07/08/2011

Selos & Quadradinhos (58)

Stamps & Comics / Timbres & BD (58)
Tema/subject/sujet: Marvel Heroes
País/country/pays: Austrália
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2008

06/08/2011

As Figuras do Pedro (III)

Figurines Tintin – la Collection Officielle
3. Tournesol et sa bêche

Figura: Professor Tournesol
Colecção: Figurines Tintin – la Collection Officielle
Número : 3
Fabricante/Distribuidor : Moulinsart + TF1 Enterprises
Ano : 2011
Altura : 13 cm
Material: PVC
Preço original: 12,99 €
Extras: Livro formato 170 x 190 mm, com 16 páginas a cores, cartonado, com diversas abordagens à figura e à personagem - Votre figurine, le personage, À l’aventure, Portfolio, Hergé dans le texte, la séquence commentée, Chef-d’oeuvre á la une, Le saviez-vous? - e Passaporte Tournesol.
Curiosidades: Esta é a terceira figura desta colecção, para já lançada apenas a título de teste em algumas regiões francesas.
Se o teste com 5 fascículos – Tintin, Haddock, Tournesol, Dupond, Milou – resultar, a colecção deverá estar disponível no mercado francófono no final do ano.

05/08/2011

Outras Leituras (V)

Manuel Caldas regressa ao Príncipe Valente… e ataca Cisco Kid
Leonidas II no Blogue de los 300

Turma da Mônica Jovem vai envelhecer
E. Rodrigues no Planeta Gibi Blog

Marvel Comics ganha processo contra herdeiros de Jack Kirby
Sérgio Codespoti no UniversoHQ

Sobre Jack Kirby e a sentença que deu razão à Marvel
Álvaro Pons em La Carcel del Papel

Originais de Artur Correia no CNBDI
As fotos de João Miguel Lameiras em Por um Punhado de Imagens

04/08/2011

Zits

#15 - Não te ponhas com essa cara
Jerry Scott (argumento)
Jim Borgman (desenho)
Gradiva (Portugal, Junho de 2011)
210 x 220 mmm, 128 p., pb e cor, capa brochada
14,50 €

As recolhas de tiras diárias de imprensa – criadas e pensadas para serem lidas isoladamente, ao ritmo de uma por dia – acabam muitas vezes por se revelar algo repetitivas e mesmo maçadoras, pela duplicação de situações e gags.
Quando tal não acontece, é geralmente sinónimo de qualidade e originalidade. Zits, é um desses (poucos) casos.
Várias razões contribuem para isso, apesar da galeria de personagens que lhe serve de base ser algo limitada: Jeremy, o adolescente que a protagoniza, os seus pais, o círculo de amigos mais próximo da escola – Hector, Pierce, Sara, poucos mais… No entanto, estão todos bem definidos e caracterizados e os seus comportamentos e reacções, aos poucos, pela sua repetição, pela forma como reagem nesta ou naquela situação, vão-se tornando familiares e previsíveis… O que não impede que cada um deles seja capaz de nos fazer (sor)rir em cada gag em que participa. Quer porque são previsíveis, quer porque – bem humanamente… - são capazes de nos surpreender.

Outro aspecto que distingue Zits de outras séries de temática similar – o quotidiano familiar e escolar de um adolescente – é a riqueza gráfica da série, que vai muito mais além do que é normal no género, pois o traço de Borgman é pormenorizado, muito expressivo, funciona tão bem a preto e branco (diariamente) como a cores (nas pranchas dominicais) e, acima de tudo, revela-se excelente quando assume metáforas visuais, como nas tiras que abrem este álbum, transformando a tentativa da mãe acordar Jeremy num desfile duma banda, num passeio de elefante ou num balão de texto real e palpável. Ou, mais comummente, quando o crescimento imparável de Jeremy – de todos os adolescentes – o transformam num gigante que ocupa – extravasa – a própria margem dos quadradinhos em que devia “actuar”. Estes são apenas dois dos múltiplos exemplos que poderia apontar e que são paradigmáticos de casos em que “uma imagem vale mais do que mil palavras”.
Porque Zits, contendo textos, geralmente diálogos, assenta boa parte dos seus momentos mais divertidos nos (múltiplos) silêncios – de espanto, dúvida, surpresa… - que os autores vão espalhando pelas tiras.

