Começou no Invicta Indie Arts, por iniciativa de Manuel Santo, e está a correr por vários blogs portu-ueses ligados aos quadradinhos, uma homenagem ao editor (restaurador e amante de boas bandas desenhadas) Manuel Caldas, a propósito dos 25 anos do seu fanzine Nemo.
Convidado em cima da hora, numa fase de total falta de tempo, apenas pude disponibilizar excertos de alguns dos vários textos sobre as suas edições que já publiquei aqui no blog, edições essas que agora relembro e que recomendo vivamente e sem reservas.
Foster e Val
Príncipe Valente
Surge… Ferd’nand
Krazy + Ignatz + Pupp
Tarzan dos Macacos
Ferd’nand retorna
O Corvo
Hägar
Os Meninos Kin-Der
Dot & Dash
O Livro do Buraco
Lance
Chamando de novo a atenção para estes livros, quero relembrar que a melhor forma de homenagear Manuel Caldas – e quantas homenagens ele merece, sem dúvida! – é comprar (de preferência, pedindo-lhas directamente), ler e divulgar as obras que ele tem editado. A única forma de ele poder continuar com o seu trabalho de editor.
E de nós podermos desfrutar delas, enquanto leitores.
20/04/2011
Manuel Caldas
Leituras relacionadas
Efeméride,
Libri Impressi,
Manuel Caldas
19/04/2011
Onslaught Unleashed #1 e #2
Sean McKeever (argumento)
Filipe Andrade (desenho)
Ricardo Tércio (cores)
Dave Lanphear (legendas)Humberto Ramos, Morry Hollowell, Rob Liefeld (capas)
Marvel Comics (EUA, Fevereiro e Março de 2011)
170 x 210 mm, 32 p., cor, comic-book, mensal, $3,99 USResumo
O rapto de Toro, um dos Young Allies, leva este grupo de super-heróis (de que também fazem parte Nomad, Spider-Girl, Gravity e Firestar) e também os Secret Avengers (Steve Rogers/Captain America, Black Widow, Moon Knight, Beast, Ant-man e Sharon Carter) até à Colômbia, onde terão de enfrentar o renascido vilão Onslaught.
Desenvolvimento
Se os comics de super-heróis não são a minha BD de eleição, são-no ainda menos quando envolvem um grande número de protagonistas, como é o caso, e argumentos com múltiplas referências cruzadas que me deixam (e a muitos mais, acredito) completamente perdido. Foi o que aconteceu com esta mini-série, sendo que terminei a leitura do primeiro número volume com a sensação de que praticamente nada se passara…
Sensação que se atenuou no segundo número, com o enredo a ganhar contornos mais nítidos, estando na sua base o regresso de Onslaught, um obscuro vilão da vasta galeria Marvel, que é a encarnação do lado negro do Professor Xavier, e que, como não podia deixar de ser, pretende vingança.
Por isso, a minha atenção – ao contrário do que é habitual – prendeu-se mais nos aspectos gráficos, entregues a dois portugueses: Filipe Andrade e Ricardo Tércio.
E, por este lado, confesso, valeu a pena. Andrade tem um traço dinâmico, com personagens com corpos longilíneos e capazes de estranhas contorções que parecem por vezes desprovidos de esqueleto interno, o que, se soa estranho lido, permite uma mobilidade extrema que faz toda a diferença neste tipo de narrativa. É verdade que os rostos são menos precisos nos detalhes, por vezes mesmo inexpressivos, mas a verdade é que o conjunto funciona bem.
Mais a mais, porque está enquadrado por uma planificação diversificada, muitas vezes com vinhetas sobrepostas ou inseridas dentro doutras, capaz de, em simultâneo, detalhar pormenores e mostrar o conjunto, o que dota a narrativa com o ritmo vivo desejado.
