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11/04/2023

Duke #1 a #7

Este mundo será sempre dele


Duke de Yves H. e Hermann, de que a Arte de Autor acaba de editar o sétimo e último volume, Este mundo não é o meu, completando assim mais uma série em português, é um western crepuscular, ambientado na transição entre os grandes tempos do Oeste selvagem e a caminhada atribulada mas inexorável para a chegada da civilização aos lugares onde a lei e a ordem durante anos foram impostas à força da bala.

23/08/2011

Popotka le petit sioux

#1. La Leçon d'Iktomi
David Chauvel (argumento)
Fred Simon (desenho e cor)
Delcourt (França, Setembro de 2001)
32 p., cor, cartonado
8,95 €


Na banda desenhada, durante muitos anos, como no cinema, aliás, "os índios bons eram os índios mortos". Pontualmente, aparecia uma honrosa excepção, mas apenas para servir de auxiliar ao herói principal, branco, atlético e mais inteligente, como não podia deixar de ser.
Excepções mais consistentes, tiveram de esperar muitos anos, como são exemplos "Sargento Kirk", de Hugo Pratt, "Comanche", de Hermann e Greg ou "Blueberry", de Giraud e Charlier, onde os índios eram, por vezes, apresentados sobre um outro prisma mais humano, embora os estereótipos citados continuassem presente.
Anos mais tarde, Derib, em "Buddy Longway", atreveu-se a ir mais longe, casando o seu herói com uma índia e desenvolvendo, a partir desta base, uma interessante saga pautada mais pelos problemas de relacionamento entre raças e do homem com a natureza (aspecto em que os índios podiam ter dado grandes lições aos brancos...) do que pelas histórias típicas dos westerns. O autor levou ainda mais longe esta experiência mergulhando nos riquíssimos imaginário e mitologia índios em "Celui qui est né deux fois", série que continuaria em "Red Road", passada em época mais recente, com os índios confinados a reservas, humilhados pelos brancos e a braços com problemas como o álcool, o racismo ou a violência gratuita...
"Popotka, le petit sioux - 1. La leçon d'Iktomi" propõe uma abordagem completamente diferente ao género, inspirando-se em verdadeiras lendas índias (sim, a BD pode ter uma componente etnográfica), permitindo aos mais jovens - a quem se dirige especialmente - descobrir os costumes e as crenças de um povo esquecido. E mais uma vez, nesta interessante colecção "Jeunesse", da Delcourt, descobrimos dois autores que, tendo até agora trabalhado para público adulto, em séries de antecipação, como "Rails" ou em policiais, como "Le poisson Clown", são também capazes de criar para os mais pequenos, público que importa cativar para a 9ª arte para assegurar o seu futuro. David Chauvel é o autor do relato simples e divertido, com humor, ternura e fantasia quanto baste, que Fred Simon complementa de forma exemplar com uma linha clara, límpida ,expressiva e desprovida de pormenores desnecessários, a que aplica cores vivas que tornam o livro - enquanto objecto - bem apetecível.




(Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 4 de Junho de 2002)

29/03/2020

Leituras digitais: Astiberri, Autores brasileiros, Diabolik, Le Lombard, Marsupial Editora



Regresso ao temas das leituras digitais gratuitas que cada vez mais editoras - e também alguns autores - estão a disponibilizar, com mais uma série de indicações de vários géneros, para (quase?) todos os gostos.
E repito o que já escrevi antes: aproveitem-nas - se quiserem - até como oportunidade de descoberta, daquele álbum/série/autor há muito adiado - ou de reencontro com leituras há muito experimentadas.

07/11/2013

Achille Talon, um cinquentão eloquente










  

A 7 de Novembro de 1963, a revista Pilote estreava no seu número #211 aquele que é, porventura, o herói mais eloquente da BD: Achille Talon.

Caricatura do francês médio, quarentão, solteiro, de grande nariz e barriga generosa, era uma criação de Greg, aliás Michel Regnier (1931-1999), mais conhecido como argumentista de séries de acção como Comanche, Bruno Brazil ou Bernard Prince, que aqui se apresentava como autor completo.

