12/12/2012

BDNet Magazine #1











Jean-Yves Brouard e Jacques Martin (argumento)
Patrick Dumas e Jean Pleyers (desenho)
Net Com 2 Editorial (Portugal, Dezembro de 2012)
150 x 210 mm, 16 p., cor, bimestral
Gratuita



Descobri a banda desenhada em revistas (Disney) e foi com elas que fiz a minha “formação” aos quadradinhos. Depois do “Mickey” e do “Mundo de Aventuras” – obrigado pai! – foram vários os títulos que acompanhei: “O Mosquito” (5.ª série), “Cairo”, “Cimoc”, “(À Suivre)”, “BoDoï” foram talvez as mais significativas pelos (longos) percursos feitos em conjunto.
Por isso, também por isso e porque reconheço às revistas um papel formativo, de conquista de novos leitores e de lançamento de novos autores, sempre que se fala num  novo título parece que algo desperta em mim.
O caso mais recente foi este “BD Net” que, no entanto, tem características bem específicas que o aproximam mais de um boletim de divulgação da editora do que de uma revista.
O que, não tem de ser negativo, embora me cause algum desencanto.
De pequeno formato, bom papel e boa impressão e uma ou outra escorregadela (evitável) para o espanhol (de onde deve ter sido traduzida), segue um modelo de publicação de BD que evoca sem dúvida o Tintin, em cujos leitores a Net Com Editorial procura com certeza boa parte dos seus potenciais compradores.
A par da apresentação, este número inicial divide-se em duas partes. A primeira, publica as primeiras 6 pranchas de “A Odisseis de Bahmés”, a primeira aventura de Allan McBride, um aventureiro misto de Indiana Jones e Philip Mortimer, da autoria de Brouard e Patrick Dumas, que terá continuação nos próximos números.
A segunda parte, é dedicada à apresentação das primeiras apostas da NetCom Editorial - disponíveis a partir de 18 de Dezembro – com a sinopse de “As investigações de Margot – O Mistério do Traccção 22”, de Olivier Marin e Emílio Van Der Zuiden, e as primeiras 5 pranchas de “Keos – Osíris”, de Jacques Martin e Jean Pleyers.
Se a leitura se revela rápida e deixa sabor a pouco, fica o consolo de a revista ser gratuita, podendo ser descarregada em pdf ou encontrada em papel (para já) nas seguintes livrarias:


Aveiro


Livraria Armageddon
Rua Combatentes da Grande Guerra N.83 E
3810-087 Aveiro
Tel: 00351 234420071



Coimbra
Livraria Dr. Kartoon
R. Manutenção Militar, 15
3000-259  Coimbra (Coimbra)
Tel: 00351 239821543



Livraria Naraneko
C.C. Girasolum 3º Andar Loja 320
3030-328 Coimbra
Tel: 00351 918 197 349



Funchal (Madeira)
Livraria Sétima Dimensão
Galerias 5 de Outubro, Loja 15 - Rua 5 de Outubro
9000 Funchal
Tel: 00351 291238244



Leiria
Livraria Shop Suey Comics
Rua Barão de Viamonte nº 50
2400 Leiria  (Leiria)
Tel: 00351 969075223

Lisboa
Livraria KingPin Books - Livraria e Galeria de BD
Rua Quirino da Fonseca, 16-B
1000-252 Lisboa (Lisboa)
Tel: 00351 217950476



Porto
Livraria Mundo Fantasma
Shopping Brasília Av. Boavista, 267 1º andar
 Porto (Porto)
Tel: 00351 226091460



Porto Alegre (Brasil)
Livraria Tutatis
Avenida Assis Brasil, 650, Passo D'Areia
91010-000  Porto Alegre - RS (Brasil - Porto Alegre)
Tel: 0055 51 84257544
tutatis@ig.com.br



O Lobo Mau
Rua Visconde de Vila Maior, 10-12
5160-298 Torre de Moncorvo
Tel: 279253043
www.olobomau.com.




