Warnauts & Raives (argumento e desenho)
Casterman (França, Janeiro de 2010)
240 x 320 mm, 64 p., cor, cartonado
Resumo
Zaire, 1974. Nas vésperas do combate de boxe “do século” entre Mouhamed Ali e George Foreman, Acabada de completar 16 anos, Tshiland, ainda uma jovenzinha, já uma bela mulher, deixa-se seduzir pelo manager do grupo de James Brown, de passagem pelo evento, e acaba grávida.
Para evitar que o escândalo se abata sobre o seu pai, chefe de segurança de um dos principais hotéis locais, tem que sair do seu país, o que consegue com o auxílio de Edouard, um diplomata francês, e de Mike, um dos músicos de Brown - ambos sensíveis aos encantos da jovem - que lhe conseguem um cartão de residência para os Estados Unidos, onde acabará por dar à luz uma menina, a quem põe o nome de Liberty.
Desenvolvimento
E é Liberty e a sua mãe – ou Tshiland e a sua filha? – ou, melhor ainda, Tshiland e Liberty, mulheres de corpo inteiro e de personalidade forte, vamos acompanhar, vivendo por seu intermédio alguns dos grandes momentos da luta dos negros pelo reconhecimento dos seus direitos nos EUA, dos Black Panters até à eleição de Barack Obama, passando pela guerra do Vietname ou pelo atentado contra as Torres Gémeas, o que faz deste relato um curioso álbum que, de certa forma, se pode apodar de relato histórico.
Porque é a História – parte substancial dela, vista pelos olhar (diferente…) dos negros – que serve de fundo a um relato, onde o desejo de emancipação e de afirmação e a busca de um rumo, primeiro por parte de Tshiland, depois por Liberty, prendem e cativam o leitor. Até porque o tom escolhido, está longe da lamúria ou do panfletário, optando antes por realçar a força (interior) e a vontade (própria) de cada uma, apesar de alguns (muitos) percalços e até retrocessos. Até que o destino cumpra o seu papel. Porque se é histórico (na acepção indicada), este relato é também – antes disso, sem dúvida – sobre pessoas e sentimentos.
Em paralelo com as histórias das duas mulheres, desvendadas aos poucos, com recurso a alguns flashbacks, descobrimos também um pouco mais sobre Edouard e o seu amor (platónico) por Tshiland, e sobre Mike, ex-combatente do Vietname, de onde trouxe a dependência da droga, que mina a sua relação com a bela negra. São eles, com elas, que em off vão fazendo avançar a narrativa, por vezes de forma algo lenta dada a extensão de alguns dos pensamentos que, no entanto, são fundamentais para a boa definição das personagens perante o leitor.
Do traço da dupla Warnauts e Raives, salientam-se os retratos das protagonistas, mais duas belas e sensuais criações para a sua já longa galeria, e a excelente aplicação das cores no tratamento de cenários e paisagens.
A reter
- A forma como Warnauts e Raives continuam a tratar as mulheres nas suas bandas desenhadas - e já agora nos soberbos esboços disponíveis aqui.
- O trabalho de cor de Raives.
- A forma como esta dupla traça a “história negra” dos EUA, através de uns quantos momentos, ilusoriamente soltos, mas elos de uma mesma cadeia comum.
Menos conseguido
- A lentidão do relato nalguns momentos.
Curiosidades
- Como desde há 20 anos, Warnauts e Raives têm uma forma de trabalhar diferente do habitual: depois de longas discussões, o primeiro escreve o argumento; de seguida, ambos trabalham no desenho, para no final Raives aplicar a cor.
Casterman (França, Janeiro de 2010)
240 x 320 mm, 64 p., cor, cartonado
Resumo
Zaire, 1974. Nas vésperas do combate de boxe “do século” entre Mouhamed Ali e George Foreman, Acabada de completar 16 anos, Tshiland, ainda uma jovenzinha, já uma bela mulher, deixa-se seduzir pelo manager do grupo de James Brown, de passagem pelo evento, e acaba grávida.
Para evitar que o escândalo se abata sobre o seu pai, chefe de segurança de um dos principais hotéis locais, tem que sair do seu país, o que consegue com o auxílio de Edouard, um diplomata francês, e de Mike, um dos músicos de Brown - ambos sensíveis aos encantos da jovem - que lhe conseguem um cartão de residência para os Estados Unidos, onde acabará por dar à luz uma menina, a quem põe o nome de Liberty.
Desenvolvimento
E é Liberty e a sua mãe – ou Tshiland e a sua filha? – ou, melhor ainda, Tshiland e Liberty, mulheres de corpo inteiro e de personalidade forte, vamos acompanhar, vivendo por seu intermédio alguns dos grandes momentos da luta dos negros pelo reconhecimento dos seus direitos nos EUA, dos Black Panters até à eleição de Barack Obama, passando pela guerra do Vietname ou pelo atentado contra as Torres Gémeas, o que faz deste relato um curioso álbum que, de certa forma, se pode apodar de relato histórico.
Porque é a História – parte substancial dela, vista pelos olhar (diferente…) dos negros – que serve de fundo a um relato, onde o desejo de emancipação e de afirmação e a busca de um rumo, primeiro por parte de Tshiland, depois por Liberty, prendem e cativam o leitor. Até porque o tom escolhido, está longe da lamúria ou do panfletário, optando antes por realçar a força (interior) e a vontade (própria) de cada uma, apesar de alguns (muitos) percalços e até retrocessos. Até que o destino cumpra o seu papel. Porque se é histórico (na acepção indicada), este relato é também – antes disso, sem dúvida – sobre pessoas e sentimentos.
Em paralelo com as histórias das duas mulheres, desvendadas aos poucos, com recurso a alguns flashbacks, descobrimos também um pouco mais sobre Edouard e o seu amor (platónico) por Tshiland, e sobre Mike, ex-combatente do Vietname, de onde trouxe a dependência da droga, que mina a sua relação com a bela negra. São eles, com elas, que em off vão fazendo avançar a narrativa, por vezes de forma algo lenta dada a extensão de alguns dos pensamentos que, no entanto, são fundamentais para a boa definição das personagens perante o leitor.
Do traço da dupla Warnauts e Raives, salientam-se os retratos das protagonistas, mais duas belas e sensuais criações para a sua já longa galeria, e a excelente aplicação das cores no tratamento de cenários e paisagens.
A reter
- A forma como Warnauts e Raives continuam a tratar as mulheres nas suas bandas desenhadas - e já agora nos soberbos esboços disponíveis aqui.
- O trabalho de cor de Raives.
- A forma como esta dupla traça a “história negra” dos EUA, através de uns quantos momentos, ilusoriamente soltos, mas elos de uma mesma cadeia comum.
Menos conseguido
- A lentidão do relato nalguns momentos.
Curiosidades
- Como desde há 20 anos, Warnauts e Raives têm uma forma de trabalhar diferente do habitual: depois de longas discussões, o primeiro escreve o argumento; de seguida, ambos trabalham no desenho, para no final Raives aplicar a cor.