A primeira prancha
Banda desenhada de humor, quase sempre apresentada em histórias de uma ou duas páginas, Achille Talon, que fervia em pouca água, utilizava a sua prolífera verve para dissertar, a qualquer momento, sobre tudo e mais alguma coisa, em diálogos antológicos, pondo acima de tudo o seu bem-estar e aproveitando para exasperar o seu vizinho Lefuneste, vítima frequente das suas partidas
A galeria desta série incluía também a sua noiva Virgule, o papá Talon, grande apreciador de cerveja, e a mamã Talon. O tom familiar alargou-se aos poucos e Talon tornou-se o herói da revista “Polite”, pretexto para o autor mostrar a redacção e os bastidores de uma publicação de BD.
Após escrever e desenhar mais de 700 pranchas, incluindo algumas histórias longas, em 1997 Greg cedeu os direitos da sua criação às edições Dargaud, tendo Talon sido retomado pontualmente por Widenlocher e Godard.
Esta editora, para assinalar os 50 anos da personagem, que teve uma revista de nome próprio, de curta duração, em 1975/76, lança na próxima semana a compilação Achille Talon - Le Meilleur des années 60.
Em Portugal a sua estreia aconteceu a 31 de Maio de 1969, no primeiro fascículo do 2.º ano da revista Tintin, tendo passado igualmente pelas páginas da Flecha 2000 (1978) e do Jornal da BD (1982). A Meribérica/Líber editou quase uma dezena de álbuns, a maioria dos quais na colecção 16x22.

(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 7 de Novembro de 2013)
 
Achille Talon e... René Goscinny

29/01/2020

2019: As escolhas dos leitores (resultados)




Repetindo o desafio dos anos anteriores, As Leituras do Pedro desafiaram os seus visitantes a indicarem, relativamente a 2019:
  • a melhor edição de BD publicada em Portugal;
  • a melhor obra de autor português publicada em Portugal;
  • a melhor colecção de BD editada com o jornal Público;
  • a melhor de BD série em curso no nosso país.
Apesar de a participação ter sido este ano bastante limitada - apenas 14 votantes, o que fará repensar o modelo e até a iniciativa no futuro - os resultados apurados estão já a seguir.

29/10/2017

Leitura Nova: Duke - A lama e o sangue





(nota informativa disponibilizada pela editora)

EM 1886, UM DOS PEQUENOS POVOADOS DO COLORADO, NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, VÊ-SE ATEMORIZADO POR SÁDICOS PISTOLEIROS CONTRATADOS PELO PROPRIETÁRIO DE UMA MINA, OS QUAIS NÃO TÊM QUAISQUER ESCRÚPULOS EM ASSASSINAR TODOS OS QUE CRUZAM O SEU CAMINHO.

27/04/2017

Ouro Negro

Confronto perdido


Embora possa ser lida como uma história tradicional de Tex, a existir uma cronologia ‘real’ do herói, Ouro Negro, que tem apresentação pública no próximo sábado com a presença do desenhador, deveria ser um relato do seu período final.
Nele, aqueles que actuam nos limites da lei - ou para lá deles – têm por detrás um parceiro mais poderoso que transforma a (inevitável) vitória de Tex num simples adiamento de uma derrota adivinhada, após um confronto que tem lugar a três tempos.

03/08/2011

O Diabo dos Sete Mares

Partes 1 e 2
Yves H. (argumento)
Hermann (desenho)
Vitamina BD (Portugal, Agosto de 2008 e Março de 2009)
240 x 320 mm, 48 p., cor, cartonado

Após 40 anos de carreira, Hermann estreia-se numa história de piratas. Aos 70 anos, "O diabo dos sete mares", é (mais) uma confirmação de Hermann como um dos melhores desenhadores realistas da BD franco-belga.
E revela a sua mestria na planificação contida mas variada e dinâmica e, principalmente, no desenho traçado com soberbas cores directas, das múltiplas gamas de cinzentos das cenas nocturnas aos tons luxuriantes dos pântanos da Carolina do Sul.
Isto, depois de incursões por quase todos os géneros: aventura em estado puro (em "Bernard Prince"), western ("Comanche"), Idade Média (revisitada n'"As Torres de Bois-Maury"), futuro pós-apocalíptico ("Jeremiah"), ficção histórica ("Jugurtha") ou humor e fantasia ("Nic, o sonhador").
Agora, tudo se inicia com o casamento em segredo da filha de um rico fazendeiro com um aventureiro de passado duvidoso. Só que o seu acto despoleta um sem número de consequências, do deserdar da jovem ao incêndio da plantação do seu pai, da fuga do casal às sucessivas alianças, lutas e traições pela posse do tesouro do mítico e terrível pirata conhecido como "Diabo dos Sete Mares", em torno de quem tudo gira apesar de uma aparição pouco mais do que fugaz.
Tudo narrado em cadência acelerada, com os aconte-cimentos e as revelações a sucederem-se, obrigando o leitor a parar por vezes para considerar as diversas pistas que o argumentista Yves H., como é habitual nele, vai fornecendo, fazendo de uma intriga aparentemente simples e directa, uma trama elíptica e elaborada.
Só que – e isto tem acontecido pouco na carreira de Hermann – a passagem do primeiro tomo para o segundo revela-se – para mim, pelo menos, foi – uma desilusão. Porque, apesar da explicação de algumas pontas deixadas soltas, a opção narrativa tomada não convence e desvirtua aquilo que o primeiro tomo prometia, uma vez que este volume marca também a estreia de Hermann num outro género – o das histórias de mortos-vivos.
Sobra, no entanto, não sendo pouco, a excelência do seu trabalho gráfico.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Dezembro de 2008)

