14/12/2012

Leituras Novas

Dezembro de 2012
Os textos, quando existem, são da responsabilidade das editoras.
Algumas das edições aqui apresentadas podem ter sido editadas anteriormente, mas só agora tomei conhecimento delas.


Devir
The Walking Death #4 – O desejo do coração
Robert Kirkman, Charlie Adlard e Cliff Rathburn

Os Comprimidos Azuis
Fredrick Peeters
Um casal como outro qualquer: os encontros fugazes, a magia do enamoramento, uma vida em comum com uma criança. Mas nesta história de cunho autobiográfico, a intimidade com a doença e o espectro da morte desafiam o amor e os laços do jovem casal.
As pranchas de Peeters complementam a narração com imagens de silêncio e inquietude, naqueles momentos em que a vida se suspende em interrogação profunda, e é necessário convocar todas as energias vitais para proteger um horizonte de felicidade, indefeso de certezas.
Uma obra dedicada a todos os que apreciam desenrolar os novelos da paixão, sabem que sem dedicação a vida não é a dois e para apaixonados pela vida de carne e osso.
Esta obra cheia de emoções vivas apelará aos leitores da Biblioteca de Alice e a sua qualidade e esmero de edição tornam-na numa prenda especial.


Edição de Autor
Biogra Fria – O Pequeno Outro
Topedro


El Pep
Psicose
Miguel Costa Ferreira e João Sequeira


Levoir/Público
Heróis Marvel – série II

Demolidor: Renascido
Frank Miller e David Mazzucchelli

Wolverine: Arma X
Barry Windsor-Smith e Chris Claremont

Guerra Civil
Mark Millar, Steve McNiven e Dexter Vines


MMMNNNRRRG
Inferno
Marcel Ruitjers


NetCom2 Editorial

Keos #1 – Osíris
Jacques Martin e Jean Pleyers
Quando Ramsés II morre, o seu escudeiro é levado para morrer com ele. O filho deste, o jovem Keos, fica órfão e enobrecido. Protegido pelo deus Osíris, através de um anel mágico que concede o poder de salvar a humanidade, Keos torna-se amigo e conselheiro do novo faraó Mineptah e de Moshe (mais conhecido como Moisés), que vê em Keos o jovem mais nobre dos filhos do Egito. 

Margot #1 – O Mistério do Traction 22
Olivier Marin e Emílio Van Der Zuiden
Paris, Setembro de 1959. Margot trabalha como estagiária numa revista de automóveis. Um mundo essencialmente masculino, principalmente naquela época. Margot tenta ganhar uma posição como jornalista embora caia numa armadilha dos seus colegas que apenas querem gozar com ela. Entretanto, dedica-se a redigir a página dos anúncios.
Sob o mote dos 25 anos da Tração dianteira da Citroën, Margot terá de fazer a sua primeira reportagem de investigação, sobre o mítico modelo 22 CV, do qual pouco se sabe e apenas foram produzidos alguns exemplares, no final dos anos 30.
Embora muito entusiasta, Margot ignora que este trabalho trata-se de uma jogada do seu chefe para a tornar na piada da revista.
De facto, o Traction 22 CV é um carro fantasma do qual tudo se desconhece... ou quase tudo.
À medida que a investigação se desenrola terá repercussões inesperadas.



  
Santa Casa da Misericórdia do Porto
História da Santa Casa da Misericórdia do Porto em banda desenhada
Livro Quatro
Germano Silva e Pedro Pires

13/12/2012

Bedeteca de Beja - Dezembro


EXPOSIÇÕES

Até 31 de Dezembro
PROVA UM GOLE DE CAFÉ ESPACIAL
Exposição comemorativa dos 5 anos da revista de banda desenhada Café Espacial, com trabalhos de Ana Vieira (Portugal), André Diniz Fernandes (Brasil), Dalts (Brasil), Daniel Bueno (Brasil), DW Ribatski (Brasil), Ebbios (Brasil), Fábio Lyra (Brasil), Guilherme Caldas (Brasil), Jefferson Cortinove (Brasil), José Aguiar (Brasil), Jozz (Brasil), Laudo Ferreira Junior (Brasil), Lese Pierre (Brasil), Loris Ziggiotto (Argentina), Lu Cafaggi (Brasil), Magenta King (Brasil), Marcela Mannheimer (Brasil), Mario Cau (Brasil), Paula Mello (Brasil), Paulo Monteiro (Portugal), Samanta Flôor (Brasil), Shiko (Brasil), Sissy Eiko (Brasil), Sueli Mendes (Brasil), Susa Monteiro (Portugal) e Viktor Sack (Argentina)
Local: 1º andar
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) / Café Espacial