Quanto à cor de Ricardo Tércio, adapta-se bem ao traço de Andrade e às inflexões do argumento de McKeever, utilizando tons (geralmente escuros) diferentes para identificar a actuação das diversas personagens e contribuindo para uma maior legibilidade da história. Pessoalmente, acredito que vale a pena perder (ganhar…) algum tempo a apreciar como ele consegue destacar (quase) em cada vinheta os pontos fulcrais da acção ou os protagonistas apenas com a variação dos tons.
A reter
- O trabalho gráfico de Filipe Andrade, que assina nesta mini-série o primeiro trabalho de algum fôlego de um autor português para a Marvel.
- A cor de Ricardo Tércio.
- O bom trabalho editorial da Marvel que incluiu, no primeiro comic, oito páginas com um resumo da saga de Onslaught e, no segundo, uma entrevista com Sean McKeever.
Menos conseguido
- O argumento, algo confuso.
- As capas de Ramos e Liefeld. Sei que devem ser um contributo importante para aumentar as vendas da mini-série, mas confesso que gostaria de ver como Filipe Andrade responderia se tivesse tido a oportunidade de as fazer.
Leituras relacionadas
Filipe Andrade,
Marvel,
McKeever,
Onslaught,
Ricardo Tércio
18/04/2011
Far Away
Jean-François e Maryse Charles (argumento)
Gabrielle Gamberini (desenho)
Colecção Roman BD
Glénat (França, 23 de Março de 2011)
185 x 260 mm, 144 p., cor, cartonado, 25 €
Resumo
Martin Bonsoir é um camionista a quem o demasiado tempo passado na estrada fez esquecer a capacidade de apreciar o que o rodeia.
O acaso – uma tempestade de neve – vai fazer com que se cruze com Esmé, uma mulher mais velha do que ele, que, em troca da sua ajuda, o convence a levá-la consigo no camião.
Desenvolvimento
Por vezes, não há como dourar ou desenvolver os textos sobre um livro. Não pela sua fraca qualidade ou interesse, mas porque há histórias simples que não precisam de ser mais do que isso.
Este Far Away é um desses casos. A história de uma relação (não tão improvável como um primeiro olhar pode inferir) entre dois seres aparentemente muito diferentes. Cujas motivações, desejos, necessidades vamos conhecendo conforme eles as vão descobrindo ou expondo. Até porque a sua relação, para crescer e se fundamentar, tem que passar por momentos tensos, por crises de confiança, mesmo por separações, retratadas com grande realismo e credibilidade.
Mais resumidamente, este é um relato agradável sobre relacionamento, confiança e partilha. Sobre apreciar o mundo, o que nos rodeia, a vida (enquanto dura).
Não que o seu tom seja lamechas, até porque o final, apesar de relativamente (in)feliz – sim, possui esta dualidade… - convida mais a pensar do que a chorar ou a abrir a boca num sorriso de irreal felicidade tonta. E a seguir em frente, de preferência com uma nova perspectiva da existência e da forma de a aproveitar.
O argumento, do casal Charles, embora consistente e bem sustentado – dentro da (falsa) simplicidade já referida - é bastante linear, apenas com duas (relativas) inflexões, a inicial, já desvendada no resumo, necessária para que o resto funcione, e a que conduz ao desfecho, que o leitor adivinha mais cedo que o protagonista.
Quanto ao desenho de Gabrielle Gamberini, é nele evidente o facto de esta italiana ser também pintora, pois faz de cada vinheta um quadro a guache. E se denota alguma falta de dinamismo, de alguma forma compensado pelo reduzido número de vinhetas por prancha, o que ajuda a BD a respirar, isso acaba por ser uma limitação menor pois o argumento também não o exige. Sobram, também, para compensar, algumas vinhetas belíssimas, como a que abre a história, de página inteira, que obrigam o olhar a demorar-se em contemplação.
Contribuindo, assim, também, para que se cumpra uma das premissas da história: a importância de prestar atenção às coisas pequenas, aos pormenores.
