Viagem ao tempo da ditadura
1510.
Uma expedição portuguesa comandada por Afonso de Albuquerque,
conquista Goa, o mais importante porto comercial da região.
1961.
40 mil soldados indianos invadem Goa, recuperando o pequeno estado
para a União Indiana. O punhado de soldados portugueses presentes no
local pouca resistência opôs, contrariando as ordens expressas de
Salazar. Portugal só reconheceu a perda do território após o 25 de
Abril de 1974.
Poucas
vezes explorada pela BD nacional, a guerra colonial nos diferentes
territórios é, no entanto, matéria-prima muito rica para
abordagens distintas de um período com o qual o país ainda parece
ter dificuldade em lidar.
Diferença
Na
sua origem os Tex
Gigante
(da Mythos Editora),
réplicas
dos
Texone
(da Sergio Bonelli Editore - SBE) eram (geralmente) destinados a
desenhadores fora do universo de Tex - e mesmo dos outros universos
Bonelli. Foi por isso que por eles passarem nomes como Bernet,
Buzzelli, Kubert ou Magnus.
Se
em tempos mais recentes isto nem sempre tem acontecido,
com os Texone
entregues
aos nomes maiores da casa,
não há dúvida que A
Vingança de Doc Holliday também
se destaca pela diferença. Mas uma diferença diferente, se me
permitem escrever assim: é a primeira história do ranger desenhada
por uma mulher - Laura Zuccheri, que muitos identificarão como uma
das mais profícuas desenhadoras de Julia
e
que, a propósito, estará presente na 7.ª Mostra do Clube Tex
Portugal, em Anadia, nos próximos dias 30 de Abril e 1 de Maio.
Alicerces
Pode
um mercado assentar apenas na edição de obras-primas?
Por
muito que custe ou que custe a entender, a resposta é não. Um
mercado - seja qual for a sua dimensão - funciona como uma pirâmide
em que as obras-primas - como as obras alternativas - são
sustentadas pelas edições 'grande público' e pelas obras de
'dimensão média'. Ou seja, por aquele tipo de bandas desenhadas -
de humor, aventura.... - que,
para além dos leitores regulares do género, são capazes de
satisfazer os leitores ocasionais.
Sendo
que tudo o que atrás fica escrito - como o que vem a seguir - está
sempre dependente dos gostos relativos de cada leitor e, globalmente,
dos do tal 'mercado', é por isso que, entre nós, actualmente,
predomina um certo tipo de banda desenhada chamado genericamente de
'aventuras'. Com pontos a favor e contra, séries como Mercenário, Guardião, Duke, Thorgal,
Tango...
têm
o seu lugar, são fundamentais até na estruturação de vendas e de
conquista de lugar nas livrarias
e, enquanto séries, beneficiam do efeito de 'arrastamento' que cada
novo volume provoca.
Este
Nevada,
é o exemplo mais recente.
Acção e intriga sob a égide do
Vaticano
Durante
anos, também pelas vicissitudes de um mercado pequeno, os leitores
portugueses de BD temiam apostar em novas séries, pois estas ficavam
muitas vezes a meio. Nos anos recentes, este paradigma mudou e são
muitas as colecções em publicação regular ou já terminadas. O
Guardião - Agente Secreto do Vaticano é o exemplo mais recente,
com os seus cinco volumes já editados em português pela Gradiva - e
num prazo temporal agradavelmente curto, sensivelmente dois anos.
Banda
desenhada clássica de aventuras, apresenta alguns matizes
singulares, o primeiro dos quais o facto do protagonista integrar um
grupo de elite de homens de acção, criado no interior do Vaticano e
conhecido de poucos. A protecção dos segredos da Cúria romana e a
intervenção em qualquer lugar do mundo sempre que a situação o
exige, são a sua tarefa.