11/12/2012

Comix #1








Tito Faraci, Alessandro Del Conte, Gabriele Panini, Fausto Vitaliano, Giorgio Figus, Marco Bosco e Carlo Panaro (argumento)
Roberto Vian, Stephano Zanchi, Alessandro Del Conte, Francesco Guerrini, Marco Mazzarello, Alessandro Gottardo, Donaldo Soffritti,, Alessandro Perina, Maurizio Amendola e Maria Luisa Ugguetti (desenho)
Goody (Portugal, 5 de Dezembro de 2012)
135 x 190 mm, 132 p., cor, semanal (4.ª feira)
1,00 €



Não vou analisar ao pormenor o conteúdo do número inaugural da “Comix”, e suponho que ninguém o esperava, até porque as histórias apresentadas seguem modelos mais ou menos bem definidos e testados.
Mesmo assim, do número inaugural da revista que traz de volta aos quiosques portugueses Donald, Patinhas, Mickey, Pateta e todos os outros, quero destacar a divertida “A Indústria do passa-palavra” (embora não levada às últimas consequências) e a curiosa “Funcionários Patos e a loja de BD & Hobbies”, cuja acção se passa numa loja de BD.

E mesmo desconhecendo qual a liberdade de escolha que a Goody tem na selecção de histórias, ficam mais três notas: a primeira para a presença de Tito Faraci, um argumentista multifacetado e competente, que já escreveu Tex, Diabolik, Dylan Dog, Martin Mystère, Zagor ou Daredevil; a opção pela escola italiana, mais moderna e dinâmica, com textos bem estruturados, mas com personagens que me parecem menos conhecidos dos antigos leitores Disney; o “excesso” de Tio Patinhas (4 histórias, mais de meia revista) no mix deste número inicial.

Mais genericamente, deixo mais algumas considerações sobre um projecto que se poderá revelar uma das melhores coisas que aconteceu à BD em Portugal nos últimos anos, se tiver a força necessária para devolver a visibilidade às edições aos quadradinhos nas bancas e quiosques nacionais.
Desde logo pela aposta forte que ele constitui por parte da Goody – e não poderia existir nem vingar se não fosse assim - como revelam a distribuição em quiosques assente num cartaz que lhe “aumenta” o tamanho e potencia a sua visibilidade, a presença em expositores bem visíveis na entrada dos hipermercados Continente (pelo menos), a publicidade nos canais generalistas, infantis e desportivos ou a tiragem de 75 mil exemplares…
Positiva igualmente a inclusão de 7 páginas de publicidade externa (jogos, filmes, sumos…) que, se os leitores dispensavam, são certamente fundamentais para assegurar a viabilidade económica do projecto e são sinal da confiança que outros nele depositaram.

Como contraponto temos uma capa pouca apelativa e desinspirada que descaracteriza as personagens nela apresentadas – Mickey, Donald e Patinhas.
A terminar, fica a nota de que a Comix #2 deverá estar à venda já amanhã, sendo que o respeito pela periodicidade será fundamental para o projecto vingar - embora a resposta dos leitores (entenda-se compradores) também seja fundamental para ela ser mantida…




10/12/2012

Heróis Marvel série II - Demolidor: Renascido





  




Frank Miller e Denny O’Neil (argumento)
David Mazzucchelli (desenho)
Christi e Max Scheele (cor)
Levoir/Público
(Portugal, 6 de Dezembro de 2012)
170 x 260 mm, 200 p., cor, cartonado
8,90 €




Resumo
Descobrindo que Matt Murdock é a identidade secreta do Demolidor, o Rei do Crime arquitecta uma imensa trama que fará com que ele perca emprego, amigos, dinheiro e casa, numa espiral descendente que o levará quase à loucura e à morte.
Em Nevoeiro, a história que encerra o volume, a morte de Heather arrasta o super-herói cego para o estado depressivo que se acentuará na saga principal deste volume, cronologicamente posterior.

