Títulos que já estão ou estarão em breve disponíveis nas bancas portuguesas:
Panini Brasil
DC Comics
Liga da Justiça #88
Batman #89
Esta revista inclui a segunda e última parte da excelente história “O que aconteceu com o Cavaleiro das Trevas?”, escrita por Neil Gaiman e desenhada por Andy Kubert.
Superman #89
No Brasil, esta revista chegou às bancas com uma edição defeituosa, com uma página pertencente à revista Liga da Justiça. A Panini fez uma nova edição, correcta e disponibilizou-se para fazer a troca sem custos para os leitores . Como será em Portugal?
Marvel
Homem-Aranha #100
Os Novos Vingadores #75
X-Men #100
Avante Vingadores #39
Universo Marvel #57
Wolverine #66
Destaque para os centésimos números de Homem-Aranha e X-Men, a primeira com um poster e a última com mais páginas – 148 – e, por isso, mais cara - 6,20 €.
Turma da Mónica
Mônica #41
Cebolinha #41
Cascão #41
Chico Bento #41
Magali #41
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #41
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #40
Almanaque da Mônica #21
Almanaque do Cebolinha #21
Almanaque do Cascão #21
Revista da Turma da Mônica – Uma aventura no parque #41
Almanaque Temático #14 – Cascão – Futebol
Grande Almanaque da Turma da Mônica #7
Turma da Mônica – Clássicos do Cinema #19 – Magalice no País das Melancias
Maurício Apresenta #9 – Turma da Mônica em todas as Copas do Mundo – parte 1
Turma da Mónica – Saiba mais #32 – Mata Atlântica
Turma da Mônica – Colecção Histórica #17
Turma da Mônica – Histórias de 2 páginas #5
Turma da Mônica Jovem #23
Mythos Editora
Tex #461 - Enforquem Kit Willer
Tex Colecção #253 - O Ouro do Colorado
Tex Ouro #40 - A Pousada dos Fantasmas / A Carta Queimada
Tex Edição em Cores #5 - Pacto de Sangue
Zagor Extra #74 - Ouro Maldito
Zagor #110 - Nas Águas do Passado
J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga #67 - A Morte de Betsy Blue
Mágico Vento #9 6- A Árvore dos Enforcados
23/11/2010
Leituras de Banca
Leituras relacionadas
Bancas,
DC Comics,
Martin Mystère,
Marvel,
Panini,
Turma da Mônica
22/11/2010
Almanaque Tex #39 – O substituto
Claudio Nizzi (argumento)
Ferdinando Fusco (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Maio de 2010)
135 x 178 mm, 114 p., pb, brochado
Resumo
Na origem desta história está uma missão entregue a Tex: transferir para a Penitenciária de Yuma Ray Bonner, um jovem condenado a prisão perpétua, por não revelar onde está escondido o saque de um banco assaltado por ele e mais seis homens. A chamada do ranger justifica-se porque Bonner ameaçou revelar a identidade dos seus cúmplices se estes não o libertarem durante o percurso.
Só que, quando o ranger chega a Flagstaff, onde Bonner está preso, tem à sua espera um cadáver pois ele foi envenenado. É então que Kit Willer assume o lugar do prisioneiro, servindo de engodo aos restantes assaltantes.
Desenvolvimento
1. Não sendo original, nem sequer em Tex – e tendo um (mais habitual) desfecho a tender para o massacre – não deixa de ser curioso o estratagema utilizado pelo ranger para atrair os ladrões do banco. Mesmo que esta ideia-base pudesse ter sido levada mais longe, ganhando com isso o relato, desde logo explorando, por exemplo, as ameaças feitas pelas suas vítimas…
2. Por isso, afinal, a maior curiosidade desta narrativa acabam por ser diversas cenas pausadas nela incluídas, nada habituais nas aventuras do ranger. Em especial nas primeiras páginas, onde é possível encontrar algumas sequências (de uma ou mais pranchas), quase sempre vezes mudas, nas quais nada mais acontece do que uma personagem deslocar-se de um local para outro, muitas vezes sem que isso esteja sequer associado a momentos de suspense. Cenas que contrastam com o longo tiroteio final.
3. Finalmente, um destaque duplo: primeiro, para o belo traço fino, realista, detalhado e pormenorizado de Ferdinando Fusco, com poucas sombras mas um bem trabalhado contraste negro/branco, que – segundo ponto - está desta vez bem impresso pela Mythos. O que, diga-se em abono da justiça, tem acontecido com maior frequência.
(Texto publicado originalmente no Tex Willer Blog, a 18 de Novembro de 2010)
Leituras relacionadas
Bonelli,
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opinião,
Tex
21/11/2010
Selos & Quadradinhos (0) e (1)
Stamps & Comics (0/1) / Timbres & BD (0/1)
Não são banda desenhada, mas são quadradinhos - ou, as mais das vezes, rectangulozinhos…
Não são leitura, mas inspiraram-se nela e evocam muitas horas (muito) bem passadas com um livro nas mãos.
Estão cada vez mais em desuso mas mantêm um charme e uma atracção muito especiais.
Estou a referir-me a selos cuja temática é a banda desenhada, por apresentarem os seus heróis ou serem desenhados pelos seus criadores, que passarão a ser presença regular neste blog, geralmente aos sábados e domingos.
Desfrutem deles!
Ils ne sont pas des bandes dessinées, mais sont des petits carrés - ou, plus souvent, des petits rectangles... Ne sont pas pour lire, mais ils sont inspirés et évoquent les nombreuses heures (très) bien passées avec un livre de BD dans les mains. Ils sont de plus en plus en désuétude mais ils conservent un charme et une attraction très spéciale. Je parle des timbres dont le thème est la bande dessinée, parce qu’ils rendent hommage à leurs héros ou sont dessinés par ses créateurs, qui seront une présence régulière sur ce blog, habituellement les samedis et les dimanches. Profitez!
There are no comics, but they are small squares - or, more often, small rectangles … They are not for read, but they are inspired and evoke many hours (very) well spent with a comic book in hands.
They are increasingly in disuse but retain a charm and a very special attraction.
I’m talking about those stamps whose theme is the comics, because they show their heroes or are drawn by its creators, who will be a regular presence on this blog, usually on Saturdays and Sundays. Enjoy them!
Não são leitura, mas inspiraram-se nela e evocam muitas horas (muito) bem passadas com um livro nas mãos.
Estão cada vez mais em desuso mas mantêm um charme e uma atracção muito especiais.
Estou a referir-me a selos cuja temática é a banda desenhada, por apresentarem os seus heróis ou serem desenhados pelos seus criadores, que passarão a ser presença regular neste blog, geralmente aos sábados e domingos.
Desfrutem deles!
Ils ne sont pas des bandes dessinées, mais sont des petits carrés - ou, plus souvent, des petits rectangles... Ne sont pas pour lire, mais ils sont inspirés et évoquent les nombreuses heures (très) bien passées avec un livre de BD dans les mains. Ils sont de plus en plus en désuétude mais ils conservent un charme et une attraction très spéciale. Je parle des timbres dont le thème est la bande dessinée, parce qu’ils rendent hommage à leurs héros ou sont dessinés par ses créateurs, qui seront une présence régulière sur ce blog, habituellement les samedis et les dimanches. Profitez!
There are no comics, but they are small squares - or, more often, small rectangles … They are not for read, but they are inspired and evoke many hours (very) well spent with a comic book in hands.
They are increasingly in disuse but retain a charm and a very special attraction.
I’m talking about those stamps whose theme is the comics, because they show their heroes or are drawn by its creators, who will be a regular presence on this blog, usually on Saturdays and Sundays. Enjoy them!
Tema/subject/sujet: Heróis Portugueses de Banda Desenhada
País/country/pays: Portugal
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 8 de Outubro de 2004
Leituras relacionadas
Portugal,
Selos e Quadradinhos
20/11/2010
Sinfonia Quadripolar na Mundo Fantasma
Data: 20 de Novembro de 2010 a 2 de Janeiro de 2011
Local: Galeria Mundo Fantasma, loja 510, Centro Comercial Brasília, Porto
Horário: de 2ª a sábado, das 10h às 2oh: Domingo das 15h às 19h
“Sinfonia Quadripolar” é o título da exposição de ilustração e banda desenhada que é inaugurada hoje, às 17 horas, na Galeria Mundo Fantasma, junto à loja especializada em BD com o mesmo nome, no Centro Comercial Brasília, no Porto.
Patente até 2 de Janeiro de 2011, esta é uma mostra a quatro mãos pois reúne originais de Pepedelrey, Nuno Duarte, Ricardo Venâncio e João Tércio, que estarão presentes para conversar com os visitantes e autografarem algumas das suas obras, entre as quais “The Lisbon Studio Mag”, uma revista semestral que serve de cartão de apresentação e portfolio ao colectivo com o mesmo nome, que todos integram.
À frente do projecto está Pepedelrey, editor e responsável pela El Pep, uma pequena editora independente, que tem publicado os projectos destes quatro autores. Para além disso, Pepedelrey é também desenhador e argumentista de livros como “Virgin’s trip” ou “Paris Morreu”. Este último, um policial negro, tem a assinatura gráfica de Nuno Duarte, também responsável, num registo completamente diferente, pelo pouco sociável “Mocifão”, personagem nascida online (http://mocifao.blogspot.com/), mas cujo segundo livro já está quase pronto.
