Com
o nome de Zidrou como chamativo era impossível passar ao lado deste
Hollywoodland,
uma obra em dois tomos que pretende assinalar o centenário - em
Julho deste ano - do
célebre letreiro (curiosamente
criado para publicitar um projecto imobiliário que não se
concretizou) que
todos já
vimos vezes sem conta em filmes - e alguns ao vivo…? É
um conjunto de pequenas crónicas irónicas e mordazes sobre os
sonhos anseios e falhanços daqueles que se aproximavam da Meca do
cinema, esperando tornar-se astros brilhantes por
lá.
Pouco
habitual na banda desenhada europeia, a temática de horror tem um
público fiel no Japão e, entre os seus cultores, um dos nomes que
se destaca é o de Junji Ito, nascido em 1963. Best
of Best - Junji
Ito,
recém-editado pela Devir, é uma colectânea de 10 contos que serve
de apresentação deste autor nipónico aos leitores portugueses, ao
mesmo tempo que inaugura uma nova colecção da editora.
Combinar
universos, mesmo que próximos, é muitas
vezes
uma tentação; os resultados - neste caso como em tudo - variam
conforme a inspiração. Neste
particular, o
(re)encontro - pois obviamente já se conheciam antes - de Shang-Chi
com o Homem-Aranha, o Quarteto Fantástico e alguns Vingadores cumpre
os seus propósitos e proporciona uma leitura escorreita, mas sem
mais.
Há
obras assim, a que regressamos regularmente - ou que seguimos religiosamente (de forma consciente, sem fanatismos) - sabendo o que nos
espera. Raramente desiludem, por vezes surpreendem. Criamos laços
com (o)s protagonista(s), conhecemos a sua vida, amigos, família,
trabalho, gostos, anseios e inseguranças. Para
mim, Júlia - Julia, J. Kendall... - é um desses casos.
Já
nos habituámos a isto, de tantas vezes visto: o super-herói de
serviço, no seguimento de um percalço ou uma traição, após ser
incriminado ou enganado, entra numa espiral negativa que o leva em
queda acelerada até bater no fundo. Mas…
será que é assim com o super-herói português Macho-Alfa?
Criado
por Hugo Pratt em 1967 e animado por ele até 1992, Corto Maltese é
uma das mais emblemáticas personagens que a banda desenhada nos
legou. Por isso, parecia impossível que sobrevivesse ao seu criador,
tão forte era a sua marca, a ponto de reflectir nele os seus ideais
e vivências. Apesar
disso, ao fim de quatro álbuns, é obrigatório dizer que o espanhol
Juan Dias Canales e o catalão Ruben Pellejero conseguiram encontrar
o tom certo. Partindo do original de Pratt, progressivamente foram-se
apropriando do protagonista e do universo desafiador em que ele se
move, podendo hoje afirmar-se que existe um outro Corto Maltese, que
não abdica de nada do seu passado, mas tem uma vivência própria
para lá da óbvia retoma e da simples homenagem.