O desenhador argentino Francisco Solano López faleceu em Buenos Aires no passado dia 12, vítima de um derrame cerebral. Nascido há 83 anos, tinha tido um AVC no início deste ano, que o deixara bastante debilitado. No passado dia 7 deu uma queda e bateu com a cabeça, tendo ficado em coma até este desenlace fatal.Desenhador de BD desde 1953, Solano López foi um dos grandes nomes da chamada “escola argentina” – que inclui nomes como Hugo Pratt, José Muñoz ou Alberto Breccia – tendo criado, juntamente com o argumentista Hector Germán Oesterheld, “El Eternauta”.
Publicada entre 1957 e 1959, na revista Hora Cero, “El Eternauta” narra uma invasão extraterrestre em Buenos Aires, em 1963, iniciada com a queda de uma neve fluorescente que mata por simples contacto. O relato é feito por um sobrevivente, Juan Salvo, que acidentalmente entra numa máquina dos invasores, sendo transportado para outras dimensões, tornando-se “um peregrino através dos séculos, viajando pela eternidade, um Eternauta”. Acabará por chegar a Buenos Aires em 1959, narrando a sua história para avisar do perigo que em breve ameaçará o seu país. Os pontos fortes da narrativa são o rigor fotográfico dos cenários bem conhecidos dos leitores, o facto de o protagonismo pertencer a um colectivo heterogéneo e não a um herói isolado, sendo fácil para os leitores identificarem-se com algum dos seus elementos, e a hábil combinação de ficção científica e crítica política, facilitada pelo facto de o protagonista se deslocar facilmente entre épocas e locais.
A politização da série trouxe vários dissabores aos autores, o que levou Solano López, a exilar-se no início dos anos 60, primeiro em Espanha, depois em Inglaterra, onde desenhou relatos de guerra para a Fleetway.
Regressado à Argentina, retomou “El Eternauta”, na revista Skorpio, mais uma vez em colaboração com Oesterheld, até este desaparecer, em 1976, como mais uma vítima da ditadura militar argentina. O desenhador regressou então à Europa, tendo desenhado “Slot Barr” (com texto de Ricardo Barreiro), “Águilla negra” (Ray Collins) e “Evaristo” (Carlos Sampayo) e histórias de ficção e eróticas para o mercado norte-americano, a par de diversos regressos a “El Eternauta”, o último dos quais datado de 2006.
Distinguido ao longo dos anos com numerosos prémios, Solano López, depois de Carlos Trillo, falecido em Maio, é o segundo grande autor argentino a desaparecer este ano.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 15 de Agosto de 2011)
16/08/2011
Solano López (1928-2011)
15/08/2011
As Figuras do Pedro (IV)
The Schtroumpfs
Mobile Hanger Hefty
Figuras: Grande Schtroumpf, Schtroumpf Negro, Schtroumpf de óculos, Schtroumpfette, Schtroumpf Preguiçoso, Schtroumpf Forte, Schtroumpf Astronauta, Schtroumpf Desportista
Colecção: The Smurfs Mobile Hanger Hefty
Fabricante/Distribuidor : I.M.P.S. / Casa International NV
Ano : 2011
Altura : 2,5 cm, ou seja sensivelmente um terço (e não três vezes) a altura de uma maçã
Material: PVC
Preço original: 1,99 €, na CASA
Descrição: Pendente para telemóvel que se transforma numa bem conseguida figura de PVC uma vez desapertado o parafuso existente na cabeça de cada Schtroumpf.
Mobile Hanger Hefty
Figuras: Grande Schtroumpf, Schtroumpf Negro, Schtroumpf de óculos, Schtroumpfette, Schtroumpf Preguiçoso, Schtroumpf Forte, Schtroumpf Astronauta, Schtroumpf Desportista
Colecção: The Smurfs Mobile Hanger Hefty
Fabricante/Distribuidor : I.M.P.S. / Casa International NV
Ano : 2011
Altura : 2,5 cm, ou seja sensivelmente um terço (e não três vezes) a altura de uma maçã
Material: PVC
Preço original: 1,99 €, na CASA
Descrição: Pendente para telemóvel que se transforma numa bem conseguida figura de PVC uma vez desapertado o parafuso existente na cabeça de cada Schtroumpf.