Quanto a Ricardo Venâncio, publicou no ano passado o primeiro tomo de “Defier”, uma narrativa pós-apocalíptica, tendo chegado a trabalhar com C. B. Cebulski, um “caça-talentos da Marvel, numa BD de ficção-científica intitulada “No Quarter”, projecto entretanto suspenso.
Finalmente, João Tércio lançou este ano o seu primeiro livro, “Março Anormal”, uma reflexão crítica e sarcástica sobre o tempo actual e os seus ícones.
Os quatro autores possuem estilos e temáticas diferentes, traduzidas em discursos gráficos díspares mas não inconciliáveis, agora mostrados num mesmo local, o que permite distinguir afinidades e divergências nas suas visões diferenciadas de uma mesma realidade.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 20 de Novembro de 2010)
Local: Galeria Mundo Fantasma, loja 510, Centro Comercial Brasília, Porto
Horário: de 2ª a sábado, das 10h às 2oh: Domingo das 15h às 19h
“Sinfonia Quadripolar” é o título da exposição de ilustração e banda desenhada que é inaugurada hoje, às 17 horas, na Galeria Mundo Fantasma, junto à loja especializada em BD com o mesmo nome, no Centro Comercial Brasília, no Porto.
Patente até 2 de Janeiro de 2011, esta é uma mostra a quatro mãos pois reúne originais de Pepedelrey, Nuno Duarte, Ricardo Venâncio e João Tércio, que estarão presentes para conversar com os visitantes e autografarem algumas das suas obras, entre as quais “The Lisbon Studio Mag”, uma revista semestral que serve de cartão de apresentação e portfolio ao colectivo com o mesmo nome, que todos integram.
À frente do projecto está Pepedelrey, editor e responsável pela El Pep, uma pequena editora independente, que tem publicado os projectos destes quatro autores. Para além disso, Pepedelrey é também desenhador e argumentista de livros como “Virgin’s trip” ou “Paris Morreu”. Este último, um policial negro, tem a assinatura gráfica de Nuno Duarte, também responsável, num registo completamente diferente, pelo pouco sociável “Mocifão”, personagem nascida online (http://mocifao.blogspot.com/), mas cujo segundo livro já está quase pronto.
Quanto a Ricardo Venâncio, publicou no ano passado o primeiro tomo de “Defier”, uma narrativa pós-apocalíptica, tendo chegado a trabalhar com C. B. Cebulski, um “caça-talentos da Marvel, numa BD de ficção-científica intitulada “No Quarter”, projecto entretanto suspenso.
Finalmente, João Tércio lançou este ano o seu primeiro livro, “Março Anormal”, uma reflexão crítica e sarcástica sobre o tempo actual e os seus ícones.
Os quatro autores possuem estilos e temáticas diferentes, traduzidas em discursos gráficos díspares mas não inconciliáveis, agora mostrados num mesmo local, o que permite distinguir afinidades e divergências nas suas visões diferenciadas de uma mesma realidade.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 20 de Novembro de 2010)
Leituras relacionadas
BD para ver,
João Tércio,
Mundo Fantasma,
Nuno Duarte,
Pepedelrey,
Ricardo Venâncio
19/11/2010
Fernando Bento em Beja
Centenário do nascimento de Fernando Bento
Bailados de Papel
Exposição de Banda Desenhada e Ilustração
Data: 19 de Novembro a 31 de Dezembro
Local: Galeria de Exposições Temporárias da Bedeteca de Beja (1º andar da Casa da Cultura)
Horário: De 2ª a 6ª feira das 9h00 às 23h00; Sábados das 14h00 às 20h00
Quando Fernando Bento desenhou o cabeçalho de um prospecto do Coliseu dos Recreios, em 1931, não adivinhava certamente que viria a ser um dos artistas mais significativos no contexto da banda desenhada portuguesa dos anos 40 e 50. Bento nasceu em Lisboa, em 1910. Desde muito pequeno que começou a contactar de perto com a magia contagiante do espectáculo, quer se tratasse do circo, da ópera, do musical ou do teatro. O pai trabalhava com o artista Ricardo Covões, o que permitiu ao jovem Fernando Bento o acesso aos bastidores do Coliseu e aos seus segredos. Aos poucos, naturalmente, Bento foi desenhando cenários, figurinos e cartazes, chegando a atingir grande sucesso em meados da década de 30. A crítica, através do Diário de Lisboa, do Diário de Notícias e d’O Século, entre outros periódicos, teceu enormes elogios ao seu trabalho de cenógrafo e figurinista. Parecia natural que Bento seguisse este percurso… Tinha então 25 anos e o mundo à espera. E na verdade foi o mundo que encontrou, mas o mundo das histórias aos quadradinhos, como então se chamava à banda desenhada…
Fernando Bento começou então a fazer banda desenhada para o jornal República, em 1938. A princípio as suas histórias não excediam algumas vinhetas, mas à medida que a linguagem dos quadradinhos se lhe tornava mais próxima foi enveredando por narrativas mais longas, dando-lhes maior consistência. Desenhou depois no Pim Pam Pum, no Diabrete, no Cavaleiro Andante e noutras publicações, deslumbrando centenas de jovens com as suas esguias figuras.
O traço de Bento é estilizado, a fazer lembrar, por vezes, o desenho de figurinista. Não é de estranhar por isso que os seus desenhos atinjam uma elegância que o torna, talvez, o desenhador mais original da sua geração… Algumas das sequências que desenhou lembram verdadeiros bailados de papel.
Bento, à semelhança da enorme maioria dos autores portugueses de banda desenhada, nunca criou uma personagem central para as suas histórias, como é costume entre muitos artistas do resto da Europa ou dos Estados Unidos. Preferiu perder-se pelos caminhos aventurosos do mundo seguindo a pena de Verne, Melville, Stevenson, Walter Scott ou, claro, Adolfo Simões Muller…
A exposição que agora se mostra, organizada pela Câmara Municipal de Moura, pelo Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu, e pelo Grupo Bedéfilo Sobredense, assinala o centenário do nascimento de Fernando Bento, deixando descobrir o percurso ímpar de um artista incontornável para a história da banda desenhada portuguesa. Sem querer deixar de contribuir para a exposição, a Bedeteca de Beja juntou-lhe várias publicações (algumas de grande raridade) onde se pode apreciar o traço do Mestre…
(texto da responsabilidade da Bedeteca de Beja)
Bailados de Papel
Exposição de Banda Desenhada e Ilustração
Data: 19 de Novembro a 31 de Dezembro
Local: Galeria de Exposições Temporárias da Bedeteca de Beja (1º andar da Casa da Cultura)
Horário: De 2ª a 6ª feira das 9h00 às 23h00; Sábados das 14h00 às 20h00
Quando Fernando Bento desenhou o cabeçalho de um prospecto do Coliseu dos Recreios, em 1931, não adivinhava certamente que viria a ser um dos artistas mais significativos no contexto da banda desenhada portuguesa dos anos 40 e 50. Bento nasceu em Lisboa, em 1910. Desde muito pequeno que começou a contactar de perto com a magia contagiante do espectáculo, quer se tratasse do circo, da ópera, do musical ou do teatro. O pai trabalhava com o artista Ricardo Covões, o que permitiu ao jovem Fernando Bento o acesso aos bastidores do Coliseu e aos seus segredos. Aos poucos, naturalmente, Bento foi desenhando cenários, figurinos e cartazes, chegando a atingir grande sucesso em meados da década de 30. A crítica, através do Diário de Lisboa, do Diário de Notícias e d’O Século, entre outros periódicos, teceu enormes elogios ao seu trabalho de cenógrafo e figurinista. Parecia natural que Bento seguisse este percurso… Tinha então 25 anos e o mundo à espera. E na verdade foi o mundo que encontrou, mas o mundo das histórias aos quadradinhos, como então se chamava à banda desenhada…
Fernando Bento começou então a fazer banda desenhada para o jornal República, em 1938. A princípio as suas histórias não excediam algumas vinhetas, mas à medida que a linguagem dos quadradinhos se lhe tornava mais próxima foi enveredando por narrativas mais longas, dando-lhes maior consistência. Desenhou depois no Pim Pam Pum, no Diabrete, no Cavaleiro Andante e noutras publicações, deslumbrando centenas de jovens com as suas esguias figuras.
O traço de Bento é estilizado, a fazer lembrar, por vezes, o desenho de figurinista. Não é de estranhar por isso que os seus desenhos atinjam uma elegância que o torna, talvez, o desenhador mais original da sua geração… Algumas das sequências que desenhou lembram verdadeiros bailados de papel.