Até 31 de Dezembro
LOBATO
Exposição / Mostra de Banda Desenhada e Fotografia de Lobato
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) / Lobato

Até 31 de Dezembro
CAETANO MIGUEL
Exposição de Desenho e Pintura de Caetano Miguel
Local: cafetaria
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) / Caetano Miguel


LIVRO DO MÊS NA BEDETECA
ROUBARAM O CORREIO DO PEQUENO PAI NATAL,
de Lewis Trondheim e Thierry Robin
Alguém roubou milhões de cartas dirigidas ao Pequeno Pai Natal E é preciso recuperá-las… Uma banda desenhada sem palavras capaz de cortar o fôlego a qualquer um…


CINEMA E BANDA DESENHADA
Dia 20, quinta-feira, às 21h30
NOITE DE FICÇÃO CIENTÍFICA
Conversa sobre a obra do autor de banda desenhada ALEX RAYMOND (Agente Secreto X-9, Flash Gordon, Jim das Selvas, Rip Kirby, etc), e exibição do filme FLASH GORDON (1980), de Mike Hodges, adaptado da obra de Raymond (um filme de culto que falhou nas bilheteiras)
Apresentação de Paulo Monteiro
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja)
Entrada livre


CLUBES
Ao longo de todo o ano
LEMON STUDIO – CLUBE DE MANGÁ
Horário: sextas-feiras, das 16h00 às 18h30
Frequência livre
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Organização: Lemon Studio
Apoio: CMB (Bedeteca de Beja)


ATELIÊS
Até 25 de Junho
ATELIÊ DE BANDA DESENHADA OURIÇO-DE-MAR (dos 8 aos 12 anos)
Com PAULO MONTEIRO
Horário: terças-feiras, das 18h30 às 20h00
Frequência livre
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja)

Até 27 de Junho
ATELIÊ DE BANDA DESENHADA TOUPEIRA (a partir dos 13 anos)
Com PAULO MONTEIRO
Horário: quintas-feiras, das 18h30 às 20h00
Frequência livre
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja)

Até 26 de Junho
ATELIÊ DE DESENHO E PINTURA
Com ANA LOPES
Horário: segundas e quartas-feiras, das 19h30 às 21h15
Número limite de inscrições: 10
Mensalidade: 20 euros
Inscrição: 5 euros
Local: Sala de Desenho
Organização: Associação Pegada no Futuro
Parceria: CMB (Casa da Cultura)

Até 27 de Junho
ATELIÊ DE ILUSTRAÇÃO CIENTÍFICA
Com ANA LOPES
Horário: terças e quintas-feiras, das 19h30 às 21h15
Número limite de inscrições: 10
Mensalidade: 20 euros
Inscrição: 5 euros
Local: Sala de Desenho
Organização: Associação Pegada no Futuro
Parceria: CMB (Casa da Cultura)

Até 26 de Junho
ATELIÊ DE ILUSTRAÇÃO (EDITORIAL/INFANTIL)
Com ANA LOPES
Horário: segundas e quartas-feiras, das 21h30 às 23h15
Número limite de inscrições: 10
Mensalidade: 20 euros
Inscrição: 5 euros
Local: Sala de Desenho
Organização: Associação Pegada no Futuro
Parceria: CMB (Casa da Cultura)


OUTROS SERVIÇOS

CEDÊNCIA DE ESPAÇO PARA ATIVIDADES
Apoio e cedência de espaços, a escolas e outras instituições, para a realização de reuniões e eventos na área da banda desenhada ou da ilustração

APOIO A ALUNOS E PROFESSORES
Apoio a alunos e professores para a realização de exposições ou outros projectos específicos na área da banda desenhada e ilustração