Depois, ainda, a diferença que Zits marca assenta na forma a um tempo assustadora – porque hiper-realista – e irresistivelmente divertida – porque caricatural e com um grande sentido de oportunidade – como é retratada a relação entre Jeremy – a geração actual, nascida para clicar, teclar, googlar e outras coisas que tais – e os seus pais – uma geração obsoleta mais ou menos da Idade da Pedra, que desconhece funcionalidades de aparelhos básicos para a sobrevivência como telemóveis, mp3, computadores, preferindo conversar em lugar de utilizá-los… Um relacionamento que (tantas vezes) parece ser apenas um diálogo de surdos ou de seres em diferentes níveis de existência ou em universos paralelos.
Ao longo dos anos que Zits já conta – foi publicada pela primeira vez em Julho de 1997 – Jeremy - indolente, esfomeado, quase mudo, desarrumado, desorganizado, exasperante para os pais… - foi crescendo e desenvolvendo-se e nós, leitores, tivemos o privilégio de o acompanhar – embora na realidade a personagem, graficamente, pouco tenha evoluído e o tempo para ela seja bem lento do que para nós… – nas diversas etapas ligadas aquela fase da vida: saídas com os amigos, namoros, relacionamento com os colegas, empregos de férias, carta de condução…

Momentos diversos mas reconhecíveis do quotidiano de todos nós, que são retratadas com rigor e distanciamento, com realidade e humor, de forma que diverte, dispõe bem, com frequência faz soltar gargalhadas. Pelo menos, enquanto os nossos filhos não se tornarem adolescentes…

03/08/2011

O Diabo dos Sete Mares

Partes 1 e 2
Yves H. (argumento)
Hermann (desenho)
Vitamina BD (Portugal, Agosto de 2008 e Março de 2009)
240 x 320 mm, 48 p., cor, cartonado

Após 40 anos de carreira, Hermann estreia-se numa história de piratas. Aos 70 anos, "O diabo dos sete mares", é (mais) uma confirmação de Hermann como um dos melhores desenhadores realistas da BD franco-belga.
E revela a sua mestria na planificação contida mas variada e dinâmica e, principalmente, no desenho traçado com soberbas cores directas, das múltiplas gamas de cinzentos das cenas nocturnas aos tons luxuriantes dos pântanos da Carolina do Sul.
Isto, depois de incursões por quase todos os géneros: aventura em estado puro (em "Bernard Prince"), western ("Comanche"), Idade Média (revisitada n'"As Torres de Bois-Maury"), futuro pós-apocalíptico ("Jeremiah"), ficção histórica ("Jugurtha") ou humor e fantasia ("Nic, o sonhador").
Agora, tudo se inicia com o casamento em segredo da filha de um rico fazendeiro com um aventureiro de passado duvidoso. Só que o seu acto despoleta um sem número de consequências, do deserdar da jovem ao incêndio da plantação do seu pai, da fuga do casal às sucessivas alianças, lutas e traições pela posse do tesouro do mítico e terrível pirata conhecido como "Diabo dos Sete Mares", em torno de quem tudo gira apesar de uma aparição pouco mais do que fugaz.
Tudo narrado em cadência acelerada, com os aconte-cimentos e as revelações a sucederem-se, obrigando o leitor a parar por vezes para considerar as diversas pistas que o argumentista Yves H., como é habitual nele, vai fornecendo, fazendo de uma intriga aparentemente simples e directa, uma trama elíptica e elaborada.
Só que – e isto tem acontecido pouco na carreira de Hermann – a passagem do primeiro tomo para o segundo revela-se – para mim, pelo menos, foi – uma desilusão. Porque, apesar da explicação de algumas pontas deixadas soltas, a opção narrativa tomada não convence e desvirtua aquilo que o primeiro tomo prometia, uma vez que este volume marca também a estreia de Hermann num outro género – o das histórias de mortos-vivos.
Sobra, no entanto, não sendo pouco, a excelência do seu trabalho gráfico.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Dezembro de 2008)

