01/05/2013

Melhores Leituras – Abril


Este foi um mês atípico com muitas releituras: a conclusão da recordação integral de Oliver Rameau, o relembrar de obras do (já) saudoso Fred, o reencontro com alguns dos melhores álbuns de Lucky Luke que estão a ser publicados com o Público, o regresso a Spirou – mais de duas dezenas de obras relidas! – a propósito da preparação dos textos alusivos aos 75 anos
Naturalmente, sobrou pouco tempo para novidades, das quais se destacaram estas:

Para tudo se acabar na quarta-feira
Octávio Aragão e Manoel Ricardo
Editora Draco


Jerry Scott e Jim Borgman
Gradiva


George R. R. Martin, Daniel Abraham e Tommy Patterson
Planeta


René Goscinny e Morris
Público/ASA


L’Intégrale Ric Hochet #8
Duchateau e Tibet
Le Lombard


Spirou et l’Aventure
Jijé
Dupuis



(In revista NetComic)
André Taymans
NetCom 2


Keos #2: A Cobra
Jacques Martin e Jean Pleyers
NetCom 2


Esta listagem diz respeito apenas às leituras que efectuei pela primeira vez este mês.

Lucky Luke em Maio


(Público/ASA)

1 de Maio 


Arame farpado na pradaria
8 de Maio


15 de Maio


E já seguir vem aí a colecção… (Ainda) não posso dizer!
Afinal já posso, já se vê no Público: a seguir a Lucky Luke engata o Marsupilami.

30/04/2013

Oh, miúdas!











Sophie Michel (argumento)
Emmanuel Lepage (desenho e cor)
ASA
Portugal, Abril de 2013
170 x 245 mm, 128 p., cor, cartonado
21,90 €

Disney em Maio

(Goody)

Cars #36
 

Comix #22
(30 de Abril)


Comix #23
(8 de Maio)

Comix #24
(15 de Maio)


Hiper #6
(17 de Maio)


Comix #25
(22 de Maio)


Comix #26
(29 de Maio)


IX Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja


1 a 16 de Junho


Exposições
21 exposições com autores de Portugal, Argentina, Brasil, Espanha, França e Grécia, espalhadas por 9 núcleos dentro do centro histórico
15 dias de Programação Paralela
Mercado do Livro

Núcleos
Casa da Cultura
Antigo Posto de Turismo
Biblioteca Municipal de Beja - José Saramago
Castelo
Espaço Os Infantes
Museu Jorge Vieira – Casa das Artes
Museu Regional de Beja – Convento da Conceição
Museu Regional de Beja – Núcleo Expositivo da Rua dos Infantes
Teatro Municipal Pax Julia

Autor convidado
Jean-Claude Mezières
(outros nomes serão anunciados em breve)

(Informação da organização)

29/04/2013

Les Montefiore: #1 Top Model











Stéphane Berbeder e Christophe Bec (argumento)
Pasquale del Vecchio (desenho)
Jean-Jacques Chagnaud (cor)
Glénat
França, Abril de 2013
240 x 320 mm, 56 p., cor, cartonado
13,90 €


Se há aspecto que sempre admirei nas séries curtas franco-belgas – e estou a referir-me aquelas que se completam normalmente em 2 a 4 álbuns – é a assinalável consistência do episódio inicial e a forma como deixam tantas questões em aberto, ficando o leitor suspenso das respectivas continuações - mesmo se estas depois nem sempre correspondem aos pressupostos iniciais ou à expectativa criada…
“Les Montefiore”, é mais um exemplo, com o extra de ter como pano de fundo o mundo da moda e das passerelles. É verdade que a trama que serve de base poderia desenrolar-se com igual desenvoltura noutra área mas, assim, eventualmente, permitirá chegar a uma faixa de público diferente, maioritariamente feminina, ao mesmo tempo que explora um tema que a banda desenhada raramente abordou.
Tudo começa quando o patriarca Montefiore, dono de uma das mais famosas marcas de roupa italianas é vítima de um acidente aéreo provocado, deixando a sua herança pendente entre as mãos de Francesca, a sua segunda esposa, e de Narciso, o filho, piloto de stock-cars e há muito ausente do mundo da moda.
Apesar disso, este último decide assumir a direcção da firma, cortando com a sua vida anterior para lutar contra as intrigas, as invejas, as vinganças e as traições daqueles que, mais ou menos na sombra, tentam ocupar a posição de destaque até então detida pela casa Montefiore.
O seu caminho irá cruzar-se – inevitavelmente? – com o de Oksana Kovsky, uma beldade russa que quer vencer como top-model, e do chinês Yong, encarregado de desenhar a nova colecção Montefiore.
Entre conspirações, atentados, imprensa comprada, relações interesseiras e a vontade de vencer de Narciso, “Top Model” vai avançando a bom ritmo, com as situações a sucederem-se em catadupa, mas desvendando muito pouco ao leitor, que fica com vontade de conhecer o resto da história e o porquê de muito daquilo que foi apreciando.
Quanto ao desenho – que trabalha um tema com tudo para agradar ao leitor masculino e com um imenso potencial gráfico – temos a surpresa de encontrarmos o competente Pasquale Del Vecchio - desenhador regular de Tex - que se mostra à vontade em qualquer dos registos necessários para explanar a trama, que domina particularmente os grandes planos ao nível dos rostos e cujas beldades brilham ao desfilar nas páginas do álbum…


