Quais os limites para a violência?
"Já és grande para ler o Mickey; trouxe esta revista para experimentares."
O meu pai - foi ele quem disse aquela frase, num dia de Verão (27 de Agosto de 1974?) - estava com certeza longe de imaginar o quanto eu ia gostar daquela publicação - o Mundo de Aventuras #47 da chamada quinta série - e, atrás dela, de outras revistas, de outros livros, e quanto aquele gesto, normal na forma como sempre me incentivou à leitura, iria ser fundamental e moldar a minha vida.
Se sou leitor inveterado, se fiz a minha formação em banda desenhada no Mundo de Aventuras, se há 40 anos escrevo sobre banda desenhada, se tenho este blog e alguns milhares de livros de BD, devo-o primeiramente a ele.
Devo-lhe muito mais. Muito mais do que sou capaz neste momento de pensar e escrever.
Devo-lhe muito do que sou, do que vivi, do que experimentei, do que penso. Devo-lhe valores que também fiz meus, importantes e que não passam de época - menos talvez (talvez não, de certeza) do que ele desejaria...
Agora, a quem vou emprestar os meus livros?
Quem me irá telefonar a dizer: "Hoje saiu um texto teu"...?
Quem me vai guardar cuidadosamente esses recortes do Jornal de Notícias que desde sempre leu e onde acabei por escrever...?
A quem vou picar quando o "seu' Boavista não ganhar...?
Talvez de lá, de onde está - de onde sempre acreditou que estaria - consiga continuar a ler os meus livros, a ler os meus textos... Gostava muito que sim.
Eu, aqui, só consigo dizer: "Obrigado, pai".
O desenho é uma das bases fundamentais da Banda Desenhada. E é, na maior parte das vezes, a primeira porta de entrada para qualquer amante da BD. É o desenho que nos atrai para a fruição do livro. É o desenho que estimula a nossa leitura. A narrativa é gráfica e as palavras transmitem-se também com as imagens. Um bom desenho consegue transmitir muitas palavras. E uma sequência de bons desenhos consegue transmitir um mundo.