Bento, à semelhança da enorme maioria dos autores portugueses de banda desenhada, nunca criou uma personagem central para as suas histórias, como é costume entre muitos artistas do resto da Europa ou dos Estados Unidos. Preferiu perder-se pelos caminhos aventurosos do mundo seguindo a pena de Verne, Melville, Stevenson, Walter Scott ou, claro, Adolfo Simões Muller…
A exposição que agora se mostra, organizada pela Câmara Municipal de Moura, pelo Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu, e pelo Grupo Bedéfilo Sobredense, assinala o centenário do nascimento de Fernando Bento, deixando descobrir o percurso ímpar de um artista incontornável para a história da banda desenhada portuguesa. Sem querer deixar de contribuir para a exposição, a Bedeteca de Beja juntou-lhe várias publicações (algumas de grande raridade) onde se pode apreciar o traço do Mestre…
(texto da responsabilidade da Bedeteca de Beja)
Leituras relacionadas
BD para ver,
Beja,
Fernando Bento
18/11/2010
Turma da Mônica Jovem #21 e #22
No País das Maravilhas
Estúdios Maurício de Sousa
Panini Comics (Brasil, Abril e Maio de 2010)
160 x 210 mm, mensal, 128 p., preto e branco, brochada
Na banda desenhada – como em qualquer outra arte – variedade e diversidade é fundamental. Quanto mais não seja, para haver possibilidade de escolha, para poder definir gostos através da comparação.
Se só houvesse Dot & Dash, ou só Stuart, ou só Tintin, ou só J. Kendall, ou só Corto Maltese, ou só Iron Man, ou só humor, ou só acção, ou só aventura, ou só crítica social, ou só História, ou só manga, ou só super-heróis, ou só franco-belga, ou só autobiografia, seria impossível desfrutar em toda a plenitude de qualquer destas obras ou de qualquer destes géneros.
Porque, todos eles têm o seu lugar, o seu interesse, a sua importância: na formação de jovens leitores ou no seu acompanhamento ao longo do crescimento e amadurecimento, na diversificação da oferta ou na exploração de novas vias e tendências, na combinação de diferentes géneros e sensibilidades artísticas ou na adaptação de obras de outros meios de expressão à linguagem própria dos quadradinhos.
Por isso, quando nas minhas Melhores Leituras de um qualquer mês eu indico Tex e Jerry Spring e André Carrilho e Blacksad, não estou de forma alguma a dizer que todos os livros em questão me satisfizeram de igual forma ou me tocaram da mesma maneira. Apenas indico que todos eles me satisfizeram no momento da sua leitura, que todos eles corresponderam ou superaram as minhas expectativas. Até porque não tenho – não posso ter, ninguém pode – as mesmas expectativas para todas as obras. Mas, a diferentes níveis, todas podem satisfazer-me (ou não, também é verdade). Porque, em todas, há lugar para profissionalismo e para arte, para génio e para trabalho, para diversão e para reflexão. E para obras-primas, (também) em sentido absoluto, cuja leitura se recomenda – eu recomendo muitas vezes.
Por isso, neste espaço que preencho com as reflexões das minhas leituras, tenho procurado diversificar o leque de obras sugeridas, cumprindo, de algum modo – menos do que desejava – o propósito que estabeleci no início do ano.
Por isso, também, hoje, a minha proposta de leitura são os dois mais recentes (nas nossas bancas) números da Turma da Mônica Jovem.
Escolha que certamente levará muitos a torcer o nariz e a seguirem adiante. Perdendo, em minha opinião, a hipótese de desfrutarem de um produto (não, não é um termo pejorativo) bem feito e adequado aos propósitos que o seu autor previamente estabeleceu: educar, formar, divertir. O maior número de leitores que for possível.
Daí, o uso de personagens conhecidas e (muito) populares recriadas numa nova fase da sua vida, o estilo gráfico adequado aos gostos dos seus leitores potenciais, os adolescentes (o que não significa que não toque igualmente crianças e adultos), um tom ligeiro e leve (não displicente ou menor, até porque estão lá os ingredientes para fazer pensar) -, uma colagem consistente a temas actuais, o recurso a referências por todos (re)conhecidas. No caso vertente, o clássico de Lewis Carrol, “Alice no País das Maravilhas”, potenciado pela (então) próxima estreia do filme de Tim Burton… Que é abordado com uma boa exploração do universo original, mesclando-o com o universo da Turma da Mônica (e não só a Jovem), recorrendo ao humor (muitas vezes à custa da própria criação), à clareza dos diálogos e a um ritmo narrativo que se adequa às diferentes cenas, que são apanágio tradicional das obras de Maurício de Sousa. Um bom exemplo? As primeiras páginas do tomo #21, com o próprio Maurício a surgir, com o seu “lápis mágico”, ao lado da sua esposa Alice, que faz a ponte para a outra, a do País das Maravilhas, antes da Mônica assumir a personagem…
E mensalmente, em cada nova história escrita e desenhada, as personagens vão desenvolvendo as suas personalidades – mantendo muitas das características já conhecidas, recorrentemente evocadas, para aumentar a ligação com os leitores -, o novo universo vai sendo estruturado, relações e sentimentos vão sendo aprofundados.
E, o mínimo que pode ser escrito é que os objectivos traçados têm sido alcançados. Provam-no os resultados comerciais (que, sim, são – sempre - importantes), a forma agradável como estas histórias se apresentam, o prazer que a sua leitura pode proporcionar.
Como leitura exclusiva? Não, de forma alguma! Como leitura capaz de satisfazer integralmente um leitor exigente? Também não (embora a resposta possa ser sim, se pensada para situações específicas). Mas, sem dúvida, como MAIS uma leitura, capaz de agradar e dispor bem, e de permitir desfrutar, (também) a outros níveis, de outras leituras diferentes.
Estúdios Maurício de Sousa
Panini Comics (Brasil, Abril e Maio de 2010)
160 x 210 mm, mensal, 128 p., preto e branco, brochada
Na banda desenhada – como em qualquer outra arte – variedade e diversidade é fundamental. Quanto mais não seja, para haver possibilidade de escolha, para poder definir gostos através da comparação.
Se só houvesse Dot & Dash, ou só Stuart, ou só Tintin, ou só J. Kendall, ou só Corto Maltese, ou só Iron Man, ou só humor, ou só acção, ou só aventura, ou só crítica social, ou só História, ou só manga, ou só super-heróis, ou só franco-belga, ou só autobiografia, seria impossível desfrutar em toda a plenitude de qualquer destas obras ou de qualquer destes géneros.
Porque, todos eles têm o seu lugar, o seu interesse, a sua importância: na formação de jovens leitores ou no seu acompanhamento ao longo do crescimento e amadurecimento, na diversificação da oferta ou na exploração de novas vias e tendências, na combinação de diferentes géneros e sensibilidades artísticas ou na adaptação de obras de outros meios de expressão à linguagem própria dos quadradinhos.
Por isso, quando nas minhas Melhores Leituras de um qualquer mês eu indico Tex e Jerry Spring e André Carrilho e Blacksad, não estou de forma alguma a dizer que todos os livros em questão me satisfizeram de igual forma ou me tocaram da mesma maneira. Apenas indico que todos eles me satisfizeram no momento da sua leitura, que todos eles corresponderam ou superaram as minhas expectativas. Até porque não tenho – não posso ter, ninguém pode – as mesmas expectativas para todas as obras. Mas, a diferentes níveis, todas podem satisfazer-me (ou não, também é verdade). Porque, em todas, há lugar para profissionalismo e para arte, para génio e para trabalho, para diversão e para reflexão. E para obras-primas, (também) em sentido absoluto, cuja leitura se recomenda – eu recomendo muitas vezes.
Por isso, neste espaço que preencho com as reflexões das minhas leituras, tenho procurado diversificar o leque de obras sugeridas, cumprindo, de algum modo – menos do que desejava – o propósito que estabeleci no início do ano.
Por isso, também, hoje, a minha proposta de leitura são os dois mais recentes (nas nossas bancas) números da Turma da Mônica Jovem.
Escolha que certamente levará muitos a torcer o nariz e a seguirem adiante. Perdendo, em minha opinião, a hipótese de desfrutarem de um produto (não, não é um termo pejorativo) bem feito e adequado aos propósitos que o seu autor previamente estabeleceu: educar, formar, divertir. O maior número de leitores que for possível.
Daí, o uso de personagens conhecidas e (muito) populares recriadas numa nova fase da sua vida, o estilo gráfico adequado aos gostos dos seus leitores potenciais, os adolescentes (o que não significa que não toque igualmente crianças e adultos), um tom ligeiro e leve (não displicente ou menor, até porque estão lá os ingredientes para fazer pensar) -, uma colagem consistente a temas actuais, o recurso a referências por todos (re)conhecidas. No caso vertente, o clássico de Lewis Carrol, “Alice no País das Maravilhas”, potenciado pela (então) próxima estreia do filme de Tim Burton… Que é abordado com uma boa exploração do universo original, mesclando-o com o universo da Turma da Mônica (e não só a Jovem), recorrendo ao humor (muitas vezes à custa da própria criação), à clareza dos diálogos e a um ritmo narrativo que se adequa às diferentes cenas, que são apanágio tradicional das obras de Maurício de Sousa. Um bom exemplo? As primeiras páginas do tomo #21, com o próprio Maurício a surgir, com o seu “lápis mágico”, ao lado da sua esposa Alice, que faz a ponte para a outra, a do País das Maravilhas, antes da Mônica assumir a personagem…
E mensalmente, em cada nova história escrita e desenhada, as personagens vão desenvolvendo as suas personalidades – mantendo muitas das características já conhecidas, recorrentemente evocadas, para aumentar a ligação com os leitores -, o novo universo vai sendo estruturado, relações e sentimentos vão sendo aprofundados.
