23/04/2012

Entrevista a Maurizio Dotti

Sinto-me fascinado pelas cidades cheias de história”










A edição em Junho próximo, na revista Dampyr #147, da história “Tributo di sangue”, que traz aquele herói da Sergio Bonelli Editore de novo a terras portuguesas, foi o pretexto para uma pequena conversa com o seu desenhador, o italiano Maurizio Dotti.

As Leituras do Pedro - De que trata esta história de Dampyr?
Maurizio Dotti - A trama, ambientada entre a cidade do Porto, Vila Nova de Gaia e Miranda do Douro, começa com a aparição de um fantasma inquieto, testemunha de um terrível passado distante, do século XVI, feito de inquisição e minoria judaica, que aparece à boquiaberta e sensitiva Maud Nightingale, que fica bastante curiosa. Na tentativa de descobrir quem é a pessoa que se esconde por trás da aparição fantasmagórica, os nossos heróis conhecerão a terrível verdade ligada a Torke e aos seus truculentos rituais antropofágicos que, como uma aura de morte, paira sobre uma importante e antiga cave vinícola. É o que eu posso dizer, o resto é um mistério.

ALP – Conhece as cidades de Porto e Vila Nova de Gaia?
MD - Não! Infelizmente nunca tive o prazer de visitá-las, mas pelo que as fotos me mostraram, são certamente cidades belíssimas.

ALP - Que documentação utilizou para as retratar na BD?
MD - Eu recebi do óptimo Giovanni Eccher uma grande quantidade de imagens realmente muito bonitas, escolhidas com o gosto formal de um realizador de um filme, coisa que afinal ele é.

ALP - Quais as maiores dificuldades que enfrentou para a desenhar?
MD - Uma dificuldade é a de tornar os lugares e itinerários reconhecíveis. Nem sempre as fotos, por mais bonitas que sejam, mostram com clareza o que se deve desenhar. Eu tenho uma certa dificuldade em realizar graficamente as figuras fantásticas, por isso sou sempre muito crítico e hesitante, quando tenho de as fazer.

ALP - Que relação existe na história entre os produtores de vinho e os extraterrestres?
MD - Mais que de extraterrestres, eu falaria de figuras evanescentes, aparições fantasmagóricas. De todo modo, eu não posso responder a essa pergunta, seria como revelar quem é o assassino num romance policial, não acha?

ALP - Que outra cidade portuguesa gostaria de desenhar?
MD - Certamente Lisboa. Eu creio que ali há muitos lugares interessantes para reproduzir. Eu sinto-me fascinado pelas cidades cheias de história. Eu tive a oportunidade de visitar muitas delas no meu distante passado de actor teatral andarilho e, naquelas ocasiões, eu gostava de captar os melhores ângulos com papel e aquarela. Odeio desenhar as cidades modernas: eu sou um verdadeiro dinossauro!

Esta entrevista não teria sido possível sem a inestimável colaboração de José Carlos Pereira Francisco, para o contacto com o autor e a Sergio Bonelli Editore, e de Julio Schneider, para a tradução das questões e das respectivas respostas. A ambos o meu muito obrigado.


Entrevista a Giovanni Eccher

“Porto e Gaia são espectaculares do ponto de vista cenográfico”




  

A edição em Junho próximo, na revista Dampyr #147, da história “Tributo di sangue”, que traz aquele herói da Sergio Bonelli Editore de novo a terras portuguesas, foi o pretexto para uma pequena conversa com o seu argumentista, o italiano Giovanni Eccher.

As Leituras do Pedro - De que trata esta história de Dampyr?
Giovanni Eccher - O volume faz parte do ciclo de histórias dedicadas a Thorke, um demónio da Dimensão Negra que leva os seus seguidores ao canibalismo. Como é tradição em Dampyr, a trama faz referência a vários aspectos histórico-geográficos do local em que é ambientada: o vinho do Porto e os exportadores de Vila Nova, o enclave cultural de Miranda do Douro, as perseguições aos judeus perpetradas pela população cristã (o massacre de Lisboa) e pela Inquisição portuguesa no século XVI.

