06/04/2011

IR$

Os Incontornáveis da Banda Desenhada #6
Desberg (argumento)
Vrancken (desenho)
Público + ASA (Portugal, 6 de Abril de 2011)
295 x 220 mm, 96 p., cor, brochado com badanas, 7,40 €


Resumo
Larry B. Max, o protagonista, trabalha no departamento fiscal norte-americano, como especialista no combate à evasão fiscal e ao branqueamento de dinheiro.
Este álbum compila os dois tomos iniciais da série, “A Via Fiscal” e “A Estratégia Hagen”.


Desenvolvimento
Reunindo o primeiro arco de IR$, este álbum serve (também) de apresentação do protagonista, frio, decidido e determinado, mas com algumas fraquezas, especialmente de ordem pessoal e de relacionamento.
Para conseguir combater a fuga aos impostos, para além dos meios informáticos de que dispõe, Larry B. Max não hesita também em usar a força física ou a das armas para chegar aos seus fins.
Nesta sua primeira investigação disponível em português, o inspector das finanças norte-americano é arrastado para uma trama que teve um longínquo início durante a Segunda Guerra Mundial e que envolve fuga de nazis e roubo de bens judaicos.
Série ‘grande público’ típica da banda desenhada franco-belga, com todas as vantagens e desvantagens inerentes, com argumento simples e linear, apesar de um ou outro volte-face, em especial na transição entre os dois volumes, lê-se com agrado e despreocupação sem deslumbrar, mas beneficiaria se tivesse um traço um pouco mais desenvolto, pois Vrancken, neste início, mostra-se demasiado preso à documentação fotográfica que utilizou.


A reter
- A abordagem original a um (triste) episódio histórico que teve lugar durante a após a segunda guerra mundial: a cumplicidade dos bancos suíços com os nazis e a sua ganância.
- A forma como Desberg mantém o interesse da história, dando-lhe uma volta que subverte a ideia que fica no fim do primeiro tomo e mesmo durante grande parte do segundo.


Menos conseguido
- O desenho de Vrancken.
Nota
- Escrito antes da publicação deste álbum, hoje, com o jornal Público, este post ainda vem ilustrado com pranchas extraídas da versão original francesa.

05/04/2011

O oeste segundo Civitelli

Do renomado desenhista de Tex
Vários autores
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2010)
205 x 275 mm, 152 p., pb e cor, brochado com badanas, 17,50 €


Resumo
Dedicado a Tex e a Fabio Civitelli, possivelmente o mais conhecido e aclamado desenhador actual – há já mais de 25 anos! – do ranger, este livro, originalmente publicado em Itália pela livraria especializada Little Nemo, contém diversos textos daqueles que com ele trabalham – Sergio Bonelli, Claudio Nizzi -, uma longa e detalhada entrevista conduzida por Giuseppe Pollicelli, pranchas comentadas pelo autor, a apreciação de todas as histórias de Tex por diversas personalidades ligadas aos quadradinho italianos e pelo próprio Civitelli, um extenso portfolio e ainda a história “O Duelo”, escrita por Nizzi e desenhada e colorida por Civitelli.


