04/03/2011
O Grupo do Leão
António Jorge Gonçalves (desenho)
Museu Nacional de Arte Contemporânea (Dezembro de 2010)
250 x 340 mm, 32 p., cor, cartonado, 16 €
Resumo
O desaparecimento de três pintores – José Malhoa, Silva Porto e Moura Girão - do quadro “O Grupo do Leão”, de Columbano, exposto no Museu do Chiado, leva um dos seus responsáveis a chamar a polícia, na pessoa do Inspector Columbano, para proceder à respectiva investigação.
Desenvolvimento
Nascido como um (falso?) policial, esta nova colaboração entre Rui Zink e António Jorge Gonçalves - depois de “A Arte Suprema”, “Rei” e “VIH, o vírus da sida” – nascida de um convite do Museu do Chiado para dar a conhecer os contornos daquele que foi talvez o mais influente movimento da arte portuguesa de finais século XIX, rapidamente se transforma num passeio em tom de divagação pelo mundo da arte, da pintura (e mesmo da banda desenhada). Por isso, ao longo das páginas são mostradas diversas pinturas e esculturas, nalguns casos inseridas num contexto actual, de forma bem curiosa.
No seu epicentro está “O Grupo do Leão”, um quadro pintado por Columbano Bordalo Pinheiro, em 1885, no qual imortalizou a tertúlia de artistas e intelectuais que se costumava reunir na cervejaria Leão. Partindo dos seus inte-grantes, Zink leva-nos a acom-panhar o trajecto – não isento de percalços - do quadro ao longo das décadas, numa história que, sendo didáctica, está longe de excessos que a tornem aborrecida, ressaltando da sua leitura a fluidez com que o leitor é guiado através das páginas, cuja planificação raramente é convencional, mesmo apesar da multiplicidade de personagens, enquadramentos e soluções gráficas adoptadas. Nalguns casos, estratégias aparentemente simples, mas bem conseguidas, como o passeio pelo “interior” de alguns dos quadros abordados, cujas molduras servem de (falsas) vinhetas, ou o percurso dos protagonistas ao longo de vários locais numa mesma prancha, que também contribuem para tornar a leitura mais dinâmica.
Tal como o passeio pela arte, também a inves-tigação é levada a bom termo – longe no entanto daquilo que se esperaria se se tratasse de um policial tradicional - num todo que destaca a importância não das obras mas dos autores e das pessoas reais que as inspiram e elas retratam. No final, fechado o álbum, pode o leitor concluir que os criminosos foram afinal os autores do livro, apostados em mostrar um novo “grupo”, não do Leão, mas deste país que temos. Mais actual sem dúvida; mais genuíno, possivelmente; mas também mais pobre intelectualmente. Por isso, fica a (incómoda e triste) sensação de que Portugal, o actual, em que vivemos, fica bem pior no novo retrato…
Curiosidade
- No quadro O Grupo do Leão, abaixo reproduzido, Columbano retratou, sentados, da esquerda para a direita: Henrique Pinto, José Malhoa, João Vaz, Silva Porto, António Ramalho, Moura Girão, Rafael Bordalo Pinheiro e Rodriges Vieira; e de pé, da esquerda para a direita: Ribeiro Cristino, Alberto d'Oliveira, o empregado de mesa Manuel Fidalgo, Columbano Bordalo Pinheiro, outro criado (Dias) ou o dono da Cervejaria, António Monteiro e Cipriano Martins.
03/03/2011
Les Nuits Assassines
Byun Ki-hyun (desenho)
Casterman (França, 11 de Março de 2009)
170 x 240 mm, 168 p., cor, brochado com badanas, 16 €
Resumo
Na região dos Alpes austríacos, no início dos anos 70, uma pequena povoação é abalada pela morte súbita de Axel Neunhöffer, um homem saudável acabado de completar 36 anos. Precisamente da mesma forma e com a mesma idade com que o seu pai faleceu.