Desenvolvimento
Há duas semanas, de forma implícita, destaquei aqui nas minhas leituras “Wolverine: Velho Logan”, como a melhor BD desta colecção. Sabia que ainda viria este “Demolidor: Renascido”, obra-prima da história dos comics de super-heróis que eu já conhecia – é mesmo uma das raras edições que comprei em “formatinho” e ainda conservo.
Não retirando uma vírgula ao que então escrevi, confesso que entre a descoberta que constituiu “Wolverine: Velho Logan” e o prazer da releitura de “Demolidor: Renascido”, numa edição que faz jus à sua arte, hesito pouco em escolher esta última.
Onde “Velho Logan” era emoção, explosão de cor, violência insana, corrida em direcção ao abismo, adrenalina pura, “Renascido” é uma obra cerebral e complexa, de emoções, também, mas controladas, de traço contido e uma violência diferente, talvez mais incómoda e chocante pelo tom extremamente realista que assume.
Para todos os efeitos história de super-heróis, passa quase ao lado destes para dar o protagonismo aos três narradores que a vão contando e fazendo avançar: o Rei do Crime, o jornalista Ben Ulrich e o próprio Matt Murdock.
Este, depois de a sua identidade secreta ter sido vendida por uma dose de droga por uma antiga namorada transformada em actriz porno, rapidamente despojado de tudo – amizades, profissão, posição social, dinheiro, casa, dignidade… - enfrenta uma descida aos seus abismos mais profundos, de onde, no entanto, renascerá mais forte e mais capaz, numa notável declaração de humanidade e de confiança no melhor do ser humano.
Escrita de forma directa, assertiva e brilhante por Frank Miller, que constrói uma narrativa com personagens marcantes, bem caracterizadas e definidas, densa, de ritmo lento, em que as coisas vão acontecendo a seu tempo – um tempo longo na leitura mesmo que nalguns casos seja rápido na realidade da acção - foi superiormente desenhada por David Mazzucchelli que conseguiu transmitir visualmente a escuridão e desespero em que Murdock mergulha, através de um traço realista e contido, bem servido por tons sombrios, pelo qual o tempo não passou.
A par da (imensa) violência psicológica da trama – a perda total de tudo que preza e ama leva Murdock quase a passar os seus limites e à loucura ou a por um fim a si próprio – Miller construiu, como destaca João Miguel Lameiras numa introdução particularmente feliz, um paralelo entre a sua narrativa e a morte e ressurreição cristãs, que confere uma outra dimensão a este “Renascido” e o torna uma obra mais profunda e tocante sobre a dignidade e a capacidade de resistência do ser humano.

A reter
- A possibilidade de (re)ler numa edição digna um dos grandes clássicos da BD de super-heróis, que a passagem do tempo não afectou em nada.
- O poder do argumento de Miller: directo, consistente, violento, humano.
- O inigualável trabalho gráfico de Mazzucchelli, perfeitamente ajustado ao relato e enriquecido com uma planificação diversificada e muitas vezes simbólica. E talvez mais notável ainda na história curta que finaliza o volume, na qual consegue tornar quase palpável o nevoeiro que assola Nova Iorque e lhe dá título.

Menos conseguido
- A cedência (possivelmente inevitável?) ao género de super-heróis (apenas) no capítulo final.


08/12/2012

Selos & Quadradinhos (92)


Stamps & Comics / Timbres & BD (92)


Ainda a propósito dos 65anos do Tio Patinhas
trago hoje uma das mais espectaculares emissões filatélicas relacionadas com banda desenhada que conheço.
Peço desde já desculpa pela fraca qualidade das imagens, encontradas na net, 
mas, para grande pena minha, não possuo esta preciosidade!
Trata-se de um pequeno folheto (cuja capa está mostrada acima),
editado em 1998 para assinalar, então,
os 50 anos do Tio Patinhas e a sua estreia na história “Christmas on the Bear Mountain”, escrita e desenhada por Carl Barks.