Desenvolvimento
Ao longo dos anos que levo ligado à banda desenhada tive oportunidade de conhecer muitos autores. De descobrir alguns, de confirmar outros, de ser surpreendido por uns poucos.
Conheci autores nacionais e estrangeiros, simpáticos e insuportáveis, megalómanos e humildes. A alguns vi o êxito subir à cabeça, a outros admirei a forma como o sucesso não os afectou em nada.
Nalguns casos, tive o privilégio de conhecer nomes (que reconheci depois) grandes dos quadradinhos, que à partida não me motivavam especialmente. Maurício de Sousa, foi um deles. Fabio Civitelli foi outro.
A oportunidade de conhecer pessoalmente um e outro, permitiu-me descobrir criadores apaixonados pela sua linguagem – os quadradinhos –, pela sua arte – a combinação de escrita e desenho -, pelas suas personagens – a Turma da Mônica, no primeiro caso, Tex, no segundo.
Com ambos aprendi a (re)descobrir heróis que faziam parte das minhas leituras, a abordá-los e a vê-los sob prismas que até aí me escapavam.
Tudo isto surgiu-me com a leitura deste livro – deste belo livro – “O Oeste segundo Civitelli” - e na sequência do contacto pessoal com o desenhador italiano no Festival de Beja do ano passado, após troca (por intermédio do incansável José Carlos Francisco) de algumas perguntas e respostas.
Uma breve conversa e uma longa entrevista - ainda por transcrever, mea culpa – juntamente com a leitura mais recente deste livro, foram oportunidade de descobrir, de (re)conhecer um autor apaixonado pela sua obra. Um autor que faz dela arte, mesmo que alguns a (des)qualifiquem (tentando diminui-la) como popular. Um autor que, ao trabalhar em Tex, cumpriu um sonho de sempre e que continua a cumprir diariamente esse sonho.
Isso é por demais evidente nas páginas deste tomo, onde Civitelli narra, explica, detalha, aprofunda vinhetas, tiras, pranchas que ao longo dos anos teve o privilégio e o prazer - esse é por demais evidente nas suas palavras – de criar.
Explica opções gráficas e cénicas, detalha técnicas e materiais, conta pormenores, episódios, pequenas anedotas, transforma numa pequena (grande) aventura a (re)descoberta pelo leitor das pranchas que possivelmente já (re)leu. E deslumbra pelo realismo, o pormenor, a beleza, a qualidade das suas ilustrações.
Uma abordagem simples, apaixonada, emocionada e sentida de um criador à sua criação, abrindo-se, revelando-se - dando-se - ao leitor.
Confesso que depois de o ler, o Tex de Civitelli tem para mim outra dimensão…

A reter
- O belíssimo traço de Civitelli.
- A dimensão humana que perpassa todo o livro.


Menos conseguido
- Dadas as características do livro (tamanho, preço, tiragem curta) que na prática impossibilitam a sua distribuição em bancas, ele não estará à venda em Portugal. O que não tem que significar que os leitores portugueses que o desejarem não o possam adquirir. Fica o pedido à Mythos (ao José Carlos Francisco?) que indique como.


(Texto publicado originalmente no Tex Willer Blog, a 28 de Março de 2011)

04/04/2011

Voyage aux îles de la Désolation

Emmanuel Lepage (argumento e desenho)
Futuropolis (França, 10 de Março de 2011)
230 x 325 mm, 160 p., pb e cor, cartonado, 24 €


Resumo
Assumindo um tom entre a reportagem e a narrativa de viagem, o mais recente álbum de Emmanuel Lepage narra a sua viagem de 30 dias, a bordo do Marion Dufresne, num périplo pelas Terras Austrais e Antárcticas Francesas (TAAF).


