Há cerca de 15 dias, As Leituras do
Pedro estrearam um novo visual, cujo principal elemento é uma
bela ilustração do Paulo J. Mendes.
Dar a conhecer alguns aspectos da sua
génese, é o propósito deste texto.
Cumprir
Regresso
aos Clássicos da Literatura em BD,
porque acredito que é uma das mais importantes iniciativas dos últimos anos entre nós, no âmbito da BD.
[O facto de os primeiros volumes terem esgotado e estarem em
reimpressão, indicia
a justeza desta aposta
da Levoir.]
Não,
como já escrevi aqui mais do que uma vez, para leitores regulares de
banda desenhada, mas sim enquanto proposta para leitores jovens, como
dupla porta de entrada na BD e nos clássicos da literatura.
Dito
isto - como não podia deixar de ser - há nesta colecção
adaptações
mais conseguidas do que outras. Do ponto de vista que hoje quero
abordar, A
Ilha do Tesouro
cabe
no
grupo
das 'mais'.
Quadradinhos
sem TV
Stumptown,
enquanto série televisiva, teve apenas uma temporada. A
sua proximidade ao original em banda desenhada, como foi sublinhado
na altura da sua exibição, leva a lamentar esse cancelamento
prematuro, pelo menos a avaliar pelo segundo volume em BD, O
Caso da Bebé no Estojo de Veludo,
já
editado em
português pela G. Floy, que revela uma evolução e maior consistência
narrativa.
No
ano de Orwell
No
ano em que a obra de George Orwell entrou no domínio público,
Dorison e Delep - e a Arte de Autor! - continuam a mostrar-nos a sua
versão de O
triunfo dos porcos -
o Animal
Farm original.
Não
numa adaptação - ao contrário do que acontece com 1984
que, só em França, viu recentemente serem editadas quatro (!)
versões diferentes - mas numa espécie de sequela que, no entanto,
mantém intocável a base original: 'os
animais são todos iguais, mas há alguns mais iguais do que os
outros'...
Apoteose
Construída num
crescendo, esta série de 4 álbuns, termina agora em
grande apoteose, reunindo num volume extremamente visual todos que
até agora desempenharam papeis de destaque.
Rúben,
o (agora) coronel Jonas Moura, Capitu, Bakar, Luana... juntam-se uma
última vez, num tomo em que redenção e queda no abismo caminham
lado a lado, sob a influência de forças sobrenaturais do bem e do
mal e da
própria natureza.
Estranheza
Estranha-se
desde logo a capa. E depois também um título (aparentemente) tão revelador
sobre o
conteúdo do livro - a exemplo do que acontecia, aliás, em O
Homem que Matou Lucky Luke...
embora no
caso presente
seja bem mais assertivo.
E
num caso e noutro, estranha-se que tão 'depressa' essa morte ocorra.
Num caso e noutro, o morto era uma celebridade: uma lenda do Oeste,
num caso, o mais famoso sniper americano, no outro... Um sniper, um
herói...? Que estranho.
Já
referi por aqui, a propósito da Tex
#600, a actual tendência nas
aventuras do ranger para 'recuperar
personagens que de alguma forma foram marcantes pelo tempo de uma
história'.
Obviamente,
este tipo de exercício presta-se a diferentes interpretações - que
também estão relacionadas com o posicionamento de cada leitor em
relação a Tex. Uma delas, crítica, é associar a opção a falta
de imaginação dos actuais argumentistas, daí a necessidade do
regresso recorrentemente aos 'bons tempos passados'. Outra, mais
favorável, é considerar que as personagens (agora reencontradas)
eram tão ricas e fortes que era uma pena limitá-las a uma única
história.
Este
díptico, A
aldeia dos danados/A fúria de Makua, é
mais um exemplo.