A reter
- Por vezes é bom parar com a correria diária, atentar nas coisas simples, repensar prioridades. Este (belo) livro contribui para isso.
- Algumas vinhetas que mostram que Gabrielle Gamberini, sem ser uma grande autora de banda desenhada, é, no entanto, uma boa pintora.
Menos conseguido
- A falta de dinamismo e de movimento das personagens.
Gabrielle Gamberini (desenho)
Colecção Roman BD
Glénat (França, 23 de Março de 2011)
185 x 260 mm, 144 p., cor, cartonado, 25 €
Resumo
Martin Bonsoir é um camionista a quem o demasiado tempo passado na estrada fez esquecer a capacidade de apreciar o que o rodeia.
O acaso – uma tempestade de neve – vai fazer com que se cruze com Esmé, uma mulher mais velha do que ele, que, em troca da sua ajuda, o convence a levá-la consigo no camião.
Desenvolvimento
Por vezes, não há como dourar ou desenvolver os textos sobre um livro. Não pela sua fraca qualidade ou interesse, mas porque há histórias simples que não precisam de ser mais do que isso.
Este Far Away é um desses casos. A história de uma relação (não tão improvável como um primeiro olhar pode inferir) entre dois seres aparentemente muito diferentes. Cujas motivações, desejos, necessidades vamos conhecendo conforme eles as vão descobrindo ou expondo. Até porque a sua relação, para crescer e se fundamentar, tem que passar por momentos tensos, por crises de confiança, mesmo por separações, retratadas com grande realismo e credibilidade.
Mais resumidamente, este é um relato agradável sobre relacionamento, confiança e partilha. Sobre apreciar o mundo, o que nos rodeia, a vida (enquanto dura).
Não que o seu tom seja lamechas, até porque o final, apesar de relativamente (in)feliz – sim, possui esta dualidade… - convida mais a pensar do que a chorar ou a abrir a boca num sorriso de irreal felicidade tonta. E a seguir em frente, de preferência com uma nova perspectiva da existência e da forma de a aproveitar.
O argumento, do casal Charles, embora consistente e bem sustentado – dentro da (falsa) simplicidade já referida - é bastante linear, apenas com duas (relativas) inflexões, a inicial, já desvendada no resumo, necessária para que o resto funcione, e a que conduz ao desfecho, que o leitor adivinha mais cedo que o protagonista.
Quanto ao desenho de Gabrielle Gamberini, é nele evidente o facto de esta italiana ser também pintora, pois faz de cada vinheta um quadro a guache. E se denota alguma falta de dinamismo, de alguma forma compensado pelo reduzido número de vinhetas por prancha, o que ajuda a BD a respirar, isso acaba por ser uma limitação menor pois o argumento também não o exige. Sobram, também, para compensar, algumas vinhetas belíssimas, como a que abre a história, de página inteira, que obrigam o olhar a demorar-se em contemplação.
Contribuindo, assim, também, para que se cumpra uma das premissas da história: a importância de prestar atenção às coisas pequenas, aos pormenores.
A reter
- Por vezes é bom parar com a correria diária, atentar nas coisas simples, repensar prioridades. Este (belo) livro contribui para isso.
- Algumas vinhetas que mostram que Gabrielle Gamberini, sem ser uma grande autora de banda desenhada, é, no entanto, uma boa pintora.
Menos conseguido
- A falta de dinamismo e de movimento das personagens.