Desenvolvimento
Tomei conhecimento da existência das TAAF há cerca de uma década, através da minha “paixão” por Selos aos Quadradinhos, aquando da emissão de uma série dos serviços postais locais assinada por Jean-Claude Mezières, o desenhador de Valérian.
Descobri então, que se tratava de uns territórios – longínquos, inóspitos, quase selvagens – os primeiros dos quais anexados à França em 1893, compostos essencialmente por quatro arquipélagos - Saint Paul e Amsterdão, Crozet, Kerguelen e Terra Adélia - situados nas proximidades do círculo polar antárctico mas dependentes do poder francês.
Pouco mais do que rochedos inóspitos na sua maioria – por isso igualmente conhecidos por Ilhas da Desolação -, acessíveis apenas por mar, habitados por uma população que não ultrapassa as duas centenas de pessoas, a maioria dos quais em regime de rotatividade, que trabalha essencialmente em projectos científicos e no observatório astronómico, e que depende quase integralmente dos navios que lá passam a intervalos regulares para substituição do pessoal e abastecimento... e dependentes do bom tempo que lhes permita fazer as cargas e descargas necessárias.
Foi este território que Emmanuel Lepage visitou, numa viagem que durou 30 dias e da qual nasceu este belíssimo álbum, que assume um tom, simultaneamente de documentário e relato de viagem, raramente atingido aos quadradinhos.
Para essa dupla vertente, contribui bastante o grafismo adoptado: desenho mais realista, a preto, branco e cinzento, para narrar os diversos acontecimentos do périplo e retratar aqueles com quem Lepage conviveu ao longo de um mês; esboços coloridos – fantásticos pela sua beleza, realismo e naturalidade - feitos no local, para ilustrar aspectos dos vários locais visitados: fauna, flora, lugares. Efeito acentuado pelas diferentes texturas do papel utilizados num e noutro caso. (A um outro nível, este livro é também um interessante documento sobre a forma de trabalhar do autor, como ele ataca o esboço, como vai aperfeiçoando o traço, como aplica a cor…)
Apesar do óbvio carácter autobiográfico do relato, Lepage – ao contrário do que têm feito muitos dos seus pares – assume um tom contido no que lhe diz respeito – sem que isso implique apagar-se por completo, pois ao longo das páginas vamos tendo conhecimento dos seus longos enjoos, de sentimentos, emoções e descobertas – chega a comparar, pela desolação da paisagem, uma das ilhas em que desembarca com… a Lua. Até porque ele, apesar de tudo, através do relato vai-se revelando, descobrindo, mostrando, por exemplo, o que o levou a querer fazer BD, como esta foi uma oportunidade de dar assas aos seus sonhos de criança, nascidos das leituras de Hergé - “Tintin e a Estrela Misteriosa” -, Stevenson, Verne, etc…
Em vez disso, o autor preferiu dar o protagonismo à viagem viagem, que vai diversificando para além do facto em si. Dessa forma, retrata – no papel, nos sentimentos, nas motivações, alguns daqueles que consigo embarcaram – marinheiros, cientistas, políticos, turistas… - mas também daqueles com quem se cruza nas TAAF, gente que vive sozinha (uma dura realidade), isolada do mundo, meses a fio, sem internet nem telemóvel, com vivências difíceis, hábitos (tornados obrigatoriamente) diferentes…
Esta é a também uma oportunidade para conhecer um pouco da História das ilhas da Desolação (por exemplo, de como um dos seus descobridores caiu em desgraça, facto que levou a que só muitos anos mais tarde elas fossem baptizadas com o seu nome) e dos muitos atropelos ecológicos cometidos por ganância ou ignorância ao longo de dois séculos.
Por tudo isto, se este é um relato preciso – como um documentário – é também (muito) emotivo – como um diário ou um caderno de viagens.


A reter
- A força, a emoção, a densidade do relato.
- A arte – sublime – de Lepage, em especial nos esboços a cores.
- Por muitas vantagens – tecno-lógicas, finan-ceiras, de espaço, ecológicas – que cada vez mais (alguns) apontem aos e-books, nenhum, nunca poderá transmitir o prazer se sente ao ter nas mãos um livro como este. Robusto, pesado, em papel mate de 135 g, com um fantástico cheiro a tinta fresca…


Menos conseguido
- Confesso que a leitura deste (belíssimo!) álbum, foi uma das maiores surpresas e um dos maiores prazeres que tive nos últimos meses. E, por isso, relido este texto, fica a frustração de não ter conseguido, com ele, transmitir tanto quanto provocou em mim a leitura desta obra.
Deixo, em jeito de moral, uma frase de Lepage: “Estas terras ensinam a humildade”.

03/04/2011

Selos & Quadradinhos (35)

Stamps & Comics / Timbres & BD (35)
Tema/subject/sujet: Marvel Comics Super Heroes
País/country/pays: Estados Unidos da América / United States / États Unis
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2007

02/04/2011

Selos & Quadradinhos (34)

Stamps & Comics / Timbres & BD (34)
Tema/subject/sujet: DC Comics Super Heroes
País/country/pays: Estados Unidos da América / United States / États Unis
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2006


01/04/2011

Melhores Leituras

Março de 2011
Buck Danny – L’Intégrale #2 (Dupuis), de Charlier (argumento) e Hubinon (desenho)

Peanuts - Obra Completa - 1961-1962 (Afrontamento), de Schulz

Tinta nos nervos (catálogo) (Chilicomcarne), de Pedro Moura

Veillée funèbre (Delcourt), de Muller (argumento) e Lereculey (desenho)