14/08/2011
Selos & Quadradinhos (59)
Stamps & Comics / Timbres & BD (59)
Tema/subject/sujet: Schtroumpfs/Smurfs
País/country/pays: Bélgica/Belgium/Bélgique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2008
País/country/pays: Bélgica/Belgium/Bélgique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2008
Leituras relacionadas
2008,
Bélgica,
Schtroumpfs,
Selos e Quadradinhos
13/08/2011
Do esboço ao giclée na Mundo Fantasma
Data: 13 de Agosto a 4 de Setembro de 2011
Local: Galeria Mundo Fantasma, loja 509/510, Centro Comercial Brasília, Avenida da Boavista, 267, Porto
Horário: de 2ª a sábado, das 10h às 20h: Domingos e feriados, das 15h às 19h
Quase três anos após a sua abertura – que ocorreu a 29 de Novembro de 2008 – a galeria Mundo Fantasma antecipa a data com uma mostra retrospectiva das 20 exposições (ver lista no final deste texto) que apresentou desde então, por onde passaram alguns nomes grandes da banda desenhada mundial, como os norte-americanos James Sturm e Craigh Thompson, o galego David Rubin ou os brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá, a par de alguns dos maiores ilustradores e criadores de BD nacionais.
Na base da mostra, intitulada “Do Esboço ao Giclée”, que será inaugurada hoje, pelas 17 horas, estão os giclées editados a propósito de cada exposição. Um giclée é uma impressão de alta qualidade em papel especial, de tiragem limitada, numerada e assinada pelo autor, que pode reproduzir obras já conhecidas ou desenhos criados especialmente para o efeito, e a sua compra representa uma forma de investimento numa época em que os originais de banda desenhada são cada vez mais valorizados e se “conservam, valorizam, transaccionam, recuperam, classificam... tornando-se peças de museu”.
Nascida na loja homónima, especializada em banda desenhada importada, situada no Centro Comercial Brasília, no Porto, a galeria Mundo Fantasma surgiu como uma continuidade lógica do trabalho desenvolvida e da experiência adquirida pelos seus responsáveis na organização do Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto e na edição da revista Quadrado. Desde a sua génese, os seus principais objectivos são “provocar o encontro do público com o autor e a sua obra na exposição dos seus originais”, “valorizar a Banda Desenhada como Arte maior” e “incentivar o gosto e o apreço por uma Arte que nunca cessa de evoluir e crescer”.
Local: Galeria Mundo Fantasma, loja 509/510, Centro Comercial Brasília, Avenida da Boavista, 267, Porto
Horário: de 2ª a sábado, das 10h às 20h: Domingos e feriados, das 15h às 19h
Quase três anos após a sua abertura – que ocorreu a 29 de Novembro de 2008 – a galeria Mundo Fantasma antecipa a data com uma mostra retrospectiva das 20 exposições (ver lista no final deste texto) que apresentou desde então, por onde passaram alguns nomes grandes da banda desenhada mundial, como os norte-americanos James Sturm e Craigh Thompson, o galego David Rubin ou os brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá, a par de alguns dos maiores ilustradores e criadores de BD nacionais.
Na base da mostra, intitulada “Do Esboço ao Giclée”, que será inaugurada hoje, pelas 17 horas, estão os giclées editados a propósito de cada exposição. Um giclée é uma impressão de alta qualidade em papel especial, de tiragem limitada, numerada e assinada pelo autor, que pode reproduzir obras já conhecidas ou desenhos criados especialmente para o efeito, e a sua compra representa uma forma de investimento numa época em que os originais de banda desenhada são cada vez mais valorizados e se “conservam, valorizam, transaccionam, recuperam, classificam... tornando-se peças de museu”.
Nascida na loja homónima, especializada em banda desenhada importada, situada no Centro Comercial Brasília, no Porto, a galeria Mundo Fantasma surgiu como uma continuidade lógica do trabalho desenvolvida e da experiência adquirida pelos seus responsáveis na organização do Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto e na edição da revista Quadrado. Desde a sua génese, os seus principais objectivos são “provocar o encontro do público com o autor e a sua obra na exposição dos seus originais”, “valorizar a Banda Desenhada como Arte maior” e “incentivar o gosto e o apreço por uma Arte que nunca cessa de evoluir e crescer”.