Esta última, é integralmente reproduzida nesta edição,
com o atractivo de a primeira e última tira de cada página
terem sido transformadas em selos de correio.


Como extra, na página final deste livrinho, que inclui um texto evocativo,
o próprio Barks surge como motivo de mais um selo.



Tema/subject/sujet:
50 anos do Tio Patinhas/50 years of Scrooge McDuck/50 ans de Picsou
País/country/pays: Guiana/Guyana/Guyane
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1998


07/12/2012

Blake e Mortimer – O Juramento dos Cinco Lords




  


As Aventuras de Blake e Mortimer segundo as personagens de Edgar P. Jacobs
Yves Sente (argumento)
Andre Juillard (desenho)
ASA (Portugal, 16 de Novembro de 2012)
240 x 310 mm, 64 p., cor, cartonado
14,95 €



Resumo
A morte de dois amigos e uns roubos com tanto de estranho quanto de misterioso no Ashmolean Museum, vão obrigar Blake – com a ajuda de Mortimer – a remexer em histórias do passado que preferia esquecer.

Desenvolvimento
Se cada novo álbum de Blake e Mortimer ainda é um acontecimento mediático assinalável e um best-seller garantido, possivelmente é-o cada vez menos.
Não só porque aquela sensação de reencontro com amigos que há muito não se viam, se esbateu pela regularidade com que têm sido lançados novos álbuns mas também porque estes – mesmo que soe paradoxalmente – apesar de terem uma contribuição inegável para a solidificação do mito (nomeadamente dotando os protagonistas de juventude, de passado, mesmo de sentimentos) contribuem pouco para o seu enriquecimento, notando-se a falta do toque de génio que fazia a diferença em Jacobs.
Este O Juramento dos Cinco Lords não foge à regra, apesar de a primeira impressão ser de desilusão. Na verdade, Juillard, um fabuloso desenhador, dotado de uma linha clara frágil e delicada, tem aqui uma das suas prestações menos interessantes desde que o conheço (e sigo-o com bastante regularidade). Em muitas das páginas, o desenho carece de profundidade, os rostos são planos e inexpressivos, a coloração pouco interessante e a planificação falha de forma incómoda para o leitor (como exemplo, veja-se a dificuldade de leitura da prancha da página 17, embaixo).
A sensação que fica é que este foi apenas um trabalho financeiramente (muito…) compensador mas que Juillard, refém da clonagem (aqui falhada), do traço de Jacobs, raramente se aplicou no seu melhor.
Felizmente, como contraponto surge o argumento de Sente que, embora não deslumbre nem esteja à altura das melhores criações de Jacobs, se lê bem e apresenta alguns méritos.
Desde logo, o dotar o capitão Blake de um (pouco mais de) passado – como já havia sido feito de forma mais evidente com Mortimer – ao explorar acontecimentos da sua juventude e do seu início de carreira. Depois, pela forma como torna mais credível a história – a própria série – com a ancoragem à realidade feita através da introdução de Lawrence da Arábia no relato.
Este, assumidamente, adopta um tom mais policial, pondo de parte a ficção-científica que Jacobs equiparava à acção e à aventura, e dispensando Olrik (outro ponto a favor do realismo), numa história que se tem algumas pontas mal unidas e faz uma colagem excessiva à referência incontornável que é A Marca Amarela, tem os ingredientes suficientes para prender o leitor e o levar até ao desfecho final que consegue surpreender em parte, graças às pistas falsas que foram sendo deixadas.