28/04/2013

Selos & Quadradinhos (97)


Stamps & Comics / Timbres & BD (97)


Tema/subject/sujet:
Spirou – 70 anos

País/country/pays: 
Bélgica / Belgium / Bélgique

Data de Emissão/Date of issue/date d'émission:
2008

 

26/04/2013

Príncipe Valiente 1951-1952

Los Hijos de Odin






Harold R. Foster (argumento e desenho)
Manuel Caldas (restauração)
La Imprenta
Uruguai, Março de 2013
260 x 340 mm, 112 p., pb, brochado
680 pesos uruguaios / 25,00 €


Há alturas em que a premência de escrever sobre uma obra esbarra na inevitável - inevitável? - repetição, nomeadamente em séries de longa duração.
Príncipe Valente, de Hal Foster é um desses casos que, no entanto, não consigo deixar passar em branco, mesmo tendo já destacado a (soberba) arte de Foster neste tomo.
Por isso, neste regresso à compilação das pranchas dominicais dos anos de 1951 e 1952, para lá de realçar novamente a pura delícia visual que estas imagens magnificamente restauradas por Manuel Caldas constituem, não vou aprofundar – mais uma vez – a qualidade literária da prosa de Foster, o surpreendente sentido de humor de que dá mostras, a combinação entre a vivência familiar e a vida aventurosa ou a paixão pela natureza expressa em tantas destas páginas.
Permito-me apenas – apenas? – destacar um dos aspectos que permitiu que esta saga se estendesse ao longo de décadas com uma qualidade inegável, sem perder qualidade nem entrar repetições: o invulgar número de protagonistas que os diversos episódios compilados neste tomo apresentam – para lá do óbvio Príncipe Valente, uma princesa apaixonada, o seu filho pequeno Arn, o vicking Boltar, a futura esposa deste, Tilicum, Arf, o aspirante a cavaleiro, feito cronista por lhe ter sido amputada uma perna… - com o ganho inerente de diversidade narrativa que ajuda a compor e a dar consistência ao (belíssimo!) conjunto.


25/04/2013

A Guerra dos Tronos Vol. 2










George R. R. Martin (obra original)
Daniel Abraham (argumento)
Tommy Patterson (desenho)
Mike S. Miller e Michael Komark (cor)
Planeta
Portugal, Abril de 2013
170 x 260 mm, 192 p., cor, cartonada
17,76 €


