20/05/2013

Furia #1: Mis guerras perdidas







  

Colección 100 % MAX
Garth Ennis (argumento)
Goran Parlov (desenho)
Lee Loughridge (cores)
Panini Comics
Espanha, Março de 2013
170 x 260 mm, 144 p., cor, brochada com badanas
12,00 €



Resumo
Este volume compila os comic-books Fury Max #1 a #6, originalmente publicados nos Estados Unidos.

Desenvolvimento
Este é um livro sobre guerras.
Sobre algumas guerras que os EUA perderam – directamente ou por interpostos aliados - no último meio século: Indochina, Vietname, Cuba…
Guerras em que Nick Fury, herói da II Guerra Mundial – “com uma bala na cabeça desde 1944”, que “não morre nem sequer envelhece muito” – participa, de forma mais ou menos intensa.
É Nick Fury - talvez como chamativo para os leitores de super-heróis – mas poderia ser uma qualquer outra personagem – anónima até – porque ele pouco mais é do que um peão nos combates que os interesses políticos, financeiros, ideológicos ou geoestratégicos alimentam.
Porque nas guerras aqui abordadas – sejamos francos, em qualquer guerra – em que os amigos de ontem podem ser os opositores de hoje – com as armas que nós fornecemos - em que aqueles contra quem disparamos há alguns dias, disparam agora ao nosso lado, há sempre muitos interesses – e interesseiros – que se sobrepõem ao lado humano.
Narrativa de tom crítico, com um olhar acusador sobre políticos e militares – embora mais pudesse ser esperado de Garth Ennis… - surpreende também – os habituais leitores Marvel, não os consumidores de BD franco-belga – pelo tom mais adulto, pelas liberdades gráficas que revelam mulheres nuas, cenas quentes, feridos e estropiados, que o traço realista – embora nem sempre equilibrado – de Parlov realça.
Ennis, que revela aqui uma certa paixão pelo relato de guerra, constrói uma narrativa dura, equilibrando cenas de combate com a espionagem que se desenrola em oculto e a violência bélica pura e simples com um certo tom de zombaria habitual neste argumentista, num relato pleno de tons cinzentos e zonas de sombra, pois muito é dúbio e relativo, entre memórias, velhas glórias, realidades deturpadas e relações fingidas, sendo deixada ao leitor margem suficiente para (re)interpretar o que lê.
 
A reter
- O surpreendente tom adulto do conjunto, para quem procure uma narrativa Marvel mais tradicional, mas que é apanágio do selo Max.
- Algumas das capas originais, graficamente interessantes e diferentes no contexto editorial em que surgem…

Menos conseguido
- … embora não tenha sido muito feliz a escolha feita para esta compilação.
- Alguns desequilíbrios do traço de Parlov.
- O recurso a “Nick Fury”, de certa forma retirado do seu contexto habitual, como chamariz para a obra.



19/05/2013

Paradoxa: projecto em crowdfunding









Paradoxa é um mundo alternativo. Uma realidade alternativa. Animalia paradoxa é um termo assim baptizado para descrever aqueles animais aos quais Lineus não fora capaz de incluir numa das suas classificações do reino animal. A fénix, a hidra e por aí em diante. Rapidamente descartou essa classificação, a classificação do inclassificável. Aqui retomamo-la.

Pandora é uma mulher que algures na sua vida se fundiu com um gato, contra sua vontade, o assimilou ao seu estômago. Esse gato é membro de uma organização secreta denominada iLeus votada a descobrir traços de pura humanidade no universo, algo raro, pois a miscigenação entre o ser humano e o ser animal é elevada.
Mas ficamos aí no que toca a Hicks (deve ser lido como um soluço) o gato. 
A história, este primeiro volume, descreve a vida de P. (Pandora) e o mito de criação original deste universo, segundo consta terá sido criado por dois deuses, o deus Para e o deus Doxa. Paradoxa é um evento, um evento que: esporadicamente; e inexplicavelmente leva à fusão dos seres, animais e humanos.

(Texto da responsabilidade dos autores)

Este projecto de BD portuguesa, da autoria de Tiago Pimentel e Ricardo Rosado, cuja evolução pode ser acompanhada aqui está em Fase de auto-financiamento através do sistema de crowdfunding, cujas condições podem ser consultadas aqui.



Os Escudos da Lusitânia







A Verbos e Letras e o Grupo Entropia têm o prazer de vos apresentar Os Escudos da Lusitânia, a nova revista de Banda Desenhada Portuguesa e não só, centrada no universo de fantasia com o mesmo nome.