17/04/2011
Selos & Quadradinhos (38)
Stamps & Comics / Timbres & BD (38)
Tema/subject/sujet: Great Achievers in Philippine Art – El Víbora, Darna, Kulafu e Lapu-Lapu
País/country/pays: Filipinas/Philippines
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2004
Tema/subject/sujet: Great Achievers in Philippine Art – El Víbora, Darna, Kulafu e Lapu-Lapu
País/country/pays: Filipinas/Philippines
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2004
Leituras relacionadas
2004,
Filipinas,
Selos e Quadradinhos
16/04/2011
Tintin: Há 75 anos em Portugal… e a cores
Foi há 75 anos, em “O Papagaio”, que Tintin foi publicado pela primeira vez em Portugal. A par dessa estreia, uma outra, a nível mundial, bem mais marcante: a publicação, a cores, do repórter dos quadradinhos criado por Hergé, na altura rebaptizado “Tim-Tim”.
Isso aconteceu no número 53 daquela revista infantil, datado de 16 de Abril de 1936, mas os leitores já vinham a ser preparados desde o número 49. Nele, era anunciado que Tim-Tim, “enviado especial à América do Norte”, iria correr “sérios riscos”, pois aquele país “civilizadíssimo, donde nos chegam as maiores invenções e belas afirmações de espírito artístico”, era também um “território onde o banditismo impera, no qual indivíduos da pior espécie e de todas as nacionalidades estabeleceram há muito arraiais”. E continuava: “acompanhado pela fidelíssima cadela Pom-Pom, o moço e ilustre jornalista partiu há dias para Nova Iorque, a bordo do Vulcãnia”. O seu destino era no entanto Chicago, “a capital do crime, o principal antro dos bandidos que vai desmascarar e vencer”. E explicava: “o facto de se fazer acompanhar da cadelinha não é (…) de somenos importância. O inteligente animal é o melhor companheiro do famoso repórter a quem já por mais duma vez salvou a vida.
Curiosamente, dois números passados, já protagonizava a capa e, em novo anúncio, Milu afinal chamava-se Rom-Rom, mas continuava “cadelinha”, e Tim-Tim, medindo “apenas 1,45 metros” tinha “a coragem de um gigante”.
A primeira aventura publicada foi rebaptizada como “Tim-Tim na América do Norte” e prolongar-se-ia até ao número 110, recheada de atropelos ao original hoje inimagináveis: remontagem de pranchas, supressão ou ampliação de vinhetas e de texto, alterações do conteúdo…
Exemplo deste último aspecto, é a substituição de uma greve de operários (algo ilegal na época em Portugal) por uma pausa para almoço... Alterações que desagradaram a Hergé que, em contrapartida, apreciou as cores feitas em Portugal.
Estas e outras curiosidades – como o facto de parte dos direitos de Tintin, durante a Segunda Guerra Mundial, terem sido pagos por Simões Müller, director da revista, a Hergé em géneros alimentícios enviados para a Alemanha, onde um irmão do autor estava preso – são referidos por José Azevedo e Menezes em “O Papagaio – Um estudo do que foi uma grande revista infantil portuguesa” (edição do autor).O sucesso de Tim-Tim – e dos seus companheiros Rom-Rom, Capitão Rosa (Haddock), Professor Pintadinho (Tournesol) – foi tão grande que protagonizaria diversas capas (criadas por autores portugueses) da revista, números hoje bem pagos por coleccionadores nacionais e estrangeiros que também valorizam aqueles em que Tintin é publicado.“O Papagaio” viria a apresentar mais oito histórias, transitando depois o herói, sucessivamente, para o “Diabrete”, “Cavaleiro Andante”, “Foguetão” e “Zorro” até chegar à revista com o seu nome, em 1968. Curiosamente, se Portugal foi pioneiro na publicação colorida das histórias aos quadradinhos de Tintin, teve que esperar até meados da década de 1990 para assistir á sua edição em álbum, pela Verbo.Actualmente, o herói faz parte do catálogo da ASA, que tem programada a conclusão da edição integral das suas aventuras, em formato reduzido e com nova tradução, até final do corrente ano, bem como uma edição fac-similada do original a preto e branco de “Tintin na América”, em Junho.