Para além do aumento da oferta, a edição de BD por editoras cuja aposta global não passa por este género, pode ter (pelo menos) três vantagens não negligenciáveis: a exploração de segmentos inexplorados que a editora conhece de outras áreas (no caso a literatura fantástica em geral e o universo criado por George Martin, em particular); a colocação dessas obras fora dos habituais “guetos” a que (muit)os livreiros ainda confinam os quadradinhos, portanto  mais próximo dos seus potenciais leitores; uma  capacidade (e um hábito) diferente de aproveitar factores externos para editar/promover as suas edições (e esta versão aos quadradinhos de A Guerra dos Tronos surge na sequência do sucesso televisivo homónimo, cuja 3.ª temporada está actualmente em exibição em Portugal no canal SyFy).
Para lá disso, como é óbvio, nada disto chega nem interessa se a obra não justificar a aposta feita, mas a verdade é que “A Guerra dos Tronos” aos quadradinhos cumpre também este requisito.
Longa saga, ambientada no universo de Westeros, onde as estações do ano duram gerações, numa época em que a magia e as criaturas lendárias já desapareceram, centrada nos confrontos e intrigas que dividem os habitantes dos Sete Reinos, funciona de forma autónoma do original literário e da sequela televisiva, conseguindo captar a atenção de leitor e levá-lo a embrenhar-se cada vez mais nas relações, disputas, traições e conquistas das famílias Stark, Lannister e Targaryen que constituem o cerne da narrativa.
Mesmo tendo em conta que a grande quantidade de personagens envolvidos leva a que alguns se assemelhem demasiado, obrigando o leitor a um esforço extra para os identificar, apesar de alguns expedientes gráficos que o atenuam, a verdade é que uma planificação diversificada e dinâmica, algumas composições de página interessantes e a recriação dos diversos cenários exigidos pelo relato – castelos, aldeias, montanha, florestas, campos – criam o ambiente necessário para propiciar o mergulho na narrativa e tornam-se um motivo extra para, parafraseando a publicidade, “depois de ler os livros e ver a série, desfrutar a BD”.


24/04/2013

Lucky Luke – O 20.º de Cavalaria











René Goscinny (argumento)
Morris (desenho)
ASA/Público
Portugal, 10 de Abril de 2013
215 x 285 mm, 48 p., cor, brochado com badanas
4,95 €



Chamada de urgência por Washington para tentar parar uma revolução índia eminente, Lucky Luke vai deparar com o rígido coronel Mac Straggle, um militar à moda antiga. É o reencontro do cowboy que dispara mais rápido que a própria sombra com uma classe recorrente nas suas histórias, a par dos bandidos (muitos vezes os Dalton), dos índios e dos  políticos, os militares.
A foi a estes últimos que Goscinny, com o habitual talento e humor, dedicou “O 20.º de Cavalaria”, uma crítica bem-disposta e satírica à instituição militar, visando (certeira e) particularmente a sua disciplina, tradição e protocolos, tendo como base a dupla relação pai/filho//comandante/soldado que une o coronel MacStraggle e Grover.



Para além disso, há neste álbum uma série de outros factores de interesse como a possibilidade de descobrir um Lucky Luke (ainda) fumador – em oposição aos malefícios do tabaco índio (!) - ou a confirmação da existência de lojas chinesas já no velho Oeste (ou Este, depende do ponto de partida…) a par de alguns gags memoráveis como a exploração da linguagem de sinais de fumo índios ou as sucessivas transições de nome que transformam Raposa Com Duas Penas em Raposa Nauseada…
De passagem, algumas alfinetadas aos políticos – veja-se a importância dada à revolução índia logo no início - e o habitual – e genial! - recurso a trocadilhos e situações recorrentes (o vendedor de chapéus, os efeitos do cachimbo de paz índio, as quebras de protocolo militar) que provocam (pelo menos…) um sorriso aberto.
Factores diversos que fazem deste Lucky Luke – depois de “Billy the Kid” - mais um grande clássico da série e da BD franco-belga de leitura obrigatória.

Nota final: Para postar aqui este texto em tempo útil, (re)li “O 20.º de Cavalaria” na edição da Meribérica/Líber de 1987, e foi de lá que extraí as imagens que o ilustram.



500 000!


500 000 leituras neste blog
em 1425 dias.
(metade das quais sensivelmente no último ano...)

1434 textos,
milhares de livros e revistas divulgados,
milhares de imagens mostradas.
2370 comentários
213 seguidores

A todos que permitiram chegar até aqui e a todos que até aqui chegaram comigo,
um grande muito obrigado!

23/04/2013

Palavras para quê?




Com o seu nascimento estabelecido “oficialmente” em função (também) da utilização regular de balões de fala, a banda desenhada tem provado recorrentemente que o texto escrito é muitas vezes desnecessário para a narração das histórias e para que os seus protagonistas se façam ouvir e entender.
A leitura recente e coincidente no tempo de (mais) três exemplos – dois deles em géneros em que isto é pouco habitual - são a justificação para este alinhavar de ideias, apresentado em função da ordem cronológica em que os li.