Voyage aux îles de la Désolation (Futuropolis), de Lepage

31/03/2011

Anigamix’11

Local: Exponor, Matosinhos, Porto
Data: 31 de Março a 3 de Abril de 2011
Horários: 31 de Março e 1 de Abril: 10h-18h; 2 e 3 de Abril: 10h-19h
Entradas: 31 de Março e 1 de Abril: Grátis; 2 e 3 de Abril: 4€ (venda antecipada) e 5€ (venda nos dias do evento) - Válido para os 2 dias. Bilhetes já à venda nas lojas O Lobo Mau, Pressplay e Ekstra

Tem início hoje o Anigamix’11, a primeira edição de um evento que pretende celebrar a banda desenhada, a animação, os videojogos, o cinema, a televisão e a cultura japonesa, que desfrutam de cada vez maior popularidade junto das gerações portuguesas mais novas.
O Anigamix’11, que é organizado pelas lojas portuenses O Lobo Mau e PressPlay, decorre até ao próximo domingo na Exponor, em simultâneo com a Qualifica – Feira de Educação, Formação, Juventude e Emprego.
O programa é vasto e diversificado, contemplando aspectos tão diferentes como radiomodelismo, cosplay, karaoke, oficinas ligados à ilustração e à cultura japonesa, concertos musicais, concursos e a projecção de filmes animados.
De entrada gratuita hoje e amanhã, e a pagar no fim-de-semana, o Anigamix’11 dedica um olhar especial à banda desenhada feita e publicada em Portugal, por isso, durante o evento estarão patentes mostras dedicadas a “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy 2”, “Butterfly Chronicles”, “Zona Monstra”, “Obscurum Nocturnus”, “Sonho Sem Fim” e “O Amor Infinito que te tenho e outras histórias”.
Estes projectos serão apresentados pelos respectivos autores no sábado, a partir das 15 horas, antes da cerimónia de entrega dos VIII Troféus Central Comics (às 16 h), tendo lugar em seguida o lançamento da revista de BD “Zona Monstra” e uma sessão de autógrafos com a presença, entre outros, de Filipe Melo, Filipe Pina, João Mascarenhas, Rui Ricardo, Diogo Carvalho, Paulo Monteiro e Fil.
Do programa de domingo, último dia do Anigamiz’11, destacam-se a entrega dos Prémios PressPlay, que contemplam a produção nacional de jogos 2011, às 14h, e um concerto J-Rock com a banda Yoshi O Puto Dragão.
O programa completo pode ser consultado aqui e as actualizações aqui.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 31 de Março de 2011)

30/03/2011

Às Quintas Falamos de BD (II)

Quim e Manecas 1915-1918
Amanhã, dia 31, pelas 21h00, no CNBDI, será apresentada a obra Quim e Manecas 1915-1918, de Stuart Carvalhais, com organização, introdução e glossário de João Paulo de Paiva Boléo.
Esta iniciativa insere-se no programa de encontros Às Quintas Falamos de BD, que o CNBDI levará a cabo até Maio, todas as últimas quintas-feiras de cada mês, sempre às 21h00.
Convidamo-lo a tomar café connosco amanhã.
Apareça, contamos consigo.


(Texto da responsabilidade da organização)

29/03/2011

Marvel Girl #1

Josh Fialkov (argumento)
Nuno Plati Alves (desenho e cor)
Marvel Comics (EUA, 16 de Fevereiro de 2011)
170 x 210 mm, 32 p., cor, comic-book, $2,99 US

Resumo
Recolhida pelo professor Xavier quando os seus poderes se começaram a manifestar, após a morte acidental da sua melhor amiga, Jean Grey revela dificuldades em controlá-los, especialmente no seu relacionamento com os outros mutantes.
Por esse motivo, é aconselhada a deixar a escola temporariamente e a procurar no seu passado as razões para o que se está a passar com ela.