E, o mínimo que pode ser escrito é que os objectivos traçados têm sido alcançados. Provam-no os resultados comerciais (que, sim, são – sempre - importantes), a forma agradável como estas histórias se apresentam, o prazer que a sua leitura pode proporcionar.
Como leitura exclusiva? Não, de forma alguma! Como leitura capaz de satisfazer integralmente um leitor exigente? Também não (embora a resposta possa ser sim, se pensada para situações específicas). Mas, sem dúvida, como MAIS uma leitura, capaz de agradar e dispor bem, e de permitir desfrutar, (também) a outros níveis, de outras leituras diferentes.
Leituras relacionadas
Maurício de Sousa,
Panini,
Turma da Mônica Jovem
17/11/2010
Batman #88
Panini Brasil (Março de 2010)
170 x 260 mm, 10 4p., cor
mensal, comic-book
O grande salto pra dentro da escuridão
(Nightwing # 151)
Peter J. Tomasi (argumento)
Dough Manke e Shawn Moll (desenho)
Christian Alamy e Rodney Ramos (arte-final)
Hi-Fi (cor)
Inimigo especial
(Nightwing # 152)
Peter J. Tomasi (argumento)
Don Kramer (desenhos)
Jay Leisten (arte-final)
Hi-Fi (cores)
Ameaça final
(Catwoman # 80)
Will Pfeifer (argumento)
David López (desenho)
Álvaro López (arte-final)
Jeremy Cox (cor)
O que aconteceu com o Cavaleiro das Trevas?
(Batman # 686)
Neil Gaiman (argumento)
Andy Kubert (desenho)
Scott Willians (arte-final)
Alex Sinclair (cor)
1. Em revistas com várias histórias, haverá sempre melhores e piores e, para muitos, isso justificará sempre a não compra.
2. Na actualidade, com a certeza de que as melhores histórias acabarão por ser publicadas em formato integral, este é mais um argumento para não as comprar.
3. A facilidade de acesso ao material original, conjugado com o atraso (cerca de um ano) com que ele é publicado no Brasil, havendo a acrescentar-lhe ainda os 6 meses que demora a chegar a Portugal, serve de argumento final para alguns renitentes.
4. Posto isto, cabe perguntar: há então razões para comprar comics em brasileiro no nosso país? Pessoalmente, acredito que sim e, mesmo não sendo este o meu género de eleição (ou talvez por isso, dirão alguns…) confesso que sou cliente mensal de algumas revistas da Panini.
5. No caso concreto, a chamada de atenção deve-se a uma das quatro histórias publicadas neste Batman #88, actualmente nas nossas bancas.
6. Das restantes histórias, a título de parêntesis, chamo a atenção para o final da longa saga da Mulher-Gato contra os vilões Múltiplo e Gatuno, uma história de vingança bem escrita, com suspense e acção e servida pelo belo traço de David e Álvaro Lopez. As outras duas, protagonizadas pelo Asa Noturna, não ultrapassam a mediania, servindo de epílogo à narrativa que conduziu à morte do Batman.
7. E aqui, dentro deste parêntesis, cabe outro: a morte nos universos DC ou Mavel, vale o que vale. Quase nada (narrativamente falando) ou muito (se olhado de um ponto de vista comercial e mediático). Esta, embora de pouca duração, como já se sabe, não foi excepção, havendo – de certeza – outros candidatos a defuntos já a caminho.
8. Mesmo assim, o falecimento do Cavaleiro das Trevas serviu – pelo menos…! – para que o genial Neil Gaiman escrevesse uma bela e nostálgica banda desenhada (que logo no título evoca em simultâneo uma histórica mítica escrita para Alan Moore para o Super-Homem e (na versão brasileira...) a designação que Miller trouxe para o Homem-Morcego na celebrada mini-série “Batman, O Cavaleiro das Trevas”), em que o seu funeral é pretexto para reunir uma série de amigos, conhecidos, admiradores e adversários, todos unidos no lamento pelo sucedido. Uns, pela perda que sentem, outros por não terem sido eles a causá-la.
9. E é durante esse “evento social” que vários se levantam para contarem como o Batman realmente morreu… por sua causa.
10. A primeira, é Selina Kyle, a Mulher- Gato, com uma história de paixão recíproca mas não correspondida na sua dimensão total.
11. Depois, menos credível mas bem mais conseguida e surpreen-dente, o mordomo Alfred Penny-worth, revelando que toda (?) a existência do alter-ego de Bruce Wayne não passou de um enorme embuste.
12. Em ambos os casos, em histórias breves mas consistentes integradas num todo mais longo, Gaiman mostra a sua mestria na construção de uma narrativa invulgar – e, de forma fria, até pouco credível – que passo a passo surpreende e prende o leitor deixando-o suspenso da sua conclusão – no próximo mês, em Batman #89, para quem compra em Portugal.
13. Especialmente, porque o Batman que vai sendo mostrado sucessivamente, tem muito mais de humano e muito menos de mito e do ser (quase) demoníaco que aterrorizou criminosos ao longo de décadas.
14. O que também serve de contraponto a uma certa ambiência mística que perpassa pela história, pois ao longo das suas páginas, o que vai sucedendo é comentado em off pelo próprio Batman – surpreendido por aquilo a que assiste – e por uma mulher misteriosa cuja identidade não foi para já revelada.
15. O tom adoptado, se bem que perfeitamente ajustado a uma narrativa de super-heróis, está entre a homenagem e a nostalgia, com alguns apontamentos de humor que aliviam a tensão neste passeio por alguns dos momentos mais marcantes dos 75 anos que o universo DC já conta.
16. Ao lado de Gaiman, está outro “monstro” dos comics, Andy Kubert, mais uma vez com um trabalho notável, ajustando o traço a cada momento narrativo, que corresponde a momentos específicos e marcantes das várias Eras do Universo DC, quer na multiplicidade de trajes utilizados pelos intervenientes, quer nos estilos gráficos adoptados, quer na forma como vai retratando Gotham City, sem que o resultado final perca coerência ou homogeneidade.
17. Tudo isto obriga a várias releituras para se poder desfrutar das diversas referências (a momentos e a heróis, mas também a criadores e artistas) espalhadas por Gaiman e Kubert ao longo de um relato que – mesmo sem conhecer a sua conclusão – recomendo vivamente.
18. Referências finais para a bem conseguida ilustração da contracapa e para a inclusão de alguns esboços preparatórios de Kubert publicados no final da revista, algo raro a este nível.
170 x 260 mm, 10 4p., cor
mensal, comic-book
O grande salto pra dentro da escuridão
(Nightwing # 151)
Peter J. Tomasi (argumento)
Dough Manke e Shawn Moll (desenho)
Christian Alamy e Rodney Ramos (arte-final)
Hi-Fi (cor)
Inimigo especial
(Nightwing # 152)
Peter J. Tomasi (argumento)
Don Kramer (desenhos)
Jay Leisten (arte-final)
Hi-Fi (cores)
Ameaça final
(Catwoman # 80)
Will Pfeifer (argumento)
David López (desenho)
Álvaro López (arte-final)
Jeremy Cox (cor)
O que aconteceu com o Cavaleiro das Trevas?
(Batman # 686)
Neil Gaiman (argumento)
Andy Kubert (desenho)
Scott Willians (arte-final)
Alex Sinclair (cor)
1. Em revistas com várias histórias, haverá sempre melhores e piores e, para muitos, isso justificará sempre a não compra.
2. Na actualidade, com a certeza de que as melhores histórias acabarão por ser publicadas em formato integral, este é mais um argumento para não as comprar.
3. A facilidade de acesso ao material original, conjugado com o atraso (cerca de um ano) com que ele é publicado no Brasil, havendo a acrescentar-lhe ainda os 6 meses que demora a chegar a Portugal, serve de argumento final para alguns renitentes.
4. Posto isto, cabe perguntar: há então razões para comprar comics em brasileiro no nosso país? Pessoalmente, acredito que sim e, mesmo não sendo este o meu género de eleição (ou talvez por isso, dirão alguns…) confesso que sou cliente mensal de algumas revistas da Panini.
5. No caso concreto, a chamada de atenção deve-se a uma das quatro histórias publicadas neste Batman #88, actualmente nas nossas bancas.
6. Das restantes histórias, a título de parêntesis, chamo a atenção para o final da longa saga da Mulher-Gato contra os vilões Múltiplo e Gatuno, uma história de vingança bem escrita, com suspense e acção e servida pelo belo traço de David e Álvaro Lopez. As outras duas, protagonizadas pelo Asa Noturna, não ultrapassam a mediania, servindo de epílogo à narrativa que conduziu à morte do Batman.
7. E aqui, dentro deste parêntesis, cabe outro: a morte nos universos DC ou Mavel, vale o que vale. Quase nada (narrativamente falando) ou muito (se olhado de um ponto de vista comercial e mediático). Esta, embora de pouca duração, como já se sabe, não foi excepção, havendo – de certeza – outros candidatos a defuntos já a caminho.