A reter
- A edição em Portugal em simultâneo com a edição francófona…
- … mais uma vez transformada num apelo para os coleccionadores (e não só nacionais) por ter duas capas diferentes, a generalista (em cima) e a exclusiva das lojas FNAC (ao lado).
 - O ganho de credibilidade proporcionado pela colagem à realidade (que seria impensável para Jacobs, cujas histórias decorriam na sua contemporaneidade) através da presença tutelar de Lawrence da Arábia, …
- pela explicação crível apresentada para a sua morte envolta em mistério…
- e pelo aprofundar do passado dos heróis.

Menos conseguido
- O traço de Juillard, sem dúvida o pior do álbum em demasiadas páginas.
- Alguns problemas de legibilidade, como a citada prancha da página 17.
- A troca de legendas (na rotulação?) evidente na prancha da página 33.
- Não sendo (tanto quanto pude averiguar) mais uma aberração do malfadado acordo ortográfico, não percebo a opção por “lords” e “lord” quando em português existe lordes e lorde…

06/12/2012

Pequenos Prazeres# 2





  



Arthur de Pins e Maïa Mazurette (argumento)
Arthur de Pins (desenho)
Contraponto
(Portugal, 2 de Novembro de 2012)
150 x 235 mm, 192 p., cor, 
brochado com badanas
16,60 €


Resumo
Depois de encontros e desencontros, desavenças e reconciliações ocorridos em Pequenos Prazeres, Clara e Arthur querem cortar de vez e seguir, livres, as suas vidas. Só que, o anúncio do casamento próximo de Paul e Cassandra leva-os a repensar prioridades e opções e a partir numa fuga para a frente, tentando manter a independência enquanto sentem a necessidade de encontrar a sua alma gémea.

Desenvolvimento
Reflexão bem-humorada, feita à luz do sexo, sobre a passagem do estado de solteiros a casados e de como isso afecta amigos e conhecidos, esta segunda dose de Pequenos Prazeres (constituída pelos volumes 3 e 4 da edição original francófona), tem como principal defeito ter perdido o carácter de novidade que caracterizou o primeiro tomo.

Dessa forma, a Parte I – Gajas ao Ataque!, que poderia resultar melhor numa publicação regular em revista (uma vez que a narrativa está dividida em pequenos episódios, quase sempre de duas páginas), revela-se de leitura pouco estimulante, principalmente pela repetição da situação base – Clara tenta a toda a força arranjar companhia – e do respectivo desfecho, isto mesmo tendo em conta a lufada de ar fresco que é a apresentação da situação do ponto de vista feminino, a que não será estranha a participação de Maïa Mazurette nos argumentos.
No entanto, na passagem para a Parte II – O Casamento Tem Costas Largas, tudo muda. O anúncio do casamento eminente provoca o clique que reacende a chama entre Arthur e Clara e os leva a apostar a manutenção da respectiva castidade até que a união dos seus amigos se consume.

Com esses novos motes, o relato ganha novo fôlego, ritmo e sabor, solta-se e consegue cumprir competentemente o seu principal objectivo: divertir e dispor bem, em especial devido ao final, em crescendo, à medida de uma boa comédia de costumes
Para mais, sem pretensões moralistas – longe disso! – este livro faz também lembrar como tantas vezes procuramos longe aquele/aquilo que está mesmo à nossa frente…