Donald e Peninha em Póquer de Ases
Enrico Faccini
In Comix #19
Goody
Portugal, 10 de Abril de 2013
135 x 190 mm, 132 p., cor, brochado, mensal
1,90 €


Viva e expressiva, a BD Disney – ao contrário da Turma da Mônica em que as histórias mudas são recorrentes – socorre-se habitualmente do texto escrito, o que torna mais surpreendente esta história publicada originalmente em Itália há apenas um ano com o título “Paperino & Paperoga in poker d'assi!”.
Relato de uma (surpreendente?) partida de póquer entre os primos Donald e Peninha, embora podendo ser interpretada linearmente, reveste-se de maior interesse se for lida enquanto metáfora dos truques, estratagemas e ardis utilizados pelos jogadores ao longo de uma partida de cartas para espreitar, adivinhar ou intuir o jogo e a estratégia do adversário.
São apenas 13 páginas, com excepção da primeira sempre assentes numa estrutura de três tiras de duas vinhetas, o que acentua o estatismo dos dois intervenientes e destaca mais os subterfúgios que utilizam, num conjunto sem dúvida muito bem conseguido.






Em memória de Marla Jameson
In “Homem-Aranha” #128
Dan Slott (argumento)
Marcos Martin (desenho)
Panini Comics
Brasil, Agosto de 2012
170 x 260 mm, 68 p., cor, brochado, mensal
R$ 6,50 / 2,80 €


Actualmente nas bancas portuguesas, esta edição do Homem-Aranha inicia-se com uma história que abre e fecha com longas sequências mudas.
No seguimento da aventura narrada na revista anterior, mostra os preparativos e o funeral de Marla, a esposa de J.J. Jameson, ex-director do Clarim Diário e actual presidente da câmara de Nova Iorque, dando especial atenção ao estado de espírito dele próprio – que acaba de perder a mulher - e de Peter Parker/Homem-Aranha – que se sente culpado por não ter conseguido evitar essa tragédia.
Aqui, o silêncio na narrativa – de onde as habituais sequências de confronto e de acção estão ausentes - acentua a saudade, a tristeza, a dor e o sentimento de culpa que, em doses diferentes, afectam os dois, e revela-se bem mais expressivo e eloquente do que muitas palavras que poderiam ter sido usadas.





Caroline Baldwin #1 – Moon River
André Taymans
In NetComic #11 a #19
NetCom 2 Editorial
Espanha, Abril de 2012 a Fevereiro de 2013
210 x 297 mm, 32 ou 48 p., cor, brochada, mensal
Gratuita, em papel ou em versão online


Primeira aventura de Caroline Baldwin, a detective privada criada por André Taymans, apresenta uma estrutura narrativa que intercambia sequências completamente mudas com outras em que os balões de fala desempenham o papel habitual.
As primeiras são bem utilizadas quer para descrever, sem recurso a texto escrito, situações banais – o despertar, uma viagem de carro, a inspecção de uma moradia… - , quer para apresentar ao leitor momentos de introspecção e de solidão, nos quais, aliás, está o segredo por detrás do relato.
Este conta o desaparecimento de Frank White, um ex-astronauta actualmente quadro de uma destacada empresa de aeronáutica, cuja presença é fundamental para garantir a assinatura de um importante contrato. Chamada para o encontrar, Caroline terá de enfrentar não só aqueles que na sombra querem fazer desaparecer White – que na realidade fugiu apenas assombrado por remorsos que há muito o atormentam – quer os seus próprios fantasmas.
Lida na revista gratuita espanhola da NetCom 2 – similar à portuguesa BDNet – encheu-me mais uma vez de um reprovável sentimento - a inveja – em relação a “nuestros hermanos”. Já com 21 números publicados, periodicidade mensal e 32 a 48 páginas (!), inclui muita informação sobre as séries e autores que a NetCom 2 edita em Espanha e permitiu-me perceber como uma editora que nasceu editando apenas Alix, não só completou esta colecção em tempo recorde como também cresceu de forma surpreendente.
Na NetComic, para além de Caroline Baldwin, pude também (re)encontrar Yoko Tsuno, Vasco, Lois, Allan MacBride (também em publicação na versão portuguesa BDNet) e até algumas criações espanholas…
Sendo difícil consegui-la em papel à distância a que nos encontramos, resta o consolo – para mim incompleto – da sua leitura online
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...