Desenvolvimento
Este é mais um dos comics assinado por um autor português para a Marvel.
Curiosamente – ou talvez não… - é uma história mais europeia do que de super-heróis, puros e duros… Ou escrito de outra maneira, é uma história com menos acção e mais introspecção. Com menos “efeitos especiais”, combates grandiosos ou batalhas épicas com destruição a rodos, e mais diálogos (interiores…) e recordações pacatas (mas marcantes).
O que não implica obrigatoriamente menos interesse, pelo contrário – pelo menos para mim, embora reconheça que possa ser penalizador para os habituais consumidores do género super-heróis.
A história, embora linear, está bem construída, muito embora a razão para os problemas da mutante sejam – praticamente… - revelados logo à partida, o que lhe retira uma dose do interesse que poderia ter. Independentemente disso, tem alguns aspectos interessantes, nomeadamente a comparação entre os sonhos dos adolescentes amigos de Jean Grey e a sua realidade adulta.
Curiosamente, de novo – ou, de novo, talvez não – Plati Alves mostra-se menos à vontade no desenho dos confrontos entre Jean Grey e os seus amigos mutantes, logo no início, do que quando trabalha as cenas mais calmas. Aliás, é nestas que melhor se destacam a sua técnica, o seu estilo e a boa aplicação da cor que revela, conseguindo mesmo algumas vinhetas e pranchas muito interessantes, enriquecidas por uma planificação diversificada. E, quando retrata Jean Grey, consegue mostrá-la não só muito bonita mas também revelar os sentimentos que a possuem apenas pelas suas expressões. Terá sido por isso, até, possivelmente, que a escolha do desenhador desta BD recaiu nele.

A reter
- Algumas expressões da protagonista.


Menos conseguido
- Mais habituado à banda desenhada europeia, faz-me impressão encontrar na revista 10 páginas de publicidade – quase todas à própria editora – deixando-a com apenas 22 páginas (úteis) de banda desenhada…

28/03/2011

Peanuts – Obra completa – 1961-1962

Charles Schulz (argumento e desenho)
Afrontamento (Portugal, Outubro de 2010)
215x175 mm, 328 p., pb, cartonado com sobrecapa, 23,21 €


Resumo
Sexto volume da compilação integral dos Peanuts, inclui as tiras diárias e as pranchas dominicais publicadas originalmente nos anos de 1961 e 1962.
O arranjo gráfico é de Seth e a introdução da cantora Diana Krall (que curiosamente invoca mais as suas memórias dos Peanuts da animação do que da banda desenhada…).


Desenvolvimento
Escrever recorrentemente sobre um mesmo tema é (quase) sempre complicado.
É o que me tem acontecido – felizmente! – em relação aos Peanuts e a Schulz, seja por motivo de efemérides ou de novas edições, como é agora o caso. Escrevi felizmente, contrariando o que exprimi na primeira frase, mas não me enganei, porque isso me tem obrigado a debruçar uma e outra vez, com redobrada atenção, sobre uma das obras-primas que o século XX nos legou.
Correspondente aos anos 11 e 12 da vida da tira, este volume mostra os Peanuts em velocidade de cruzeiro, com a estrutura da série mais do que estabelecida e a personalidade dos intervenientes bem definida.