05/12/2012

Revistas Disney regressam a Portugal













Chega hoje aos quiosques nacionais (ou, segundo parece, já anda mesmo por aí!) a revista “Comix” #1, que assinala o regresso da banda desenhada Disney ao nosso país. Pato Donald, Mickey, Pateta, Tio Patinhas e muitos mais assinalam assim da melhor maneira o 111.º aniversário do nascimento de Walt Disney (1901-1966).
A “Comix”, de periodicidade semanal, terá 132 páginas a cores e um preço de capa de 1,90 €, embora este número inaugural, com uma tiragem de 75 mil exemplares, tenha o preço de lançamento de apenas 1 euro. A capa é da autoria do italiano Andrea Freccero, que a chegou a divulgar no seu blog pessoal há poucas semanas, embora depois a tenha retirado.
O objectivo da editora Goody, responsável pela “Comix”, é editar uma publicação “intergeracional… dos 8 aos 88 anos” que suscite “o interesse dos jovens bem como dos pais que assim relembrarão as suas antigas leituras”, pelo que “o lançamento será acompanhado por uma campanha de televisão nos canais generalistas, no Disney Channel e na Sport TV, um forte apoio em termos de destaque em ponto de venda quer na distribuição tradicional quer na distribuição moderna e ainda internet”.
A Goody anuncia também uma outra revista de BD, a Hiper, mensal, com 320 páginas, por 3,90 €, que traz na capa a data de Janeiro de 2013, embora na Comix #1 seja anunciado o seu lançamento durante este mês de Dezembro.
Embora a maioria dos antigos leitores associem os quadradinhos Disney às edições brasileiras distribuídas pela Editora Abril em Portugal desde o início dos anos 1950, a verdade é que os heróis Disney se estrearam em Portugal logo em 1935, na revista Mickey, que haveria de durar 58 números.
Revistas como O Faísca ou o jornal O Primeiro de Janeiro (este durante décadas) publicaram também esses heróis e outras criações Disney que, depois de “Rato Mickey”, uma tentativa pouco duradoura da Agência Portuguesa de Revistas em 1955, só voltariam a falar português já nos anos 1980, através de edições da Editora Abril/Morumbi. Primeiro acompanhando as edições brasileiras, depois de forma autónoma, os títulos da editora – “Mickey”, “Pato Donald”, “Tio Patinhas”, “Pateta”, “Disney Especial”, “Hiper Disney”, etc. - sucederam-se até 2006, quando foi publicada a última revista, o Tio patinhas #250.
Entre publicações especiais e números comemorativos, algumas no formato álbum, termino com uma referência para a edição especial Euro 2004, na qual Patinhas, Donald e os seus sobrinhos vêm ao nosso país para descobrir quem roubou a taça destinada à equipa vencedora do Campeonato Europeu de Futebol que cá se realizava, numa história escrita pelo português Paulo Ferreira.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 5 de Dezembro de 2012)



04/12/2012

As Figuras do Pedro (XXVI) - Astérix na FNAC









Quem gosta de banda desenhada, de Astérix e de objectos derivados, não pode deixar de ter no sapatinho as estatuetas que a FNAC, numa parceria com a ASA, está a oferecer pela compra de cada livro (são oito no total) da colecção “Astérix – Tudo sobre…”.
No total são 11 figuras de excelente qualidade (as imagens mostradas no anúncio do catálogo da livraria não correspondem às figuras disponíveis e estão longe de lhes fazer justiça), em resina, que medem entre 10 e 20 centímetros e reproduzem a três dimensões Astérix (com o caldeirão de sestércios), Obélix (com Ideaifix), o druida Panoramix, o chefe Matasétix, o bardo Cacofonix, o Ferreiro Éautomatix, o Peixeiro Ordemalfabetix, Decanonix, Falbala, Júlio Cesar e o chefe pirata Barba Vermelha.
Estas peças correspondem às entregas iniciais da colecção francesa “Astérix: la grande galerie des personages”, que em França foi vendida ao preço de 15,89 € cada, juntamente com um pequeno livro sobre a personagem retratada.
Como, com esta promoção, cada figura fica por apenas 12,00 € (correspondentes ao preço do livro), quanto a mim, faria mais sentido que a publicidade anunciasse: “compre uma estátua e receba grátis um livro da colecção “Astérix – tudo sobre…”!



03/12/2012

Tio Patinhas: 65 anos a juntar dinheiro












Scrooge McDuck, aliás o Tio Patinhas, fez a sua estreia nos quadradinhos em Dezembro de 1947, como criação de Carl Barks. Antipático e pouco sociável, já era “o pato mais rico do mundo”.