PS – Bongop: obrigado pelo empréstimo (involuntário) das pranchas incluídas neste post, pirateadas das tuas Leituras de BD

26/08/2011

Chevalier Ardent #20

Les Murs qui saignent
François Craenhals (argumento e desenho)
Casterman (França, Setembro de 2001)
48 p., cor, cartonado
8,54 €

Durante muitos anos foram uma instituição dentro da banda desenhada francófona e era impensável fazer uma história sem eles. Falo dos heróis clássicos, os invencíveis, defensores do bem, inimigos do mal, capazes de saírem incólumes das situações mais complicadas, de vencerem os vilões mais retorcidamente maquiavélicos.
Em Portugal, pelo menos duas gerações deram os seus primeiros passos nos quadradinhos na revista Tintin (1968-1982). Nomes como Ric Hochet, Bernard Prince, Tounga, Luc Orient, Bruno Brazil ou Comanche, evocam boas memórias, sustos enormes, alívios imensos, recordações da infância, incontornáveis, inesquecíveis.
Um desses heróis, o Cavaleiro Ardente, atinge agora os 20 álbuns, com "Les Murs qui saignent", no qual François Craenhals, da forma que já conhecemos, desenvolve na Idade Média uma narrativa que combina acção e mistério, na qual conduz Ardent e Gwendoline na descoberta do segredo que envolve a morte da rainha Marmande.
Mas se os heróis e as técnicas narrativas são as mesmas, hoje olhamo-los com outros olhos. Mais críticos, mais realistas, menos capazes de se maravilharem, de se deslumbrarem. Por isso, às vezes os reencontros são penosos. Porque reparámos em personagens desproporcionados, em incongruências temporais, em respostas que ficam por dar, em soluções que deixam a desejar.
Mas quando ultrapassamos isso, quando pomos de lado o olhar crítico da maturidade, da responsabilidade (de alguma idade?) são como velhos amigos que revemos ao fim de anos de separação. Sabemos que não vão trazer nada de novo, que estão exactamente na mesma, que (quase) não mudaram, (quase) não envelheceram, que mantêm os mesmos ideais.
Olhamos para eles com nostalgia, perdoamos (todas?) as fraquezas, as coisas que só podem acontecer numa banda desenhada (e elas também existem para isso), só pela alegria do reencontro. E, por isso, continuam a alimentar os nossos sonhos. Nem que sejam os sonhos mais antigos, do tempo em que eles ainda eram mais fortes do que a realidade que nos envolvia.

(Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 23 de Outubro de 2001)

14/04/2016

Tex #551 a #553




Algumas notas de leitura – breves e soltas, dirão com alguma razão alguns - sobre uma narrativa – longa – que introduz algumas nuances – interessantes e actuais – no Tex tradicional.

28/05/2020

Le Storie: Chanbara - El rayo y el trueno

Outra vez





Com a Espanha (também) em fase de desconfinamento, a vida editorial do país vizinho retoma (algum)a normalidade, por isso estão de regresso as edições da Panini Comics espanhola. E, entre elas, como tem sido hábito ao longo dos últimos meses e recorrentemente destacado aqui no blog, estão obras oriundas da Sergio Boonelli Editore.
Este mês de Maio, cabe a vez ao segundo tomo de Chanbara.

