Em construção
Leitor
de banda desenhada há mais de quatro décadas, acho que posso dizer
que neste percurso a aventura foi sempre o tema
de eleição - embora também reconheça que a maior parte das
grandes obras que li aos quadradinhos estejam completamente fora
daquele
género.
Quanto
à aventura, pode vir em estado puro, se assim posso escrever, ou
condimentada como western,
policial,
ficção-científica, relato na selva, narrativa medieval, conto
primitivo...
Dentro
do género, Nevada,
escolha improvável - menos provável, soa-me melhor... - na linha
editorial mais
evidente de
A Seita, é um exemplo como tantos outros, mas confesso que o primeiro livro não fez de mim fã da série, embora me deixasse com alguma curiosidade para mais. Se como titulei na
altura, A Estrela Solitária lançava os alicerces, agora, com a construção ‘a
aparecer’, já me senti mais realizado com a leitura.
Um
turbilhão de emoções
Em
2015, Kongthe King
(edição da Kingpin Books) irrompia na paisagem da banda desenhada
portuguesa, de forma surpreendente e estimulante. Revisão livre
da
história de King
Kong,
tinha o mesmo ponto de partida, a chegada de uma equipa de filmagens
à ilha da Caveira e o transporte do seu colossal habitante para a
grande metrópole.
Triste paraíso
Paco Roca continua a narrar a (sua) história do século XX espanhol, em
particular dos anos das guerras - Civil e II Mundial - e das décadas
que se lhe seguiram. É uma forma muito pessoal de
a contar, entre o realismo histórico e a sua realidade pessoal e
familiar, esta última assumida de forma púdica e e num patamar
inferior em relação à ‘Grande História’.
Continua
a fazê-lo de forma extremamente sensível e original, enquanto
explora - revela? - potencialidades do meio que lhe serve de veículo:
a banda desenhada.
A atribuição do Prémio Jorge Magalhães para Argumento de BD a
Derradé, pelo seu livro O Fogo Sagrado, foi o mote para
breve entrevista, feita à distância, que serviu de base ao texto
publicado no Jornal de Notícias online de 3 de Dezembro de 2022, e à
sua versão em papel publicada no dia seguinte.
A seguir, fica a versão integral dessa mini-entrevista, com aspectos
que fazem pensar.
Levoir, com o jornal Público
Pontes
Depois
de quarenta volumes editados e quase um milhão de exemplares
vendidos, o Bando
das Cavernas,
criação a solo de Nuno Caravela, descobre a banda desenhada.
Literalmente.
A
ver passar os eléctricos
Membro
do projecto ComicArte e da organização do Salão do Porto, Paulo J.
Mendes regressou à banda desenhada há dois anos com O Penteador
(edição Escorpião Azul) que, em pleno pandemia, se revelou uma
lufada de ar fresco pelo humor absurdo e pelo apelo a convívios,
jantaradas e passeios.
Dois
anos volvidos, Elviro
confirma o autor que se (re)descobriu
na altura, com a vantagem de ser uma obra mais estruturada, assente
numa pesquisa cuidada, com um fio condutor mais sólido, sobre
relações humanas e a forma como encaramos o passado. E
com 0 colorido que se adivinhava/desejava em O
Penteador.