Essa primeira aventura, intitulada “Christmas on Bear Mountain” (Natal nas Montanhas do Urso), integrou a revista Four Colour Comics #178, publicada pela Dell Comics. Com 20 páginas, tinha sido escrita e desenhada por Barks em Julho desse ano, estando o mais célebre “desenhador dos patos” longe de imaginar o sucesso da nova personagem.
Se em termos de temperamento – egoísta, amargo, desagradável, solitário – Patinhas já estava próximo do que lhe conhecemos, em termos físicos apresentava algumas diferenças, nomeadamente óculos com aros e barba em vez das (agora) tradicionais patilhas.
Nessa BD, tudo começa quando o Pato Donald e os seus sobrinhos recebem um convite de um tio rico – que aparentemente desconheciam – para passarem o Natal com ele nas montanhas. Aceitam de imediato, desconhecendo que ele pretende disfarçar-se de urso e divertir-se às suas custas, o que dará origem a algumas peripécias divertidas com peles de urso e ursos de verdade.
Apesar de avarento, o Tio Patinhas, inspirado no Ebenezer Scrooge de Um Conto de Natal de Charles Dickens, fez sucesso e tornou-se personagem recorrente das aventuras dos patos Disney.
“A Saga do Tio Patinhas”, uma espécie de biografia oficial, escrita e desenhada pelo norte-americano Don Rosa a partir das várias histórias de Barks, localiza o seu nascimento em 1867, em Glasgow (que o fez cidadão honorário em 2007), na Escócia (daí a sua avareza). Nela, conta o percurso de Patinhas desde um pequeno engraxador até se tornar o multimilionário homem de negócios mundialmente famoso, depois de ter sido barqueiro, vaqueiro, pesquisador de ouro, mineiro em África, caçador de tesouros e muito mais.
Tendo enriquecido à custa do seu trabalho, tornou-se dono de grande parte da cidade de Patópolis, possui uma enorme caixa-forte cheia de dinheiro, no qual adora mergulhar e nadar, e explora ao máximo os que o rodeiam, especialmente Donald. Como não podia deixar de ser, a sua enorme fortuna atrai muitos indesejáveis, com os terríveis irmãos Metralha (igualmente criados por Barks, quatro anos mais tarde) à cabeça. Outra ameaça recorrente é a Maga Patalógica, que pretende transformar num amuleto a famosa moedinha n.º 1, a primeira que Patinhas ganhou a trabalhar e que desde sempre guarda. Entre os seus ódios de estimação contam-se os também milionários Patacôncio e MacMonei.
Se é verdade que Don Rosa apontou 1967 como data da morte do Tio Patinhas (ao completar o seu centenário, felizmente, para os seus fãs e admiradores o Tio Patinhas (já com 145 anos!) continua a viver nas páginas dos quadradinhos e também nas aventuras animadas.

Apesar dessas evidências, a revista norte-americana Forbes que anualmente elabora uma lista com as personagens de ficção mais ricas, em 2012, excluíu o Tio Patinhas que a liderava no ano anterior com uma fortuna avaliada em 44,1 biliões de dólares, supostamente por já ter “falecido”.
Se assim fosse, o pato daria voltas na tumba ao ver um dos seus rivais, o pérfido MacMonei, na 2.ª posição, com uma fortuna superior à sua (51,9 biliões de dólares), conseguida à custa de esquemas pouco honestos e exploração de minas. A liderança da lista apresentada este ano cabe ao dragão Smaug, de O Hobbit, com 62 biliões de dólares, enquanto o vampiro Cullen, da saga Crepúsculo completa o pódio com 36,9 biliões.
Na lista figuram igualmente Tony Stark (o Homem de Ferro da Marvel), Bruce Wayne (identidade secreta de Batman), a hacker Lisbeth da saga Millenium, Mr. Monopoly (do jogo homónimo) e Mr. Burns, dos Simpsons.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 2 de Dezembro de 2012)


