Mesmo
sendo a banda desenhada uma arte com uma componente gráfica
predominante, sempre fui muito mais um leitor de argumentistas do que
desenhadores. Defendo,
aliás, que um bom desenhador vende um álbum; um bom argumentista
vende uma série completa.
Uma
das formas de credibilizar a ficção, é baseá-la em factos reais
para,
a partir deles
construir a ficção.
Por
mais incrível -
ou ousada - que
ela possa ser,
aparecerá
aos olhos dos leitores com uma aura de realidade, que os empurrará a
embarcarem
melhor na
proposta dos autores. É
isso que acontece com Primordial,
a mais recente proposta em português de Jeff Lemire, autor
cuja
importância no catálogo da G. Floy continua a crescer.
Pele
de Homem,
na edição nacional de A Seita, deixou-me curioso quanto a
outras
criações dos
seus
autores, Hubert e Zanzim. A
descoberta - e leitura! - de La Isla de las
Mujeres permitiu
que satisfizesse alguma dessa curiosidade.
Um
bom western deve ser
grandioso e Undertaker sem
dúvida é. Acredito
que sabem o que estou a
escrever e que ninguém passou ao lado dos dois volumes que a Ala dos
Livros já editou - ODevorador de Ouroe
ADança dos Abutres-
mas caso tenha acontecido, espero que este texto os faça
reconsiderar.
Li
Alix
esparsamente na adolescência, depois, de forma mais regular nas
colecções das Edições 70 e da ASA - tendo tido nesta última o
privilégio de traduzir a obra máxima de Jacques Martin. Entre
qualidades e defeitos - sobre que escrevo já a seguir - assenta o
retomar do (então jovem) protagonista como adulto maduro em Alix
Senator,
numa abordagem bastante curiosa e conseguida, que neste novo ciclo
ostenta uma inusitada violência.
Conhecido
como criador e pai inspirado dos
Schtroumpfs, de Johan et Pirlouit e de
Benoit Bruisefer, Peyo legou-nos outra
criação, possivelmente menos mediatizada, mas à qual dedicou
muitos anos - de 1949 a 1991, embora com
grandes hiatos - e toda a sua capacidade
artística: Poussy, o gato.
Eu
percebo o óbvio da escrita, mas não consigo pô-lo de outra forma:
Nestor
Burma tem
um ‘je
ne sais pas quoi’
que nos seduz e atrai, apesar de ser um ser com muito de odioso e
repugnante, com quem parece impossível estabelecer qualquer tipo de laço ou relação.