26/08/2012

Corto Maltese: Viagem à Aventura

Fórum Eugénio de Almeida
Rua Vasco da Gama, nº 13 - Évora
25 de Julho a 2 de Dezembro de 2012









Esta exposição dá a conhecer a enorme poética do ilustrador veneziano Hugo Pratt, através das viagens e histórias do seu personagem mais emblemático: Corto Maltese, uma das principais figuras da Banda Desenhada mundial e referência na literatura do século XX.
Corto Maltese é um viajante incansável sempre à procura de novos lugares longínquos, um anti-herói romântico e fiel aos seus ideais que cruza momentos da história como sua testemunha.
As 51 obras da exposição - aguarelas, tinta-da-china e guache - retratam uma das muitas aventuras do errante capitão maltês: de Veneza, passando por África, de Samarcanda à Polinésia, do Caribe à ilha de Escondida. 

Comissários: Stefano Cecchetto e Cristina Taverna
Entrada: 1,00 €
Horário: diariamente, das 09h30 às 19h00
Mais informações: 266 748 350 

(Texto da responsabilidade da organização)

25/08/2012

Pelezinho convocado para o Mundial de 2014















Pelezinho, a versão aos quadradinhos do rei de futebol que Maurício de Sousa criou em 1976, está de volta com as aventuras que combinam futebol e o humor característico do criador da Turma da Mônica. Inspiradas na infância do goleador, têm como co-protagonistas os seus amigos Cana Braba, Frangão, Teófilo, Samira, Neusinha, Bonga ou o cão Rex.
O anúncio foi feito na recente Bienal do Livro de São Paulo, onde o antigo futebolista e o desenhador compareceram juntos para uma conversa com os fãs e uma concorrida sessão de autógrafos.
 “Pelezinho Colecção Histórica”, que reeditará cronologicamente todas as histórias publicadas na revista “Pelezinho” original, entre Agosto de 1977 e Maio de 1982, “As Tiras Clássicas do Pelezinho”, que reúne as histórias publicadas nos jornais, e “As Melhores Aventuras do Pelezinho” são os três títulos agora anunciados.
A estes juntar-se-ão outras três publicações de características mais didácticas: “Pelezinho para colorir”, “Pelezinho Passatempos Divertidos” e “Pelezinho Magazine”, bem como diversos artigos de merchandising, estando igualmente prevista uma versão animada. Estas publicações já começaram a circular no Brasil, devendo chegar no início de 2013 a Portugal, onde as revistas de Maurício de Sousa são mensalmente distribuídas.
Para o Mundial de 2014, que como se sabe terá lugar no Rio de Janeiro – e para o qual Pelezinho chegou a ser proposto como mascote - a equipa de Maurício de Sousa recebe assim um reforço de peso, que se junta a Ronaldinho Gaúcho, protagonista de uma revista mensal, e Neymarzinho, cuja versão adolescente deverá estrear em breve.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 19 de Agosto de 2012)

24/08/2012

Zé Carioca: 70 anos de preguiça





  
 

Há 70 anos, a antestreia no Rio de Janeiro de “Saludos Amigos”, permitia descobrir um novo herói do universo Disney: um papagaio antropomórfico chamado Zé Carioca.