PS – Bongop: obrigado pelo empréstimo (involuntário) das pranchas incluídas neste post, pirateadas das tuas Leituras de BD

02/08/2011

(Não) Envelhecer

"Não há nenhuma evidência científica que apoie o facto de que os quadradinhos mantêm as pessoas jovens. Mas há algo nesta profissão que nos faz sentir jovens. Já atingi um outro patamar. Não tenho tempo para envelhecer”. (Will Eisner, 1917-2005)
Descobri esta citação, já este texto estava semi-escrito. E sinto-me lisonjeado por, de alguma forma, partilhar a ideia expressa por um autor como Eisner.
Realmente, apesar de os anos passarem, não consigo sentir-me velho – aliás, a velhice é, quase sempre, um estado mental.
É verdade que me apercebo das marcas que ficam – que se vêem no invólucro – e também vou reparando que há cada vez mais futebolistas, músicos e… autores de BD mais novos do que eu!
A chegada do meu segundo filho – sê bem-vindo, André! – também não me traz essa sensação.
Pelo contrário.
Contigo, André, espero (re)descobrir progressivamente tantos dos heróis e dos quadradinhos que encheram – que enchem – os meus sonhos e que me mantêm jovem. De Tintin a Astérix, do Homem-Aranha a Ric Hochet, dos Peanuts a Calvin & Hobbes, assim como Franquin, Prado, Schuiten, Taniguchi ou Davodeau. E, claro, Eisner.
Contigo, André, espero voltar a beber (muitas vezes) nesta fonte. Não para rejuvenescer. Mas para continuar jovem.

(Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 7 de Agosto de 2005)

Agora, André, no dia que fazes 6 anos – muitos parabéns! - a sensação é a mesma. Contigo já (re)descobri alguns daqueles heróis. Com prazer e orgulho, vejo-te já a ler alguns dos livros que me marca(ra)m. Continua assim, forte e determinado. Lê, lê muito, lê cada vez mais. Continua jovem, como eu, senão qualquer dia apanhas-me…!

01/08/2011

Melhores Leituras

Julho 2011
Corto Maltese - Longínquas Ilhas do Vento (ASA), de Hugo Pratt

Fulù – L’ntégrale (Glénat), de Trillo e Risso

Lance #3 (Libri Impressi), de Tufts

Le Perroquet des Batignolles (Dargaud), de Boujut, Tardi e Stanislas

L'Univers des Schtroumpfs (Le Lombard), de Peyo

Sgto. Rock - Entre el infierno y algo peor (Norma Editorial), de Azzarello e Kubert

Vitor Péon e o Western (C.M. Moura), de Jorge Magalhães

Zits #15 - Não te ponhas com essa cara (Gradiva), de Scott e Borgman

31/07/2011

Selos & Quadradinhos (57)

Stamps & Comics / Timbres & BD (57)


Tema/subject/sujet: X-Men
País/country/pays: St. Vincent and The Grenadines
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2003

30/07/2011

As Figuras do Pedro (II)