CONTACTOS E HORÁRIOS

BEDETECA DE BEJA
Edifício da Casa da Cultura
Rua Luís de Camões
7800 – 508 Beja
Telefone: 284 313 318
Telemóvel: 969 660 234
bedetecadebeja@cm-bejapt
Horário: de terça a sexta-feira, das 14h00 às 23h00 Sábados das 14h00 às 20h00


PARCEIROS

APOIOS E PARCEIROS PARA A PROGRAMAÇÃO
Associação para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja / Associação Pegada no Futuro / Lemon Studio / Museu Regional de Beja /

PARCEIROS PARA A DIVULGAÇÃO NA NET
AS LEITURAS DO PEDRO, CENTRAL COMICS, DRMAKETE, KUENTRO, LEITURAS DE BD e NOTAS BEDÉFILAS

12/12/2012

BDNet Magazine #1











Jean-Yves Brouard e Jacques Martin (argumento)
Patrick Dumas e Jean Pleyers (desenho)
Net Com 2 Editorial (Portugal, Dezembro de 2012)
150 x 210 mm, 16 p., cor, bimestral
Gratuita



Descobri a banda desenhada em revistas (Disney) e foi com elas que fiz a minha “formação” aos quadradinhos. Depois do “Mickey” e do “Mundo de Aventuras” – obrigado pai! – foram vários os títulos que acompanhei: “O Mosquito” (5.ª série), “Cairo”, “Cimoc”, “(À Suivre)”, “BoDoï” foram talvez as mais significativas pelos (longos) percursos feitos em conjunto.
Por isso, também por isso e porque reconheço às revistas um papel formativo, de conquista de novos leitores e de lançamento de novos autores, sempre que se fala num  novo título parece que algo desperta em mim.
O caso mais recente foi este “BD Net” que, no entanto, tem características bem específicas que o aproximam mais de um boletim de divulgação da editora do que de uma revista.
O que, não tem de ser negativo, embora me cause algum desencanto.
De pequeno formato, bom papel e boa impressão e uma ou outra escorregadela (evitável) para o espanhol (de onde deve ter sido traduzida), segue um modelo de publicação de BD que evoca sem dúvida o Tintin, em cujos leitores a Net Com Editorial procura com certeza boa parte dos seus potenciais compradores.
A par da apresentação, este número inicial divide-se em duas partes. A primeira, publica as primeiras 6 pranchas de “A Odisseis de Bahmés”, a primeira aventura de Allan McBride, um aventureiro misto de Indiana Jones e Philip Mortimer, da autoria de Brouard e Patrick Dumas, que terá continuação nos próximos números.
A segunda parte, é dedicada à apresentação das primeiras apostas da NetCom Editorial - disponíveis a partir de 18 de Dezembro – com a sinopse de “As investigações de Margot – O Mistério do Traccção 22”, de Olivier Marin e Emílio Van Der Zuiden, e as primeiras 5 pranchas de “Keos – Osíris”, de Jacques Martin e Jean Pleyers.
Se a leitura se revela rápida e deixa sabor a pouco, fica o consolo de a revista ser gratuita, podendo ser descarregada em pdf ou encontrada em papel (para já) nas seguintes livrarias:


Aveiro


Livraria Armageddon
Rua Combatentes da Grande Guerra N.83 E
3810-087 Aveiro
Tel: 00351 234420071



Coimbra
Livraria Dr. Kartoon
R. Manutenção Militar, 15
3000-259  Coimbra (Coimbra)
Tel: 00351 239821543



Livraria Naraneko
C.C. Girasolum 3º Andar Loja 320
3030-328 Coimbra
Tel: 00351 918 197 349



Funchal (Madeira)
Livraria Sétima Dimensão
Galerias 5 de Outubro, Loja 15 - Rua 5 de Outubro
9000 Funchal
Tel: 00351 291238244



Leiria
Livraria Shop Suey Comics
Rua Barão de Viamonte nº 50
2400 Leiria  (Leiria)
Tel: 00351 969075223

Lisboa
Livraria KingPin Books - Livraria e Galeria de BD
Rua Quirino da Fonseca, 16-B
1000-252 Lisboa (Lisboa)
Tel: 00351 217950476



Porto
Livraria Mundo Fantasma
Shopping Brasília Av. Boavista, 267 1º andar
 Porto (Porto)
Tel: 00351 226091460



Porto Alegre (Brasil)
Livraria Tutatis
Avenida Assis Brasil, 650, Passo D'Areia
91010-000  Porto Alegre - RS (Brasil - Porto Alegre)
Tel: 0055 51 84257544
tutatis@ig.com.br



O Lobo Mau
Rua Visconde de Vila Maior, 10-12
5160-298 Torre de Moncorvo
Tel: 279253043
www.olobomau.com.