29/08/2016

O herói e a lenda



“No Oeste, se a lenda se encontra com a realidade, vence a lenda.”
In The Man Who Shot Liberty Valance, de John Ford

A questão é (cada vez mais) recorrente (nos tempos actuais): a sucessiva retoma de heróis por outros autores desvirtua-os ou torna-os maiores? A resposta será sempre dúbia – ee depende muito do maior ou menor apego de cada um ao herói em causa - mas, no caso de O herói e a lenda, a contribuição de Serpieri para o universo ‘texiano’ fez jus à frase que abre este texto; contribui para ampliar a verdadeira lenda dos quadradinhos que Tex já é.

07/01/2019

A(lguma da) BD que vamos ler em 2019




Depois de 2018 ter sido o ano em que se bateram todos os recordes de edição de BD em Portugal, o novo ano apresenta-se com dois desafios principais.

27/11/2010

Jerry Spring - L'intégrale en noir et blanc - Tome 2 – 1955/1958

Jijé (argumento e desenho)
René Goscinny (argumento)
Acquaviva (argumento)
Dupuis (Bélgica, Outubro de 2010)
218 x 230 mm, 240 p., cor, cartonado

Resumo
Segundo tomo da edição integral das aventuras de Jerry Spring a preto e branco, agrupa os álbuns “La Passe des Indiens”, “La piste du Grand Nord”, “Le Ranch de la Malchance” e “Les 3 Barbus de Sonoyta”, com a curiosidade de o segundo e o terceiro agruparem várias histórias de tamanho diverso, incluindo uma com argumento de René Goscinny.

Desenvolvimento
Se é (relativamente) difícil, num intervalo de tempo tão curto, voltar a escrever sobre a reedição integral de Jerry Spring, o prazer que a sua leitura me proporcionou, a par da qualidade da obra-prima de Jijé, obrigam-me a fazê-lo.
E aproveito a “repetição”, para destacar um aspecto distintivo deste western: o seu carácter humanista, o que o leva por caminhos diversos de outros expoentes do género, como Blueberry, que prima pela aventura trepidante em ritmo acelerado, Comanche, em que impera o confronto entre o oeste selvagem e as mudanças trazidas pelo ”progresso”, ou Tex e o seu peculiar sentido de justiça a qualquer custo. Ou ainda Buddy Longway, talvez o que mais se aproxima de J. Spring, embora o tom e os contornos sejam diferentes, pois onde aquele avança, apesar de tudo, pela temática tradicional, o segundo tem o núcleo familiar e o seu quotidiano como base. Embora se perceba perfeitamente porque reclama Derib a herança temática e de valores de Jijé (e não a sua herança gráfica, bem mais evidente nos primeiros trabalhos de Jean Giraud, que foi seu assistente).
Este carácter humanista de Jerry Spring, revela-se em pormenores como o facto de o protagonista nunca atirar a matar, o humor sempre patente nos relatos (talvez demasiado caricatural na última história deste tomo) ou os “tempos mortos” das histórias em que Spring se limita a desfrutar da amizade de Pancho ou do contacto com a natureza selvagem. E cujo prazer que Jijé experimentou no seu desenho é bem evidente, pela naturalidade e o realismo das paisagens e, principalmente, dos belos cavalos. Daí também, o facto de a maior parte das narrativas decorrer fora dos locais habitados.
Para tudo isto contribuíram, sem dúvida, a temporada que Jijé e a sua família passaram nos Estados Unidos, e também a sua educação católica, que o levariam a exercitar a sua mestria noutras temáticas como a biografia de Don Bosco aos quadradinhos.
O que não impede que o seu traço, leve, delicado, vivo e dinâmico, bem trabalhado no contraste entre o branco e as manchas de negro, revele uma insuspeita sensualidade, revelada, por exemplo, nos surpreendentes nus mostrados neste tomo ou na graça da bela co-protagonista da última narrativa.
E não retira, também, longe disso, o tom aventuroso a Jerry Spring, envolvido na investigação de disputas fraudulentas de terrenos, roubos violentos, assaltos a minas de ouro ou bandidos mexicanos. Para nosso deleite e prazer.

Curiosidade
O primeiro tomo desta reedição integral, faz parte da selecção do Festival de Angoulême, na lista de candidatos ao Prémio do Património. Justamente.