29-Nov-08 a 04-Jan-09
"Kaleidoscope City" de Marcellus Hall
07-Fev-09 a 06-Mar-09
As Lições de Salazar de João Paulo Cotrim e Miguel Rocha
11-Mar-09 a 12-Abr-09
"América" de James Sturm
02-Mai-09 a 24-Mai-09
"Diário Rasgado" de Marco Mendes
20-Jun-09 a 12-Jul-09
Craig Thompson
18-Ago-09 a 13-Set-09
David Rubin
19-Set-09 a 04-Out-09
The Nan
10-Out-09 a 01-Nov-09
Some People Can't Draw! Mr Esgar's Art Show de Esgar Acelerado
14-Nov-09 a 11-Dez-09
"Moscas e Fórmulas" A Arte de de Osvaldo Medina e Cª
19-Dez-09 a 24-Jan-10
"Mistério e Alquimia" Exposição de Regina Pessoa
30-Jan-10 a 07-Mar-10
"Mosaicos Suburbanos" a BD de Pedro Brito e João Fazenda
13-Mar-10 a 25-Abr-10
"Má Raça" de Alex Gozblau
01-Mai-10 a 30-Mai-10
"A Alma do Negócio" Ilustrações de Ana Madureira
01-Jun-10 a 11-Jul-10
Gabriel Bá e Fabio Noon
16-Out-10 a 14-Nov-10
"Memórias Topográficas" de Diniz Conefrey
20-Nov-10 a 02-Jan-11
"Sinfonia Quadripolar" de Pepdelrey, Ricardo Venâncio, Nuno Duarte e João Tércio
29-Jan-11 a 06-Mar-11
"The True Story of Dite" de Zaneta Jasaityte
12-Mar-11 a 01-Mai-11
"Seduce and Destroy" Ilustração de Rui Ricardo
07-Mai-11 a 12-Jun-11
"Disco voador et Al" BD e Ilustração de Rui Duarte
18-Jun-11 a 10-Jul-11
Canivete esquisito no extraordinário equilíbrio
Finalistas do Curso de Licenciatura em Artes / BD / Ilustração - Escola Superior Artística do
Porto – Guimarães
16-Jul-11 a 07-Ago-11
Voyager – Colectiva de BD
12/08/2011
Schtroumpfs contra a guerra
A UNICEF tem a decorrer até 30 de Abril de 2006*, a campanha "Deixem as crianças em paz!", que inclui um desenho animado protagonizado pelos Schtroumpfs, criados na BD, por Peyo, em 1958.O filme começa como todas as aventuras dos pequenos seres azuis, com uma imagem idílica da aldeia onde todos vivem em paz. De súbito, começam a cair do céu bombas que causam a destruição total e matam todos menos o bebé Schtroumpf, miraculosamente poupado pelas bombas, mas que fica só, com a sua roca partida, no meio de cadáveres e ruínas a arder.
Este filme, destinado às televisões, passará apenas em horários em que os mais novos já estão a dormir, para os poupar ao choque que estas imagens fortes e violentas poderiam constituir. E chocar é realmente o objectivo da UNICEF, que optou pelo ataque a um dos símbolos da infância, para tentar questionar as consciências que parecem indiferentes às imagens de guerra reais e às suas consequências sobre os mais novos e indefesos.
(*Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 15 de Novembro de 2005)
Este filme, destinado às televisões, passará apenas em horários em que os mais novos já estão a dormir, para os poupar ao choque que estas imagens fortes e violentas poderiam constituir. E chocar é realmente o objectivo da UNICEF, que optou pelo ataque a um dos símbolos da infância, para tentar questionar as consciências que parecem indiferentes às imagens de guerra reais e às suas consequências sobre os mais novos e indefesos.
(*Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 15 de Novembro de 2005)
11/08/2011
L’Univers des Schtroumpfs
Tome 1: Gargamel et les Schtroumpfs
Peyo (argumento e desenho)
Le Lombard (Bélgica, 1 de Julho de 2011)
225 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
10,45 €
Resumo
Recolha de diversas histórias curtas oriundas do universo dos Schtroumpfs, tendo todas como figura central o feiticeiro Gargamel.