8. Mesmo assim, o falecimento do Cavaleiro das Trevas serviu – pelo menos…! – para que o genial Neil Gaiman escrevesse uma bela e nostálgica banda desenhada (que logo no título evoca em simultâneo uma histórica mítica escrita para Alan Moore para o Super-Homem e (na versão brasileira...) a designação que Miller trouxe para o Homem-Morcego na celebrada mini-série “Batman, O Cavaleiro das Trevas”), em que o seu funeral é pretexto para reunir uma série de amigos, conhecidos, admiradores e adversários, todos unidos no lamento pelo sucedido. Uns, pela perda que sentem, outros por não terem sido eles a causá-la.
9. E é durante esse “evento social” que vários se levantam para contarem como o Batman realmente morreu… por sua causa.
10. A primeira, é Selina Kyle, a Mulher- Gato, com uma história de paixão recíproca mas não correspondida na sua dimensão total.
11. Depois, menos credível mas bem mais conseguida e surpreen-dente, o mordomo Alfred Penny-worth, revelando que toda (?) a existência do alter-ego de Bruce Wayne não passou de um enorme embuste.
12. Em ambos os casos, em histórias breves mas consistentes integradas num todo mais longo, Gaiman mostra a sua mestria na construção de uma narrativa invulgar – e, de forma fria, até pouco credível – que passo a passo surpreende e prende o leitor deixando-o suspenso da sua conclusão – no próximo mês, em Batman #89, para quem compra em Portugal.
13. Especialmente, porque o Batman que vai sendo mostrado sucessivamente, tem muito mais de humano e muito menos de mito e do ser (quase) demoníaco que aterrorizou criminosos ao longo de décadas.
14. O que também serve de contraponto a uma certa ambiência mística que perpassa pela história, pois ao longo das suas páginas, o que vai sucedendo é comentado em off pelo próprio Batman – surpreendido por aquilo a que assiste – e por uma mulher misteriosa cuja identidade não foi para já revelada.
15. O tom adoptado, se bem que perfeitamente ajustado a uma narrativa de super-heróis, está entre a homenagem e a nostalgia, com alguns apontamentos de humor que aliviam a tensão neste passeio por alguns dos momentos mais marcantes dos 75 anos que o universo DC já conta.
16. Ao lado de Gaiman, está outro “monstro” dos comics, Andy Kubert, mais uma vez com um trabalho notável, ajustando o traço a cada momento narrativo, que corresponde a momentos específicos e marcantes das várias Eras do Universo DC, quer na multiplicidade de trajes utilizados pelos intervenientes, quer nos estilos gráficos adoptados, quer na forma como vai retratando Gotham City, sem que o resultado final perca coerência ou homogeneidade.
17. Tudo isto obriga a várias releituras para se poder desfrutar das diversas referências (a momentos e a heróis, mas também a criadores e artistas) espalhadas por Gaiman e Kubert ao longo de um relato que – mesmo sem conhecer a sua conclusão – recomendo vivamente.
18. Referências finais para a bem conseguida ilustração da contracapa e para a inclusão de alguns esboços preparatórios de Kubert publicados no final da revista, algo raro a este nível.
16/11/2010
Falling Skies
Paul Tobin (argumento)
Juan Ferreyra (desenho)
Dark Horse Comics
“Falling Skies” é o título da série televisiva de ficção-científica produzida por Steven Spielberg que deverá estrear nos Estados Unidos em Julho de 2011.
Na base da história, escrita por Robert Rodat (“O Resgate do Soldado Ryan”), está uma invasão de extraterrestres que dizimou a maior parte da população mundial, centrando-se o enredo na luta pela sobrevivência dos sobreviventes, à cabeça dos quais está Tom Mason (interpretado por Noah Wyle, o dr. Carter de Serviço de Urgência) ao lado da terapeuta Anne Glass (Moon Bloodgood).
Entretanto, antecipando a estreia, o canal TNT e a editora de banda desenhada Dark Horse Comics estrearam a semana passada um webcomic baseado na série televisiva, estando já disponíveis as quatro primeiras pranchas que culminam com o protagonista face a face com um extraterrestre. Esta é a primeira vez que o aspecto dos invasores alienígenas é desvendado, uma vez que até agora eles apenas eram mostrados de relance no vídeo com o making of da série. Com argumento de Paul Tobin e desenhada em estilo realista por Juan Ferreyra, o webcomic será actualizado quinzenalmente. No mesmo site é possível conhecer melhor todo o projecto e assistir a uma entrevista com os autores sobre o desenvolvimento da versão em BD da futura série televisiva.
(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 14 de Novembro de 2010)
Juan Ferreyra (desenho)
Dark Horse Comics
“Falling Skies” é o título da série televisiva de ficção-científica produzida por Steven Spielberg que deverá estrear nos Estados Unidos em Julho de 2011.
Na base da história, escrita por Robert Rodat (“O Resgate do Soldado Ryan”), está uma invasão de extraterrestres que dizimou a maior parte da população mundial, centrando-se o enredo na luta pela sobrevivência dos sobreviventes, à cabeça dos quais está Tom Mason (interpretado por Noah Wyle, o dr. Carter de Serviço de Urgência) ao lado da terapeuta Anne Glass (Moon Bloodgood).
Entretanto, antecipando a estreia, o canal TNT e a editora de banda desenhada Dark Horse Comics estrearam a semana passada um webcomic baseado na série televisiva, estando já disponíveis as quatro primeiras pranchas que culminam com o protagonista face a face com um extraterrestre. Esta é a primeira vez que o aspecto dos invasores alienígenas é desvendado, uma vez que até agora eles apenas eram mostrados de relance no vídeo com o making of da série. Com argumento de Paul Tobin e desenhada em estilo realista por Juan Ferreyra, o webcomic será actualizado quinzenalmente. No mesmo site é possível conhecer melhor todo o projecto e assistir a uma entrevista com os autores sobre o desenvolvimento da versão em BD da futura série televisiva.
(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 14 de Novembro de 2010)
Leituras relacionadas
Dark Horse Comics,
Falling Skies,
Ferreyra,
Spielberg,
Tobin
15/11/2010
Batman & The Spirit #1
Jeph Loeb (argumento)
Darwyn Cooke (desenho)
J. Bone (arte-final)
Dave Stewrat (cores)
Panini Brasil (Brasil, Fevereiro de 2008)
170 x 260 mm, 48 p., cor, comic-book
Resumo
Enquanto os comissários Gordon e Dolan vão a uma convenção para polícias, Batman e The Spirit têm que unir esforços para derrotar um plano urdido pelos mais notórios adversários dos dois combatentes do crime.
Desenvolvimento
(Também) por culpa da minha formação aos quadradinhos, feita especialmente no “Mundo de Aventuras” (no início, e depois continuada de forma diversificada por títulos como “(À Suivre)” ou “Cimoc”, entre vários outros), geralmente vejo os heróis como pertença dos seus criadores, ficando reticente quando outros autores os assumem. Sei que há (boas) excepções a esta regra, mas normalmente as “sequelas” deste tipo ficam aquém das expectativas. Digo eu. (Também) por isso, possivelmente, o género de super-heróis nunca esteve nas minhas preferências, embora confesse um fraquinho (controlado!) pelo Demolidor, Homem-Aranha ou Batman (possivelmente por serem dos super-heróis menos “super-heróicos”).
Ainda no âmbito daquele primeiro pressuposto, para mim, alguns heróis são praticamente intocáveis. O genial The Spirit, do genial Will Eisner, é um deles.
Confesso, por tudo o que atrás fica escrito, que a notícia (de há alguns anos) de um crossover entre ele e Batman me deixou mais recesoso que curioso, embora o bichinho lá estivesse.
E agora, anos passados sobre a edição, que mereceu tantas críticas positivas quanto negativas, muito insultuosas e do mais elogioso, reconheço que Jeph Loeb e Darwyn Cooke se saíram bem da empreitada.
Graficamente próximo do estilo de Spirit – o de Batman é indefinido, em função de cada autor que o assume –, uma espécie de linha clara estilizada, nostálgica q.b., de traço largo e com bom uso de sombras, a obra é chamativa – cabendo uma boa quota-parte ao excelente trabalho de cor de Dave Stewart -, merecendo destaque a forma como Cooke uniformizou o estilo dos dois protagonistas, conseguindo inserir credivelmente Batman no “universo gráfico” do Spirit. A par disto, a planificação clássica mas diversificada marca o ritmo da narrativa, proporcionando uma leitura dinâmica e fluida e revelando mesmo alguns momentos memoráveis como a (falsa) splash page que “apresenta” o Spirit (preparada ao longo de duas pranchas) ou as belas e sensuais heroínas e, principalmente, vilãs.
Em termos de argumento, no entanto, a história também brilha, seguindo de perto o clima misto de mistério e ironia tradicional em Eisner. E é aqui que a maior parte das opiniões divergem, com muitos a defender que, mais do que a bela homenagem - que é -, esta foi uma oportunidade perdida para de alguma forma (re)definir as personagens em função de um espaço comum. Pessoalmente, acho que este foi o caminho correcto, pois outra via corria o risco de os descaracterizar, em especial ao Spirit.
A história começa com um encontro entre os comissários de Gotham e Central City, Gordon e Dolan, que recordam e se dispõem a contar um (desconhecido porque omitido) encontro entre os dois heróis mascarados. Com um belo achado: Spirit achar que Batman não passa de uma lenda urbana, duvidando a té final (e depois dele) da sua verdadeira identidade! Os diálogos que suportam a história, são bem escritos e contidos e servem de suporte ao bom humor que perpassa pelo relato.
