Acabado de
editar pelas Edições ASA, Diário
de um ingénuo
vem suprir uma lacuna relevante no panorama editorial português: a
ausência dos ‘Spirou
de autor’,
assim designados pela liberdade criativa que é dada aos autores que
imaginam aventuras do jovem groom
de hotel fora da sua cronologia oficial.
Bruno
Brazil continua a viver as suas ‘novas aventuras’ e a Gradiva
continua a acompanhar a edição
original francófona.
Num tempo em que o acesso às edições em
francês
- no caso - é tão fácil, isto é fundamental para que os leitores
portugueses as descubram na sua língua. Bollée
e Aymond estabeleceram os parâmetros desta ‘ressurreição’ nos
primeiros volumes e mantêm-se fiéis a eles, pese embora o facto de
entretanto terem passado mais de quatro décadas sobre
a data das primeiras aventuras de Brazil.
Reduzir a BD portuguesa - o período de 1872 a
1999 - a (apenas) 25 obras, era um risco enorme, mas Júlio Moreira
fê-lo para esta co-edição A Seita/Turbina que, para alem de um
belíssimo livro, evocou em mim - em muitos da minha geração mas
não só - boas recordações… sobre algo que aparentemente não
existe. As palavras deste paradoxo são do próprio
Júlio e deixo aos leitores de Variantes
descobrir
a sua justificação para o que escreve.
Na década
final do século passado, a banda desenhada de reportagem ganhou
notoriedade e mediatismo e Joe Sacco foi um dos seus principais
cultores. Maltês,
radicado nos Estados Unidos e com formação na área do jornalismo,
Joe Sacco - convidado de um dos Salões Internacionais de BD do Porto
- teve em Palestina (1993) um dos seus principais sucessos,
pela presença constante então daquele território nos espaços
noticiosos devido ao crescer das tensões entre os habitantes locais
e o ocupante israelita.