20/11/2012

Chlorophylle – Intégrale #1










Raymond Macherot
Le Lombard (Bélgica, 26 de Outubro de 2012)
222 x 295 mm, 208 p., cor, cartonado
26,50 €



Resumo
Primeiro dos três tomos previstos da reedição integral das aventuras de Chlorophylle, este volume inclui as histórias Mission Chévrefueille (uma espécie de balão de ensaio da série), Chlorophylle contre les rats noirs, Chlorophylle et les conspirateurs, Pas de salame pour Céliméne e Le Bosquet Hanté.
Inclui ainda três histórias curtas realistas escritas e desenhadas por Macherot no Tintin belga: Le véritable monde perdu, L’Homme qui tua le diable e L’odyssée du Flandres Impériale.
A abrir o volume, antes das bandas desenhadas, surge um dossier da autoria de Jacques Pessis, sobre o percurso de Macherot, profusamente ilustrado, com muitos inéditos.

Desenvolvimento
As reedições integrais em magníficas edições como esta, continuam na ordem do dia no mercado francófono, recuperando obras – hoje – clássicas dos anos 50, 60, 70, 80 e mesmo 90, ou seja aquelas que foram lidas pelas gerações que têm hoje maior poder de compra.
Se alguns deles me têm valido boas descobertas, Chlorophylle era uma das séries que eu aguardava com maior interesse.
Chlorophylee, um pequeno roedor, estreou-se nas páginas do Tintin belga #336, a 14 de Março de 1954. Aí viveu diversas aventuras, entre curtas e longas, em companhia de Minimum, outro roedor, a lontra Torpille, o corvo Bitume e o coelho Serpolet, entre outros.
Em meados dos anos 60, Macherot trocou o Tintin pelo rival Spirou, onde criou Sibyline, cuja estrutura é muito semelhante à de Chlorophylle, sendo este último retomado por autores como Dupa ou Greg.
No início da série a quietude do bosque onde os protagonistas vivem é quebrada por uma invasão de ratos negros comandados pelo pérfido Anthracyte, que uma vez derrotado por Chlorophylle se transformará em seu inimigo.
As aventuras decorrem quase sempre em ambiente rural, campestre ou florestal, apenas com uma ou outra escapadela citadina, como acontece neste tomo em Pas de salame pour Céliméne, onde se Chlorophylle assume igualmente o protagonismo, num relato de tom detectivesco, claramente não está no seu ambiente natural, tal como o seu autor, aliás.
Banda desenhada animalista, de tom terno e ingénuo, conquistou-me desde que a conheço e não me canso de a reler, sempre com agrado.
Pela forma solta e fluente como está escrita (apesar de desenvolvida ao sabor da inspiração, uma vez que Macherot não desenvolvia previamente um argumento base)?
Pelo traço agradável, seguro, ágil, dinâmico e cativante?
Pelo retrato assertivo da sociedade humana, através dos pequenos animais do bosque onde Chlorophylle e os seus amigos habitam e vivem as suas aventuras?
Pelos muitos pormenores divertidos ou curiosos espalhados pelo autor no fundo das pranchas ou à margem da acção principal?
Possivelmente por tudo isto e ainda mais que desafio a (re)descobrirem.

Em Portugal
Chlorophylle chegou rapidamente ao nosso país, estreando-se nas páginas da revista Flecha #12, a 27 de Janeiro de 1955, menos de um ano após o seu lançamento no mercado francófono.
Depois, seria presença recorrente nas páginas da versão nacional do Tintin, tendo igualmente aparecido no Almanaque Tintin.
As duas primeiras histórias deste volume marcaram presença no segundo tomo da colecção Clássicos da Revista Tintin (ASA/Público), sendo que a segunda e a terceira já tinham sido editadas pela Edinter nos anos 1980.
Chlorophylle, teve igualmente a honra de protagonizar um dos primeiros álbuns de BD editados entre nós, Clorofila e os Quebra-Ossos (início da década de 1960), uma edição hoje em dia muito rara, cabendo a um dos seus exemplares o recorde do livro de banda desenhada mais caro vendido em Portugal: 575 euros!

Curiosidade
Entre as duas primeiras histórias longas e as restantes há uma evidente diferença ao nível do colorido, cuja explicação é dada no livro. Chlorophylle contre les rats noirs e Chlorophylle et les conspirateurs, reproduzidas a partir dos filmes originais a preto e branco, foram recoloridas digitalmente, respeitando as cores de Macherot.
Para as restantes, uma vez que os filmes originais não foram encontrados, foi necessário utilizar como base as páginas impressas da revista Tintin.