O segredo mantido pelos dois comissários revelar-se-á fruto também das culpas no cartório dos dois veteranos, pois então ambos foram vítimas dos encantos de duas sedutoras, belas mas pouco recomendáveis, as estonteantes P’Gell e Cat Woman (que também farão das suas junto de Batman e Spirit).
Aliados a elas, envolvidos num plano maior que pretende eliminar os dois combatentes do crime, surgirão outros vilões como Cossaco, Mister Carrion e o seu inseparável abutre Julia, Pinguim, Enigma, Joker ou Arlequina, que assim ampliam e dão mais sentido ao tom de homenagem inerente a esta banda desenhada.
A partida dos dois polícias para o Havai, local da convenção, obriga Batman e Spirit a seguir no seu encalço – perdendo aqui a narrativa pela retirada dos heróis do seu habitat natural, os mais negros e sombrios becos urbanos -, pois descobrem que ela afinal não passa de uma artimanha dos vilões para os atrair. Multiplicam-se então as surpresas, os encontros, os recontros e as cenas de acção, até ao esperado mas surpreendente desenlace final, bem conseguido e à altura do restante relato, que conta com uma breve aparição do Superman e do qual os “bons” sairão vencedores - mas também ninguém esperava o contrário…
Chegado aqui, resta uma pergunta, em jeito de colagem a um popular anúncio: conseguíamos passar sem esta história? Sim, sem dúvida, mas não era a mesma coisa: tínhamos perdido uma bela homenagem e uma BD divertida e bem feita!
Darwyn Cooke (desenho)
J. Bone (arte-final)
Dave Stewrat (cores)
Panini Brasil (Brasil, Fevereiro de 2008)
170 x 260 mm, 48 p., cor, comic-book
Resumo
Enquanto os comissários Gordon e Dolan vão a uma convenção para polícias, Batman e The Spirit têm que unir esforços para derrotar um plano urdido pelos mais notórios adversários dos dois combatentes do crime.
Desenvolvimento
(Também) por culpa da minha formação aos quadradinhos, feita especialmente no “Mundo de Aventuras” (no início, e depois continuada de forma diversificada por títulos como “(À Suivre)” ou “Cimoc”, entre vários outros), geralmente vejo os heróis como pertença dos seus criadores, ficando reticente quando outros autores os assumem. Sei que há (boas) excepções a esta regra, mas normalmente as “sequelas” deste tipo ficam aquém das expectativas. Digo eu. (Também) por isso, possivelmente, o género de super-heróis nunca esteve nas minhas preferências, embora confesse um fraquinho (controlado!) pelo Demolidor, Homem-Aranha ou Batman (possivelmente por serem dos super-heróis menos “super-heróicos”).
Ainda no âmbito daquele primeiro pressuposto, para mim, alguns heróis são praticamente intocáveis. O genial The Spirit, do genial Will Eisner, é um deles.
Confesso, por tudo o que atrás fica escrito, que a notícia (de há alguns anos) de um crossover entre ele e Batman me deixou mais recesoso que curioso, embora o bichinho lá estivesse.
E agora, anos passados sobre a edição, que mereceu tantas críticas positivas quanto negativas, muito insultuosas e do mais elogioso, reconheço que Jeph Loeb e Darwyn Cooke se saíram bem da empreitada.
Graficamente próximo do estilo de Spirit – o de Batman é indefinido, em função de cada autor que o assume –, uma espécie de linha clara estilizada, nostálgica q.b., de traço largo e com bom uso de sombras, a obra é chamativa – cabendo uma boa quota-parte ao excelente trabalho de cor de Dave Stewart -, merecendo destaque a forma como Cooke uniformizou o estilo dos dois protagonistas, conseguindo inserir credivelmente Batman no “universo gráfico” do Spirit. A par disto, a planificação clássica mas diversificada marca o ritmo da narrativa, proporcionando uma leitura dinâmica e fluida e revelando mesmo alguns momentos memoráveis como a (falsa) splash page que “apresenta” o Spirit (preparada ao longo de duas pranchas) ou as belas e sensuais heroínas e, principalmente, vilãs.
Em termos de argumento, no entanto, a história também brilha, seguindo de perto o clima misto de mistério e ironia tradicional em Eisner. E é aqui que a maior parte das opiniões divergem, com muitos a defender que, mais do que a bela homenagem - que é -, esta foi uma oportunidade perdida para de alguma forma (re)definir as personagens em função de um espaço comum. Pessoalmente, acho que este foi o caminho correcto, pois outra via corria o risco de os descaracterizar, em especial ao Spirit.
A história começa com um encontro entre os comissários de Gotham e Central City, Gordon e Dolan, que recordam e se dispõem a contar um (desconhecido porque omitido) encontro entre os dois heróis mascarados. Com um belo achado: Spirit achar que Batman não passa de uma lenda urbana, duvidando a té final (e depois dele) da sua verdadeira identidade! Os diálogos que suportam a história, são bem escritos e contidos e servem de suporte ao bom humor que perpassa pelo relato.
O segredo mantido pelos dois comissários revelar-se-á fruto também das culpas no cartório dos dois veteranos, pois então ambos foram vítimas dos encantos de duas sedutoras, belas mas pouco recomendáveis, as estonteantes P’Gell e Cat Woman (que também farão das suas junto de Batman e Spirit).
Aliados a elas, envolvidos num plano maior que pretende eliminar os dois combatentes do crime, surgirão outros vilões como Cossaco, Mister Carrion e o seu inseparável abutre Julia, Pinguim, Enigma, Joker ou Arlequina, que assim ampliam e dão mais sentido ao tom de homenagem inerente a esta banda desenhada.
A partida dos dois polícias para o Havai, local da convenção, obriga Batman e Spirit a seguir no seu encalço – perdendo aqui a narrativa pela retirada dos heróis do seu habitat natural, os mais negros e sombrios becos urbanos -, pois descobrem que ela afinal não passa de uma artimanha dos vilões para os atrair. Multiplicam-se então as surpresas, os encontros, os recontros e as cenas de acção, até ao esperado mas surpreendente desenlace final, bem conseguido e à altura do restante relato, que conta com uma breve aparição do Superman e do qual os “bons” sairão vencedores - mas também ninguém esperava o contrário…
Chegado aqui, resta uma pergunta, em jeito de colagem a um popular anúncio: conseguíamos passar sem esta história? Sim, sem dúvida, mas não era a mesma coisa: tínhamos perdido uma bela homenagem e uma BD divertida e bem feita!
14/11/2010
Stuart – A Rua e o Riso
João Paulo Cotrim
Assírio & Alvim e El Corte Inglés (Portugal, Junho de 2006)
232 x 295 mm, 272 p., pb/cor, cartonado
Há artistas – deixem-me chamá-los assim para poder abarcar todas as artes – que são intemporais.
Sobre os quais, por mais que se escreva, fale, exponha, fica sempre muito por escrever, falar, expor. Artistas, cuja(s) obra(s) falam por si, que dias, anos, séculos passados continuam actais e estimulantes.
Stuart Carvalhais é um deles. Quer seja encarado (admirado) como autor de banda desenhada, caricaturista, retratista, pintor, cartoonista, ilustrador…
Neste livro, João Paulo Cotrim apresenta-o, de forma breve, espalhando pistas, deixando sugestões, entreabrindo para a sua obra janelas diversas que cabe a nós explorar, seguir, escancarar, espreitando, saltando através delas para os desenhos, capas, páginas, pranchas que o artista nos deixou. Em livros, jornais e revistas. A preto e branco (muitas vezes) ou a cores. A pincel, caneta, carvão ou palito de fósforo(!). De Quim e Manecas às belas e sensuais mulheres, dos miseráveis da vida à vida dos miseráveis, dele próprio e doutras personalidades de então à Morte, ceifeira que todos ceifou.
Acreditem que vale a pena. Hoje como quando as produziu. Amanhã como em qualquer outra data no futuro.
Para ler e reler. Para ver e rever.
Assírio & Alvim e El Corte Inglés (Portugal, Junho de 2006)
232 x 295 mm, 272 p., pb/cor, cartonado
Há artistas – deixem-me chamá-los assim para poder abarcar todas as artes – que são intemporais.
Sobre os quais, por mais que se escreva, fale, exponha, fica sempre muito por escrever, falar, expor. Artistas, cuja(s) obra(s) falam por si, que dias, anos, séculos passados continuam actais e estimulantes.
Stuart Carvalhais é um deles. Quer seja encarado (admirado) como autor de banda desenhada, caricaturista, retratista, pintor, cartoonista, ilustrador…
Neste livro, João Paulo Cotrim apresenta-o, de forma breve, espalhando pistas, deixando sugestões, entreabrindo para a sua obra janelas diversas que cabe a nós explorar, seguir, escancarar, espreitando, saltando através delas para os desenhos, capas, páginas, pranchas que o artista nos deixou. Em livros, jornais e revistas. A preto e branco (muitas vezes) ou a cores. A pincel, caneta, carvão ou palito de fósforo(!). De Quim e Manecas às belas e sensuais mulheres, dos miseráveis da vida à vida dos miseráveis, dele próprio e doutras personalidades de então à Morte, ceifeira que todos ceifou.