18/08/2014

Mundo de Aventuras nasceu há 65 anos












A 18 de Agosto de 1949 chegava aos quiosques nacionais uma nova publicação infanto-juvenil: intitulava-se O Mundo de Aventuras e iria alimentar os sonhos de milhares de leitores de várias gerações.
A evocação vem já a seguir.

05/10/2011

Une nuit de pleine lune

Yves H. (argumento)
Hermann (desenho)
Sébastien Gérard (cor)
Glénat (França, Setembro de 2011)
240 x 320 mm, 56 p., cor, cartonado
13,50 €

Resumo
Cinco jovens decidem assaltar um casal idoso que vive numa casa isolada, atraídos por um cofre supostamente bem recheado.

Desenvolvimento
Surpresa: o abrir do álbum deu a sensação de um regresso ao passado, ao tempo (já algo distante) em que Hermann não trabalhava em cor directa, fazendo o desenho a tinta-da-china, posteriormente colorido. Opção que o autor me tinha referido numa conversa no Festival de Beja, em 2010, que de imediato me veio à mente.
Por isso, o grafismo surge algo estranho, diferente, evocando em parte os últimos tomos de “Comanche” ou os primeiros de “Jeremiah”. Apesar da cor, aplicada por Sébastien Gérard, surgir menos exuberante, baseada em tons mais frios e sombrios, evidentemente ajustados ao tom da narrativa e à penumbra, apenas parcialmente quebrada pela lua cheia, em que quase toda ela decorre.
O relato começa de forma lenta, dando a conhecer os cinco jovens envolvidos no golpe. Cinco jovens – quatro rapazes e uma rapariga; quatro brancos e um negro; um inadaptado e quatro acomodados… – com razões e motivos diferentes para estarem ali: o regresso ao Marrocos natal, o desejo de uma vida com luxo, álcool e mulheres, o jeito para a electrónica, o conhecimento do local…
Cinco jovens cujas diferenças vêm de imediato ao de cima, revelando pontos de atrito, desentendimentos, formas de estar e de agir que farão com que rapidamente entrem em choque, pondo em causa o objectivo (que devia ser) comum mas que, afinal não os move a todos de igual modo. Num retrato ajustado de uma certa realidade comum a (quase) todos os países ocidentais, o que confere a “Une nuit de pleine lune” uma incómoda actualidade.
Depois, após cerca de um terço do livro que serve então como introdução e apresentação dos principais (serão?) intervenientes, o ritmo torna-se mais intenso, ao mesmo tempo que a tensão sobe, com a chegada à casa (já invadida) do casal idoso. Momento em que o plano, aparentemente tão bem traçado, começa a descarrilar.
Primeiro, porque as divergências quanto ao modo de acção vêm claramente ao de cima; depois, porque um infeliz acidente (será?) provoca uma morte e desencadeia um banho de sangue de consequências de todo inesperadas; finalmente, porque afinal o casal – o homem – não era tão dócil e submisso quanto os cinco jovens esperavam…
Thriller de acção, intenso e dramático, “Une nuit de pleine lune”, escrito de forma competente e muito legível (o que nem sempre tem acontecido…) por Yves H., revela mais uma vez Hermann como um dos grandes desenhadores de BD da actualidade, mesmo neste seu regresso (gráfico) ao passado.

A reter
- A surpresa do registo gráfico de Hermann.
- A boa adequação da cor à narrativa.

Menos conseguido
- Alguma previsibilidade do desfecho final.
- A “falta de páginas” para aprofundar as motivações individuais e as tensões entre os cinco jovens.
Curiosidade
- O álbum encontra-se também disponível numa edição a preto e branco, com capa diferente com aplicações de verniz em zonas seleccionadas, lombada em tela e tiragem limitada, que inclui um caderno extra com 8 páginas de esboços, cujo preço é de 25,00 €. E que permite admirar melhor o magnífico traço de Hermann.






19/07/2017

Tex Especial Colorido #8

Laboratório

Número sim, número não, o Tex Especial Colorido, nas edições pares, com histórias curtas, afirma-se cada vez mais como um laboratório no qual se prepara, na base da tentativa e erro – ou acerto – (parte d)o futuro do ranger. Ou tão só o momento presente de cada leitura, por muito interessantes que elas possam revelar-se.
Este oitavo número da série – quarto para o que hoje analiso - mostra-o mais uma vez.
Gráfica e tematicamente. Fracassando ou sendo bem-sucedido. Abrindo portas ou, quem sabe, fechando-as.
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