Figurines Tintin – la Collection Officielle
2. Haddock dubitatif

Figura: Haddock
Colecção: Figurines Tintin – la Collection Officielle
Número : 2
Fabricante/Distribuidor : Moulinsart + TF1 Enterprises
Ano : 2011
Altura : 13 cm
Preço original: 6,99 €
Extras: Livro formato 170 x 190 mm, com 16 páginas a cores, cartonado, com diversas abordagens à figura e à personagem - Votre figurine, le personage, À l’aventure, Portfolio, Hergé dans le texte, la séquence commentée, Chef-d’oeuvre á la une, Le saviez-vous? - e Passaporte Haddock.
Curiosidades: Esta é a segunda figura desta colecção, para já lançada apenas a título de teste em algumas regiões francesas.
Se o teste com 5 fascículos – Tintin, Haddock, Tournesol, Dupond, Milou – resultar, a colecção deverá estar disponível no mercado francófono no final do ano.

28/07/2011

Leituras Novas

Julho de 2011 (II)
ASA
Corto Maltese – As Etiópicas
Hugo Pratt (argumento e desenho)
Paredes brancas calcinadas pelo sol, moitas de figos de piteira, minaretes e escorpiões, camelos imóveis ao sol e metralhadoras prontas a rasgar o silêncio. E uma cidade com igrejas ocultas. A Etiópia.
Neste país, há coisas misteriosas... diz Corto Maltese a Cush.
Corto é irónico; Cush é integralista. Corto encarna o Ocidente; Cush, o guerreiro danakil, encarna a África; mas a diferença não é clara. Pratt confronta-os, mas, no fundo, mistura e confunde os seus carácteres. Viajam juntos no deserto, sem se incomodarem com o calor e os escorpiões. Conversam sobre o melhor momento para tomar chá, e combatem lado a lado.
Em As Etiópicas, cultura, natureza e aventura formam o tríptico de pedra no qual se baseiam as aventuras de Corto. Tudo o resto é apenas magia.


Corto Maltese – A Lagoa dos M stérios
Hugo Pratt (argumento e desenho)
As lagoas de Hugo Pratt formam a ponte sonhada entre as águas do delta do Orinoco, as florestas húmidas da Guiana e as brumas de Veneza. É daí que partem os mistérios. Tudo começa com os manuscritos antigos e um mapa de 1750 traçado na pele de um franciscano esfolado pelos índios Jivaros da Amazónia, um mapa que indicava, segundo dizem, o caminho para as míticas cidades de ouro de Cibola. Missionários, monges, aventureiros, homens de negócios sem escrúpulos, soldados e conquistadores, enfrentaram as flechas envenenadas, as serpentes-coral e as mais violentas febres para lhes arrancarem os seus tesouros.
Corto Maltese fez a mesma viagem, mas em vez do ouro escolheu o sonho...


Dragon Ball #11 - O Grande Desafio do Torneio
Akira Toriyama (argumento e desenho)
O Tenka’ichi Budokai está a aquecer, e só pode haver um vencedor! O campeão do último torneio, Jackie Chun, enfrenta Tenshinhan, o discípulo do Corvo Genial! Sucede-se o muito esperado combate entre os ex-colegas Goku e Krillin – e o vencedor defronta Tenshinhan. Mas este não está apenas a lutar para ganhar: invadido por um rancor mortífero, quer vingar o seu mestre, o Corvo Genial, cujo irmão foi morto por Son Goku…


YU-GI-OH! #6 – Luta de Monstros!
Kasuki Takahashi (argumento e desenho)
Pacato e fácil de intimidar, Yugi, do 10º ano, passava a maior parte do seu tempo sozinho, a jogar... até que resolveu o Puzzle do Milénio, um misterioso artefacto egípcio que lhe foi passado pelo seu avô. Possuído pelo puzzle, Yugi tornou-se Yu-Gi-Oh, o Rei dos Jogos, e desafiou rufias e criminosos para estranhos jogos onde o derrotado perde a sua mente! Mas contra novos e estranhos jogos e novos inimigos, será o Yugi capaz de proteger os seus amigos... ou mesmo ele próprio?