Mas se há banda desenhada de Tintin que merecia ser reeditada tal e qual como foi publicada pela primeira vez, ela é sem dúvida o “Tim-Tim na América do Norte” tal e qual apareceu em “O Papagaio”.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 16 de Abril de 2011)
Isso aconteceu no número 53 daquela revista infantil, datado de 16 de Abril de 1936, mas os leitores já vinham a ser preparados desde o número 49. Nele, era anunciado que Tim-Tim, “enviado especial à América do Norte”, iria correr “sérios riscos”, pois aquele país “civilizadíssimo, donde nos chegam as maiores invenções e belas afirmações de espírito artístico”, era também um “território onde o banditismo impera, no qual indivíduos da pior espécie e de todas as nacionalidades estabeleceram há muito arraiais”. E continuava: “acompanhado pela fidelíssima cadela Pom-Pom, o moço e ilustre jornalista partiu há dias para Nova Iorque, a bordo do Vulcãnia”. O seu destino era no entanto Chicago, “a capital do crime, o principal antro dos bandidos que vai desmascarar e vencer”. E explicava: “o facto de se fazer acompanhar da cadelinha não é (…) de somenos importância. O inteligente animal é o melhor companheiro do famoso repórter a quem já por mais duma vez salvou a vida.
Curiosamente, dois números passados, já protagonizava a capa e, em novo anúncio, Milu afinal chamava-se Rom-Rom, mas continuava “cadelinha”, e Tim-Tim, medindo “apenas 1,45 metros” tinha “a coragem de um gigante”.
A primeira aventura publicada foi rebaptizada como “Tim-Tim na América do Norte” e prolongar-se-ia até ao número 110, recheada de atropelos ao original hoje inimagináveis: remontagem de pranchas, supressão ou ampliação de vinhetas e de texto, alterações do conteúdo…
Exemplo deste último aspecto, é a substituição de uma greve de operários (algo ilegal na época em Portugal) por uma pausa para almoço... Alterações que desagradaram a Hergé que, em contrapartida, apreciou as cores feitas em Portugal.
Estas e outras curiosidades – como o facto de parte dos direitos de Tintin, durante a Segunda Guerra Mundial, terem sido pagos por Simões Müller, director da revista, a Hergé em géneros alimentícios enviados para a Alemanha, onde um irmão do autor estava preso – são referidos por José Azevedo e Menezes em “O Papagaio – Um estudo do que foi uma grande revista infantil portuguesa” (edição do autor).O sucesso de Tim-Tim – e dos seus companheiros Rom-Rom, Capitão Rosa (Haddock), Professor Pintadinho (Tournesol) – foi tão grande que protagonizaria diversas capas (criadas por autores portugueses) da revista, números hoje bem pagos por coleccionadores nacionais e estrangeiros que também valorizam aqueles em que Tintin é publicado.“O Papagaio” viria a apresentar mais oito histórias, transitando depois o herói, sucessivamente, para o “Diabrete”, “Cavaleiro Andante”, “Foguetão” e “Zorro” até chegar à revista com o seu nome, em 1968. Curiosamente, se Portugal foi pioneiro na publicação colorida das histórias aos quadradinhos de Tintin, teve que esperar até meados da década de 1990 para assistir á sua edição em álbum, pela Verbo.Actualmente, o herói faz parte do catálogo da ASA, que tem programada a conclusão da edição integral das suas aventuras, em formato reduzido e com nova tradução, até final do corrente ano, bem como uma edição fac-similada do original a preto e branco de “Tintin na América”, em Junho.
Mas se há banda desenhada de Tintin que merecia ser reeditada tal e qual como foi publicada pela primeira vez, ela é sem dúvida o “Tim-Tim na América do Norte” tal e qual apareceu em “O Papagaio”.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 16 de Abril de 2011)
15/04/2011
Leituras de Banca
Abril 2011
Títulos que já foram ou serão em breve distribuídos nas bancas portugueses.