Nada que significasse estagnação ou repetição, longe disso, pois Schulz, então num dos seus períodos de maior criatividade, continuou a introduzir novas personagens e situações e a fazer experiências (gráficas, narrativas…). Foi assim que surgiu Frieda (com os seus caracóis naturais…!) e o seu gato Faron, que Linus (e por arrastamento Snoopy!) usou óculos durante cerca de um ano, que Sally teve um crescimento acelerado, que Snoopy começou a receber repetidas visitas de uns passarinhos, antepassados do
 (mais tarde) indispensável Woodstock... E se a maior parte destas inovações se mantiveram nos anos seguintes, outras desapareceram tão naturalmente como tinham aparecido, sinónimo da sua ineficácia – na óptica do autor ou dos leitores… - mas também da vitalidade e da personalidade da própria série.
Por outro lado, a leitura cronológica de um período alargado – dois anos, no presente caso – de uma tira diária como os Peanuts, extremamente rica a vários níveis, permite ver como Schulz abordava temas da actualidade (de então, claro!) ou recorrentes (mais evidentes uns do que outros): Natal, o aniversário de Beethoven, o regresso à escola, a queda das folhas no Outono, a época do basebol, as estações do ano, o Dia das Bruxas/Grande Abóbora… E como conseguia, inovar e renovar a cada nova abordagem - mesmo que por vezes as diferenças sejam apenas subtis… e por isso mesmo ainda mais conseguidas - quer de uns anos para os outros, quer na sucessão de piadas em torno de um mesmo tema, que se podiam suceder ao longo de vários dias ou poucas semanas.
Pesem embora as inovações referidas, estes Peanuts são aqueles a que os leitores já se tinham habituado, encontrando por isso exactamente o que esperavam deles: os sucessivos falhanços de Charlie Brown, com o papagaio, as cartas ao correspondente, no basebol ou perante os outros – embora haja também uma das raras respostas à altura que ele deu a Lucy; a dependência… de Linus em relação ao cobertor; a crueldade crescente das tiradas de Lucy, quer como psiquiatra, quer sendo ela própria (!); a (inexistente) relação de Lucy com Schroeder; a paixão platónica de Linus por miss Othmar, a sua professora; o protagonismo crescente de Snoopy – assumindo outras personalidades, a sua relação com a casota; as referências à rapariguinha ruiva por quem Charlie Brown se apaixona mas com quem nunca falará…
Em resumo, mais uma sublime oportunidade de descobrir os Peanuts de sempre de uma forma nova, renovada. Aproveitem!


A reter
- Ao longo da leitura fui assinalando as tiras e pranchas dominicais de referência ou que me pareceram mais conseguidas. Acabei o livro com umas quantas dezenas seleccionadas… Mais uma prova da genialidade de Schulz! Ou da sua coerência!
- A qualidade da edição, em tudo fiel à original. E onde se destaca o grafismo sóbrio, cuidado e atraente de Seth.
- A tradução de Gabriela Rocha, com conta, peso e medida.

Menos conseguido
- O tempo (excessivo) que tem mediado entre a edição de cada um dos volumes.

Curiosidades
- Logo nas páginas iniciais, Lucy enterra o cobertor de Linus, num episódio que serviu de base à primeira graphic novel dos Peanuts, a editada nos EUA por estes dias.
- Os “famosos” – do cinema, da BD, da música… - que têm assinado cada introdução, mostrando a universalidade da obra de Schulz.

Sugestão

- Comercializar à parte a caixa para guardar cada dois volumes da colecção. Ou incluir nos volumes respectivos um vale que permita depois obtê-las. O sistema actual, convida a esperar pela edição conjunta dos dois volumes em lugar de os ir comprando á medida que são publicados, o que é penalizador para a editora.

27/03/2011

Selos & Quadradinhos (33)

Stamps & Comics / Timbres & BD (33)
Tema/subject/sujet: Aku Ankka 1951-2001 / Pato Donald (revista) 1951-2001 / Donald Duck (magazine) 1951-2001
País/country/pays: Finlândia / Finland / Finlande
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2001

26/03/2011

Selos & Quadradinhos (32)

Stamps & Comics / Timbres & BD (32)
Desta vez não se trata de um selo ou série de selos mas da prancha dominical de 13 de Março de 2011 de Pérolas a Porcos, que Stephan Pastis criou a propósito da emissão norte-americana Sunday Funnies Stamp.

This time it's not a stamp or stamps but the Pearls before swine Sunday page of March 13, 2011, created by Stephan Pastis about the US post emission Sunday Funnies Stamp.

Cette fois, ce n'est pas un timbre ou une série de timbres, mais la Sunday page du 13 Mars 2011, de Pearls before swine, que Stephan Pastis a créé à propos de l’émission philatélique américaine Sunday Funnies Stamp.