11/12/2012

Comix #1








Tito Faraci, Alessandro Del Conte, Gabriele Panini, Fausto Vitaliano, Giorgio Figus, Marco Bosco e Carlo Panaro (argumento)
Roberto Vian, Stephano Zanchi, Alessandro Del Conte, Francesco Guerrini, Marco Mazzarello, Alessandro Gottardo, Donaldo Soffritti,, Alessandro Perina, Maurizio Amendola e Maria Luisa Ugguetti (desenho)
Goody (Portugal, 5 de Dezembro de 2012)
135 x 190 mm, 132 p., cor, semanal (4.ª feira)
1,00 €



Não vou analisar ao pormenor o conteúdo do número inaugural da “Comix”, e suponho que ninguém o esperava, até porque as histórias apresentadas seguem modelos mais ou menos bem definidos e testados.
Mesmo assim, do número inaugural da revista que traz de volta aos quiosques portugueses Donald, Patinhas, Mickey, Pateta e todos os outros, quero destacar a divertida “A Indústria do passa-palavra” (embora não levada às últimas consequências) e a curiosa “Funcionários Patos e a loja de BD & Hobbies”, cuja acção se passa numa loja de BD.

E mesmo desconhecendo qual a liberdade de escolha que a Goody tem na selecção de histórias, ficam mais três notas: a primeira para a presença de Tito Faraci, um argumentista multifacetado e competente, que já escreveu Tex, Diabolik, Dylan Dog, Martin Mystère, Zagor ou Daredevil; a opção pela escola italiana, mais moderna e dinâmica, com textos bem estruturados, mas com personagens que me parecem menos conhecidos dos antigos leitores Disney; o “excesso” de Tio Patinhas (4 histórias, mais de meia revista) no mix deste número inicial.

Mais genericamente, deixo mais algumas considerações sobre um projecto que se poderá revelar uma das melhores coisas que aconteceu à BD em Portugal nos últimos anos, se tiver a força necessária para devolver a visibilidade às edições aos quadradinhos nas bancas e quiosques nacionais.
Desde logo pela aposta forte que ele constitui por parte da Goody – e não poderia existir nem vingar se não fosse assim - como revelam a distribuição em quiosques assente num cartaz que lhe “aumenta” o tamanho e potencia a sua visibilidade, a presença em expositores bem visíveis na entrada dos hipermercados Continente (pelo menos), a publicidade nos canais generalistas, infantis e desportivos ou a tiragem de 75 mil exemplares…
Positiva igualmente a inclusão de 7 páginas de publicidade externa (jogos, filmes, sumos…) que, se os leitores dispensavam, são certamente fundamentais para assegurar a viabilidade económica do projecto e são sinal da confiança que outros nele depositaram.

Como contraponto temos uma capa pouca apelativa e desinspirada que descaracteriza as personagens nela apresentadas – Mickey, Donald e Patinhas.
A terminar, fica a nota de que a Comix #2 deverá estar à venda já amanhã, sendo que o respeito pela periodicidade será fundamental para o projecto vingar - embora a resposta dos leitores (entenda-se compradores) também seja fundamental para ela ser mantida…




10/12/2012

Heróis Marvel série II - Demolidor: Renascido





  




Frank Miller e Denny O’Neil (argumento)
David Mazzucchelli (desenho)
Christi e Max Scheele (cor)
Levoir/Público
(Portugal, 6 de Dezembro de 2012)
170 x 260 mm, 200 p., cor, cartonado
8,90 €




Resumo
Descobrindo que Matt Murdock é a identidade secreta do Demolidor, o Rei do Crime arquitecta uma imensa trama que fará com que ele perca emprego, amigos, dinheiro e casa, numa espiral descendente que o levará quase à loucura e à morte.
Em Nevoeiro, a história que encerra o volume, a morte de Heather arrasta o super-herói cego para o estado depressivo que se acentuará na saga principal deste volume, cronologicamente posterior.