Uma iniciativa que pretende promover o gosto e os hábitos de leitura entre todos, de modo a trazer mais leitores à Banda Desenhada. Pretende também juntar à BD expressões tão diversas como a literatura, a ilustração e os jogos de Role Playing Game e Estratégia, de modo a envolver todos os aventureiros que vagueiam pela Lusitânia de hoje.
Os Escudos da Lusitânia é um conjunto de aventuras que vai deixar toda a gente a suplicar por mais. Esqueçam tudo o que possam ter aprendido nas aulas de História, pois esta não é a Lusitânia que todos pensam ter existido. Esta é a Lusitânia de um mundo em que magia e seres fantásticos são comuns. Situada na Ibérria, uma grande península do continente Eural, a Leukitânea (nome como os Lusos daquela altura designavam a sua terra) está à beira de uma guerra que poderá atingir dimensões gigantescas. Invadida por demónios e seus lacaios, à Leukitânea só restam os seus heróis. Homens, Elfos e Anões. Guerreiros destemidos, capazes de dar a vida para defender os seus povos.
Lançaremos já no próximo dia 8 de Junho o nº 0 da revista. Este nº 0 conta com a participação de Adelina Menaia, Ana Saúde, Bruno Ma, Claudino Monteiro, João Amaral, João Figueiredo, João Raz, Paulo Marques e Ricardo Correia. Esperamos que a revista vos dê, ao lê-la, o mesmo prazer que nos deu a produzi-la. Muito obrigado a todos os que, desde sempre, duma ou doutra forma, contribuíram para o nascimento d’Os Escudos da Lusitânia.

Pela equipa d’Os Escudos da Lusitânia
João Figueiredo e Adelina Menaia – Editores

(Texto da responsabilidade dos editores)

18/05/2013

Fred Funcken (1921-2013)








A BD franco-belga perdeu o autor Fred Funcken, contava 82 anos.


Natural de Verviers, na Bélgica, iniciou o seu percurso nos quadradinhos aos 18 anos, na revista “Spirou”, tendo ao longo de meio século passado por muitos dos títulos emblemáticos da BD francófona, com realce para a revista Tintin, onde entrou em 1952 e de que viria a tornar-se um dos pilares.
Com um traço realista, preciso e rigoroso, colaborou com alguns dos grandes autores do seu tempo (Jacobs, Macherot, Duval…) e deu vida a criações pessoais, episódios históricos e adaptações literárias.
Argumentista e desenhador, deixa como marcas maiores “Le chevalier Blanc”, uma série medieval, um dos seus temas de eleição, “Harald le vicking” ou o western “Jack Diamond”, merecendo especial destaque os 17 tomos ilustrados que dedicou aos uniformes e armas através dos séculos. E, também, centenas de histórias curtas, parte das quais encomendadas para preencher falhas de outros autores, dada a rapidez com que elaborava as suas obras, muitas delas criadas em parceria com a sua esposa, Liliane.
Em Portugal, é possível encontrar obras suas em especial nas páginas do “Cavaleiro Andante” (“O Cavaleiro Branco”, "Harald, o vicking", “O Conde de Monte Cristo”,“Cid, o campeador”…) e do “Mundo de Aventuras” (que publicou alguns dos episódios de Jack Diamond), tendo sido igualmente publicado em “O Falcão”, “Zorro”, "Tintin" e “Pisca-Pisca”.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 18 de Maio de 2013)


17/05/2013

Para tudo se acabar na quarta-feira













Octavio Aragão (argumento)
Manoel Ricardo (desenho)
Editora Draco
Brasil, 2011
170 x 260 mm, 64 p., cor, brochado com badanas
R$ 24,90 (papel)/R$ 9,90 (e-book)


A ancoragem na sua própria realidade é um dos aspectos que admiro na actual BD moderna brasileira – e permitam-me agrupar genericamente assim uma série de projectos heterogéneos, diversificados e estimulantes que nos últimos anos têm sido editados no Brasil.
Uma ancoragem feita em termos geográficos, temáticos e culturais, que, a diferentes níveis, nos proporcionou obras como “O Cabra”, “daytripper”, "Aú, o capoeirista" ou “Morro da Favela”, para referir apenas algumas entradas relativamente recentes aqui em As Leituras do Pedro.
Este caminho é o mesmo que foi defendido há muitos anos atrás como única forma de a BD portuguesa conseguir concorrer com as traduções de histórias aos quadradinhos de outras proveniências, por alguns dos autores hoje “veteranos” da BD portuguesa, embora raramente em moldes capazes de conquistar leitores, devido ao classicismo das abordagens feitas, na temática histórica e na adaptação de obras literárias – algo que alguns brasileiros também têm vindo a fazer; e bem.
Porque, se uma aposta deste género potencia, à partida, a adesão dos leitores que mais facilmente se identificam com a obra através dos locais da acção ou das referências presentes no relato, só atingirá os objectivos necessários – garantir as vendas que sustentem a publicação – se a ele aliarem a qualidade gráfica e narrativa (minimamente) indispensável.