Desenvolvimento
A reter
- A recuperação destas pequenas histórias, que ajudam a desenvolver e compor o universo dos Schtroumpfs e proporcionam um novo (re)encontro com eles.
- O humor simples mas eficaz da maior parte delas.
Menos conseguido
- A ausência de dados sobra a data e local original de publicação de cada uma das bandas desenhadas, informações que, possivelmente, até não eram assim tão difíceis de obter.
Peyo (argumento e desenho)
Le Lombard (Bélgica, 1 de Julho de 2011)
225 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
10,45 €
Resumo
Recolha de diversas histórias curtas oriundas do universo dos Schtroumpfs, tendo todas como figura central o feiticeiro Gargamel.
Desenvolvimento
Aos leitores de hoje pode parecer banal, mas no tempo em que as revistas – semanais! – eram o principal – quantas vezes o único – local de publicação de histórias aos quadradinhos, era normal os autores fazerem historias curtas com os seus personagens – numa primeira fase para os testarem junto dos leitores, mais tarde para explorarem aspectos particulares dos seus universos. E, não havendo o hábito a publicação em álbum, muitas vezes ficavam esquecidas.
É o caso destas histórias curtas – entre 4 e 8 pranchas cada – dos Schtroumpfs, agora reunidas em álbum, que mais não são que pequenas explorações ou desvios do seu universo, todas centradas em torno da figura de Gargamel, o feiticeiro que é inimigo jurado dos pequenos seres azuis, que nelas se vê a braços com um crocodilo, um irmão gémeo (bom), um ogre esfomeado, um urubu, três sobrinhos traquinas e um rival, trazendo-lhe todos complicações, desfeitas e insucessos. E sorrisos divertidos a nós, leitores.
Da leitura – nostálgica, agradável, simples e divertida – deste álbum, fica a certeza de que Peyo, caso ainda estivesse entre nós, gostaria pouco (ou nada) do que a TV e o cinema (o filme Os Smurfs estreia hoje em Portugal, depois dos surpreendentes resultados obtidos nos EUA) fizeram às suas personagens originais.
Terminada a leitura, Gargamel surge sobre outra aparência – quase simpatizamos com ele sem dar por isso – a de um pobre coitado que, por mais que tente, por mais que faça, por mais que invente, nunca conseguirá o seu objectivo porque quando o (seu) criador (na BD) distribuiu os papéis, a ele saiu-lhe a fava, o papel de mau da fita (mas pouco..).
A reter
- A recuperação destas pequenas histórias, que ajudam a desenvolver e compor o universo dos Schtroumpfs e proporcionam um novo (re)encontro com eles.
- O humor simples mas eficaz da maior parte delas.
Menos conseguido
- A ausência de dados sobra a data e local original de publicação de cada uma das bandas desenhadas, informações que, possivelmente, até não eram assim tão difíceis de obter.
Leituras relacionadas
Le Lombard,
Peyo,
Schtroumpfs
10/08/2011
Wolverine – Inimigo do Estado
Volume 1
Mark Millar (argumento)
John Romita Jr. (desenho)
Kalus Janson (arte-final)
Pauls Mounts e Jose Villarrubia (cor)
Devir (Portugal, Junho de 2011)
168 x 257 mm, 144 p., cor, brochado
14,99 €
Resumo
Capturado e controlado pela Hidra, Wolverine transforma-se numa máquina de matar nas mãos erradas que nem todos os super-heróis do planeta parecem conseguir deter.
Desenvolvimento
Compreendo – com excepção do referente à lula - as palavras de Garth Ennis no prefácio: “Na maior parte das vezes, prefiro pregar uma lula raivosa na minha cara do que ler uma banda desenhada de super-heróis. Não é a minha onda, nunca foi. Os poderes, os fatos, os discursos, as atitudes, os nomes que dão às personagens. Não estou para me incomodar com tudo isso”.
Para mim, pessoalmente, os super-heróis também não são a minha onda. Nem a minha praia. O que não impede, confesso, que leia regularmente bandas desenhadas por eles protagonizadas. Por obrigação profissional, se assim posso escrever. O que se transforma em prazer, por vezes.