Mythos
J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga #71 - Morrerei à Meia Noite
Mágico Vento #100 - O Crepúsculo dos heróis (edição colorida)
Almanaque Tex #36 - Onde Mora o Medo
Tex #465 – Salvamento Heróico
Tex Colecção #257 - Um País em Chamas
Tex Ouro #42 – O Vale Maldito
Zagor #114 - O Ataque dos Mohaves
Zagor Extra #78 – O Traidor
Zagor Especial #27 – O Último Vicking
J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga #71 - Morrerei à Meia Noite
Mágico Vento #100 - O Crepúsculo dos heróis (edição colorida)
Almanaque Tex #36 - Onde Mora o Medo
Tex #465 – Salvamento Heróico
Tex Colecção #257 - Um País em Chamas
Tex Ouro #42 – O Vale Maldito
Zagor #114 - O Ataque dos Mohaves
Zagor Extra #78 – O Traidor
Zagor Especial #27 – O Último Vicking
Panini
Marvel
Homem-Aranha #105
Os Novos Vingadores #80
Wolverine #69
X-Men #105
Universo Marvel #2 e #3
Batman #94
Liga da Justiça #93
Superman #94
Universo DC #3
Turma da Mónica
Almanaque da Magali #23
Almanaque do Chico Bento #23
Almanaque do Penadinho #8
Cascão #46
Cebolinha #46
Chico Bento #46
Magali #46
Mônica #46
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #46Turma da Mónica – Saiba mais #37 – Eleições
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #46
Turma da Mônica Jovem #28
Leituras relacionadas
Bancas,
Bonelli,
DC Comics,
Marvel,
Turma da Mônica
14/04/2011
Polémicas aos quadradinhos
Tintin racista?
Tintin, esse mesmo, o herói dos quadradinhos, vai a tribunal acusado de racismo. A razão: o retrato complacente e paternalista que o álbum “Tintin no Congo”, transmite dos habitantes locais negros.
Esta é, pelo menos, a óptica do cidadão congolês Bienvenu Mbutu Mondondo, que à custa deste caso já teve (bem) mais do que os 15 minutos de fama a que (teoricamente) todos temos direito. Isto porque foi ele o responsável pela queixa apresentada em tribunal em 2007, e que na semana passada, depois de muitos avanços e recuos, foi finalmente aceite pelo Tribunal de Primeira Instância de Bruxelas, contra a opinião do Procurador Real belga.
Baseado numa lei de 1981 que “proíbe propósitos racistas ou atentados contra uma franja da população”, o cidadão congolês deseja que a venda do segundo álbum das aventuras de Tintin seja interdita a não ser que ele passe a incluir um prefácio que “explique o contexto colonial e histórico da época da concepção do álbum” e também “um alerta para o facto de algumas das suas personagens terem propósitos racistas”.
Esta obra já foi alvo de outros ataques, nomeadamente de associações de defesas de animais “escandalizadas” pelo grande número de bichos que o herói abate ao longo do álbum.
Agora, resta esperar pelos próximos capítulos, o primeiro dos quais já no dia 18 de Abril, quando o tribunal definirá o calendário dos trâmites que se seguem no processo.
Sexo e super-heróis
Cada vez mais mediáticos, os quadradinhos, também por isso, atraem cada vez mais polémicas. No cento de outro caso recente, também ligado a questões raciais, está Batman, numa história escrita por David Hine, em que o homem-morcego decide internacionalizar a marca “Batman”, contratando “duplos” em diversos países. O problema surgiu quando, em França, a escolha recaiu sobre Bilal Asselah, um muçulmano sunita filho de pais argelinos que vive num dos bairros parisienses que mais tem sido assolado por manifestações violentas, o que levantou um coro (internacional) de protestos, entre os quais uma história pirata que mostrava o novo Batman a explodir a Torre Eiffel num ataque suicida.
