Foram
muitos aqueles que em Portugal, desde os anos 1970, cresceram a ler
as revistas da Turma da Mônica, que actualmente, como então, ainda
podem ser encontrados em (alguns)
quiosques
e
bancas nacionais. Ao
longo dos anos, mais do que uma vez, foi levantada a hipótese de
produção portuguesa de alguns desses títulos, com a linguagem mais
adequada ao nosso português, mas no final, curiosamente, a estreia
lusa da Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali acaba por acontecer com
uma das propostas alternativas da linha Graphic MSP, uma chancela
criada no Brasil em 2012, para que autores fora daquele universo,
dessem a sua visão pessoal das personagens de Maurício de Sousa.
Se
é verdade que o manga é um dos géneros de que mais livros são
editados mensalmente em Portugal, no que à banda desenhada diz
respeito, também é indiscutível que eles representam apenas um
pico mínimo do gigantesco icebergue do que é a produção japonesa. Entre
os estereótipos que associamos ao género, as narrativas de ninjas e
samurais têm sido muito pouco exploradas no nosso país, sendo
Kenshin,
o
samurai errante
o
exemplo mais significativo. O
preço da desonra,
uma edição da chancela Ikigai,
do
coletivo editorial A Seita é uma (boa)
exceção recente. E é, simultaneamente, uma forma de dar a conhecer
aos leitores portugueses um dos expoentes do género, o autor Hiroshi
Hirata (1937-2021).
O
assinalável crescimento do mercado nacional de banda desenhada, para
além do fortalecimento dos segmentos dominantes de franco-belga e
manga, trouxe também a aposta de editoras que geralmente não se
dedicavam a este género narrativo e uma maior diversidade da oferta.
Bob
De Groot faleceu sexta-feira passada, contava 82 anos. O génio Léonard vai ficar
sem ideias e Robim da Mata vai deixar de assaltar os ricos e de fazer
a vida negra ao xerife de Notthigham.
Para um autor -
ou vários, como geralmente acontece na banda desenhada - no âmbito
de uma série, uma das coisas mais difíceis é construir um universo
que, a um tempo, faça sentido, seja coerente e crie habituação no
leitor para que, a cada novo regresso, saiba o que esperar.
O
desenhador italiano Carlo Ambrosini, conhecido pelo seu trabalho em
Dylan Dog, Napoleone ou Jan Dix, faleceu ontem aos 69 anos, na
sequência de problemas de saúde que se vinham a agravar. A notícia completa pode ser lida aqui.
Há
quase 30 anos, em 1994, para ser exacto, a banda desenhada portuguesa
assistia ao nascimento do Corvo na colecção Estórias
de Lisboa.
Prevista como história única, tinha como protagonista um
adolescente lisboeta órfão, seduzido pela utopia do mundo dos
super-heróis de que se alimentava nas revistas de quadradinhos,
apostado assim em esquecer o mundo real, assustador e triste em que
vivia.
Com
40 aventuras em 64 anos, torna-se difícil escolher os melhores álbuns de Astérix.
Embora seja pacífico que todos se encontram entre os 24 assinados
pelos seus criadores originais, entre 1959 e 1977, o momento de
leitura, a sensibilidade para com os temas abordados e a enorme
qualidade de quase todos faz com que as opiniões se dividam.
Ancorado
na actualidade - como Goscinny sempre fez
- O
Lírio Branco está
desde hoje à venda, marcando a estreia na série do argumentista
Fabcaro, o
que fez
aumentar as expectativas em relação ao novo álbum, que
se desenrola entre subversão das regras e enorme respeito pela
pesada herança dos criadores da série.
Acabado
de editar em Portugal pela Iguana, acompanhando o lançamento a nível
internacional, um ano após a morte da iraniana Mahsa Amini,
espancada pela polícia local por não estar a utilizar correctamente
o véu, Mulher
Vida Liberdade
ganha uma nova actualidade devido à recente atribuição do Prémio
Nobel da Paz à activista iraniana de direitos humanos Narges
Mhoammadi.
Chamava-se
Keith Ian Giffen, escrevia e desenhava histórias aos quadradinhos há
quase meio século e faleceu dia 10 de Outubro. É mais um talentoso autor
que partiu para o paraíso dos grandes criadores.
Na
banda desenhada - como nos perfumes, nos
chocolates… - o tamanho não tem importância. Que é como quem
diz, a qualidade de uma obra não se afere pelo seu número de
páginas, mas sim pelo que ela conta e/ou pelo modo como o conta.
Paul
Ramboux, mais conhecido como Sidney no mundo da banda desenhada
fraco-belga, faleceu ontem, contava 91 anos. Era um dos últimos
autores ainda vivos da época áurea da revista Tintin.
A 26 de Setembro de 1946, chegava aos quiosques belgas o primeiro
número de uma nova publicação para os jovens. Tinha por título
“Tintin” e seria um dos marcos da banda desenhada franco-belga.
A
existência de um verdadeiro mercado editorial e, por consequência,
de uma verdadeira indústria de banda desenhada (no melhor sentido do
termo), para lá da diversificação permite também a especialização
em segmentos específicos. É
o caso, por exemplo, das biografias históricas que, tendo por base
numa sólida pesquisa que garante a veracidade da informação
disponibilizada, proporcionam bandas desenhadas na completa acepção
do termo.
Joe Matt, autor norte-americano de banda desenhada faleceu dia 18,
contava 60 anos. Nascido a 3 de Setembro de 1963, em Landsdale, na Pensilvânia, no
seio de uma família de classe média dos subúrbios, com mãe
doméstica, três filhos e um pai com emprego incerto, origens que
reflectiu de forma hiperbolizada na sua obra.
A 34.ª edição do Festival
Internacional de Banda Desenhada da Amadora - Amadora
BD 2023, dedicada ao tema ‘Clássicos Intemporais”, terá lugar
de 19 a 29 de Outubro, com o
núcleo central mais uma vez situado no Ski Skate Park e exposições
na Galeria Artur Bual e na Bedeteca da Amadora.
Primeiro
grande livro de BD do pós-férias, Uma
estrela de algodão preto
tem como temática central
o racismo profundamente enraizado nos Estados Unidos, não desde
tempos imemoriais, como quase escrevi, mas desde a sua fundação
enquanto nação, o que paradoxalmente implica maior longevidade…:
é desde sempre.
Júlia
é trintona, professora de educação física, vive na antiga casa da
avó, junto à praia e tem um problema: um mangusto - supõe ela -
que apareceu no seu jardim e destruiu a pequena horta caseira que
tinha começado. Este
é o resumo, tão intrigante quanto desconcertante, de O
mangusto,
o primeiro romance gráfico da portuguesa Joana Mosi, editado pelo
colectivo A Seita.
Não
acredito em ‘leituras de Verão’ nem em ‘aproveitar as férias’
para ler. Quem lê, lê o ano todo; quem não lê, aproveita o tempo
livre para descansar e se divertir. Por isso e porque o meu tempo da
sua leitura foi agora, trago hoje Elise
e os novos partisans,
uma banda desenhada que é tudo menos ‘leitura de Verão’ na
comum acepção facilitista desta designação. Obra
auto-biográfica, mesmo que não intensiva mas militante, este álbum,
com a assinatura gráfica do grande Jacques Tardi, companheiro de
Dominique Grange, narra uma década da vida desta cantautora e
activista política.