Como no caso deste Wolverine – Inimigo do Estado. Para cuja leitura tive de partir pondo de parte alguns preconceitos, aceitando alguns pré-conceitos. Após o que li um relato divertido – sem ligações a cronologias hiper-complicadas - e diversificado – muito por culpa da sucessiva aparição dos maiores heróis Marvel como Elektra, Quarteto Fantástico, Demolidor, Capitão América… - que consegue prender e cativar, mesmo um não-fã de super-heróis como eu. Porque enquanto vai sabotando, matando, ameaçando, atentando, Wolverine tem que se bater com muitos dos seus ex-aliados, ao mesmo tempo que luta consigo mesmo, tentando quebrar o domínio com que a Hidra o mantém controlado.
E se nisso Millar tem uma boa quota-parte da responsabilidade – apesar de algumas fraquezas argumentais inerentes ao género (desculpem, não consegui deixar de o escrever) – a ela também não é alheio o belo traço de Romita Jr., um dos meus desenhadores de comics preferidos, pela sua linha clara detalhada e bonita, excelente (quase sempre) no tratamento da figura humana, em especial ao nível dos rostos (femininos), e com a dinâmica necessária para retratar as (muitas e muito) preenchidas cenas de acção, das quais destaco a sequência do combate de Elektra com os ninjas ou o confronto entre Wolverine e o Demolidor.
Ao terminar o volume, se é verdade que o relato pouco avançou – algo usual nos super-heróis… - pois para além da “troca” de Wolverine por alguém que me abstenho de nomear, pouco mais aconteceu, após um tempo que considero bem empregue, reconheço que fiquei suspenso da sua continuação, com vontade de ler o resto de imediato. Fica o pedido à Devir que não esqueça os leitores que nela acreditarem comprando esta edição, para que seja célere na publicação do tomo seguinte com a sua conclusão.
A reter
- O regresso da Devir à edição, simultaneamente em banca e livraria. Com o desejo que não seja apenas (mais) um intervalo nas suas intermitências, mas o início de um (novo) ciclo de edições regulares.
- A distinção – com o selo “em português” – presente nas edições distribuídas nas bancas, que poderá cativar alguns leitores.
- A forma como a narrativa de Millar cativa e arrasta o leitor.
- O traço magnífico de Romita Jr., com pormenores magníficos – como a cena em que Wolverine abate o tubarão - embora…
Menos conseguido
- … a bela e delicada Sue Storm pareça anoréxica..
- … e o Capitão América que esmurra Wolverine quase no final tenha uma expressão pouco feliz, o que, sei, pode ser devido à arte-finalização de Janson.
Mark Millar (argumento)
John Romita Jr. (desenho)
Kalus Janson (arte-final)
Pauls Mounts e Jose Villarrubia (cor)
Devir (Portugal, Junho de 2011)
168 x 257 mm, 144 p., cor, brochado
14,99 €
Resumo
Capturado e controlado pela Hidra, Wolverine transforma-se numa máquina de matar nas mãos erradas que nem todos os super-heróis do planeta parecem conseguir deter.
Desenvolvimento
Compreendo – com excepção do referente à lula - as palavras de Garth Ennis no prefácio: “Na maior parte das vezes, prefiro pregar uma lula raivosa na minha cara do que ler uma banda desenhada de super-heróis. Não é a minha onda, nunca foi. Os poderes, os fatos, os discursos, as atitudes, os nomes que dão às personagens. Não estou para me incomodar com tudo isso”.
Para mim, pessoalmente, os super-heróis também não são a minha onda. Nem a minha praia. O que não impede, confesso, que leia regularmente bandas desenhadas por eles protagonizadas. Por obrigação profissional, se assim posso escrever. O que se transforma em prazer, por vezes.
Como no caso deste Wolverine – Inimigo do Estado. Para cuja leitura tive de partir pondo de parte alguns preconceitos, aceitando alguns pré-conceitos. Após o que li um relato divertido – sem ligações a cronologias hiper-complicadas - e diversificado – muito por culpa da sucessiva aparição dos maiores heróis Marvel como Elektra, Quarteto Fantástico, Demolidor, Capitão América… - que consegue prender e cativar, mesmo um não-fã de super-heróis como eu. Porque enquanto vai sabotando, matando, ameaçando, atentando, Wolverine tem que se bater com muitos dos seus ex-aliados, ao mesmo tempo que luta consigo mesmo, tentando quebrar o domínio com que a Hidra o mantém controlado.
