Vários autores
Goody
Portugal, Agosto de 2013
135 x 190 mm, 512 p., cor, cartonada, trimestral
4,90 €
Pré-história
Li BD Disney na minha infância - terão sido mesmo as
primeiras bandas desenhadas que li? – e foram leituras que me acompanharam
regularmente até ao final da minha adolescência.
Depois disso, os regressos às histórias aos quadradinhos de
Mickey – o meu preferido – Pateta, Donald, Peninha, Patinhas e companhia foram
esporádicos e maioritariamente balizados pelas obras dos grandes mestres como
Carl Barks, Floyd Gottfredson ou Don Rosa.
Desde há 9 meses
No regresso da BD Disney às bancas portuguesas, após meia
dúzia de anos de ausência, reencontrei esses quadradinhos, primeiro pela
curiosidade de quem lê banda desenhada (diversificada), depois para acompanhar
os meus filhos – então com 7 e 10 anos - que foram “agarrados” pelos
quadradinhos de patos e ratos.
Desde logo, senti – negativamente – algumas diferenças
fundamentais relativamente às imagens que a minha memória tinha guardado: um
traço mais dinâmico e moderno - mas também mais cansativo e, por vezes, menos
legível -, a sensação de que muitas das histórias acabavam “a meio”, o
predomínio de um desagradável (para mim!) politicamente correcto, que limitava
o humor e fazia de polícias e bandidos bons amigos (quase apenas) com opções
diferentes, a descaracterização de algumas personagens – Mickey ( o meu
preferido…) é um dos casos mais gritantes – e a introdução ou o aumento de protagonismo de outras – Batista à
cabeça, mas também Indiana Pateta, Brigite, Donald menino… – que pouco
acrescentaram de interessante.
O que não quer dizer que tudo seja negativo nos actuais
quadradinhos Disney (italianos), que na Comix ou na Hiper repetidas vezes me
divertiram, me possibilitaram reencontros com o Super Pato, Super Pateta,
Mancha Negra ou Peninha, que me fizeram voltar a ler autores que há décadas lia
e onde gostaria de destacar as duas (surpreendentes) histórias mudas publicadas na Comix.
Hoje
Há poucas semanas, o anúncio da mais recente edição da Goody,
a Disney BIG #1, com “As melhores histórias de sempre”, prometia consolidar
esse regresso ao passado.
Começando por referir o objecto em si, não há dúvida que
apresenta uma óptima relação quantidade/preço, ficando cada prancha por menos
de 1 cêntimo!
Positiva, também, é a inclusão no índice do nome dos autores e da data de publicação original e de estreia portuguesa (quando é caso disso) de cada história.
No entanto, penso que uma edição assim merecia ser maior em tamanho
que as outras edições Goody e ter uma capa mais consistente; acredito também que
se justificava a inclusão de capas interiores a separar as diversas secções temáticas
em que a revista se encontra dividida.
Feita a leitura, se reconheço sem dificuldade que esta é a
melhor edição Disney que a Goody fez até ao momento, confesso que soube a pouco. Ou, pelo menos, que não correspondeu à água que me criou na boca...
Desde logo pelo (largo) capítulo protagonizado pelo Batista, que pouco me diz,
também pela presença do Indiana Pateta mas, principalmente pelas omissões. Porque,
há “patos a mais” - Donald e/ou Patinhas protagonizam 17 das 19 histórias… - em
oposição a nenhum (verdadeiro) Mickey.
Depois, relatos (mesmo, mesmo) longos, há apenas um (e pouco
interessante). Se Cimino, Scarpa, De Vita ou Cavazzano estão nestas páginas,
faltam os outros, os não italianos (norte-americanos, outros europeus,
brasileiros) como Barks, Rosa, Murry, Taliaferro, Gottfredson…
E havendo 7 narrativas
anteriores a 1980, também se encontram 11 das décadas de 1990 e 2000…
É verdade que a Goody (pelo menos teoricamente) é alheia a
esta selecção – o que se deve questionar, pois os leitores italianos e
portugueses terão (digo eu) preferências diferentes - pois a edição segue de
muito perto a Disney BIG #22 italiana (como refere Nuno Pereira de Sousa no seu
texto “Disney BIG: grande no tamanho ou no conteúdo?”, cuja leitura (complementar
desta) aconselho.
Futuro
Seguindo esta ordem de ideias, dando uma olhadela no
conteúdo da Disney BIG italiana seguinte, a #23 – que corresponderá
sensivelmente à Disney BIG #2 portuguesa? - a verdade é que se o protagonismo
está mais dividido e há uma secção dedicada a aventuras históricas do Pateta, temo
que ainda não será dessa que veremos realmente - de novo em português – “as
melhores histórias Disney de sempre”…