A reter
- A genuinidade das histórias ternas, divertida e cativantes.
- O dinamismo do traço de Macherto
- A bela edição, digna sem dúvida da obra que reproduz.


19/11/2012

Heróis Marvel II - #5 Wolverine: Velho Logan











Mark Millar (argumento)
Steve McNiven (desenho)
Dexter Vines (arte-final)
Levoir/Público (Portugal, 8 de Novembro de 2012)
170 x 260 mm, 216 p., cor, cartonado
8,90 €



Resumo
Há 50 anos, os vilões venceram os super-heróis e passaram a dominar a Terra.
Wolverine – agora apenas Logan – um dos poucos sobreviventes, é agora um agricultor miserável que jurou nunca mais combater nem utilizar as suas garras retrácteis.
Para conseguir pagar aos donos da terra que trabalha, aceita uma proposta do Gavião Arqueiro (que está cego) para o acompanhar como guia numa longa viagem através do território dos EUA, agora dominado por vilões como a família Hulk, o Rei do Crime ou o Caveira Vermelha.

Intróito
Não comprei/vou comprar todos os volumes das séries I e II da colecção Heróis Marvel, que têm sido publicados com o jornal Público desde o início de Julho.
Porque o orçamento não estica, porque já tinha alguns deles em edições que me satisfazem (o Integral Homem-Aranha de Frank MillerHomem-Aranha: A Morte dos Stacy, Guerra Civil) ou porque alguns eram pouco apelativos para mim (Guerras Secretas, Dinastia de M). O que não impediu que, nas compras feitas, experimentasse algumas (fortes) desilusões (Quarteto Fantástico, Nick Fury…)
Em contrapartida, também foi/vai ser uma boa oportunidade de (re)ler outras belas narrativas (Surfista Prateado: Parábola, Demolidor: Renascido), de descobrir fases clássicas (Capitão América – ALenda Viva), de ser surpreendido com boas histórias (X-Men: Os Filhos do Átomo, Hulk: Tempest Fugit, Wolverine: Madripoor, Justiceiro: Diário de Guerra, Homem de Ferro: Extremis)…
Mas, até agora, nenhuma me agradou/surpreendeu/deslumbrou tanto como Wolverine: Velho Logan.

Desenvolvimento
Não fazia parte das minhas opções iniciais, confesso, mas comprei-o por indicação do João Miguel Lameiras – obrigado! – e teve em mim um efeito raro: fui busca-lo ao quiosque, folheei-o, fui para casa, comecei a leitura e só parei quando cheguei ao fim!
Desde logo porque, visualmente é uma obra muito forte. O traço de McNiven e Vines combina um registo hiper-realista, com um trabalho notável ao nível do pormenor (rugas, sombras, músculos…) – apesar dos cenários serem geralmente despojados e quase vazios para darem todo o protagonismo aos seres vivos – com o hiper-exagero das cenas de acção que só é possível encontrar nos comics de super-heróis. Com uma planificação diversificada, que recorrentemente explode em vinhetas de meia página, página inteira ou mesmo dupla página, os donos do traço presenteiam-nos com imagens de impacto indescritível: os saltos do carro-aranha, a derrota do Rei do Crime, o dinossauro Vénon, o esqueleto de Hank Pym estendido na planície árida, os combates contra o Caveira Vermelha ou a família Hulk…
Realçados ainda mais pelo imenso contraste entre o bucolismo da sequência inicial – a opção de Logan - e a violência brutal e sem limites – imagem de marca de Wolverine que este quer esquecer - que esmaga rostos, corta cabeças, estripa corpos, desfigura, retalha, desfaz, explode, destrói…
E se o encanto poderia ficar pelo desenho - e pelo soberbo tratamento de cor que lhe foi aplicado -, a história é tão poderosa como o seu visual. É verdade que evoca de imediato o magnífico western crepuscular Imperdoável, de Clint Eastwood, ou O Regresso do Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, combina uma mão cheia de outras citações reconhecíveis e que o leitor intui rapidamente qual o final que o aguarda – embora esteja longe de adivinhar o caminho que vai ser trilhado para lá chegar! Mas, mesmo assim, a leitura prende, puxa, arrasta o leitor numa vertigem de irresistível entre a lyuta interior de Logan/Wolverine e a violência extrema que caracteriza muitas das cenas.
Mais a mais, porque, ao longo do relato, as surpresas se sucedem, muitas delas como violentos socos no estômago do leitor desprevenido. À cabeça, a razão para a vitória dos vilões sobre os super-heróis, à qual Wolverine surge associado; depois, a actuação da (nova) Mulher-Aranha, o papel da família Hulk, o confronto com o Caveira Vermelha…
Não inocentemente, Wolverine - ou Logan – é o único sobrevivente dos grandes super-heróis, o que leva a que as atenções se concentrem ainda mais nele e na sua (surpreendente) nova postura, especialmente tendo em conta o carácter explosivo e belicoso que se lhe conhecia.
Sem fugir aos exageros típicos dos super-heróis, que resultam em cenas grandiosas, combates épicos e alguma desproporcionalidade – mas que neste relato concreto até são bem-vindos – Millar desenvolve o seu relato – e o mundo (duplamente) apocalíptico em que ele se desenrola, tornando-os credíveis e razoáveis, página após página, e sustentado plenamente o pressuposto que lhe está na origem.