27/07/2011

Astérix tem novo argumentista

Segundo a revista francesa “Casemate” de Agosto / Setembro, ontem posta à venda em França, Jean-Yves Ferri será o novo argumentista das aventuras de Astérix. O anúncio foi feito pelo próprio Albert Uderzo, co-criador do pequeno guerreiro gaulês há 52 anos em conjunto com René Goscinny, originalmente responsável apenas pelo desenho, mas que passou a assinar os argumentos após o falecimento daquele, em 1977. Na altura, o pai de Astérix referiu que “Ferri trará com certeza sangue novo à série, criando novas personagens, algumas delas recorrentes”.Ferri, colaborador regular da revista satírica “Fluide Glacial”, desenvolve a sua escrita habitualmente numa linha humorística adulta, contando na sua bibliografia a série “Le Retour à la Terre”, com Larcenet, e “De Gaulle à la Plage”, uma crítica mordaz à presidência francesa.
Como já tinha sido tornado público, o desenho do novo álbum, ainda sem data de lançamento marcada, estará a cargo de Frédéric e Thierry Mébarki, há vários anos colaboradores e assistentes de Uderzo, que está a supervisionar todo o processo criativo, apesar de contar já 84 anos.
Entretanto, foi também divulgado que o novo filme com as aventuras de Astérix, Obélix e os outros gauleses, inspirado no álbum “Astérix e os Bretões”, que deveria intitular-se “Astérix et Obélix: God Save Britannia”, foi rebaptizado como “Astérix et Obélix: Au service de sa majesté”, num piscar de olhos a James Bond. Com estreia marcada para Outubro de 2012, o quarto filme com actores reais baseado nos álbuns de Goscinny e Uderzo tem realização de Laurent Tirard e conta com Edouard Baer e Gérard Depardieu nos dois principais papéis.
Astérix, que se estreou a 29 de Outubro de 1959, no número inaugural da revista “Pilote”, já protagonizou 34 álbuns que, no seu conjunto, venderam mais de 330 milhões de exemplares em todo o mundo.

26/07/2011

Lance

Volume 3 (de 4)
Warren Tufts (argumento e desenho)
Libri Impressi (Portugal, Julho de 2011)
235 x 335 mm, 88 p., cor e pb, brochado com badanas
26,50 €

Resumo
Terceiro dos quatro tomos previstos com a reedição integral de Lance, um western criado por Warren Tufts na década de 1950.