No filme, que estrearia no ano seguinte nos Estados Unidos, o Pato Donald, de visita por alguns países latinos, integrado no esforço dos Estados Unidos para granjear aliados para a sua participação na II Guerra Mundial, teve como cicerones Panchito, no México, Gauchinho Voador, na Argentina e José Carioca, no Brasil, que o apresentou ao samba e… à cachaça!
Segundo se sabe, foi o próprio Walt Disney que o esboçou no Copacabana Palace Hotel, durante uma visita que fez ao Rio de Janeiro, de que gostou tanto que quis deixar uma lembrança para os seus anfitriões.
Criou-o como um estereótipo dos brasileiros: alérgico ao trabalho e amante de samba e futebol (que pratica com mais presunção que arte). Mais tarde, revelar-se-ia também preguiçoso, caloteiro e capaz de desenvolver os mais estranhos esquemas para fugir a qualquer responsabilidade. Geralmente as suas histórias decorrem na Vila Xurupita, no Morro do Papagaio, onde mora, facilmente identificável como uma favela do Rio de janeiro, embora paredes meias com o bairro rico onde mora a sua namorada Rosinha.
Desenvolvido em tira diária de jornal por Paul Murry ainda em 1942, antes portanto da estreia do filme nos EUA, o Zé Carioca conheceu aí a sua namorada Rosinha e o pai dela Rocha Vaz, o seu amigo Nestor e o rival Luís Carlos, que posteriormente seria substituído por Zé Galo, em histórias centradas no Rio de Janeiro mas que o levariam também até à Amazónia.
O papagaio mais malandro da banda desenhada regressaria dois anos depois em novo filme, “The Three Caballeros”, uma vez mais destinado à América Latina, no qual o segmento brasileiro mostrava a Baía, numa combinação de animação com actores reais, entre eles Aurora Miranda, irmã da célebre Carmen Miranda.
Com participação limitada nas bandas desenhadas produzidas nos Estados Unidos, o Zé Carioca, de forma compreensível, conheceu um grande sucesso nos Brasil, onde se estreou na revista “O Globo Juvenil”, em meados da década de 1940.
Co-protagonizaria a capa do primeiro número brasileiro do Pato Donald, em 1950 – o mesmo ano em que as revistas Disney do Brasil começaram a chegar a Portugal - e passaria a ter uma revista com o seu nome em 1961. Seria nos quadradinhos brasileiros que a sua personalidade seria aprofundada e desenvolvida, sendo introduzido o gosto por pratos tipicamente locais, como a feijoada e a jaca, a praia, o samba e o futebol.
Como a certa altura não existiam histórias suficientes para alimentar a revista do Zé Carioca, um dos esquemas utilizados foi o decalque de histórias originalmente protagonizadas pelo Pato Donald ou Mickey, o que o levou muitas vezes a Patópolis, provocou mudanças constantes na sua personalidade, o fez interagir com personagens de outros universos e à criação dos seus sobrinhos Zico e Zeca (em substituição de Huguinho, Zezinho e Luisinho).
A partir de 1972, a editora Abril criaria um estúdio próprio para produção de histórias, entre as quais as do Zé Carioca, que passou a ter novos amigos, entre os quais Pedrão e Afonsinho, destacando-se Renato Canini entre os vários autores que o fizeram viver histórias tipicamente brasileiras e o dotaram de um elevado número de primos – também brasileiros - de nome e características definidas em função da zona do Brasil de onde provinham: Zé Paulista, Zé Pampeiro, Zé Queijinho, Zé Baiano, etc.
Graficamente, o Zé Carioca foi evoluindo ao longo dos anos, passando da versão original com casaco, chapéu de palha e charuto (vício que seria abolido mais tarde) para uma indumentária mais tropical e moderna com camisa estampada e boné. Os seus confrontos com a ANACOZECA (Associação Nacional dos Cobradores do Zé Carioca) e as suas aparições como Morcego Verde, um super-herói trapalhão, foram outras das temáticas exploradas nas suas aventuras.
A queda das vendas das publicações Disney, nos finais da década de 1990, levaria também ao encerramento das revistas que o papagaio protagonizava, apesar de ainda existirem histórias inéditas da personagem nos arquivos da editora. A última história original brasileira foi publicada em Dezembro de 2001 intitulada "Só com Magia", do roteirista Rafles Ramos.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 24 de Agosto de 2012)

23/08/2012

J. Kendall #86

A sangue quente








Giancarlo Berardi e Murizio Mantero (argumento)
Laura Zuccheri (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Janeiro de 2012)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal
4,00 €

  

1.       Se é normal na banda desenhada – nos comics de super-heróis e na maior parte das séries franco-belgas a existência de um “vilão de serviço” recorrente, sempre pronto a opor-se aos desígnios dos heróis, de forma algo surpreendente isso é pouco habitual nos heróis Bonelli, pese todo o potencial para que tal acontecesse.

2.      E se surgem alguns inimigos que se destacam – Mefisto em Tex, Hellinger em Zagor, de forma mais evidente, Hogan em Mágico Vento – na maior parte dos casos as suas aparições são quase residuais se considerado o elevado número de histórias de cada um daqueles heróis.