ALP - Porquê situá-la no Porto e em Gaia?
GE - A história começa no Porto mas depois desloca-se para todo o vale do Douro: parte das construções de Vila Nova de Gaia e chega a Miranda do Douro, para depois voltar para os vinhedos dos produtores do Porto no meio dos quais se imagina que há um mosteiro que, embora inventado, é graficamente inspirado em vários conventos e mosteiros portugueses, como o Convento de Cristo em Tomar e o Mosteiro de Santa Maria em Alcobaça.
O motivo por que a trama é ambientada nesses lugares é muito simples: eu fiquei impressionado durante uma belíssima viagem a Portugal. Além disso, como a minha namorada é dona de uma enoteca em Milão, ela foi a minha guia entre os exportadores de Vila Nova de Gaia, que nos acolheram com muita cortesia e nos permitiram visitar as suas caves e provar os seus produtos - rigorosamente fora dos percursos turísticos. Desde então sou cliente da Quinta de Ervamoira de Ramos Pinto.
Na história também há um fantasma que se manifesta num trajo típico mirandense, um traje que achei realmente inquietante: quase tanto quanto os próprios mirandenses! Brincadeiras à parte, é gente muito hospitaleira. Só um pouco estranha.

ALP – Conhece então as cidades de Porto e Vila Nova de Gaia?
GE - Conheço tanto quanto pode conhecer um turista que passou alguns dias ali. Por não ter um conhecimento aprofundado, eu contentei-me em usá-las como cenários. Trata-se de cidades muito espectaculares do ponto de vista cenográfico: por exemplo, há uma cena de acção que acontece na ponte Luís I, que eu imaginei no local e depois inseri no roteiro quando regressei a Itália.

ALP - Algum português tem intervenção relevante na história?
GE - Há mais de um! À parte as personagens pertencentes à série (Harlan, Maud Nightingale e Dean Barrymore), todas as outras são portuguesas. Temos um exportador de vinhos de ascendência inglesa, uma corajosa estudante de Coimbra, o espírito de uma locandeira marrana do século XVI e outras personagens coadjuvantes. Quais são os seus papéis específicos, não posso dizer para não estragar a surpresa.

ALP - Tem planos para novas aventuras de Dampyr em Portugal?
GE - Como as aventuras de Harlan e dos seus parceiros acontecem em todo o mundo, é possível que um dia eles voltem a Portugal, numa história minha ou de outro autor (e esta também não é a primeira vez: Harlan já tinha estado em Portugal no número 75, "Lo sposo della vampira", de Boselli e Bocci). Pessoalmente, não tenho programada outra história portuguesa, mas nunca se sabe.

Esta entrevista não teria sido possível sem a inestimável colaboração de José Carlos Pereira Francisco, para o contacto com o autor e a Sergio Bonelli Editore, e de Julio Schneider, para a tradução das questões e das respectivas respostas. A ambos o meu muito obrigado.

22/04/2012

Anicomics Lisboa 2012
















Pelo 3º ano consecutivo, a BD mundial e as personagens da animação japonesa regressam à Bilbioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Telheiras, para o maior e melhor ANICOMICS LISBOA de sempre!
Nos dias 5 e 6 de Maio, o auditório, o pátio exterior e os 3 pisos do edifício irão ser palco das mais variadas iniciativas, com destaque para um espectáculo que irá reunir os melhores cosplayers portugueses da actualidade, para dois desfiles de moda e um show burlesco, quaisquer deles inéditos em eventos do género em Portugal.
Os amantes da BD poderão também deliciar-se com exposições de originais e a presença de autores nacionais e estrangeiros, que deixarão a sua marca em workshops, debates, lançamentos de livros e sessões de autógrafos.
A edição deste ano marcará ainda a estreia de uma Gaming Zone exclusiva, dedicada aos vídeo-games e aos jogos de cartas e tabuleiro! Não faltará, claro, uma zona comercial, onde poderão encontrar as últimas novidades em comics, manga, peluches, figuras e acessórios de cosplay para todos os gostos.
Todos os detalhes e outras surpresas aqui.

(Texto da responsabilidade da organização)