Mas esta é apenas a primeira de uma série de mortes inesperadas na família, cuja razão – doença hereditária? maldição? assassino em série? – as autoridades locais e um jornalista em busca de projecção pessoal vão tentar descobrir.
Desenvolvimento
Na origem deste livro um pressuposto: criar uma obra que fizesse a ponte entre duas culturas (aos quadradinhos): a ocidental (leia-se franco-belga), representada pelo argumentista J.-M. Goum, diplomado em comunicação, com passagens pelo jornalismo e pela organização de espectáculos, e a asiática, na pessoa do desenhador Byun Ki-hyun, pertencente à nova geração coreana.
A existência deste ponto de partida, após a leitura da obra, obriga a uma primeira constatação: mais do que a soma de duas partes, Les Nuits Assassines revela duas formas distintas de narrar graficamente: a estrutura narrativa, o ritmo e a planificação são tipicamente ocidentais; o traço está mais próximo do anime semi-realista, sem recurso a aspectos mais comuns ao manga (e ao manhwa): onomatopeias, linhas de acção e movimento, personagens caricaturais para expressar emoções… Não que daí venha mal ao mundo, até porque o todo é convincente e funciona, mas porque saíram goradas eventuais expectativas de descoberta ou inovação.
A história em si, é um policial típico, com um toque de fantástico, que beneficia bastante pelo facto de se passar numa localidade pequena e isolada, onde abundam as tensões, em especial entre as famílias Neunhöffer e Oefeln, unidas – contra vontade dos seus “patriarcas” – pelo casamento de Axel, a primeira vítima, e Helga. União em que o amor e a cumplicidade rapidamente deu lugar a dúvidas, desconfianças, conturbação e opções mal explicadas, devido às pressões exercidas pelos restantes familiares. As personagens são consistentes e apresentam aspectos interessantes, sendo a base de uma história bem delineada, com alguns momentos de suspense bem conseguidos, ao longo da qual o argumentista vai expondo de forma equilibrada e credível diversas explicações para as sucessivas mortes que assolam a província austríaca do Voralberg.
E que, como não podia deixar de ser, tem um desfecho que vai surpreender os leitores.
02/03/2011
Os incontornáveis da Banda Desenhada
ASA+Público (Março de 2010)
220 x 229 mm, cor, 96/144 p., brochada com badanas, 7,40 €
O jornal Público em parceria com as Edições ASA começa hoje a distribuir uma nova colecção de BD, que durará 12 semanas.
Sem prejuízo de voltar posteriormente a alguns deles, pois a qualidade de vários dos volumes justifica-o plenamente, fica já a seguir a data de publicação de cada um dos títulos, sendo de referir que apenas uma (O Sábio Louco) das 24 bandas desenhadas propostas já foi publicada em álbum em Portugal.
Dia 2/03 - Volume 1
VALÉRIAN E LAURELINE, de Christine e Mézières
- Nas Imediações do Grande Nada
- O AbreTempo
Dia 9/03 - Volume 2
O GATO DO RABINO, de Joann Sfar
- O Bar-Mitzvá
- O Malka dos Leões
- O Êxodo
Dia 16/03 - Volume 3
XIII MISTERY, de R. Meyer e X. Dorison e P. Berthet e Corbeyran
- O Mangusto
- Irina
Dia 23/03 - Volume 4
ADÈLE BLANC-SE,C de Tardi
- O Sábio Louco
- Demónio
Dia 30/03 - Volume 5
O BUDA AZUL, de Cosey
- Tomo 1
- Tomo 2
Dia 06/04 - Volume 6
I.R.$., de Vrancken e Desberg
- A Via Fiscal
- A Estratégia Hagen
Dia 13/04 - Volume 7
MURENA, de Dufaux e Delaby
- O Melhor das Mães
- Os que Vão Morrer…
Dia 20/04 - Volume 8
MAX FRIDMAN, de V. Giardino
- Rapsódia Húngara
Dia 27/04 - Volume 9
EM BUSCA DO PÁSSARO DO TEMPO, de Le Tendre e Loisel e Lidwine e Aouamri
- O Meu Amigo Javin
- O Livro dos Deuses Antigos
Dia 04/05 - Volume 10
LARGO WINCH, de Philippe Francq e Jean Van Hamme
- A Fortaleza de Makiling
- A Hora do Tigre
Dia 11/05 - Volume 11
O VAGABUNDO DOS LIMBOS, de Godard e Ribera
- A Fissirmá de Musky
- O Tempo dos Óraculos
Dia 18/05 - Volume 12
O ASSASSINO, de Jacamon e Matz
- A Dívida
- Laços de Sangue
Uma referência ainda para o facto de esta colecção, variada e heterogénea, ser aproveitada (também) para concluir/prosseguir séries que por diversas razões (falência da Meribérica, abandono da BD pela Booktree, dificuldade de conseguir co-edições, …) até agora estavam incompletas. O que, apesar das inevitáveis diferenças de formato em relação aos volumes originais, não deixa de ser uma iniciativa louvável, a que os leitores portugueses de banda desenhada não estão de todo habituados.
