João José
André Batista, mais conhecido como JOBAT entre os apreciadores de banda
desenhada portuguesa, faleceu no passado fim-de-semana, contava 77 anos.
Natural de
Loulé, onde nasceu a 18 de Dezembro de 1935, frequentou o curso de
Desenhador-Litógrafo na Escola de Artes Decorativas António Arroio em Lisboa.
Grande
parte da sua carreira, iniciada aos 18 anos, foi passada na Agência Portuguesa
de Revistas, onde desempenhou funções de paginador, legendador, ilustrador e
retocador de revistas de BD, tendo feito ilustrações para muitas das
publicações da época.
Neste
período, em termos de banda desenhada, destacam-se as histórias “Ulisses”
(publicada no Condor Popular”, em 1956, e reeditada nos Cadernos MouraBD, em
2005), “A Conquista de Santarém” (Colecção Audácia), e "O Voto de Afonso
Domingues" e "Luís Vilar" (“Mundo de Aventuras, 1958).
Na década
de 1960 foi responsável por diversas colecções de cromos para a APR, tendo-se
dedicado igualmente ao desenho de capas e à ilustração de livros.
Quando
Roussado Pinto lançou o “Jornal de Cuto”, em 1971, JOABT foi um dos seus
colaboradores desde o número inicial, ilustrando contos e poemas e assumindo
mesmo a chefia da redacção, já em 1973.
“A Vida
Apaixonada e Apaixonante de Camões”, um argumento de Michel Gérac publicado no
Diário Popular, em 1972, e editado em álbum em França, diversas narrativas de
temática bélica ambientadas na II Guerra Mundial, para a editora britânica
Fleetway, e "25 de Abril: Requiem para uma Ditadura", de
novo no Diário Popular, em 1975, que ficou incompleta, são outras bandas
desenhadas significativas no conjunto da sua obra.
A partir de
meados da década de 1970, dedicou-se à cerâmica decorativa e às artes gráficas,
bem como ao ensino de Educação Visual.
Há cerca de
uma década criou no semanário “O Louletano” a rubrica “9.ª Arte - Memórias
da Banda Desenhada” (que o blog Kuentro2 tem vindo a recuperar) onde reeditou algumas das suas bandas desenhadas e passou
ao papel uma série de memórias sobre o tempo que passou na Agência Portuguesa
de Revistas, que constituem um contributo importante para a história da BD
portuguesa que está por escrever.
Imagens retiradas do Kuentro2
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de
1 de Abril de 2013)