Adolescente
Aproveitando
a acalmia editorial que costuma caracterizar o início de cada ano em
Portugal, fui tentando diminuir a pilha de leituras atrasadas, onde 'encontrei' este
Através do espelho, que confirmou as expectativas que tinha: uma leitura consistente e
bem disposta, de tom adolescente/jovem,
mas a justificar bem o investimento.
O
autor catalão Miguel Ángel Gallardo Paredes faleceu ontem, vítima
de cancro. Criador de Makoki, foi um dos expoentes da banda desenhada
underground espanhola e figura marcante na sua revolução nos anos
1980.
...em
2021 foi As
Leituras do Pedro,
na óptica do júri dos prémios Vinhetas
d'Ouro,
instituídos pelo blog Vinheta
2020.
Sei
que costumo escrever que os
prémios têm o valor que lhes queremos dar,
mas considero este importante por
três razões, que explano de seguida.
Tempo
e rigor
O
tempo passa a correr. Entre a compra do último álbum (português)
que faltava na minha colecção, a leitura 'integral' das histórias
cá publicadas e a satisfação do desejo de conhecer mais aventuras
de Yoko Tsuno, a
engenheira electrotécnica nipónica, passou mais de ano e meio, sem
que de tal me apercebesse realmente.
Adequadamente,
este integral tem por título: À
la poursuite du temps...
Documento
precioso
É
da História: a 3 de Setembro de 1931, o Le
Petit Vingtième,
suplemento do diário belga Le
Vingtième Siècle, iniciava
a publicação de Les
Aventures de Tintin, reporter, en Amérique,
que, em álbum, acabaria por se chamar apenas Tintin
en Amérique.
Menos
de seis anos volvidos, a 16 de Abril de 1936, Tintin era publicado
pela primeira vez fora dos países francófonos, na revista
portuguesa O
Papagaio,
a partir do seu número 53. Intitulado Aventuras
de Tim-Tim na América do Norte,
era também a primeira publicação a cores de Tintin em todo o
mundo.
Essa
versão, com o colorido da responsabilidade da redacção da
publicação lusa e cheia de atropelos editoriais, está agora
compilada numa edição que é um documento precioso na
historiografia da banda desenhada portuguesa, europeia e tintinófila.
Tempo
para respirar
Um
dos problemas que afectam muitas adaptações em banda desenhada de
obras literárias, é a falta de espaço para a história respirar.
Quer pelo excesso de texto (original) nas vinhetas, que leva ao
atrofiamento do desenho, quer pela falta de páginas para desenvolver
convenientemente o relato.
No
Início Eram Dez,
mais um volume da colecção Agatha
Christie que
a
Arte de Autor está
a editar de forma regular e continuada, é um bom exemplo de como as
coisas devem funcionar.
Contrariar um título revelador
Uma obra com
um título revelador, como é o caso desta - Matei
o meu pai e foi estranho
- tem tudo para deixar o leitor desconfiado e até desmotivado por
conhecer antecipadamente o final. Para mais, quando a
informação em causa é confirmada logo nas primeiras páginas.
Tendo
arriscado tanto, resta ao autor conseguir criar um relato
suficientemente estimulante e, ainda assim, capaz de surpreender o
leitor. André Diniz, brasileiro de 46 anos, a residir no nosso país
há alguns anos, consegue fazê-lo.
Solidez
Com o
renascimento do western
a
ser hoje uma realidade, Lonesome
é
mais uma proposta interessante
no nosso mercado,
que traz consigo a apresentação aos leitores portugueses de Yves
Swolfs, um nome de créditos firmados no género, graças a Durango,
uma série já com 18 volumes.