01/03/2011
Melhores Leituras
Quim e Manecas 1915-1918 (Tinta da China), de Stuart Carvalhais (argumento e desenho) e João Paulo de Paiva Boléo (organização, introdução e glossário)
Armazém Central #3 - os homens (ASA), de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp (argumento e desenho)
L'Île aux cent mille morts (Glénat), de Fabien Vehlmann (argumento) e Jason (desenho)
L'orfèvre (Glénat), de Warnauts (texto e desenho) e Guy Raives (texto, desenho e cor)
O livro do buraco (Libri Impressi), de Peter Newell (texto e desenho)
Scenes from an Impending Marriage (Drawn & Quarterly), de Adrian Tomine (argumento e desenho)
TBO – 1972 (Salvat Espanha), de vários autores
Tex Especial Civitelli #1 – O Presságio (Mythos Editora), de Claudio Nizzi (argumento) e Fabio Civitelli (argumento e desenho)
Tif et Tondu Intégrale #2 - Sur la piste du crime (Dupuis), de Tillieux (argumento) e Will (desenho)
Tintin - A estrela misteriosa, O caranguejo das tenazes de ouro, O segredo do Licorne, O tesouro de Rackham o vermelho (ASA), de Hergé
28/02/2011
Scenes from an Impending Marriage
Adrian Tomine (argumento e desenho)
Drawn & Quarterly (EUA, Janeiro de 2011)
135 x 150 mm, 56 p., pb, cartonado, 9,95 $USA
De entre os muitos autores – muitos deles então ainda a começar nos quadradinhos – que conheci e descobri no Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto – Miguelanxo Prado, Seth, Roberta Gregory, Chester Brown, Bezian, Dave McKean, Ed Brubaker, Étienne Davodeau, Lewis Trondheim, Marjane Satrapi… - alguns há cuja carreira tenho acompanhado (mais ou menos) de perto. Adrian Tomine é um deles.
Dono de um traço limpo, fino e delicado, expressivo e bastante pormenorizado, onde se adivinha mais trabalho do que espontaneidade, revelou-se em Optic Nerve, um mini-comic auto-editado, que seria depois compilado em “32 stories”, pela Drawn & Quarterly, editora onde o autor retomou o título.
Pouco social, um tanto ou quanto obsessivo compulsivo, a par das suas ilustrações para, entre outros, The New Yorker, tem narrado também em obras como Sleepwalk and Other Stories e no (aclamado) Shortcomings, aspectos corriqueiros (ou nem tanto) do seu dia-a-dia, dando uma visão sensível, algo crítica e, por vezes, mesmo mordaz da sua intimidade e da forma como (não?) se relaciona com os outros, num exercício onde se adivinha muito muito de catarse e que fez dele um dos expoentes mais interessantes da autobiografia em quadradinhos.
