09/11/2009

As Leituras dos Heróis – Mágico Vento e Poe

(segundo Gianfranco Manfredi*)

Pergunta - Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas de Mágico Vento?
Resposta – Mágico Vento leria bandas desenhadas pré-histórias, isto é, pinturas rupestres.
Pergunta – E Poe?
Resposta - Poe lê de tudo, a começar por Edgar Allan Poe, obviamente. Se pudesse ler uma BD contemporânea, acho que “Jonah Hex” lhe agradaria, mas seguramente não perderia por nada os contos de Poe adaptados em banda desenhada por Battaglia.

* Com a preciosa intermediação de José Carlos Pereira Francisco

06/11/2009

As Leituras dos Heróis – Zagor e Chico

(segundo a humilde opinião de Moreno Burattini *)

Pergunta - Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas de Zagor?

Resposta – Se Zagor lesse BD, obviamente leria “Tarzan” e “Fantasma”.

Pergunta – E Chico?


Resposta - Chico leria o “Pato Donald” e “Mortadelo e Filemão”.

* Com a preciosa intermediação de José Carlos Pereira Francisco

BD para ver – Amadora BD 2009, o fim

O Amadora BD 2009 chega ao fim no próximo domingo, numa altura que já se sabe que a edição de 2010 terá por tema “O Centenário da República”.Para os que deixaram para o fim a oportunidade (a não perder) de uma visita ao Fórum Luís de Camões, fiquem a saber que por lá poderão encontrar autores como Batem (desenhador do Marsupilami), Cristina Dias, David Lloyd, (desenhador de V for Vendetta), David Soares, Filipe Andrade, François Schuiten e Benoit Peeters (só no domingo), Gisela Martins, Hugo Teixeira, Javier Isusi, João Mascarenhas, José Garcês, José Ruy, Manuela Cardoso, Mário Freitas, Matthias Lehmann, Nuno Duarte, Osvaldo Medina, Pedro Leitão, Ricardo Cabral, Rita Marques, Rui Lacas, Zbigniew Kasprzak e Grazyna Kasprzak (dois dos surpreendentes autores polacos cuja obra está exposta no festival).

As Leituras dos Heróis – Pitanga

(Segundo Arlindo Fagundes)

Pergunta - Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas do Pitanga?

Resposta – A longevidade média dos heróis de BD obriga, de facto, a admitir que qualquer deles possa vir a tropeçar no relato de uma das suas aventuras. Mas qualquer inventor de heróis que tenha presente o caso do D. Quixote não deixará de se sentir convidado a evitar esse encontro.
Conhecendo o Pitanga, como conheço, estou certo de que ele iria negar tudo o que corre por aí a seu respeito. E eu gostava de não estar por perto nesse momento. Já me basta ter de ouvir o que dizem os outros. Preferia vê-lo a ler "Patinhas"!
Em todo o caso, aqui te deixo uma inconfidência que me chegou aos ouvidos: parece que na escolha das bêdês, como em tantas coisas da vida, o Pitanga se deixa guiar cegamente pelo seu amigo Armando!

Nota: a vinheta - até hoje inédita - que termina este post pertence a “O Colega de Sevilha", a história que marcará o regresso de Pitanga, depois de “La Chavalita” e “A Rapariga do Poço da Morte”, de que Arlindo Fagundes já desenhou 33 das 52 pranchas previstas.

Sky Hawk

Jirô Taniguchi (argumento e desenho)
Casterman/Sakka (França, Outubro de 2009)
150 x 210 mm, 288 p., cor e pb, brochado
com sobrecapa


Resumo
Dois samurais japoneses – Hikosaburô e Manzô – exilados nos EUA após a restauração de Meij (1868) vivem da caça no território dos índios Crow.
Um dia, um acaso faz com que cruzem o caminho de Running Deer, uma índia que acaba de dar à luz e que é perseguida pelos brancos que a escravizaram.
Após alguns confrontos e uma longa fuga, os dois samurais juntam-se aos guerreiros oglagla, chefiados por Crazy Horse, que admiram as suas peculiares técnicas de combate corpo a corpo – ju-jitsu – e as suas estranhas armas – arco e flechas.
Juntos, irão participar na batalha do Little Big Horn, uma das mais célebres que opôs brancos e índios, e contribuirão para que os peles-vermelhas de Crazy Horse, Sitting Bull e outros grandes chefes, consigam vencer (e matar) o famoso General Custer.