3.      Por maioria de razões – desde logo pelo realismo do relato e pelo evidente privilegiar das componentes emocionais e psicológicas – isso também não acontece em Julia Kendall.

4.      O que - apesar da evidente contradição – não impede que “A sangue quente” apresente o terceiro confronto entre a criminóloga de Garden City e a serial killer Myrna, que foi, recorde-se, o centro da sua primeira investigação nos três números iniciais desta colecção.

5.      Fugida da cadeia, há longo tempo desaparecida, Myrna “ressuscita” aqui para se vingar como não podia deixar de ser, mais engenhosa e inteligente, também mais perigosa e, sem dúvida, mais desequilibrada, demonstrando uma obsessiva – e até quase incómoda para o leitor – relação de amor/ódio por Julia, na qual paixão e vingança se confundem (e atrapalham?), numa espiral de sexo e sangue apresentada num crescendo ao longo deste tomo - onde a violência e a sensualidade atingem níveis invulgares no contexto da série - mesmo que o(re)encontro final entre ambas se revele breve e defraude mesmo – mas apenas sob certo ponto de vista - as perspectivas criadas ao longo de uma centena de pranchas repletas de grande tensão emocional.

6.      Embora – por isso – deixe em aberto nova confrontação, num futuro que se adivinha mais ou menos distante, que se espera tenha (pelo menos) a mesma qualidade, força e emoção deste.

7.      Este regresso de Myrna, se evoca duas das mais fortes narrativas de Berardi nesta série – que mais uma vez confirma a elevada qualidade da sua escrita pela forma como desenvolve o relato aproximando pouco a pouco Julia e Myrna - evidencia também as mudanças que a “sósia” de Audrey Hepburn sofreu ao longo destes mais de sete anos de investigações.

8.     Porque Julia tem mudado. Mudou. Como qualquer leitor atento facilmente percebeu. Sem perder a sua feminilidade e a sua fragilidade, tem agora uma maior auto-confiança, uma forma diferente de se abrir, de se relacionar (e de se dar), uma outra capacidade de enfrentar as situações limites que as suas escolhas tantas vezes provocam, a exemplo do que acontece neste número quando – finalmente – se vê de novo frente a frente com Myrna.






22/08/2012

Sergio Toppi (1932-2012)















O desenhador italiano Sergio Toppi faleceu ontem.
Natural de Milão, onde nasceu a 11 de Outubro de 1932 dedicou-se desde muito cedo à ilustração e ao cinema de animação.
Em 1966 publicou a sua primeira banda desenhada, no “Il Corrière dei Picolli”, iniciando um longo percurso por títulos como “Linus”, “Sgt. Kirk”, “Corto Maltese” ou “Comic Art”, especialmente dedicado a temas históricos, biografias e adaptações.
Entre elas está a participação nas colecções “Um homem, uma aventura” e “À Descoberta do Mundo”, esta última originalmente editada pela Larousse e traduzida em Portugal pelas Publicações Dom Quixote, nos anos 80, que inclui três episódios desenhados por ele. Nada disto obstou à participação noutro tipo de projectos como, por exemplo, edições de J. Kendall ou Nick Raider para a Sergio Bonelli Editore, ou o desenvolvimento de obras mais pessoais.
Distinguido com o Yellow Kid para Melhor Ilustrador, pelo Festival de Lucca, em 1992, Sergio Toppi, um dos grandes desenhadores clássicos transalpinos, possuía um desenho realista, original e de grande sentido estético, assente no uso de linhas finas e de um subtil equilíbrio entre o branco e o negro.

21/08/2012

Thor – Dioses Errantes









Colecção Marvel Deluxe
J. Michael Straczynski (argumento)
Olivier Coipel (desenho)
Mark Morales (arte-final)
Laura Martin (cor)
Panini (Espanha, Julho de 2012)
260 x 170 mm, 160 p., cor, cartonado
16,00 €


Resumo
Após o Ragnarök (o fim dos tempos para Asgard), Thor foi dado como morto.
“Dioses Errantes”, que compila os primeiros 6 números da revista Thor de 2007, narra a sua saída do limbo no qual estava perdido, a reconstrução do reino de Asgard e a procura dos antigos deuses, seus companheiros, num mundo entretanto transformado pela Guerra Civil que opôs super-heróis.

