Em
nome da necessária sobrevivência
Em
Portugal, Jean-Marc Rochette é conhecido como autor do volume I
e do volume II de
O
Expresso do Amanhã
(Levoir, 2020), a banda desenhada que esteve na origem da série
homónima da Netflix, uma história de sobrevivência de uns quantos
eleitos ou privilegiados, transformada em luta de classes no interior
de um extenso comboio, que circula a grande velocidade, numa viagem
interminável pela superfície coberta de neve do planeta Terra.
Revelado
na época áurea da mítica revista (À
Suivre),
Rochette tem agora editado, pela Arte de Autor, O
Lobo
que, curiosamente, é também uma história de sobrevivência, de
novo numa paisagem regularmente coberta de neve, os Alpes franceses.
Penguin Random House/Iguana
Princípios
Querer
conhecer o passado para compreender o presente e poder prever o
futuro é apanágio nos seres humanos. E é-o também, naturalmente,
dos leitores de banda desenhada que gostam de descobrir a génese das
séries que acompanham e saber como se foi formando a galeria de
protagonistas.
A
trilogia de leituras que trago hoje tem este ponto em comum: são o
princípio de algo, embora em moldes completamente dispares umas das
outras.
Dois
anos de vida num mundo de homens
A
mudança de paradigma em relação à banda desenhada, em Portugal,
nos últimos anos, é evidente e só isso explica, por um lado, a
multiplicação de edições que fogem à oferta mais óbvia e, por
outro, a aposta neste género por parte de editoras que ainda há
poucos anos não incluíam esta forma narrativa nos seus catálogos.
Patos,
de Kate Beaton, é um dos exemplos recentes que comprova o escrito
atrás.