E se nisso Millar tem uma boa quota-parte da responsabilidade – apesar de algumas fraquezas argumentais inerentes ao género (desculpem, não consegui deixar de o escrever) – a ela também não é alheio o belo traço de Romita Jr., um dos meus desenhadores de comics preferidos, pela sua linha clara detalhada e bonita, excelente (quase sempre) no tratamento da figura humana, em especial ao nível dos rostos (femininos), e com a dinâmica necessária para retratar as (muitas e muito) preenchidas cenas de acção, das quais destaco a sequência do combate de Elektra com os ninjas ou o confronto entre Wolverine e o Demolidor.
Ao terminar o volume, se é verdade que o relato pouco avançou – algo usual nos super-heróis… - pois para além da “troca” de Wolverine por alguém que me abstenho de nomear, pouco mais aconteceu, após um tempo que considero bem empregue, reconheço que fiquei suspenso da sua continuação, com vontade de ler o resto de imediato. Fica o pedido à Devir que não esqueça os leitores que nela acreditarem comprando esta edição, para que seja célere na publicação do tomo seguinte com a sua conclusão.
A reter
- O regresso da Devir à edição, simultaneamente em banca e livraria. Com o desejo que não seja apenas (mais) um intervalo nas suas intermitências, mas o início de um (novo) ciclo de edições regulares.
- A distinção – com o selo “em português” – presente nas edições distribuídas nas bancas, que poderá cativar alguns leitores.
- A forma como a narrativa de Millar cativa e arrasta o leitor.
- O traço magnífico de Romita Jr., com pormenores magníficos – como a cena em que Wolverine abate o tubarão - embora…
Menos conseguido
- … a bela e delicada Sue Storm pareça anoréxica..
- … e o Capitão América que esmurra Wolverine quase no final tenha uma expressão pouco feliz, o que, sei, pode ser devido à arte-finalização de Janson.
09/08/2011
Tex Gigante #23
Patagônia
Mauro Boselli (argumento)
Pasquale Frisenda (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2009)
182 x 277 mm, 242 páginas, preto e branco, capa brochada
9,00 €
Resumo
A pedido de Mendonza, um antigo ajudante de Montales, Tex e o seu filho Kit deslocam-se à Argentina para servirem de intermediários entre o governo e os índios locais, tentando manter a paz numa zona conturbada.
Desenvolvimento
Fosse a bibliografia de Tex constituída apenas pelas edições gigantes (os italianos Textone) e o mais antigo western da BD mereceria igualmente um lugar de destaque na História das histórias aos quadradinhos, embora por motivos diferentes.
Apresentando um retrato (algo) diferente do ranger em cada número, não só graficamente mas também pela adequação (contida…) do herói ao estilo – gráfico, narrativo, temático - do autor convidado, esta colecção reúne algumas das suas melhores histórias e também algumas excelentes bandas desenhadas.
É o caso deste “Patagônia” – convém dizê-lo pois a introdução já vai longa – que se inicia com uma das melhores sequências a preto e branco que vi nos últimos meses: o ataque nocturno a um posto fortificado, com os intervenientes muitas vezes apenas silhuetas, mergulhadas numa neblina que os torna quase invisíveis, com a tensão crescente que vai culminar logo de seguida com a aparição atroadora dos cavaleiros e no massacre de uma aldeia indígena.
Mas, se este início é, a um tempo, surpreendente, pela localização da acção – a pampa argentina -, e prometedor para o resto do relato, de imediato vem o que eu considero o ponto mais fraco da história: o motivo para Tex deixar o seu território habitual para se deslocar ao outro lado do mundo, o que soa pouco credível, seja qual for o ângulo pelo qual se considere.
Mas, ultrapassada esta questão (que não é só de pormenor numa BD de tanta qualidade), mergulhamos num épico magnífico e intenso, no qual vamos assistir à luta de um povo pela sua sobrevivência, à custa de muita tenacidade, determinação, heroísmo, vontade de viver livre, sacrifício, sangue e (muitos) mortos.