Desenvolvimento
Se em tempos as coisas eram diferentes, no actual universo Marvel há que aceitar que se existe algo definido é que nada é definitivo, especialmente a morte.
Por isso, não deve surpreender que desta vez caiba a Thor regressar ao mundo dos mortais, retomando o seu lugar – lutando por ele, mais exactamente.
Retomando a identidade secreta de Donald Blake, após reconstruir Asgard, primeiro em território dos EUA, depois a dois metros acima do seu solo (!), enceta uma busca – em parte de si próprio – pelos seus antigos companheiros, aprisionados nos corpos de simples mortais.
Fábula sobre o poder da força de vontade, “Dioses Errantes”, apesar de alguns desequilíbrios especificados mais abaixo, uma vez aceite o pressuposto de partida, revela-se uma boa história de super-heróis, concebida com mestria por Straczynski e bem narrada em imagens por Coipel, merecendo destaque a composição das páginas e o reforço da importância de alguns momentos pelo uso de vinhetas sobrepostas ou mesmo de página única de grande impacto e beleza estética.
Entre os diversos momentos, três destacam-se particularmente: o combate inicial que permite a Thor voltar à Terra, o seu confronto com o Homem de Ferro e, especialmente, a sua conversa com o sobrevivente de um furacão, na qual é posta em causa a forma de actuação e aimportância dos super-heróis em geral e de Thor em particular.
No final, uma vez Asgard reconstruída e povoada pelos seus antigos habitantes, Thor esgotado pelo esforço, cai como morto…
… com a certeza de que, reforçando o que no início escrevi, certamente ressuscitará de novo no início do próximo tomo!

A reter
- O modo simples, coerente e completo como Straczynski consegue “ressuscitar” Thor. Desde que se aceite o facto em si...
- A sátira inerente à forma “burocrática” como o Homem de Ferro (após ter sido derrotado pelo deus do trovão) resolve (temporariamente…) a contenda entre eles, ou melhor, entre Asgard e os Estados Unidos da América.
- A técnica narrativa de Coipel.
- A boa qualidade (mais uma vez) da edição da Panini espanhola, com bom papel, capa cartonada, leta introdução de Raimon Fonseca e a reprodução de algumas capas alternativas como extra.

Menos conseguido
- O ridículo da reconstrução de Asgard a 2 metros acima do solo dos EUA.
- A forma caricatural como esta questão é tratada entre Thor e os agentes da guarda nacional, porque surge deslocado do tom geral do relato.
- Os desequilíbrios do traço de Coipel, oscilando entre o semi-caricatural e o híper-realista, o que não invalida a excelente qualidade de qualquer destes registos – nem o modo como ele o adapta a todos os momentos e da acção.

20/08/2012

Homem-Aranha: 50 anos com grandes poderes





















Há 50 anos, o jovem e tímido Peter Parker, após ser mordido por uma aranha radioactiva, ficou com força sobre-humana, um sexto sentido e a capacidade de escalar paredes. Rapidamente viria a descobrir que esses grandes poderes lhe traziam grandes responsabilidades…

19/08/2012

Selos & Quadradinhos (84)

Stamps & Comics / Timbres & BD (84)



Tema/subject/sujet: Anime Hero & Heroine Series 8 – Pokémon
País/country/pays: Japão/Japan
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2007


18/08/2012

Leituras de banca

Agosto 2012

Revistas periódicas de banda desenhada este mês disponíveis nas bancas portuguesas.



