"...É uma loucura, com o desaparecimento do mundo moderno está a voltar em força o pior do antigo e cheira a ranço..."
In Bug - Livro 3
Numa
história futurista, escrita ao longo dos dias que correm - que
correram há pouco... - neste
terceiro livro de Bug
continuam
notórias as preocupações de Bilal com o que está a acontecer no
nosso mundo (real) com o recrudescer dos
extremismos políticos, das ideologias ditatoriais e dos excessos em
nome da política, da religião, do desporto…
Por
mais que prometa a mim mesmo não o fazer, volta e meia ‘caio na
armadilha’ das super-sagas Marvel e dou por mim mergulhado em mais
um evento
que promete mudar tudo, para no fim tudo ficar igual. Talvez seja
essa a essência da magia dos super-heróis: a certeza de
que,
aconteça
o que acontecer,
são imutáveis e eternos.
Depois de Giant
(Ala dos Livros, 2021), em que nos mostrou o (elevado) ponto de vista
dos trabalhadores que construíram os imponentes arranha-céus
nova-iorquinos, Mikaël leva-nos de novo até à Grande Maçã para
nos mergulhar no mundo dos Bootblack,
os engraxadores adolescentes.
Nos conturbados anos 1920 e 30, entre a invasão de emigrantes
italianos, irlandeses, polacos… e a Grande Depressão provocada
pelo
crash da
bolsa, o autor traça um retrato
desiludido e negro - como a graxa que os miúdos aplicam nos sapatos
dos ricos - de uma terra sonhada que rapidamente se transforma em
pesadelo.
Da
primeira leitura que fiz do Bestiário
da Isa
- ainda na versão parcial, em edição de autor(a) - ficou-me na
memória o ritmo vivo e o bom encadeamento desenho/texto. Agora,
a leitura completa, confirmou o perfeito funcionamento como banda
desenhada de uma história, simples, divertida e... fantástica!
Se
a primeira chamada de atenção foi a forma como a capa emula - pelo
menos na minha memória… - uma colecção de adaptações
de clássicos (?)
- embora maquete gráfica e ilustração não combinassem - foi a sua
distinção com o Premio Nacional de
Comic 2022 que
me fez olhá-lo com outros olhos. A
descoberta da sua temática convenceu-me a comprá-lo e em boa hora o
fiz.