Acreditem que vale a pena. Hoje como quando as produziu. Amanhã como em qualquer outra data no futuro.
Para ler e reler. Para ver e rever.
Leituras relacionadas
Assírio e Alvim,
Cotrim,
El Corte Inglés,
Stuart Carvalhais
13/11/2010
O Sonho do João: A Visita de D. Manuel I a Castro Verde - Lançamento
Miguel Rego e Joaquim Rosa (argumento)
Joaquim Rosa, Sara Paulino e Rafael Afonso (desenho e cor)
Câmara Municipal de Castro Verde (Portugal, Outubro de 2010)
230 x 315 mm, 28 p., cor, agrafado
Notícia
O livro de banda desenhada “O Sonho do João, editado pela Câmara Municipal de Castro Verde, no âmbito das Comemorações dos 500 anos da Doação dos Forais a Castro Verde e Casével pelo rei D. Manuel I, vai ser apresentado hoje no Centro de Convívio de S. Marcos da Ataboeira. No mesmo local está patente uma exposição relacionada com esta obra.
Este é um projecto elaborado em colaboração com a Escola Secundária local, tendo argumento de Miguel Rego e ilustrações de Joaquim Rosa, Sara Paulino e Rafael Afonso, respectivamente docente e alunos daquele estabelecimento de ensino.
Resumo
A história, ficcionada, conta as aventuras do João e dos seus amigos Salomão e Ahmed, aquando dos preparativos da festa de entrega dos forais de Castro Verde e Casével, documentos que são roubados por um grupo de malfeitores que eles têm que descobrir para os recuperar.
Desenvolvimento
Mais um projecto apoiado por uma autarquia, este O Sonho do João, apesar de algumas limitações devidas ao “amadorismo” dos autores – e não interpretem mal o termo, que apenas indica falta de prática na prática (!) da banda desenhada – consegue surpreender.
Por um lado, porque está bem escrito, sem o habitual (noutros casos similares) recurso excessivo a textos de apoio, com a narrativa, embora simples e linear, a desenvolver-se de forma cadenciada e sem quebras.
Graficamente, é verdade que o traço utilizado, embora sendo equilibrado quanto à representação da figura humana e com algum dinamismo, revela várias insuficiências e alguma inconstância qualitativa – perfeitamente aceitáveis e compreensíveis face à tal falta de experiência. Mas que de certa forma é compensada por um agradável trabalho de colorização e de aplicação de sombras e pela planificação diversificada, o que também é devido à utilização de pontos de vista diversificados, alguns dos quais bem conseguidos, como é o caso do picado aqui reproduzido.
Joaquim Rosa, Sara Paulino e Rafael Afonso (desenho e cor)
Câmara Municipal de Castro Verde (Portugal, Outubro de 2010)
230 x 315 mm, 28 p., cor, agrafado
Notícia
O livro de banda desenhada “O Sonho do João, editado pela Câmara Municipal de Castro Verde, no âmbito das Comemorações dos 500 anos da Doação dos Forais a Castro Verde e Casével pelo rei D. Manuel I, vai ser apresentado hoje no Centro de Convívio de S. Marcos da Ataboeira. No mesmo local está patente uma exposição relacionada com esta obra.
Este é um projecto elaborado em colaboração com a Escola Secundária local, tendo argumento de Miguel Rego e ilustrações de Joaquim Rosa, Sara Paulino e Rafael Afonso, respectivamente docente e alunos daquele estabelecimento de ensino.
Resumo
A história, ficcionada, conta as aventuras do João e dos seus amigos Salomão e Ahmed, aquando dos preparativos da festa de entrega dos forais de Castro Verde e Casével, documentos que são roubados por um grupo de malfeitores que eles têm que descobrir para os recuperar.
Desenvolvimento
Mais um projecto apoiado por uma autarquia, este O Sonho do João, apesar de algumas limitações devidas ao “amadorismo” dos autores – e não interpretem mal o termo, que apenas indica falta de prática na prática (!) da banda desenhada – consegue surpreender.
Por um lado, porque está bem escrito, sem o habitual (noutros casos similares) recurso excessivo a textos de apoio, com a narrativa, embora simples e linear, a desenvolver-se de forma cadenciada e sem quebras.
Graficamente, é verdade que o traço utilizado, embora sendo equilibrado quanto à representação da figura humana e com algum dinamismo, revela várias insuficiências e alguma inconstância qualitativa – perfeitamente aceitáveis e compreensíveis face à tal falta de experiência. Mas que de certa forma é compensada por um agradável trabalho de colorização e de aplicação de sombras e pela planificação diversificada, o que também é devido à utilização de pontos de vista diversificados, alguns dos quais bem conseguidos, como é o caso do picado aqui reproduzido.
Leituras relacionadas
Castro Verde,
Fora das Livrarias,
Joaquim Rosa,
Miguel Rego,
Rafael Afonso,
Sara Paulino
12/11/2010
Eternus 9 – A Cidade dos Espelhos – Lançamento e venda de originais
Amanhã, sábado, a partir das 15 horas, tem lugar na livraria Artes & Letras, no Largo Trindade Coelho, 3, ao Chiado, em Lisboa, o lançamento do álbum Eternus 9 – A Cidade dos Espelhos (Gradiva), com a presença do autor Victor Mesquita.
Na ocasião, para além da apresentação da obra e de uma sessão de autógrafos, haverá também oportunidade para adquirir os originais do álbum, que têm “preços acessíveis a todas as bolsas e oferecem um leque que vai desde os 40 aos 400 Euros, com algumas excepções de valor mais elevado. É imensa a variedade, uma vez que as páginas na sua maioria foram executadas em desenhos separados. Como muitos deles estão parcialmente finalizados, dado que lhes falta o trabalho de computador, não deixa de ser curioso para o leitor/comprador compará-los à finalização patente no álbum impresso”, explicou o autor.
No final de 2008, Victor Mesquita anunciava que em “A Cidade dos Espelhos, um portal caleidoscópico atravessará um mundo cujo coração nuclear será Lisboa, sempre Lisboa, no caso de Eternus Olissipólis. Uma Lisboa ainda reconhecível depois da Guerra Nuclear que avassaladoramente transfigurou a face do planeta. A placa tectónica deslocada por efeito de subdecução ao longo do rio Tejo, fragmentaria a Lisboa de hoje até quase não se poder reconhecê-la. Mas estão lá as referências que a distinguem, o espírito de lugar que a possui”. E acrescen-tava: “Esta era uma conti-nuação do Eternus prevista desde que ele nasceu. Sempre vi o primeiro álbum como o ovo a partir do qual nasceria uma sequela de nove títulos, os quais se encontram já traçados em termos de título e contexto. Não previa era que este segundo evoluísse como evoluiu, a história, que me surpreende a cada passo. Ela já está concebida mas está sempre a mexer. Tornou-se um organismo com vida própria. Eu diria que seria a matéria do contexto, as premissas implícitas no ovo, que me conduziram ao longo dos anos para o trabalho actual. Chego a pensar que, de certo modo, esta espera tinha de ser como foi, longa e dolorosa, com dificuldades e súbitas ausências. Até a esperança ter desaparecido. Temos de acreditar que o Destino no fundo somos nós que o fazemos, para o bem e para o mal, e para isso é necessário insistir, resistir, escalar. Deixar de ter esperança, como dizia Alberto Camus. Não podemos estar dependentes de agentes exteriores que nos ofereçam as coisas de bandeja”.
E agora, dois anos passados, Victor Mesquita afirma não estar ainda “suficientemente distanciado para poder falar sobre o álbum” finalizado. Além disso, também não quer “influenciar os leitores, prefiro antes, nesta fase de renascimento e regresso ao mercado, que sejam eles a dizer o que pensam. Dentro em breve poderão manifestar-se através do correio electrónico mencionado na contra-capa do álbum (super9galaxia@gmail.com) e também consultar o site referido (www.victormesquita.com).
De qualquer forma, avança que “ao longo da construção de A cidade (a sua parteno-génese, prefiro antes dizer), se foi impondo a resultante que aí temos. Previa-se que o álbum não ultrapassasse o número de páginas acordado em contrato, 58, e como vemos atingiu as 97 por imposição do seu próprio renascimento. Com o acordo da editora, claro está. Penso que de algum modo a coisa responde por si”.
Sobre “Eternus 9 – Cidadela 6”, anunciado na contracapa deste volume, o desenhador adianta que “enquanto os dois primeiros volumes respiram de uma certa serenidade contextual, dado tratarem ainda aspectos seminais, na Cidadela 6 encontramos, pelo que me segredou Vick Meskal, um universo de grande violência e denúncia dos aspectos mais crus que se vivem nas sociedades de hoje. A Cidadela 6 ajuda a definir o que leva o homem a tomar posições extremas entre si, as monstruosidades que secretamente o poder esconde, o que produz tanto ódio e afasta o ser da unidade original. A Cidadela 6 fecha o primeiro ciclo de Eternus 9 de uma forma surpreendente. Onde se constata que até os santos são humanos e como tal muitas vezes saem dos limites da santidade. Será um álbum muito agitado e do cariz filosófico do primeiro. Com uma nova linguagem em termos estéticos. Uma bomba, disse-me Vick Meskal ao ouvido. Talvez o fim da própria série. A sua ren9vação dependerá dos leitores. Eternus é seu, pai, mãe, irmão, amigo, parteira. Sem o leitor Eternus não existia. Se o seu amor não for correspondido pela família de leitores, afastar-se-á definitivamente para longe. Talvez dessa vez se perca para sempre no vazio do Universo”.