A reter
- O grafismo fabuloso e de grande impacto de McNiven e Vines, que resulta em páginas e sequências memoráveis.
- A forma como Millar sustenta o argumento e torna credível a sua ideia-base.
- A força do conjunto.

Menos conseguido
- Apenas um senão, a forma como Logan/Wolverine derrota o seu adversário no seu último combate. Também não era preciso exagerar (tanto!)…


18/11/2012

Tex #481


Marcas do Passado








Boselli (texto)
Piccinelli (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Novembro de 2009)
135 x 178 mm, 114 p., pb, brochado, mensal
R$ r,90 / 2,90 €



Resumo
Após simular um assalto a um banco, Tex consegue juntar-se ao bando de assassinos de Nacho Gutierrez, para descobrir o que faz nele o seu velho amigo Montales.
Um terrível segredo vindo do passado ameaça no entanto colocar-se entre os dois homens.

Desenvolvimento
Actualmente nas bancas portuguesas (pelo menos durante mais 15 dias!), este é o primeiro tomo de um díptico que leva Tex de novo ao México e a reencontrar o seu amigo Montales.
O traço de Piccinelli, cumpre bem o seu propósito, demonstrando um bom domínio de uma técnica contrastada de brancos e negros e grande à vontade quer no retratar dos extensos cenários desérticos, quer no tratamento da figura humana, bem proporcionada e de rostos expressivos.
Quanto a Boselli, apresenta um western bem escrito, que foge a uma estrutura clássica pois vai avançando ao ritmo dos diversos flashbacks que vão complementando a trama principal e vão fornecendo ao leitor os elementos necessários para perceber as motivações dos vários intervenientes.
Isto, sem nunca levantar completamente o véu que encobre o passado nem mostrar claramente para onde se dirige a narrativa no tempo actual.
Daí resulta uma trama bem urdida, com um elevado grau de suspense, onde as diversas tensões latentes se vão adensando e prendendo o leitor que, no final deste tomo, após alguns relatos inquietantes e uma aparição fantasmagórica fica sem saber do destino de Tex e Montales, acabados de cair numa impetuosa corrente subterrânea, pois a história – evocando uma situação recorrente que acompanhou o crescimento de muitos de nós, protelando para a semana, o mês, o número seguintes a continuação da leitura – só conclui no Tex #482 – Os sinos de São Rafael, que estará nas bancas já em Dezembro.


17/11/2012

Café Espacial #11




  
  

Vários autores
(Brasil, Outubro de 2012)
140 x 210 mm, 100 p., pb, brochado
R$ 15,00



Hoje a proposta é diferente, é para um café. Duplo.
(estranho para quem nem gosta de café…)

Um Café Espacial. Sim, leram bem, Espacial. Mas também especial.
Para saborear sozinho, num fim de tarde outonal, frio e chuvoso, no sossego do nosso canto preferido.
Só nós e a revista. O seu peso e a textura do papel nas mãos, o cheiro a tinta pelo ar, o som do virar das páginas, qual música, nos ouvidos, os quadradinhos a desfilar perante os nossos olhos…
(Sim, é verdade, o tom marcadamente intimista que era seu apanágio perdeu-se um pouco desta vez, talvez porque outros colaboradores surgiram, O que não tem que ser obrigatoriamente mau, embora eu preferisse o meu café dessa outra forma… No seu lugar, curiosamente, surgiram relatos em que predominam o fantástico e um certo terror…)
Um café, para desfrutar sozinhos, escrevi, mas na companhia de Laudo Ferreira, do nosso Paulo Monteiro, do Sérgio Chaves e do Allan Ledo, do DW…
Em BD, prosa, fotografia…