Agora, com este (mini-)livro, continuando fiel à temática e à linha condutora que sempre o tem norteado, revela uma faceta menos presente nos títulos anteriores, um sentido de humor ácido e irónico, com o qual narra (e de certa forma desmonta) os preparativos para o seu casamento iminente, numa série de curtos episódios, directos e incisivos. Com os quais ilustra bem, por vezes mesmo de forma incómoda, o grande negócio que é hoje a organização de (qualquer) casamento, onde não podem faltar convites, fotógrafos e cameramen, refeições de arromba, bailaricos, fogo de artificio, DJs e sabe-se lá que mais, transformando num autêntico arraial impessoal aquilo que na origem deveria ser um momento significativo e marcante da vida de um casal.
Se Tomine mantém o seu traço habitual, que funciona perfeitamente apesar do reduzido tamanho das páginas, não deixam de ser curiosos dois piscares de olhos a dois clássicos dos quadradinhos americanos: Familly Circus, de Bill Kean, nalguns gags de imagem única que surgem por entre as curtas narrativas que compõem este livrinho, e o seu choro (p. 29) “à la Peanuts”, de Schulz, que não deixa de fazer pensar que os preparativos para um eventual casamento de um Charlie Brown trintão não andariam muito longe daqueles que Tomine narra.
Se, pessoalmente, não sou grande fã de casamentos (menos ainda dos actuais casamentos…), confesso que sinto alguma inveja dos convidados de Tomine, pois levaram como recordação do evento um comic original com a maior parte das bandas desenhadas agora incluídas neste livro.
27/02/2011
Selos & Quadradinhos (28)
26/02/2011
Selos & Quadradinhos (27)
Tema/subject/sujet: Silver Surfer – Through the Ages
País/country/pays: Madagascar
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1999
25/02/2011
Delcourt, 25 anos
25 anos de um trajecto de sucesso, se não ímpar, pelo menos raro. Possivelmente porque, à sua frente, está Guy Delcourt, desde a infância apaixonado por quadradinhos, fantástico, aventura e cultura contra-corrente.
Jornalista de profissão, em 1986, quando a BD enfrentava uma violenta crise económica, decidiu fundar a sua própria editora, para explorar novas ideias - criação de pontes com a música, o cinema, a pintura, a literatura, novos conceitos de BD infantil - a par da aposta no manga e nos comics de autor.
Deste percurso, longo e apaixonante, ressaltam alguns números:
- 25 anos de vida
- 2004, ano em que foi editado o 1000º álbum com o selo Delcourt
- 3ª maior editora francófona de BD
- 118 %, o crescimento do valor de vendas entre 2003 e 2010
- 42 000 K€, o seu volume de negócios
- 44 nomeações para os prémios de Angoulême
- 400 000 exemplares vendidos de Happy Sex, o seu best-seller
- 2 000 000 exemplares vendidos da série Les Blagues de Toto
- 33 álbuns recenseados em As Leituras do Pedro (!)
Agora 25 anos depois, como leitor regular dos seus títulos, mais do que muita verborreia – que acho mais útil substituir para um convite para visitar o seu site – ocorrem-me três palavras: Parabéns, obrigado, continuem!
24/02/2011
Leituras Novas
Booksmile
Scott Pilgrim e a Tristeza Infinita
Bryan Lee O’Malley (argumento e desenho)
O novo amor de Scott Pilgrim, Ramona Flowers, tornou-lhe a vida um pouco mais complicada. Ela tem sete ex-namorados maléficos que estão a aparecer, um por um, para o desafiarem a ganhar o direito de estar com ela.
E o ex-namorado n.º 3, Todd Ingram, chega com uma surpresa extra: a sua actual paixão é o antigo amor da vida de Scott Pilgrim! Envy Adams despedaçou o coração de Scott há um ano e meio. Agora está de volta, com a sua banda de art-rock maléfico, The Clash At Demonhead.
Ela quer que a banda de Scott faça a primeira parte do seu concerto, dentro de dois dias – tempo mais do que suficiente para Scott lutar com Todd, esquecer a Envy, fazer a Ramona feliz, esquivar-se aos avanços de ex-namoradas descontroladas e ensaiar o novo alinhamento. Certo?