Desenvolvimento
Há dias, num site francês, num comentário a um artigo eram criticados os magníficos integrais francófonos – várias vezes referenciados aqui em As Leituras do Pedro - em que têm sido recuperadas obras desde os anos 1940, considerando-os um artifício de marketing para aproveitar os “últimos estertores” da geração que na infância e adolescência leu Jerry Spring, Buck Danny, Gil Jourdan ou Johan et Pirlouit, entre muitos outros.
Em resposta a esse comentário, alguém – acertadamente - contestava que obras como as citadas terão sempre público.
É óbvio que quem assim respondeu tem a noção exacta do que é um “clássico” – não apenas algo antigo (o que significa velho, ultrapassado, para alguns) – mas algo intemporal que, pelas suas características intrínsecas proporcionará sempre prazer e descoberta em cada nova (re)leitura (audição, visualização…).
De certa forma, é o caso deste Lance, uma das paixões de Manuel Caldas. Não de forma tão absoluta – se esta é uma “classificação” possível – como, por exemplo, o “seu” Príncipe Valente, mas uma obra intemporal, que se (re)lê com evidente prazer – e proveito – mais a mais tratando-se de (mais) uma (soberba) edição como esta.
Porque, sendo, na sua base, um western, é um western atípico, protagonizado por um soldado e não um cowboy, com menos cenas de acção do que é habitual do género. Não pelo facto em si, mas pelo que essa factor implica em termos de argumento, por onde passa uma forte componente política e militar, até porque Tufts introduz uma assinalável vertente histórica na sua ficção.
Também – mais ainda – porque Lance é um western humanista, no qual tiroteios, perseguições ou combates, mais do que procurar justiça, vingança ou glória, têm que ver com sentimentos, emoções, restabelecimento de relações. Quase sempre entre homens e mulher ou familiares.
Por isso, em vez de um pistoleiro, um xerife, um ranger, um caçador de prémios ou um cowboy solitário, os protagonistas – ao lado de Lance, por vezes em vez de Lance – são a sua bela e determinada mulher – mesmo quando cega – um bando de colonos perdidos na neve, uma índia branca, um bebé que chora – chora sempre…
As mulheres, aliás, têm um grande protagonismo em Lance. Não de armas na mão, embora as empunhem por vezes. Não como seres belos, sensuais e apetecíveis, como Valle, a esposa de Lance – outra prova da atipicidade deste western – ou a californiana Maria, embora muitas delas o sejam. Não, ainda, como seres frágeis e dependentes, constantes vítimas de raptos e maus-tratos que dêem ao herói a oportunidade de brilhar. Não. Em Lance, as mulheres surgem muitas vezes como desencadeadoras – e continuadoras – da acção ou mesmo no seu centro, como verdadeiras mulheres, firmes, fortes, determinadas. Humanas. Credíveis. Preponderantes, quase sempre, sejam protagonistas de primeiro plano ou quase anónimas, como a mãe do bebé já citado. Por elas, por causa delas, também, Lance é às vezes mais espectador do que actor, mais seguidor do que comandante.
Os episódios narrados, mesmo quando há perseguições, tiroteios ou combates, mesmo quando se articulam com a realidade histórica – como no caso da Guerra dos Estados Unidos com o México pela posse da Califórnia, que será mostrada no último tomo de Lance – têm mais ponderação do que acção, mais diálogos – ou pensamento – do que movimento…
Em Lance, ainda – também – a Natureza – selvagem, imparcial, poderosa, dominadora – tem um papel fundamental. Não é apenas simples cenário – se é que podemos apelidar de simples as paisagens que Tufts traça com belas e intensas cores, de forma marcante e impressionista, em profunda calmaria ou assolada pelos elementos – mas, muitas vezes, decisora dos destinos daqueles que a ousaram afrontar, indiferente às suas razões, nacionalidade, idade, condição social.
Por isto, tudo isto – por mais do que isto, que aconselho cada um a descobrir - Lance é um clássico que merece ter sido (re)editado, cuja leitura se justifica.
A reter
- A composição de tantas pranchas, vigorosas, fortes, dinâmicas, de traço ágil, seguro e de cores intensas e belas.
- O tom humanista do relato.
- A dinâmica da narrativa, apesar de assentar em vinhetas com texto escrito por baixo, embora esta característica vá desaparecendo progressivamente ao longo deste volume.
- A qualidade da edição, assente numa restauração (quase) obsessiva dos traços e cores originais obtida a partir de várias reproduções, que chega ao pormenor de indicar “defeitos” originais e de repetir uma prancha que entretanto foi possível reproduzir melhor…

Menos conseguido
- … mas que falha redondamente na “legenda” solta no centro da prancha 182.

Curiosidade
- Neste tomo termina a reprodução das tiras diárias que durante algum tempo conviveram com as pranchas dominicais em que Lance se iniciou.

Urgente
- Dadas as fracas vendas – vá-se lá saber porquê… – dos dois tomos iniciais, que se devem repetir neste, para garantir a edição do quarto e último tomo (já em preparação), Manuel Caldas pede que este tomo lhe seja directamente adquirido – o que garante ao comprador portes gratuitos e um magnífico poster gigante com a reprodução de uma prancha no seu formato original e ao editor não perder a (grossa) fatia que a distribuição devora - e que seja feita uma “pré-subscrição” do volume 4. Para o efeito, fica o contacto: mcaldas59apo.pt
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