O outro café é também Espacial. E é também (este) Café Espacial.
Desta vez um café longo, mais demorado, para desfrutar acompanhado, de preferência com muitos amigos, na Bedeteca de Beja, a partir de hoje às 17h30 e até 31 de Dezembro.
“Prova um gole de Café Espacial” é a exposição comemorativa dos 5 anos do Café Espacial, a exposição das pranchas que já lemos, descobertas na sua versão original.
Para desfrutar igualmente, mas de outra forma.
Na beleza da sua arte, talvez sem o suporte da(s) sua(s) história(s).
Mais bonitas? A preto e branco ou a cores? Retocadas? Em computador? A pincel ou esferográfica? Pequenas, médias, grandes, enormes?
Só poderá responder, quem lá for ver.
Antes ou depois de ler. Ou antes e depois de ler.

16/11/2012

Leituras de banca


Novembro 2012
Revistas periódicas de banda desenhada este mês disponíveis nas bancas portuguesas.

Marvel (Panini Comics)

Homem-Aranha #123

Os Vingadores #98

Wolverine #87

Universo Marvel #21

X-Men #123


Turma da Mónica (Panini Comics)
Almanaque da Mônica #33

Almanaque do Cascão #33

Almanaque do Cebolinha #33

Cascão #65

Cebolinha #65

Chico Bento #65

Magali #65

Mônica #65

Turma da Mônica - Colecção Histórica #29

Grande Almanaque Turma da Mônica #11

Historinhas de Duas páginas #7

Turma da Mônica – Uma aventura no parque #65

Mónica y su Pandilla - Turma da Mónica em Espanhol #14

Monica’s Gang - Turma da Mónica em Inglês #14

Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #65

Turma da Mónica – Saiba mais #56 – Profissões

Turma da Mônica Jovem #47

Bonelli (Mythos Editora)
Com a mudança de distribuidora VASP, os títulos de Tex disponíveis em cada mês,
serão distribuídos em duas vezes, quinzenalmente.
As revistas abaixo indicadas chegarão aos quiosques a partir do fim deste mês.
Tex 482

Tex Coleção 274

Almanaque Tex 41

Tex Ouro 52


DC Comics (Panini Comics)
Batman #113

Liga da Justiça #112

Superman #113

Universo DC #22

15/11/2012

O Enigma Diabólico










  
Colecção Quadradinho #16
José Abrantes (argumento)
Miguel Rocha (desenho)
ASIBDP (Portugal, Outubro de 1998)
105 x 147 mm, 24 p., pb, capa fina com sobrecapa
390$00 (!)



Há algum tempo à procura de um pretexto para evocar a colecção Quadradinho, encontrei-a agora com o lançamento amanhã de um novo álbum de Blake e Mortimer.
Iniciativa da ASIBDP (Associação do Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto), inspirada na colecção Patte de Mouche de l’Association, que - acredito hoje - surgiu antes do tempo, ao longo de 18 números, para além de duas divertidas criações de Lewis Trondheim, publicou obras originais de autores nacionais como Pedro Morais, Arlindo Fagundes, José Carlos Fernandes, Paulo Patrício, Mário Moura, Pedro Pires ou a surpreendente dupla composta por José Abrantes e Miguel Rocha.
Este último, dava então os primeiros passos aos quadradinhos, surgindo nesta colecção como revelação - que o tempo rapidamente viria a confirmar – num grafismo assente em contrastes de branco e negro, com algumas referências identificáveis mas já com uma inegável marca pessoal.
Com o título emprestado de O Enigma da Grande Pirâmide e de A Armadilha Diabólica, que desde logo antecipava a homenagem a Jacobs, este livrinho mostrava Mortimer (?) como herdeiro de uma mansão abandonada, ganha ao jogo ao pérfido Conde Moloch. A entrada no edifício revelá-lo-ia como uma enorme armadilha, do qual o protagonista só conseguiria sair – na companhia de uma bela jovem de sumária indumentária, refira-se – após resolver o tal enigma diabólico.
O argumento, cuja escrita evocava a diversos níveis a obra da figura tutelar do criador de Blake e Mortimer, para além da similitude de uma ou outra situação com aventuras daquela dupla, tinha como trunfo final a revelação da essência do sucesso dos heróis de Jacobs, consolidando a homenagem a um dos grandes clássicos da banda desenhada franco-belga.




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