02/12/2012

As Figuras do Pedro (XXV) - Figuras Marvel de Colecção











Nem tudo são más notícias para quem gosta de BD neste tempo que agora se vive em Portugal e a Planeta DeAgostini acaba de anunciar o prolongamento da colecção Figuras Marvel de Colecção, que inicialmente previa 60 figuras, a última das quais, o Super Skrull, chega este mês aos quiosques.
Uma segunda série, com mais 60 figuras, vai ser iniciada já em Janeiro de 2013, com a estátua dedicada ao The Vulture (Abutre), seguindo-se depois, a um ritmo quinzenal, Dormammu, Carnage, Sabertooth e Black Widow. Mais para a frente será possível encontrar a Spiderwoman, Psylocke, Falcão, Bishop, Winter Soldier ou J.J. Jameson. Uma listagem completa da colecção pode ser consultada no site da editora.
As novas figuras manterão o preço de 12,11 €, estando anunciadas duas figuras especiais, Colossus e Juggernaut, disponíveis apenas para quem assinar ou subscrever a colecção.



01/12/2012

Camarada surgiu há 65 anos














Em 1947, estreava-se o Camarada, “O único jornal infantil para rapazes”, uma revista infanto-juvenil lançada a 1 de Dezembro, então ainda feriado (e ninguém de bom senso imaginava que alguma vez pudesse ser de outra forma) pois era dia da Restauração da Independência e também da Mocidade Portuguesa, que a patrocinava.

O Camarada fez parte do lote dos “quadradinhos do regime”, como os classifica Dias de Deus na obra “Os Comics em Portugal”, revistas para os mais novos nas quais “a doutrinação política estava subjacente”. Por isso ou porque as bandas desenhadas importadas pelo Mosquito, o Diabrete e, mais tarde, o Mundo de Aventuras eram mais apelativas, a nova publicação nunca se conseguiu impor verdadeiramente.
De formato ligeiramente inferior ao A4 e preço de 1$20, tinha como director Baltazar Rebelo de Sousa (pai do comentador televisivo) e, a par dos habituais contos, passatempos e curiosidades, apostou apenas em histórias aos quadradinhos de autores portugueses, destacando-se Júlio Gil, Carlos Alberto Santos (hoje pintor), José Garcês e José Ruy (ainda em actividade) ou Vítor Péon.
Ao fim de quatro anos, em 1951, suspendia a publicação quinzenal com 133 números editados. No ano seguinte promoveu Antes, em 1952 inaugurou a 1.ª Exposição Portuguesa de Histórias aos Quadradinhos, no Palácio da Independência, evento pioneiro, antecipado apenas pela primeira exposição mundial do género realizada em São Paulo um ano antes.
A 20 de Dezembro de 1957, o Camarada ressurgiria numa segunda série, mais infantil e colorida (um luxo para a época), com Marcello de Morais como editor e autores como Artur Correia e Ricardo Neto, que fariam carreira no cinema animado, ou Carlos Roque, futuro colaborador da revista belga Spirou. Embora a aposta se mantivesse nos autores lusos, após um ano de publicação abriria as suas portas a dois gigantes da BD europeia, Franquin e Macherot, estreando em Portugal os seus heróis, Spirou e Clorifila.
Ambos estariam presentes na colecção cartonada Álbuns do Camarada, o primeiro em “O feiticeiro de Vila Nova de Milfungos” (com capa original desenhada para o efeito por Franquin) e Clorofila em “Os Quebra-Ossos”, hoje em dia uma das edições mais raras da BD nacional. “O Cruzeiro do Caranguejo”, de Carlos Roque, “Brés, a ilha afortunada”, de Júlio Gil, e “Uma aventura em Paris/O Signo do Centauro”, de Marcello de Morais foram os restantes títulos editados.
Em Maio de 1965, após quase oito anos e 193 números, o Camarada dizia definitivamente adeus aos seus leitores.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 1 de Dezembro de 2012)
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