ASA
Bórgia #4 - Tudo é Vaidade
Alejandro Jodorowsky (argumento) e Milo Manara (desenho)
A expedição a Itália do Rei Carlos VIII de França termina em Nápoles com o afogamento do soberano nas lavas incandescentes do Vesúvio. Liberto do compromisso sacerdotal pelo seu pai, César Bórgia sonha reconquistar o país…
Tintin – As 7 Bolas de Cristal
Hergé (argumento e desenho)
Uma misteriosa doença afecta os membros de uma expedição arqueológica recentemente regressada dos Andes, onde descobriram uma múmia. Um por um, os membros da expedição ficam em estado de letargia. As únicas pistas são uns estilhaços de cristal encontrados perto de cada vítima, pertencentes a bolas de cristal. Preocupados com a situação, Tintin, o Capitão Haddock e o Professor Girassol visitam um amigo do último, o Professor Hipólito Bergamotte, o único membro da expedição ainda de boa saúde. É em casa deste que se encontra a múmia do inca Rascar Capac a qual desaparece misteriosamente. A situação complica-se ainda mais quando o professor Girassol descobre uma pulseira de ouro pertencente à múmia e a coloca no seu pulso…
Tintin – O Templo do Sol
Hergé (argumento e desenho)
Trata-se da continuação da aventura iniciada em As 7 Bolas de Cristal. Tintin, Haddock e Milu, chegam ao Peru antes do Pachacamac, o navio que levava o professor Girassol. Quando o cargueiro entra na baía, é posto em quarentena pelas autoridades sanitárias. Tintin resolve entrar clandestinamente no navio onde encontra o professor, que dorme sob o efeito de drogas. Tintin tem de fugir a nado, mas de madrugada vê desembarcarem o professor. Com Dupont e Dupond, enviados pela polícia francesa para os ajudar, o capitão, Tintin e Milu seguem a pista do professor pelo interior do Peru…
Tintin no País do Ouro Negro
Hergé (argumento e desenho)
Em o Tintin no País do Ouro Negro, tudo o que usa gasolina como combustível explode em série. Para investigar o caso, Tintin embarca num petroleiro rumo ao Médio Oriente. Dupont e Dupond seguem-no, disfarçados de marinheiros. Chegando ao destino, Tintin e Milu perdem-se no deserto, sempre seguidos pelos dois detectives. Acabam todos por se encontrar e já na capital, o jovem repórter descobre que o que estava em jogo era a exploração do petróleo do país, que atraía a cobiça de poderosos interesses internacionais, representados pelo sinistro doutor Müller.
Dragon Ball #6 – O Grande Erro de Bulma
Toryiama (argumento e desenho)
Para salvar o presidente da aldeia, mantido como refém no último andar da Torre Músculo, Goku vai ter de enfrentar outros aliados da Red Ribbon como o Ninja Murasaki e o Andróide nº 8. Será que vai conseguir vencê-los?
Afrontamento
Peanuts - Obra Completa 1961/62
Charles Schulz (argumento e desenho)
Peanuts são uma das mais famosas tiras cómicas da história aclamadas pelo público leitor de todo o mundo. As personagens de Charles M. Schulz - Charlie Brown, Snoopy, Lucy, Linus, Schroeder e muitos outros - tornaram-se ícones mundiais. Em 1999, um júri americano de peritos em comics afirmou os Peanuts como as segundas melhores tiras cómicas do século XX. Em 2002, um estudo identificou os Peanuts como um cartoon reconhecido por 94% do total do público leitor americano, sendo apenas suplantados pelo rato Mickey. Os Peanuts nasceram em 1950 e foram publicados em cerca de 2600 jornais e em 21 línguas diferentes. Neste volume editam-se-se as tiras publicadas em 1961 e 1962.
Gradiva
Manual Zits® para Viver
Jerry Scott (argumento) e Jim Borgman (desenho)
Primeiro Manual do Utilizador para pais adolescentes.
Paciência não incluída.