Por outro lado, o crescendo de violência e erotismo nas bandas desenhadas da Marvel e da DC Comics, coincidente com o aumento da idade de quem os lê, tem provocado alguma polémica e levantado questões que geralmente ficam por responder. Os problemas geralmente começam nas capas, pelos atributos generosos ou exagerados que os super-heróis (dos dois sexos) revelam, mas também se estendem aos conteúdos. Há poucas semanas, a revista “Batman Confidential” #18, levantada por uma mãe numa biblioteca, na Carolina do Norte, para ser lida pelo filho de 12 anos, valeu acusações de pornografia pois numa das histórias a Batgirl e a Cat Woman vão ao Clube Hedonista de Gotham, onde ficam vestidas apenas com as suas máscaras. Apesar de não haver nus nem sexo explícito, algumas cenas (relativamente) mais ousadas chocaram a senhora, que iniciou uma cruzada contra a nudez dos super-heróis, sem reparar que a editora aconselha a revista para maiores de 16 anos...
Situação similar teve lugar no Brasil, onde diversas obras aos quadradinhos, entre as quais livros de Will Eisner, direccionadas para adultos devido à sua temática e a algumas cenas mais fortes, foram incluídas no lote de leituras aconselhadas aos alunos mais novos e compradas por bibliotecas, com as consequências que facilmente se adivinham.
Claro que, na prática, na base destes casos, está a ideia (cada vez mais em desuso) de que (toda) a banda desenhada é para crianças, ficando a sensação de que os responsáveis pelas escolhas nem sequer se deram ao trabalho de as ler previamente.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 12 de Abril de 2010)
Tintin, esse mesmo, o herói dos quadradinhos, vai a tribunal acusado de racismo. A razão: o retrato complacente e paternalista que o álbum “Tintin no Congo”, transmite dos habitantes locais negros.
Esta é, pelo menos, a óptica do cidadão congolês Bienvenu Mbutu Mondondo, que à custa deste caso já teve (bem) mais do que os 15 minutos de fama a que (teoricamente) todos temos direito. Isto porque foi ele o responsável pela queixa apresentada em tribunal em 2007, e que na semana passada, depois de muitos avanços e recuos, foi finalmente aceite pelo Tribunal de Primeira Instância de Bruxelas, contra a opinião do Procurador Real belga.
Baseado numa lei de 1981 que “proíbe propósitos racistas ou atentados contra uma franja da população”, o cidadão congolês deseja que a venda do segundo álbum das aventuras de Tintin seja interdita a não ser que ele passe a incluir um prefácio que “explique o contexto colonial e histórico da época da concepção do álbum” e também “um alerta para o facto de algumas das suas personagens terem propósitos racistas”.
Relembre-se que na senda do sucesso de “Tintin no País dos Sovietes”, Hergé, nesta história, decidiu enviar o seu repórter para o Congo, então uma província belga, tendo a história sido publicada a preto e branco no jornal “Le Petit Vingtième” entre 5 de Junho de 1930 e 11 de Junho de 1931, seguindo-se de imediato uma edição em álbum.
Desenvolvida semana após semana, ao sabor da inspiração do autor e sem um guião prévio, “Tintin no Congo” é caracterizado por uma grande ingenuidade, ou não estivesse Hergé - e a própria banda desenhada – a dar os primeiros passos à procura da sua identidade. O autor, ao longo dos anos, em diversas entrevistas, explicou que “se baseou nos preconceitos existentes no meio burguês em que estava inserido”, tendo desenhado os africanos de acordo com os critérios da sua época”. Talvez por isso, tal como “No país dos Sovietes”, este álbum nunca foi adaptado em desenhos animados.Esta obra já foi alvo de outros ataques, nomeadamente de associações de defesas de animais “escandalizadas” pelo grande número de bichos que o herói abate ao longo do álbum.
Agora, resta esperar pelos próximos capítulos, o primeiro dos quais já no dia 18 de Abril, quando o tribunal definirá o calendário dos trâmites que se seguem no processo.