E quando o poderemos ler? “Depende da editora. Até agora ainda não assinámos contrato. Não quero criar falsas expectativas nos leitores. Habituei-me a saber esperar. Trinta anos dão algum calo, não é? Se lerem Lao Tsé compreenderão por que o digo. Mas penso que tudo irá correr bem. Não vejo razões para contrariar a ideia de que a “A Cidadela 6” não esteja presente pelo menos na Feira do Livro de 2012, dado que começa a ser tarde para acreditar no seu lançamento pelo Natal de 2011”.
Na ocasião, para além da apresentação da obra e de uma sessão de autógrafos, haverá também oportunidade para adquirir os originais do álbum, que têm “preços acessíveis a todas as bolsas e oferecem um leque que vai desde os 40 aos 400 Euros, com algumas excepções de valor mais elevado. É imensa a variedade, uma vez que as páginas na sua maioria foram executadas em desenhos separados. Como muitos deles estão parcialmente finalizados, dado que lhes falta o trabalho de computador, não deixa de ser curioso para o leitor/comprador compará-los à finalização patente no álbum impresso”, explicou o autor.
No final de 2008, Victor Mesquita anunciava que em “A Cidade dos Espelhos, um portal caleidoscópico atravessará um mundo cujo coração nuclear será Lisboa, sempre Lisboa, no caso de Eternus Olissipólis. Uma Lisboa ainda reconhecível depois da Guerra Nuclear que avassaladoramente transfigurou a face do planeta. A placa tectónica deslocada por efeito de subdecução ao longo do rio Tejo, fragmentaria a Lisboa de hoje até quase não se poder reconhecê-la. Mas estão lá as referências que a distinguem, o espírito de lugar que a possui”. E acrescen-tava: “Esta era uma conti-nuação do Eternus prevista desde que ele nasceu. Sempre vi o primeiro álbum como o ovo a partir do qual nasceria uma sequela de nove títulos, os quais se encontram já traçados em termos de título e contexto. Não previa era que este segundo evoluísse como evoluiu, a história, que me surpreende a cada passo. Ela já está concebida mas está sempre a mexer. Tornou-se um organismo com vida própria. Eu diria que seria a matéria do contexto, as premissas implícitas no ovo, que me conduziram ao longo dos anos para o trabalho actual. Chego a pensar que, de certo modo, esta espera tinha de ser como foi, longa e dolorosa, com dificuldades e súbitas ausências. Até a esperança ter desaparecido. Temos de acreditar que o Destino no fundo somos nós que o fazemos, para o bem e para o mal, e para isso é necessário insistir, resistir, escalar. Deixar de ter esperança, como dizia Alberto Camus. Não podemos estar dependentes de agentes exteriores que nos ofereçam as coisas de bandeja”.
E agora, dois anos passados, Victor Mesquita afirma não estar ainda “suficientemente distanciado para poder falar sobre o álbum” finalizado. Além disso, também não quer “influenciar os leitores, prefiro antes, nesta fase de renascimento e regresso ao mercado, que sejam eles a dizer o que pensam. Dentro em breve poderão manifestar-se através do correio electrónico mencionado na contra-capa do álbum (super9galaxia@gmail.com) e também consultar o site referido (www.victormesquita.com).
De qualquer forma, avança que “ao longo da construção de A cidade (a sua parteno-génese, prefiro antes dizer), se foi impondo a resultante que aí temos. Previa-se que o álbum não ultrapassasse o número de páginas acordado em contrato, 58, e como vemos atingiu as 97 por imposição do seu próprio renascimento. Com o acordo da editora, claro está. Penso que de algum modo a coisa responde por si”.
Sobre “Eternus 9 – Cidadela 6”, anunciado na contracapa deste volume, o desenhador adianta que “enquanto os dois primeiros volumes respiram de uma certa serenidade contextual, dado tratarem ainda aspectos seminais, na Cidadela 6 encontramos, pelo que me segredou Vick Meskal, um universo de grande violência e denúncia dos aspectos mais crus que se vivem nas sociedades de hoje. A Cidadela 6 ajuda a definir o que leva o homem a tomar posições extremas entre si, as monstruosidades que secretamente o poder esconde, o que produz tanto ódio e afasta o ser da unidade original. A Cidadela 6 fecha o primeiro ciclo de Eternus 9 de uma forma surpreendente. Onde se constata que até os santos são humanos e como tal muitas vezes saem dos limites da santidade. Será um álbum muito agitado e do cariz filosófico do primeiro. Com uma nova linguagem em termos estéticos. Uma bomba, disse-me Vick Meskal ao ouvido. Talvez o fim da própria série. A sua ren9vação dependerá dos leitores. Eternus é seu, pai, mãe, irmão, amigo, parteira. Sem o leitor Eternus não existia. Se o seu amor não for correspondido pela família de leitores, afastar-se-á definitivamente para longe. Talvez dessa vez se perca para sempre no vazio do Universo”.
E quando o poderemos ler? “Depende da editora. Até agora ainda não assinámos contrato. Não quero criar falsas expectativas nos leitores. Habituei-me a saber esperar. Trinta anos dão algum calo, não é? Se lerem Lao Tsé compreenderão por que o digo. Mas penso que tudo irá correr bem. Não vejo razões para contrariar a ideia de que a “A Cidadela 6” não esteja presente pelo menos na Feira do Livro de 2012, dado que começa a ser tarde para acreditar no seu lançamento pelo Natal de 2011”.
(Nota: obrigado ao Bongop pelo empréstimo involuntário da fotografia de Victor Mesquita, "pirateada" no seu blog, Leituras de BD)
Leituras relacionadas
Eternus 9,
Gradiva,
Lançamento,
Victor Mesquita
11/11/2010
Tintin #4 – Os Charutos do Faraó
Hergé (argumento e desenho)
Edições ASA (Portugal, Setembro de 2010)
160 x 220 mm, 142 p., cor, cartonado
4 (ou talvez mais...) +1 Razões para ler este álbum
1. A longa sequência inicial (até à página 32!), plena de movimento, acção, perseguições, mistério, suspense e humor! A mestria de Hergé no seu melhor no que à legibilidade e sequência narrativa diz respeito.
2. Duas sequências notáveis que fazem parte do melhor que Hergé fez em Tintin:
2a. O percurso no túmulo do faraó Kih-Oskh (pp.7-9), no qual Tintin descobre o seu próprio sarcófago e tem uma horrível alucinação provocada pela droga que o fazem inalar. Uma (curta e inesperada) mas autêntica sequência de terror!
2b. A bem construída cena da reunião da sociedade secreta (pp. 53-56) pelo elevado suspense criado e pela forma simples mas brilhante como é resolvida.
3. Pelas três cenas invulgares e de todo inesperadas no Tintin (sóbrio e mais adulto) que (mais tarde) nos habituámos a (re)conhecer (e a admirar):
3a. Tintin a “falar” com os elefantes (pp. 34-37);
3b. O artificio utilizado pelo herói para saltar o muro do hospício (p. 46);
3c. A forma como o repórter domina o tigre que ataca o marajá de Rawhajpoutalah (p. 51).
4. Porque, apesar de algumas derivações, esta é a primeira aventura de Tintin que segue uma linha condutora sólida e bem desenvolvida, desde o início até ao final.
+1. Já o escrevi aqui: qualquer razão é válida e boa para ler um álbum de Tintin.
Edições ASA (Portugal, Setembro de 2010)
160 x 220 mm, 142 p., cor, cartonado
4 (ou talvez mais...) +1 Razões para ler este álbum
1. A longa sequência inicial (até à página 32!), plena de movimento, acção, perseguições, mistério, suspense e humor! A mestria de Hergé no seu melhor no que à legibilidade e sequência narrativa diz respeito.
2. Duas sequências notáveis que fazem parte do melhor que Hergé fez em Tintin:
2a. O percurso no túmulo do faraó Kih-Oskh (pp.7-9), no qual Tintin descobre o seu próprio sarcófago e tem uma horrível alucinação provocada pela droga que o fazem inalar. Uma (curta e inesperada) mas autêntica sequência de terror!
2b. A bem construída cena da reunião da sociedade secreta (pp. 53-56) pelo elevado suspense criado e pela forma simples mas brilhante como é resolvida.
3. Pelas três cenas invulgares e de todo inesperadas no Tintin (sóbrio e mais adulto) que (mais tarde) nos habituámos a (re)conhecer (e a admirar):
3a. Tintin a “falar” com os elefantes (pp. 34-37);
3b. O artificio utilizado pelo herói para saltar o muro do hospício (p. 46);
3c. A forma como o repórter domina o tigre que ataca o marajá de Rawhajpoutalah (p. 51).
4. Porque, apesar de algumas derivações, esta é a primeira aventura de Tintin que segue uma linha condutora sólida e bem desenvolvida, desde o início até ao final.
+1. Já o escrevi aqui: qualquer razão é válida e boa para ler um álbum de Tintin.
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