Esperança ainda?
“Então, não há alternativa, senão matar?”
Spirou in “A esperança nunca morre… - terceira parte”
“Então, não há alternativa, senão matar?”
Spirou in “A esperança nunca morre… - terceira parte”
Baseado nos amores e desencontros do (pouco) nobre Bernard Sambre e de Julie, a caçadora furtiva, assume a miséria e os tempos conturbados de uma França dividida entre a monarquia e a revolução, para acentuar as diferenças entre burguesia e povo, entre nobres e plebeus, entre quem sabe o que quer e quem se deixa andar ao sabor das circunstâncias ou do que os outros escolhem para si.
Numa Paris negra e conturbada, num relato com alguns picos de tensão, muitos sentimentos contraditórios, encontros e afastamentos, aproveitamentos físicos e políticos, segredos escabrosos, ambições políticas e sonhos de grandeza, Yslaire apesar de um traço com contornos semi-caricaturais mas servido por um belíssimo colorido a preto, branco e sangue, conduz-nos com imensa mestra por um relato duro, duplamente violento em termos físicos e mentais e pleno de mudanças e inflexões, que não deixa de seduzir e prender o leitor e espelha como as vidas podem ser feitas de tantas desilusões...
(versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias online a 25 de Fevereiro de 2023 e na edição em papel do dia seguinte; imagens disponibilizadas pela Arte de Autor; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui mostradas para as aproveitar em toda a sua extensão)