Desenvolvimento
Taniguchi, a quem nos habituámos a ver como talentoso cronista de histórias quotidianas, em meio citadino, humanas e de uma enorme sensibilidade, surge aqui como encenador de um imenso western, em que transpôs (mais uma vez) para os quadradinhos um confronto épico entre brancos e índios (que conforme a sensibilidade de quem conta, alternam os papéis de bons e maus). Com Taniguchi, outra coisa não seria de esperar que serem os índios a lutar pela causa justa, a defesa das suas tradições e dos seus territórios sagrados e seculares, frente ao invasor branco movido pela ganância do ouro.
Um sinal de que esta incursão (surpreendente) por uma temática tão diferente não impediu Tanguchi de salientar princípios e temáticas que lhe são caros: o valor da vida humana, as relações entre eles, a harmonia com a natureza, o que torna Sky Hawk um western envolvente e fascinante, no qual a batalha ocupa apenas umas poucas páginas finais, enquanto que na maioria delas disserta sobre relações humanas e a proximidade do homem com a natureza. E nos mostra como formas de ser aparentemente distantes – o bushido japonês e o código de honra dos índios – podem afinal ter tantos pontos de contacto.
O retrato que Taniguchi traça dos grandes espaços selvagens do Velho Oeste e da forma de vida dos índios é cativante e, por vezes, até entusiasmado, embora perca pela reduzida dimensão da edição

A reter
- A forma como a história evolui, permitindo à ficção acompanhar a realidade histórica.
- O tratamento gráfico dado por Taniguchi à obra, com o seu traço fino, detalhado, vivo, expressivo, que é dinâmico quando a acção o exige, ou mais contemplativo quando a narrativa precisa de respirar.

Menos conseguido
- Se é verdade que o preto e ranço de Taniguchi é excelente, a amostra de aplicação da cor, patente nas 3 primeiras pranchas do livro, permite sonhar como seria belo o livro, se todas tivessem recebido igual tratamento.

Curiosidade
- Segundo Taniguchi, terão sido os japoneses os responsáveis pela introdução do arco e flecha junto dos peles-vermelhas.
- Um western spaghetti aos quadradinhos, narrado por um mangaka japonês é, sem dúvida, mais um sinal da globalização… e possivelmente um exemplo dos caminhos que a BD trilhará – já trilha…? - num futuro não muito distante.

05/11/2009

As Leituras dos Heróis – Jérôme Macherot

(Segundo François Boucq) Pergunta: Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas de Jerôme Macherot?
Resposta –Tarzan, BD de aventura, Blueberry, Gaston Lagaffe, Philémon (de Fred), Mort Cinder (de Breccia)…

Sugestão de Leitura – O Gato do Simon

Simon Tofield (argumento e desenho)
Objectiva (Portugal, Outubro de 2009)
210 x 164 mm, 240 p., pb, brochado com badanas

Ainda não cheguei a meio, mas confesso-me rendido ao Gato do Simon Tofield, um misto de gato de carne e osso com (o inevitável) Garfield (ou não fossem ambos felinos).
São divertidos cartoons e sequências desenhadas, num registo que vai oscilando entre o humor negro, o nonsense, a ternura e o completamente inesperado, que narram as aventuras e desventuras de um anárquico e conflituosos gato doméstico sempre faminto, que inferniza a vida ao dono e aos seres vivos (humanos ou não) que o rodeiam e tenta a todo o custo que o anão de pedra do jardim o ajude a pescar peixes, apanhar ratos ou algum dos muitos pássaros que esvoaçam em seu redor.

04/11/2009

As Leituras dos Heróis – David, de “BRK”

(Segundo Filipe Pina)

Pergunta: Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas do David?

Resposta – Sendo um gajo que tem a mania que é fixe, que tem a mania que está numa fase de mudança, tinha que ser uma cena tipo Homem-Aranha, com aquele género de humor e as suas dúvidas todas. Mas o David não é do tipo de ler BD.

Astérix 50 anos – Superman

Não, não vou falar do inenarrável “O Céu cai-lhe em cima da cabeça”, mas, ainda na ressaca dos 50 anos de Astérix, apenas quero chamar a atenção para o de todo improvável encontro entre o pequeno guerreiro gaulês com Superman, que teve lugar na revista “Action Comics” #579, na história “Prisioners of Time”, numa homenagem de Keith Giffen y J.M.Lofficier, que pode ser lida integralmente aqui.