“Para tudo se acabar na quarta-feira” é mais um exemplo do que atrás ficou exposto – sem que isso implique qualquer comparação ou juízo de valor relativamente às outras obras citadas - apesar de ser uma história de ficção-científica, passada num universo alternativo, onde existe uma polícia que tenta controlar os muitos mundos que os autores de quadradinhos desenvolvem e evitar as interacções entre eles.
A história de Octavio Aragão, ambientada no Rio de Janeiro, com confrontos entre bandos como pedra basilar, em pleno Carnaval – com o desfile das escolas de samba a assumir um papel fulcral na história – para além de toda a originalidade explora – bem – uma temática que sempre foi sugestiva para mim: as viagens temporais e as consequências, no presente e no futuro, das alterações provocadas no passado.
Bem escrita, fluída, com personagens bem definidas, credíveis e bem estruturadas, depois de prender a atenção do leitor, consegue transportá-lo para o universo ficcional desenvolvido e levá-lo mesmo a torcer por um final que será completamente subvertido para grande surpresa de quem lê.
Graficamente, Manoel Ricardo, apesar de em alguns pormenores aqui e ali denotar alguma inexperiência, apresenta um traço legível e expressivo que sustenta bem a narrativa, demonstrando especial apetência pelas cenas de acção, a que imprime um ritmo e uma dinâmica assinaláveis.
Como nota final, fica a informação de que “Para tudo se acabar na quarta-feira” está disponível em papel e também em e-book.


Paulo Monteiro editado em França


(informação da editora em francês)

O álbum português: O amor infinito que te tenho e outras histórias

16/05/2013

Leituras nas Bancas - Maio









DC Comics em Maio


(Panini Comics)

A Sombra do Batman #3 


Batman #3


Lanterna Verde #3

Liga da Justiça #3 


Superman #3

Universo DC #3

Marvel em Maio


(Panini Comics)

Avante Vingadores #56

Homem-Aranha #129

Esta revista inclui uma história desenhada pelo português Nuno Plati



Os Novos Vingadores #104

Wolverine #93

Universo Marvel #27

X-Men #129

Turma da Mônica em Maio


(Panini Comics)

Almanaque da Mônica #36 


Almanaque do Cascão #36

 Almanaque do Cebolinha #36

Almanaque do Penadinho #12 


As Melhores Histórias do Pelezinho #1 


Cascão #71

 Cascão Jovem Especial em Cores #1 


Cebolinha #71 


Chico Bento #71 


Colecção Histórica Turma da Mônica #32 


Grande Almanaque Turma da Mônica #12 


Magali #71 


Mônica #71

 Mónica y su Pandilla - Turma da Mónica em Espanhol #20

Monica’s Gang - Turma da Mónica em Inglês #20

Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #71 


Turma da Mónica – Saiba mais #62 – Madre Teresa de Calcutá 


Turma da Mônica – Uma aventura no parque #71

Turma da Mônica Jovem #53

15/05/2013

Lucky Luke: Calamity Jane











René Goscinny (argumento)
Morris (desenho)
ASA/Público
Portugal, 15 de Maio de 2013
215 x 285 mm, 48 p., cor, brochado com badanas
4,95 €



Se, como muitos, teria muitas outras séries e/ou colecções a sugerir – e que preferia, de longe - para serem editadas pelo jornal Público e a ASA, penso que esta segunda colecção de Lucky Luke foi uma boa escolha. Porque, convém que a minoria que compra regularmente BD se lembre, estas colecções não são só para eles, mas tentam também chegar – e chegam com certeza, senão as suas vendas não as sustentariam - a um público mais genérico.
Sob este ponto de vista, a reedição de um excelente lote de títulos clássicos de Lucky Luke – do melhor que a série tem – há muito esgotados entre nós, com a benesse de um preço muito convidativo (em tempo de crise), só pode ser louvada.


Posto isto, deixo uma breve análise a “Calamity Jane”, que encerra com chave de ouro esta colecção. Se em Lucky Luke, as mulheres em papéis com algum protagonismo são uma raridade, este álbum é uma digna excepção, mesmo que dificilmente se reconheça Calamity Jane (aliás  Martha Jane Cannary) como uma boa representante do sexo dito belo e frágil. Porque, reconheça-se, ela não é uma coisa nem outra.
Figura lendária do oeste – cuja lenda, ao que parece, ela própria alimentou como neste álbum é reforçado – Calamity Jane – que a BD já tratou de outras formas – serve a Goscinny para explorar em tom mordaz as diferenças entre sexos e os estereótipos geralmente ligados ao feminino, num tempo e num meio onde imperavam a violência, a falta de cortesia e mesmo de respeito.
O banho de Lucky Luke, as experiências culinárias, a hipocrisia das beatas, o episódio do professor de etiqueta ou o chá com a nata da sociedade feminina, são mais uma série de momentos irresistíveis, numa história em que se chega a ter pena dos facínoras que o cowboy que dispara mais rápido do que a própria sombra desta vez enfrenta.

Nota final: (Re)li “Calamity Jane” na edição da Meribérica/Líber de 1989, e foi de lá que extraí as imagens que ilustram este texto.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...