Às Quintas falamos de BD (I)
João Paulo de Paiva Boléo (texto)
CNBDI (Portugal, Fevereiro de 2011)
Hoje, às 21 horas, no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem (CNBDI), na Avenida do Brasil, 52A, na Amadora, será apresentado o livro “E Tudo Fernando Bento Sonhou“, da autoria de João Paulo de Paiva Boléo, no seguimento da (magnífica) exposição com o mesmo nome que comissariou e esteve patente no Amadora BD 2010.
Este evento inaugura o programa de encontros mensais “Às Quintas falamos de BD”, que terão lugar no CNBDI, na última quinta-feira de cada mês, de Fevereiro até Maio
23/02/2011
L’orfèvre
Warnauts (texto e desenho)
Guy Raives (texto, desenho e cor)
Glénat (França, 9 de Fevereiro de 2011)
180 x 243 mm, 240 p., cor, cartonado, 15,00 €
Resumo
L’orfèvre (o ourives), é o apelido de Charles-André Lafleur, um agente ao serviço do estado francês, que encontramos envolvido em inquéritos de contornos políticos, numa qualquer república da América Central, Nova Iorque, Paris ou no Cambodja.
Ambientado nos anos 30, este álbum recolhe os 5 tomos que Lafleur protagonizou – La Mort commme um piment, La maison sur la plage, K.O. sur ordonnace, Le sourire de Bouddha e Les Larmes de la Courtisane, originalmente publicados entre 2000 e 2004.
Desenvolvimento
Comecemos por falar da colecção. Ao contrário da maior parte doutros volumes integrais que aqui tenho referido, geralmente dedicados à recuperação de séries clássicas, a colecção Les Intégrales da Glénat – tal como esta da Dupuis – tem uma orientação diferente. Assim, agrupa num único volume, no formato geralmente designado como de ‘livro’ – seja lá isso o que for… - alguns tomos de uma série (ou toda a série como neste caso), mais ou menos recente e de algum sucesso.
No caso presente, “L’orfèvre” compila os inquéritos de Lafleur, agente ao serviço do estado francês, envolvido em casos com contornos políticos, relacionados com tráfico de influências, contrabando de droga ou de objectos de arte. A apimentar cada um deles encontram-se elementos mais comuns em relatos policiais, como relacionamentos dúbios, racismo, sexo, traição e alguma violência.
Lafleur, cujo passado, algo nebuloso, vai sendo aflorado ao longo dos relatos, ao contrário de muitos dos seus pares detectives, privilegia a dedução, a intriga e a actuação na sombra em detrimento da acção directa, o que se traduz em narrativas de ritmo moderado que os autores aproveitam para definir e aprofundar o carácter dos principais intervenientes, bem como para tornar mais complicados os contornos de cada caso, cujos desfechos nem sempre são os esperados, o que por vezes obriga a uma releitura para que o leitor se aperceba de todos os pormenores disponibilizados (em texto, expressões, cenário…).
E também, importa dizê-lo, porque essa é uma das principais características deste álbum – bem como de outros da dupla Warnauts/Raives – pois esse ritmo pausado (apesar da diversidade da planificação) permite-lhes demorarem-se e aplicarem-se nos (belos) retratos de cada um dos lugares, exóticos (ou não) onde a presença de Lafleur é exigida, enquanto mostram apontamentos de como foram os agitados anos 30 do século passado. E, igualmente, em contraste com o tom algo caricatural usado para os homens, nos belos e chamativos retratos das belas mulheres que são outra constante nas suas obras.
A reter
- As belas mulheres de Warnauts e Raives.
- As soberbas cores que pintam cada prancha.
- A possibilidade de o leitor comprar 5 tomos pelo preço de um só, poupando na carteira - e no espaço de prateleira!
Menos conseguido
- Algum estaticismo das figuras humanas.
- O menor à vontade revelado pelos autores na representação das cenas de maior acção, como a perseguição automóvel das páginas 75 a 77.
- A redução do formato em relação aos tomos originais que, se não prejudica a leitura em si, não permite apreciar da mesma forma a arte de Warnauts e Raives.