03/11/2009

As Leituras dos Heróis – Lucky Luke

(Segundo Achdé)

Pergunta - Se lesse banda desenhada quais seriam as preferidas de Lucky Luke?


Resposta – Leria as suas próprias aventuras que o fariam rir muito! Também seria leitor dos clássicos humorísticos dos primórdios da imprensa norte-americana. E gostaria de se divertir com Astérix.
Mas teriam que ser todas bandas desenhadas com temática pré-western, senão não perceberia nada!

02/11/2009

As Leituras dos Heróis – Turma da Mónica

(Segundo Maurício de Sousa)

Pergunta - Se lessem banda desenhada quais seriam as preferidas da Mónica, Cebolinha, Cascão e Magali?


Resposta – Pergunte-lhe a ela! Nalgumas coisas não sabemos o que os nossos filhos preferem. E geralmente surpreendem-nos muito! Eu não sei que quadrinhos gostam de ler as minhas filhas Mónica e Magali. Isso tem a ver com o temperamento de cada uma.
A Mónica de papel de certeza ia gostar de bandas desenhadas de aventura e romance; ele é muito romântica. A Magali não, preferiria histórias alegres. Quanto aos meninos, o Cascão ia gostar de BD de aventuras e o Cebolinha de policiais.

Mas todos iam gostar da Turma da Mónica Jovem, sem dúvida. Tem sido uma curtição generalizada no Brasil e também em Portugal. Não conheço criança que não curta a sua leitura. É um produto de meia-idade, que agrada dos 7 aos 16 anos!

A Metrópole Feérica

Terra Incógnita – Vol. 1
José Carlos Fernandes (argumento)
Luís Henriques (desenhos)
Tinta da China (Portugal, Outubro de 20089
210 x 300mm, 88 p., cor, brochado com badanas


Esta é mais um série imaginada por José Carlos Fernandes, que a define como “histórias curtas surreais, que têm em comum cidades ou lugares imaginários”. Imaginários, sim; impossíveis mesmo, quase todos, mas muito próximos da nossa realidade ou de realidades que já conhecemos.
Nelas, JCF expõe alguns dos seus temas recorrentes, explorando à exaustão pressupostos absurdos tornados incomodamente possíveis ou exagerando tiques de modelos governativos totalitários, que provocam sorrisos, mas também fazem pensar até que ponto o controle do indivíduo não pode tornar-se uma obsessão perigosa, num tempo em que a tecnologia existente torna tão fácil ser escrutinado cada instante do nosso quotidiano…
O traço de Luís Henriques, como que dotado de capacidades camaleónicas, metamorfoseia-se de acordo com cada narrativa, em nuances de grafismo, textura, luz e cor, numas realista, noutras quase abstracto, aqui pormenorizado, ali apenas esquemático, às vezes combinando todas aquelas características, outras surpreendendo pela ruptura total com o que fez nas páginas anteriores.
Como no conto final, belo exemplo de planificação apurada, que revisita a bíblica Torre de Babel, explicando o seu falhanço à luz de questões bem portuguesas (oportunismo dos empreiteiros, mão-de-obra (estrangeira) não qualificada, incumprimento dos prazos…) para finalizar com um inesperado volte-face, que faz jus ao humor sarcástico e mordaz de JCF e nos obriga a (re)pensar.

(Versão revista do texto publicado originalmente a 17 de Janeiro de 2009, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

Novo Colaborador

Se esta aventura (aos quadradinhos) do blog As Leituras do Pedro, que conta ainda poucos meses, tem sido estimulante – em especial pelos comentários que vai fazendo quem me lê, mesmo que muitas vezes não os escreva aqui... - e um desafio que me tem ajudado a sistematizar a minha escrita, deixa-me muitas vezes penalizado pela falta de tempo para aprofundar uma ou outra recensão ou para postar mais textos por aqui.
Por isso, compartilho convosco a surpreendente sugestão que me foi feita por Nico Demo, por intermédio de Maurício de Sousa, no passado sábado no Amadora BD 2009:Só não sei se hei-de agradecer a ajuda ou recear as consequências dela, tendo em conta o carácter de Nico Demo…

Prometo voltar a ele muito em breve.
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