Histórias
que (não) acabam bem
“Todos
sonhamos com histórias que acabam bem”, lê-se a certa altura em A
Adopção,
mas, raramente, sabemos o que é ‘acabar’ e o que é ‘bem’. E
temos tendência para procurar a felicidade nos outros, no acessório,
no que está longe, como se aquilo que nos rodeia, que está mesmo à
nossa beira não pudesse suprir - e de forma bem mais consistente -
“esta esperança, esta cegueira” - a
tal ‘felicidade’ - que
é “a força da humanidade”.
Confirmação
A
leitura deste tríptico em modo ‘integral’ - que é como quem
escreve, dos três volumes de seguida, sem interrupções de qualquer
ordem - confirma as indicações que o primeiro volume tinha deixado.
Para
o mal e para o bem. Embora com este a prevalecer.
Mesmo
sem
ter estado
presente
na Comic Con Portugal 2022, à distância foi possível entrevistar
Jean Bastide e Philippe Fenech, desenhadores das aventuras de
Ideiafix, para o Jornal de Notícias (texto
publicado na edição de papel de 13 de Dezembro) e
obter os indispensáveis autógrafos.
Fica
aqui o devido registo e um agradecimento à equipa das Edições ASA
que o tornou possível.
Atrozmente
simples,
mas...
Vamos
imaginar que neste tempo - em qualquer tempo - ser assassino
contratado é uma profissão como outra qualquer. E imaginemos que
nesta/nessa
época,
alguém é contratado para recuar 50 (ou mais) anos no tempo e matar
Adolf Hitler, antes da ascensão do nazismo mergulhar a
Europa e o
mundo numa guerra atroz
que
provocou milhões de mortos.
Esta
é a base de Yo
maté a Adolf Hitler.
Mas…
Em construção
Leitor
de banda desenhada há mais de quatro décadas, acho que posso dizer
que neste percurso a aventura foi sempre o tema
de eleição - embora também reconheça que a maior parte das
grandes obras que li aos quadradinhos estejam completamente fora
daquele
género.
Quanto
à aventura, pode vir em estado puro, se assim posso escrever, ou
condimentada como western,
policial,
ficção-científica, relato na selva, narrativa medieval, conto
primitivo...
Dentro
do género, Nevada,
escolha improvável - menos provável, soa-me melhor... - na linha
editorial mais
evidente de
A Seita, é um exemplo como tantos outros, mas confesso que o primeiro livro não fez de mim fã da série, embora me deixasse com alguma curiosidade para mais. Se como titulei na
altura, A Estrela Solitária lançava os alicerces, agora, com a construção ‘a
aparecer’, já me senti mais realizado com a leitura.
Um
turbilhão de emoções
Em
2015, Kongthe King
(edição da Kingpin Books) irrompia na paisagem da banda desenhada
portuguesa, de forma surpreendente e estimulante. Revisão livre
da
história de King
Kong,
tinha o mesmo ponto de partida, a chegada de uma equipa de filmagens
à ilha da Caveira e o transporte do seu colossal habitante para a
grande metrópole.
Triste paraíso
Paco Roca continua a narrar a (sua) história do século XX espanhol, em
particular dos anos das guerras - Civil e II Mundial - e das décadas
que se lhe seguiram. É uma forma muito pessoal de
a contar, entre o realismo histórico e a sua realidade pessoal e
familiar, esta última assumida de forma púdica e e num patamar
inferior em relação à ‘Grande História’.
Continua
a fazê-lo de forma extremamente sensível e original, enquanto
explora - revela? - potencialidades do meio que lhe serve de veículo:
a banda desenhada.
A atribuição do Prémio Jorge Magalhães para Argumento de BD a
Derradé, pelo seu livro O Fogo Sagrado, foi o mote para
breve entrevista, feita à distância, que serviu de base ao texto
publicado no Jornal de Notícias online de 3 de Dezembro de 2022, e à
sua versão em papel publicada no dia seguinte.
A seguir, fica a versão integral dessa mini-entrevista, com aspectos
que fazem pensar.