Um épico – com uma forte componente histórica e realista - no qual Tex, embora tendo um papel importante, é muito menos interveniente do que é habitual, lutando contra forças superiores às suas, mesmo que para vencer elas utilizem métodos menos limpos e estratagemas pouco sérios, quando a sede de glória (?) se sobrepõe à justiça e quando os imperativos militares são mais fortes do que a amizade e a honra.
E se é verdade que nada disto é novidade em BD, nem sequer em Tex, a força, o carácter, a determinação que Boselli conferiu aos índios das pampas faz a diferença, transformando mais um western – porque o é, apesar da sua deslocalização! – num western diferente e marcante cuja leitura, com toda a certeza, não deixará ninguém indiferente.
Até porque, a o seu final – a batalha contra as tropas governamentais mas estreitas gargantas andinas atravessadas pelos indígenas na sua fuga pela liberdade rumo ao Chile - apresenta, de novo, páginas notáveis, passíveis de entrar em qualquer galeria de quadradinhos a preto e branco ao mesmo tempo que são das páginas mais violentas que eu já vi em Tex, pese o facto – ou exactamente por isso – de não conterem qualquer texto.
A reter
- A força do relato.
- A caracterização dos índios argentinos: fortes, determinados, dispostos a tudo pelos seus ideais.
- O limitado protagonismo de Tex, que deixa à narrativa tempo para respirar e desenvolver-se (quase) à sua revelia.
- O traço de Frisenda, soberbo nas sequências inicial e final, muito bom em quase todos os restantes episódios.
Menos conseguido
- O pretexto que leva Tex e Kit até à Argentina.
- O facto de a sua fama o ter precedido junto dos índios locais.
A ter em atenção
- Este álbum está actualmente disponível nas bancas e quiosques nacionais. Aconselho seriamente a sua compra. Aos fãs de Tex e – principalmente – aos que não o são.
Mauro Boselli (argumento)
Pasquale Frisenda (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2009)
182 x 277 mm, 242 páginas, preto e branco, capa brochada
9,00 €
Resumo
A pedido de Mendonza, um antigo ajudante de Montales, Tex e o seu filho Kit deslocam-se à Argentina para servirem de intermediários entre o governo e os índios locais, tentando manter a paz numa zona conturbada.
Desenvolvimento
Fosse a bibliografia de Tex constituída apenas pelas edições gigantes (os italianos Textone) e o mais antigo western da BD mereceria igualmente um lugar de destaque na História das histórias aos quadradinhos, embora por motivos diferentes.
Apresentando um retrato (algo) diferente do ranger em cada número, não só graficamente mas também pela adequação (contida…) do herói ao estilo – gráfico, narrativo, temático - do autor convidado, esta colecção reúne algumas das suas melhores histórias e também algumas excelentes bandas desenhadas.
É o caso deste “Patagônia” – convém dizê-lo pois a introdução já vai longa – que se inicia com uma das melhores sequências a preto e branco que vi nos últimos meses: o ataque nocturno a um posto fortificado, com os intervenientes muitas vezes apenas silhuetas, mergulhadas numa neblina que os torna quase invisíveis, com a tensão crescente que vai culminar logo de seguida com a aparição atroadora dos cavaleiros e no massacre de uma aldeia indígena.
Mas, se este início é, a um tempo, surpreendente, pela localização da acção – a pampa argentina -, e prometedor para o resto do relato, de imediato vem o que eu considero o ponto mais fraco da história: o motivo para Tex deixar o seu território habitual para se deslocar ao outro lado do mundo, o que soa pouco credível, seja qual for o ângulo pelo qual se considere.
Mas, ultrapassada esta questão (que não é só de pormenor numa BD de tanta qualidade), mergulhamos num épico magnífico e intenso, no qual vamos assistir à luta de um povo pela sua sobrevivência, à custa de muita tenacidade, determinação, heroísmo, vontade de viver livre, sacrifício, sangue e (muitos) mortos.
Um épico – com uma forte componente histórica e realista - no qual Tex, embora tendo um papel importante, é muito menos interveniente do que é habitual, lutando contra forças superiores às suas, mesmo que para vencer elas utilizem métodos menos limpos e estratagemas pouco sérios, quando a sede de glória (?) se sobrepõe à justiça e quando os imperativos militares são mais fortes do que a amizade e a honra.
