia? Gostavas de saber mais sobre a vida deste grande mestre? Vamos conhecer um pouco mais este artista.
Baseado no livro Paris na Primavera com Picasso,
de Joan Yolleck e Marjorie Priceman (Gradiva)

09/11/2012

Valérian e Laureline, 45 anos














Há 45 anos, a a revista francesa Pilote apre-sentava no nº 420, datado de 9 de Novembro de 1967,  um novo herói de BD, o agente-espácio tem-poral Valérian.
Em “Maus sonhos”, numa ida ao passado, mais concretamente à Idade Média, encontraria a bela Laureline com quem viria a formar um dos mais emblemáticos casais dos quadradinhos.Depois deste início algo ingénuo e num estilo demasiado caricatural, o verdadeiro arranque surgiria no ano seguinte com “A cidade das águas movediças”, em que uma explosão de bombas de hidrogénio provoca a inundação de quase todas as zonas habitadas da Terra de 1986, para onde o casal foi enviado em perseguição de um criminoso, às ordens de Galaxity uma metrópole do futuro que um cataclismo haveria de fazer desaparecer, deixando os dois perdidos no tempo e no espaço.
Progressivamente, Laureline, distante dos retratos estereotipados que tantas vezes a BD apresentou das mu-lheres, através da sua inteligência, capaci-dade de iniciativa e atributos físicos viria a assumir um papel preponderante, relegando muitas vezes Valérian para um plano secundário na série.
Os seus criadores eram Pierre Chritin (que então assinava Linus) e Jean-Claude Mezières, amigos desde a adolescência, que ao longo de quatro décadas e mais de duas dezenas de álbuns, tendo por base valores como o pacifismo, o feminismo ou a igualdade racial e cultural, desenvolveriam um dos mais originais universos que a banda desenhada já conheceu, levando os seus heróis a percorrer o espaço sideral e a visitar planetas fantásticos e maravilhosos, povoados de seres fascinantes e bizarros, revelados pelo traço barroco mas muito eficaz de Mezières. E mais tarde compilados num curioso “Os Habitantes do Céu - O Atlas Cósmico de Valérian e Laureline”
Estreadas em Portugal na revista Tintin, a 30 de Janeiro de 1971, as aventuras de Valérian e Laureline, que também passaram pelo Jornal da BD, a Flecha 2000 e o Público Júnior, estão integralmente editadas em álbum entre nós, divididas pelos catálogos da Meribérica/Líber e da ASA, com excepção da aventura inicial, apenas publicada na revista Selecções BD, em 1990.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 9 de Novembro de 2012)


08/11/2012

Heróis Marvel II - #4 Surfista Prateado: Parábola












Stan Lee (argumento)
Moebius e John Buscema (desenho)
Levoir/Público (Portugal, 8 de Novembro de 2012)
170 x 260 mm, 224 p., cor, cartonado
8,90 €



Se há colaborações (improváveis) entre autores de banda desenhada que se tornaram quase míticas, este Surfista Prateado: Parábola, de Stan Lee e Moebius, é, sem dúvida, uma delas.
Desde logo porque o casual encontro para almoço entre os dois, concluído com uma vaga promessa de colaboração, acabou por dar frutos.
Depois, essencialmente, porque a colaboração entre duas super-estrelas das respectivas constelações aos quadradinhos, conseguiu combinar o melhor dos dois, sem ao mesmo tempo afastar qualquer deles do seu registo próprio.
Possivelmente, o Surfista Prateado, com o seu “ar de graça, elegância, altivez e coração puro” (para citar Moebius) seria, se não a única escolha possível, pelo menos a que mais se coadunava com a busca mística que o autor europeu levou a cabo na sua própria vida e cujos reflexos foram bem patentes nas suas obras mais pessoais (aquela que assinou a solo, como Moebius).
Para reforçar esta simbiose, Lee optou por um registo centrado na procura interior e na religião, tanto no que ela tem de melhor, quanto no que nela há de mais execrável, da aceitação pura da mensagem aos excessos em nome da fé, do desejo inato do ser humano sentir o conforto de algo maior (e a quem possa culpar pelas suas falhas…) à facilidade das conversões, da entrega total ao desembaraço com que se derrubam hoje as (falsas) promessas de fidelidade juradas ontem… E fá-lo sob a forma de um comic tradicional de super-heróis, sem excessos de acção nem moralismos desmedidos.
Quanto a Moebius, dá a este conto a ambiência ideal, despojando o desenho, feito de linhas finas, de todo e qualquer pormenor desnecessário – e conseguindo obter o efeito máximo desse depuramento nas diversas pranchas de vinheta única – integrando-o na sua forma pessoal de narrar sem qualquer sinal de concessão ou esforço.
O resultado – bela combinação de talentos oriundos de dois universos gráficos díspares – proporciona uma leitura agradável e estimulante, capaz de satisfazer fãs de super-heróis, apreciadores de ficção-científica, amantes de BD franco-belga e mesmo simples leitores, tendo os elementos necessários para proporcionar uma reflexão sobre a religião nas suas diversas facetas, a instabilidade do ser humano e a sua necessidade inata de alguém a quem se submeter.
Esta edição, a primeira que dita esta obra em português, é complementada com um texto em que Lee e Moebius narram a génese de Parábola e a forma como trabalharam para a criar, desenhos preparatórios e ainda uma galeria com as ilustrações de super-heróis Marvel (Homem de Ferro, Homem-Aranha, Elektra…) da autoria de Moebius.
Fica como nota final a indicação de que, uma vez que (re)li esta banda desenhada na edição incluída na colecção Graphic Novel da Editora Abril (tal como aconteceu com Batman – O Filho do Demónio), tenho que deixar de fora desta apreciação as histórias de Lee e Buscema que completam este volume da colecção Heróis Marvel – série II.


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