21/04/2012

Martin Mystère: Três décadas a desvendar os grandes enigmas da humanidade









Há 30 anos, em Abril de 1982, a Sergio Bonelli Editore lançava Martin Mystère, seguindo a sua política de bandas desenhadas eminentemente populares (devido ao preço baixo e às temáticas apelativas), na peugada do sucesso de que Tex era o expoente máximo.
Criado por Alfredo Castelli, responsável pelos argumentos de dezenas das suas aventuras, e, nesse número inicial, desenhado por Giancarlo Alessandrini, Mystère, nascido em Nova Iorque em 1942, é, em simultâneo, professor de cibernética, arqueólogo, aventureiro e escritor. Antes da estreia da revista com o seu nome, Castelli tinha tentado lança-lo – com outro nome – por duas vezes, primeiro aos quadradinhos, depois na televisão, mas sem sucesso.
Cada uma das aventuras do detective do impossível, como também é conhecido, evocativas dos grandes romances populares, é pretexto para investigar os grandes mistérios que a história da humanidade – passada e futura… - reserva, das pirâmides aztecas, maias ou egípcias ao Triângulo das Bermudas e às estátuas da Ilha de Páscoa, dos segredos dos templários a certas crenças africanas, de tradições religiosas (arca de Noé, torre de Babel…) à eventual visita de seres de outros planetas. E se nem sempre as respostas são satisfatórias ou absolutas, a sua base histórica, o retrato fiel das épocas em que decorrem e o seu tom de alguma forma culto, que reflectem o trabalho de investigação que está na sua origem, pode surpreender pelo tal tom iminentemente popular desta banda desenhada.
Ao lado de Mystére, surgem geralmente Java, um homem de Neandertal que encontrou numa das suas investigações e a quem reserva o protagonismo nos momentos de acção, e a bela Diana Lombard, sua noiva eterna e pouca apreciadora do seu lado de conquistador incorrigível. É com eles que defronta vezes sem conta Os Homens de Negro, uma seita secular encarregada de manter as “versões oficiais” por detrás dos fenómenos que investiga, e Sergeij Orloff, seu antigo companheiro e agora rival.
A título de curiosidade, refira-se o facto de Mystére ter sido um dos primeiros heróis dos quadradinhos a utilizar computador e, até por ser algo pouco habitual no universo Bonelli, os dois crossovers entre Mystère e Dylan Dog e um outro do detective do impossível com Nathan Never.
Nunca publicado em Portugal, Martin Mystère, que em 2003 foi adaptado em desenho animado pela Marathon, esteve presente ao longo dos anos nos quiosques portugueses através das edições brasileiras, primeiro pela mão da Globo (13 números entre 1986 e 1988), depois da Record (17 edições mais um especial, entre 1990 e 1992), e, mais recentemente, pela Mythos (42 edições entre 2002 e 2006).
Em Itália, a revista bimestral com o seu nome atinge este mês o nº 320, que conta mais de 200 páginas evocativas do percurso do detective do impossível, estando as suas aventuras igualmente presentes em diversas outras publicações da Sergio Bonelli Editore.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 19 de Abril de 2012)



20/04/2012

Leituras Novas

Abril de 2012

ASA
Provérbios com gatos
Catherine Labey
Gatos… Graciosos, brincalhões, ternurentos, são eles que nos falam de provérbios, numa abordagem diferente da sabedoria popular. Muitos provérbios existem também além-fronteiras, mas outros têm um sabor essencialmente português.

Dragon Ball #17 – A luta contra o terror
Akira Toriyama
Son Goku é o maior herói da Terra. Cinco anos depois de derrotar o rei demónio Piccolo, cresceu e formou família - tem um filho, Son Gohan. Mas qual é a verdadeira razão da incrível força de Son Goku? Um visitante do espaço chega e traz notícias terríveis – Goku é um extraterrestre, e o visitante, Raditz, é seu  irmão! Quando Raditz demonstra ser um assassino implacável, Goku tem de enfrentá-lo para salvar a sua família e a raça humana. Uma aliança surpreendente pode ser a última hipótese da Terra: Goku vai juntar-se ao seu velho inimigo Piccolo...!

À procura de Ideiafix
Livro com 12 ilustrações para os mais pequenos testarem as suas capacidades visuais.
É um livro-jogo (ao longo do livro, os jogadores, consoante o desempenho, vão conseguindo “ossos”. Ganha quem obtiver maior pontuação).


ASA/Público
Colecção Thorgal
#3 Loba
#4 A Guardiã das Chaves
#5 A Espada-Sol
Van Hamme e Rosinski

Associação Tentáculo
Zona Nipon 1
João Vasco leal, Ana Oliveira, Carlos Páscoa, Pedro Carvalho, André Oliveira, Bruno Ma, Fil, Ana C. Nunes, Rui Alex, Catarina Guerreiro, Paula Almeidsa, Gabriel Martins, André Lima Araújo, Bruno Bispo, Victor Freundt, Filipe Duarte, Arsia Rozegar e Joana Varandas
A Zona Nipon 1 é a primeira de uma série que terá o oriente asiático como inspiração. Este universo gráfico está presente no imaginário de muitos de nós, apaixonados por BD e ilustração. Assim, uma edição deste género já se exigia há muito, entre os colaboradores do projecto Zona.
Este novo número será apresentado no evento Anicomics Lisboa, na Biblioteca Municipal de Telheiras, dia 5 de maio.
Terá 98 páginas a preto e branco, a capa é do ilustrador João Vasco Leal e o interior conta com uma entrevista a Carlos Páscoa.