DC Comics (Panini Comics)
Batman #110
Liga da Justiça #109
Super-Homem #110
Universo DC #19



Manga (Panini Comics)
Vampire Knight #10



Marvel (Panini Comics)
Homem-Aranha #120
Os Novos Vingadores #95
Wolverine #84
Universo Marvel #18
X-Men #120



Turma da Mónica (Panini Comics)
Almanaque da Magali #31
Almanaque da Tina #11
Almanaque do Bidu e Mingau #4
Almanaque do Chico Bento #31
Almanaque do Horácio e Pietco #4
Almanaque do Papa Capim e da Turma da Mata #4
Almanaque Historinhas de Uma Página #7
Cascão #62
Cebolinha #62
Chico Bento #62
Clássicos do Cinema Turma da Mônica #30 – Peraltas do Caribe
Magali #62
Mônica #62
Mónica y su Pandilla - Turma da Mónica em Espanhol #11
Monica’s Gang - Turma da Mónica em Inglês #11
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #62
Turma da Mónica – Saiba mais #53 – Energia
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #62
Turma da Mônica Jovem #44



Mythos


17/08/2012

Hän Solo












Rui Lacas (argumento e desenho)
Polvo (Portugal, Junho de 2012)
240 x 170 mm, 64 p., 2 cores, brochado com badanas
9,90 €



Aviso: Hän Solo nada tem a ver com a saga de ficção-científica Star Wars; é apenas um pequeno conto em torno da vida de Hän, um homem só.

Hän é um holandês bipolar, de volta à Lisboa onde estudou, a viver uma bela e intensa história de amor com Sandra, enquanto tenta (sobre)viver como fotógrafo.
Fotógrafo, sim, mas também pintor, desenhador, pelo menos quando a doença bipolar - controlada pelos fármacos, exacerbada pelos seus excessos – deixa. Um homem só, à procura dos outros – imaginando-os mesmo onde não está ninguém – perdido nos seus próprios excessos emocionais, sujeito às desilusões quotidianas e às desfeitas dos outros.
Mas Hän Solo é, antes de mais, uma demonstração da mestria de narrar aos quadradinhos de Rui Lacas - num registo graficamente próximo de “A Ermida”, que surge praticamente em simultâneo com “Asteroid Fighters” #2 - onde se revela tão à vontade no retratar da figura humana quanto na transposição para o papel dos cenários reais (Lisboa, Madrid) que escolheu para o seu relato, e exemplar no modo como o pouco texto e as imagens se coordenam, fluem, prendem, cativam e arrastam o leitor pela história.
Uma história - surpreendente na sua simplicidade, cativante na forma sentida como capta e transmite sensações e emoções - apanhada a meio pelos leitores e abandonada pouco mais de meia centena de pranchas depois, muito antes que ela se conclua – tal como as vidas daqueles com quem ocasionalmente nos cruzamos.
Mas que, como Hän Solo, deixam em nós uma marca indelével e uma forte vontade de os ter conhecido melhor.


15/08/2012

Yossel – 19 avril 1943












Colecção Contrebande
Joe Kubert
Delcourt (França, Dezembro de 2004)
175 x 260 mm, 124 p., pb, cartonado
13,95 €


Há 60 anos, com a libertação de Auschwitz, o mundo descobria até onde a bestialidade do ser humano era capaz de o levar. Sem aprender, pois outras "soluções finais", com mais ou menos requinte e organização, têm-se repetido até aos nossos dias.
"Yossel – 19 avril 1943" (Delcourt), sobre a vida no gueto de Varsóvia, mostra também o horror de Auschwitz, através do relato de um fugitivo, e nele Joe Kubert narra o que teria sido a sua vida, se os seus pais não tivessem imigrado para os Estados Unidos em 1926, estava ele para nascer.
Assim, imagina-se Yossel, com 13 anos, em Varsóvia, mas com o mesmo dom para desenhar demonstrado em "Tarzan", "Sgt. Rock" ou "Fax from Sarajevo". Talento que o ajuda a sobreviver, quando o usa para se abstrair da realidade opressiva, para distrair a família ou os amigos ou até para conseguir favores - obter informações - do ocupante.
Realidade ficcionada, a meio caminho entre a BD e o texto ilustrado, "Yussel" é todo em traço a lápis, só esboçado, "porque ao executar os meus primeiros croquis, senti no meu traço um sentimento de urgência que quis conservar", revela Kubert. Ou porque não há imagens capazes de descrever um tal horror?
Horror que está latente nesta obra intensa e violenta, que é mais um documento que não nos deixa esquecer.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 30 de Janeiro de 2005)


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