Desenvolvimento
Há duas semanas, de forma implícita, destaquei aqui nas minhas leituras “Wolverine: Velho Logan”, como a melhor BD desta colecção. Sabia que ainda viria este “Demolidor: Renascido”, obra-prima da história dos comics de super-heróis que eu já conhecia – é mesmo uma das raras edições que comprei em “formatinho” e ainda conservo.
Não retirando uma vírgula ao que então escrevi, confesso que entre a descoberta que constituiu “Wolverine: Velho Logan” e o prazer da releitura de “Demolidor: Renascido”, numa edição que faz jus à sua arte, hesito pouco em escolher esta última.
Onde “Velho Logan” era emoção, explosão de cor, violência insana, corrida em direcção ao abismo, adrenalina pura, “Renascido” é uma obra cerebral e complexa, de emoções, também, mas controladas, de traço contido e uma violência diferente, talvez mais incómoda e chocante pelo tom extremamente realista que assume.
Para todos os efeitos história de super-heróis, passa quase ao lado destes para dar o protagonismo aos três narradores que a vão contando e fazendo avançar: o Rei do Crime, o jornalista Ben Ulrich e o próprio Matt Murdock.
Este, depois de a sua identidade secreta ter sido vendida por uma dose de droga por uma antiga namorada transformada em actriz porno, rapidamente despojado de tudo – amizades, profissão, posição social, dinheiro, casa, dignidade… - enfrenta uma descida aos seus abismos mais profundos, de onde, no entanto, renascerá mais forte e mais capaz, numa notável declaração de humanidade e de confiança no melhor do ser humano.
Escrita de forma directa, assertiva e brilhante por Frank Miller, que constrói uma narrativa com personagens marcantes, bem caracterizadas e definidas, densa, de ritmo lento, em que as coisas vão acontecendo a seu tempo – um tempo longo na leitura mesmo que nalguns casos seja rápido na realidade da acção - foi superiormente desenhada por David Mazzucchelli que conseguiu transmitir visualmente a escuridão e desespero em que Murdock mergulha, através de um traço realista e contido, bem servido por tons sombrios, pelo qual o tempo não passou.
A par da (imensa) violência psicológica da trama – a perda total de tudo que preza e ama leva Murdock quase a passar os seus limites e à loucura ou a por um fim a si próprio – Miller construiu, como destaca João Miguel Lameiras numa introdução particularmente feliz, um paralelo entre a sua narrativa e a morte e ressurreição cristãs, que confere uma outra dimensão a este “Renascido” e o torna uma obra mais profunda e tocante sobre a dignidade e a capacidade de resistência do ser humano.

A reter
- A possibilidade de (re)ler numa edição digna um dos grandes clássicos da BD de super-heróis, que a passagem do tempo não afectou em nada.
- O poder do argumento de Miller: directo, consistente, violento, humano.
- O inigualável trabalho gráfico de Mazzucchelli, perfeitamente ajustado ao relato e enriquecido com uma planificação diversificada e muitas vezes simbólica. E talvez mais notável ainda na história curta que finaliza o volume, na qual consegue tornar quase palpável o nevoeiro que assola Nova Iorque e lhe dá título.

Menos conseguido
- A cedência (possivelmente inevitável?) ao género de super-heróis (apenas) no capítulo final.


08/12/2012

Selos & Quadradinhos (92)


Stamps & Comics / Timbres & BD (92)


Ainda a propósito dos 65anos do Tio Patinhas
trago hoje uma das mais espectaculares emissões filatélicas relacionadas com banda desenhada que conheço.
Peço desde já desculpa pela fraca qualidade das imagens, encontradas na net, 
mas, para grande pena minha, não possuo esta preciosidade!
Trata-se de um pequeno folheto (cuja capa está mostrada acima),
editado em 1998 para assinalar, então,
os 50 anos do Tio Patinhas e a sua estreia na história “Christmas on the Bear Mountain”, escrita e desenhada por Carl Barks.


Esta última, é integralmente reproduzida nesta edição,
com o atractivo de a primeira e última tira de cada página
terem sido transformadas em selos de correio.


Como extra, na página final deste livrinho, que inclui um texto evocativo,
o próprio Barks surge como motivo de mais um selo.