25/03/2011

Leituras Novas

Março de 2011

Associação Tentáculo
Zona Monstra
Diana David, Joana Afonso, Filipe Andrade, João Amaral, João Raz, Fil, Hugo Teixeira, Gabriel Martins, André Caetano, André Oliveira, JCoelho, Filipe Duarte, César Évora, Manuel Alves, João Sousa, J. B. Martins, Carla Rodrigues, Rui Ferreira, Pedro Carvalho, Ricardo Correia, André Lima Araújo, Daniel “Pez!” Lopez, Luís Lourenço Lopes, Rui Alex, Ricardo Reis, Tiago Pimentel, Locato e Rodolfo Buscaglia, Miguel Santos, Bruno Bispo e Victor Freundt
Associação Tentáculo (Portugal, Março de 2011)
270 x 190 mm, 92 p., cor, brochada com badanas, 13 €

O sétimo número do projecto Zona será lançado amanhã, sábado, 26 de Março, às 18h45, na sala 2 do Cinema S. Jorge em Lisboa.
A Zona Monstra é composta por trabalhos com um denominador comum: a presença de Monstros... Monstros de todas as formas e feitios.
Este número será lançado na Monstra - Festival Internacional de Cinema de Animação, com o qual o nosso projecto encontra muitos pontos de contacto, mais não seja, com o tipo de temática e conteúdos.
São, desta vez, 92 páginas a cores.
Com capa da autoria de Filipe Andrade, a Zona Monstra conta com a colaboração de mais de 30 artistas, e apesar dos muitos autores nacionais “repetentes”, continua a apresentar o trabalho de novos valores.

ASA
Dragon Ball #7 – A perseguição
Akira Toriyama (argumento e desenho)

As Bolas de Dragão estão nas mãos da Red Ribbon e Goku e os seus amigos vão lutar contra estes implacáveis inimigos para as conseguirem recuperar. Para ficar mais forte e mais poderoso, Goku vai tentar subir ao topo da torre Karin que é protegida por elementos de uma tribo de índios, e onde vive Karin, um gato eremita com mais de 800 anos. Quem conseguir subir e atingir o topo, tem o direito a beber a água divina (a verdadeira fonte do poder), mas para isso tem de a conseguir tirar a Karin…

À PROCURA DE… ASTÉRIX
Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália está ocupada pelos Romanos… Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis Gauleses resiste ainda e sempre ao invasor romano.
Mas onde é que se meteu Astérix, o mais célebre de todos?
Diverte-te a encontrar ao longo de 12 ilustrações, o nosso herói e outros personagens ou pormenores insólitos e aceita o desafio que te é lançado ganhando, à medida que avanças neste livro, os louros atribuídos ao campeão.
Livro com 12 ilustrações para os mais pequenos testarem as suas capacidades visuais.

Yu-Gi-Oh! #2
Kasuki Takahashi (argumento e desenho)

Um novo jogo vai começar no colégio Domino: chama-se Monstros de Duelo. As regras são apresentadas e o avô de Yugi mostra a sua carta mais rara. Kaiba, pouco escrupuloso, não olha a meios para a conseguir. Por isso, Yugi vê-se obrigado a iniciar um novo Jogo das Trevas…



Editorial Bizâncio
Aqui Há Gato 7 - Hollywood é demasiado Pequeno para mim
Darby Conley (Argumento e desenho)
Satchel é a personagem tonta de Hollywood É Demasiado Pequeno Para Mim, o filme concebido e produzido por Bucky-Kat, o gato siamês com um talento natural para a trapaça e uma desmedida mania das grandezas. No elenco de luxo deste filme podemos ainda apreciar o solteirão Rob Wilco.
Um candidato a Óscar, no mínimo.

Baby Blues - É Menina!
Jerry Scott (argumento) e Rick Kirkman
Há uma nova bebé na família? Conhece alguma futura mamã? Ou um futuro papá? Esta divertida colecção de tiras da premiada banda desenhada Baby Blues fará a delícia das jovens e das futuras mães e de qualquer membro da família que tenha de lidar com uma menina acabadinha de nascer.

Baby Blues - É Menino!
Jerry Scott (argumento) e Rick Kirkman
Há um novo bebé na família? Conhece alguma futura mamã? Ou um futuro papá? Esta divertida colecção de tiras da premiada banda desenhada Baby Blues fará a delícia das jovens e das futuras mães e de qualquer membro da família que tenha de lidar com um rapazito acabadinho de nascer.

(Textos da responsabilidade das editoras)

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