E se é verdade que nada disto é novidade em BD, nem sequer em Tex, a força, o carácter, a determinação que Boselli conferiu aos índios das pampas faz a diferença, transformando mais um western – porque o é, apesar da sua deslocalização! – num western diferente e marcante cuja leitura, com toda a certeza, não deixará ninguém indiferente.
Até porque, a o seu final – a batalha contra as tropas governamentais mas estreitas gargantas andinas atravessadas pelos indígenas na sua fuga pela liberdade rumo ao Chile - apresenta, de novo, páginas notáveis, passíveis de entrar em qualquer galeria de quadradinhos a preto e branco ao mesmo tempo que são das páginas mais violentas que eu já vi em Tex, pese o facto – ou exactamente por isso – de não conterem qualquer texto.
A reter
- A força do relato.
- A caracterização dos índios argentinos: fortes, determinados, dispostos a tudo pelos seus ideais.
- O limitado protagonismo de Tex, que deixa à narrativa tempo para respirar e desenvolver-se (quase) à sua revelia.
- O traço de Frisenda, soberbo nas sequências inicial e final, muito bom em quase todos os restantes episódios.
Menos conseguido
- O pretexto que leva Tex e Kit até à Argentina.
- O facto de a sua fama o ter precedido junto dos índios locais.
A ter em atenção
- Este álbum está actualmente disponível nas bancas e quiosques nacionais. Aconselho seriamente a sua compra. Aos fãs de Tex e – principalmente – aos que não o são.
(Texto publicado originalmente no Tex Willer Blog)
Leituras relacionadas
Mauro Boselli,
Mythos,
opinião,
Pasquale Frisenda,
Tex
08/08/2011
Leituras de Banca
Agosto de 2011
Revistas periódicas de banda desenhada este mês disponíveis nas bancas portuguesas.
Revistas periódicas de banda desenhada este mês disponíveis nas bancas portuguesas.
Mythos
TEX 470
Dez Anos Depois
Texto: Claudio Nizzi – Desenhos: Rossano Rossi
TEX COLEÇÃO 262
Linchamento
Texto: G. L. Bonelli – Desenhos: Erio Nicolò
OS GRANDES CLÁSSICOS DE TEX 27
Além do Deserto/A Horda Selvagem
Texto: G. L. Bonelli – Desenhos: A. Galleppini
TEX GIGANTE 23
Patagónia
Texto: Mauro Boselli – Desenhos: Pasquale Frisenda
ZAGOR 119
Escolta Militar
Texto: Moreno Burattini – Desenhos: Marco Verni
ZAGOR EXTRA 83
Ladrão de Sombras
Texto: Mauro Boselli – Desenhos: Mauro Laurenti
ZAGOR ESPECIAL 30
O Sepulcro do Feiticeiro
Texto: Paolucci – Desenhos: Chiarolla
Fugindo do Inferno
Texto: Gianfranco Manfredi – Desenhos: Perovic
AVENTURAS DE UMA CRIMINÓLOGA 75
O Julgamento de Hipócrates
Texto: Giancarlo Berardi & L. Calza – Desenhos: Mario Janni
Panini
Turma da Mónica
Almanaque Piteco & Horácio #2
Almanaque da Magali #25
Almanaque da Tina #9
Almanaque do Bidu e do Mingau #2
Almanaque do Chico Bento #27
Almanaque do Papa Capim e Turma da Mata #2
Almanaque Historinhas de uma página #6
Cascão #50
Cebolinha #50
Chico Bento #50
Magali #50
Mônica #50
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #50
Turma da Mônica – Clássicos do Cinema #24 – Avaturma
Turma da Mónica – Saiba mais #41 – Sistema Solar
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #50
Turma da Mônica Jovem #32
DC Comics
Batman #98
Liga da Justiça #97
Superman #98
Universo DC #7
Marvel
Avante Vingadores #46
Homem-Aranha #108
Os Novos Vingadores #83
Wolverine #72
X-Men #108
Universo Marvel #6
Manga
Vampire Knight #4
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