Bertrand Editora
O País dos Cágados
António Gomes Dalmeida e Artur Correia
Da dupla de autores de “História Alegre de Portugal II”, Artur Correia e António Gomes Dalmeida, um livro que, com todo o humor a que nos têm habituado, faz um retrato da história mais recente do nosso país, desde o governo de Salazar ao de Passos Coelho, passando pela moeda da troika.


Contraponto
Marjane Satrapi
«Um livro revelador, cativante e inesquecível. Uma obra extraordinária.» The New York Review of Books
Com uma memória inteligente, divertida e comovente de uma rapariga que cresce no Irão durante a Revolução Islâmica, Marjane Satrapi consegue transmitir uma mensagem universal de liberdade e tolerância.
«Estamos em 1979 e, no Irão, sopram os ventos de mudança. O Xá foi deposto, mas a Revolução foi desviada do seu objetivo secular pelo Ayatollah e os seus mercenários fundamentalistas. Marjane Satrapi é uma criança de dez anos irreverente e rebelde, filha de um casal de classe alta e convicções marxistas. Vive em Teerão e, apesar de conhecer bem o materialismo dialético, ter um fetiche por Che Guevara e acreditar que consegue falar diretamente com Deus, é uma criança como qualquer outra, mergulhada em circunstâncias extraordinárias.
Nesta autobiografia gráfica, narrada com ilustrações monocromáticas simples mas muito eloquentes, Satrapi conta a história de uma adolescência durante a qual familiares e amigos “desaparecem”, mulheres e raparigas são obrigadas a usar véu, os bombardeamentos iraquianos fazem parte do quotidiano e a música rock é ilegal. Contudo, a sua família resiste, tentando viver uma vida com um sentido de normalidade. Um livro inteligente, muito relevante e profundamente humano.» BBC
Em 2007 Persépolis foi adaptado ao cinema e das muitas nomeações para prémios que teve destaca-se a do Óscar para melhor filme de animação.


Edição de autor
MORES et al
Topedro



NCreatures
Banzai #2
Joana Rosa Fernandes, Natália Batista, Cristina Dias, Marta Patalão e Manuela Cardoso




Pedranocharco
BDJornal #24 (2ª edição)
Os 60 anos de Tex Willer são assinalados nesta edição do BDjornal com um dossier especial que vai do significado do western em si próprio ao western na banda desenhada, da história da Casa Bonelli à história de Tex Willer e daí à publicação da banda desenhada de 14 páginas Tex Willer – Uma Tarde Quente gentilmente cedida pela Sergio Bonelli Editore, por via de José Carlos Francisco, responsável pelo Tex Willer Blogue e representante em Portugal da Mythos Editora, que edita a versão brasileira de Tex e a distribui por cá. E vamos um pouco mais longe nestas abordagens ao tema “western-tex-bonelli” ao incluir na presente edição entrevistas com dois autores brasileiros, Wilson Vieira e Fred Macêdo (dos quais publicámos no BDj #23 a BD Evolution e nesta edição reincidimos neles, com o western de terror Kwi-Uktena), fãs do western e tendo um deles, Wilson Vieira trabalhado mesmo na Casa Bonelli.
Tínhamos previsto para próxima edição a publicação de uma biografia de Héctor Germán Oesterheld, o argumentista argentino assassinado, com quase toda a família – as quatro filhas, os genros e netos, sobrando apenas a esposa e dois dos netos – pela ditadura militar do general Videla, em 1977. No entanto e face à exposição que vai estar patente no FIBDA 2008 sobre Oesterheld e o convite do Festival à sua viúva Elsa Sánchez para estar presente na Amadora, decidimos a sua inclusão já nesta edição do BDj, até como forma de homenagem a um dos grandes argumentistas da BD mundial.