Tema/subject/sujet:
50 anos do Tio Patinhas/50 years of Scrooge McDuck/50 ans de Picsou
País/country/pays: Guiana/Guyana/Guyane
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1998


07/12/2012

Blake e Mortimer – O Juramento dos Cinco Lords




  


As Aventuras de Blake e Mortimer segundo as personagens de Edgar P. Jacobs
Yves Sente (argumento)
Andre Juillard (desenho)
ASA (Portugal, 16 de Novembro de 2012)
240 x 310 mm, 64 p., cor, cartonado
14,95 €



Resumo
A morte de dois amigos e uns roubos com tanto de estranho quanto de misterioso no Ashmolean Museum, vão obrigar Blake – com a ajuda de Mortimer – a remexer em histórias do passado que preferia esquecer.

Desenvolvimento
Se cada novo álbum de Blake e Mortimer ainda é um acontecimento mediático assinalável e um best-seller garantido, possivelmente é-o cada vez menos.
Não só porque aquela sensação de reencontro com amigos que há muito não se viam, se esbateu pela regularidade com que têm sido lançados novos álbuns mas também porque estes – mesmo que soe paradoxalmente – apesar de terem uma contribuição inegável para a solidificação do mito (nomeadamente dotando os protagonistas de juventude, de passado, mesmo de sentimentos) contribuem pouco para o seu enriquecimento, notando-se a falta do toque de génio que fazia a diferença em Jacobs.
Este O Juramento dos Cinco Lords não foge à regra, apesar de a primeira impressão ser de desilusão. Na verdade, Juillard, um fabuloso desenhador, dotado de uma linha clara frágil e delicada, tem aqui uma das suas prestações menos interessantes desde que o conheço (e sigo-o com bastante regularidade). Em muitas das páginas, o desenho carece de profundidade, os rostos são planos e inexpressivos, a coloração pouco interessante e a planificação falha de forma incómoda para o leitor (como exemplo, veja-se a dificuldade de leitura da prancha da página 17, embaixo).
A sensação que fica é que este foi apenas um trabalho financeiramente (muito…) compensador mas que Juillard, refém da clonagem (aqui falhada), do traço de Jacobs, raramente se aplicou no seu melhor.
Felizmente, como contraponto surge o argumento de Sente que, embora não deslumbre nem esteja à altura das melhores criações de Jacobs, se lê bem e apresenta alguns méritos.
Desde logo, o dotar o capitão Blake de um (pouco mais de) passado – como já havia sido feito de forma mais evidente com Mortimer – ao explorar acontecimentos da sua juventude e do seu início de carreira. Depois, pela forma como torna mais credível a história – a própria série – com a ancoragem à realidade feita através da introdução de Lawrence da Arábia no relato.
Este, assumidamente, adopta um tom mais policial, pondo de parte a ficção-científica que Jacobs equiparava à acção e à aventura, e dispensando Olrik (outro ponto a favor do realismo), numa história que se tem algumas pontas mal unidas e faz uma colagem excessiva à referência incontornável que é A Marca Amarela, tem os ingredientes suficientes para prender o leitor e o levar até ao desfecho final que consegue surpreender em parte, graças às pistas falsas que foram sendo deixadas.

A reter
- A edição em Portugal em simultâneo com a edição francófona…
- … mais uma vez transformada num apelo para os coleccionadores (e não só nacionais) por ter duas capas diferentes, a generalista (em cima) e a exclusiva das lojas FNAC (ao lado).
 - O ganho de credibilidade proporcionado pela colagem à realidade (que seria impensável para Jacobs, cujas histórias decorriam na sua contemporaneidade) através da presença tutelar de Lawrence da Arábia, …
- pela explicação crível apresentada para a sua morte envolta em mistério…
- e pelo aprofundar do passado dos heróis.

Menos conseguido
- O traço de Juillard, sem dúvida o pior do álbum em demasiadas páginas.
- Alguns problemas de legibilidade, como a citada prancha da página 17.
- A troca de legendas (na rotulação?) evidente na prancha da página 33.
- Não sendo (tanto quanto pude averiguar) mais uma aberração do malfadado acordo ortográfico, não percebo a opção por “lords” e “lord” quando em português existe lordes e lorde…
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