 (Os textos, quando existem, são da responsabilidade das editoras)
 

19/04/2012

Insane











Xavier Besse (desenho)
Michael Le Galli (argumento)
Casterman (França, 28 de Março de 2012)
240 x 320 mm, 48 p., cor, cartonado
13,95 €



Resumo
Luisiana, Estados Unidos, entre as duas guerras.
No dia da libertação do pai de Betty, após 10 anos de cadeia, Clarence, um jovem adulto, prepara a evasão da adolescente da clínica psiquiátrica onde estava internada desde a morte, por overdose, da mãe.
O propósito de Clarence será reuni-la ao seu progenitor ou o seu intuito é outro uma vez que, em criança, viu o pai da menina assassinar os seus pais, tornando-o naquilo que é hoje?

Desenvolvimento
Seguindo uma temática hoje muito em voga (também) por força das muitas séries televisivas que abordam estes comportamentos desviantes, “Insane” oscila entre o tom policial e o mergulho na loucura - na insanidade, seria o termo mais óbvio – que rege a vida de Clarence.
Enquanto acompanhamos a busca – a perseguição…? - do pai de Betty – que faz tudo por permanecer na sombra, por razões que o leitor descobrirá -  pelo duo a quem ligam estranhos laços não completamente esclarecidos no relato, vamos também percebendo como o passado – os traumas, a violência, a falta de laços, de afectos, de ligações estáveis – fez de Clarence e de Betty aquilo que são hoje e qual a origem de alguns dos (muitos) fantasmas que os atormentam.
Sem entrar mais na história, para não estragar o prazer da leitura, adianto apenas que o final, que deixa a sensação incómoda de que algo ficou por explicar e de que faltou aos autores o toque de genialidade para fazer da sua história algo mais do que um policial de leitura agradável, funciona como o fechar de um círculo, explicando as ligações entre os diversos protagonistas.
Graficamente, se são visíveis no desenho de Besse - e logo na capa - alguma influência de manga, não só no traço, mas também na planificação diversificada e numa boa utilização de grandes planos, justifica-se uma chamada de atenção para a utilização dos elementos gráficos condensados na terceira prancha (reproduzida abaixo), que ao longo das páginas vão balizar e marcar momentos significativos da vida de Betty. Ao mesmo tempo que funcionam como elementos de ligação entre os sucessivos saltos entre o presente e o passado, que Le Galli introduziu no relato e que  fornecem ao leitor elementos que possibilitam a compreensão da trama.


A reter
- O clima tenso e misterioso que impregna “Insane”.
- A ligação gráfica feita entre os diversos momentos – alguns dos quais equiparáveis – do passado e do presente.

Menos conseguido
- Uma certa indefinição existente no desfecho do relato.



18/04/2012

Thorgal - Loba


 









Jean Van Hamme (argumento)
Grzegorz Rosinski (desenho)
ASA + Público (Portugal, 18 de Abril de 2012)
225 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
7,90 €





1.       Depois de um tomo – “Aarícia” sobre a infância da esposa de Thorgal…

2.      … e de um relato de tom fantástico – “O Senhor das Montanhas” ...

3.      … eis que a colecção de Thorgal que a ASA e o Público estão a disponibilizar à quarta-feira, no seu terceiro volume mostra o protagonista tal e qual a maior parte dos leitores esperariam: como um vicking, numa história em que imperam a acção e a aventura, impulsionadas pela sede de poder e por desejos cruzados de vingança.

4.      Assim, de regresso à aldeia onde cresceu, a embarcação de Thorgal e da sua família é abordada por um novo chefe, que a requisita e os obriga a desembarcar e a seguir viagem a pé, apesar da avançada gravidez de Aarícia.
5.      Só que, em breve, mais uma vez, a paz e tranquilidade a que Thorgal aspira serão quebradas e os deuses obrigá-lo-ão a pegar em armas para defender os seus.
6.      Mas, como em Thorgal nada pode ser dado como adquirido, a par da faceta claramente aventurosa deste relato – com os componentes necessários para cativar e prender o leitor, com Van Hamme mais uma vez a demonstrar a sua mestria narrativa – decorre uma outra história, muito mais humana, intensa e forte….

7.      … - que é, refira-se, uma outra componente nada desprezável da saga de Thorgal - …
8.      … que neste “Loba” está bem patente na forma como Aarícia afronta e enfrenta os elementos da natureza, os homens, os deuses e o destino, lutando pela sua sobrevivência e pela sobrevivência da criança que está para nascer…
9.      … em circunstâncias extremas e dramáticas que vale bem a pena conhecer…


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