Sexo e super-heróis
Cada vez mais mediáticos, os quadradinhos, também por isso, atraem cada vez mais polémicas. No cento de outro caso recente, também ligado a questões raciais, está Batman, numa história escrita por David Hine, em que o homem-morcego decide internacionalizar a marca “Batman”, contratando “duplos” em diversos países. O problema surgiu quando, em França, a escolha recaiu sobre Bilal Asselah, um muçulmano sunita filho de pais argelinos que vive num dos bairros parisienses que mais tem sido assolado por manifestações violentas, o que levantou um coro (internacional) de protestos, entre os quais uma história pirata que mostrava o novo Batman a explodir a Torre Eiffel num ataque suicida.
Por outro lado, o crescendo de violência e erotismo nas bandas desenhadas da Marvel e da DC Comics, coincidente com o aumento da idade de quem os lê, tem provocado alguma polémica e levantado questões que geralmente ficam por responder. Os problemas geralmente começam nas capas, pelos atributos generosos ou exagerados que os super-heróis (dos dois sexos) revelam, mas também se estendem aos conteúdos. Há poucas semanas, a revista “Batman Confidential” #18, levantada por uma mãe numa biblioteca, na Carolina do Norte, para ser lida pelo filho de 12 anos, valeu acusações de pornografia pois numa das histórias a Batgirl e a Cat Woman vão ao Clube Hedonista de Gotham, onde ficam vestidas apenas com as suas máscaras. Apesar de não haver nus nem sexo explícito, algumas cenas (relativamente) mais ousadas chocaram a senhora, que iniciou uma cruzada contra a nudez dos super-heróis, sem reparar que a editora aconselha a revista para maiores de 16 anos...
Situação similar teve lugar no Brasil, onde diversas obras aos quadradinhos, entre as quais livros de Will Eisner, direccionadas para adultos devido à sua temática e a algumas cenas mais fortes, foram incluídas no lote de leituras aconselhadas aos alunos mais novos e compradas por bibliotecas, com as consequências que facilmente se adivinham.
Claro que, na prática, na base destes casos, está a ideia (cada vez mais em desuso) de que (toda) a banda desenhada é para crianças, ficando a sensação de que os responsáveis pelas escolhas nem sequer se deram ao trabalho de as ler previamente.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 12 de Abril de 2010)
13/04/2011
J. Kendall #71
#71 – Morrerei à meia-noite
Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento)
Roberto Zaghi (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2010)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal
4,00 €
Resumo
Um desconhecido apresenta-se à criminóloga Julia Kendall, dizendo-se perseguido por uma cigana que desde há alguns dias prevê tudo o que lhe vai acontecer, tendo anunciado mesmo a sua morte para daí a alguns dias.
Roberto Zaghi (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2010)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal
4,00 €
Resumo
Um desconhecido apresenta-se à criminóloga Julia Kendall, dizendo-se perseguido por uma cigana que desde há alguns dias prevê tudo o que lhe vai acontecer, tendo anunciado mesmo a sua morte para daí a alguns dias.
Leituras relacionadas
Bonelli,
Giancarlo Berardi,
Júlia_J. Kendall,
Lorenzo Calza,
Mythos,
opinião,
Zagui
Bedeteca de Beja - Programação
Abril de 2011
Cafetaria e Galeria da Entrada – R/C.
Mecânica Popular
De 26 de Março a 30 de Abril
Exposição da obra gráfica de José Feitor.
Galeria Principal – 1º andar.
Tintin
De 26 de Março a 30 de Abril
Uma revista dos 7 aos 77
Exposição bibliográfica.
Galeria da Ala esquerda – 1º andar.
Montra de Abril
Exposições
Animais na sombra
De 18 de Abril a 13 de Maio
Exposição de desenho de Vilas.Cafetaria e Galeria da Entrada – R/C.
Mecânica Popular
De 26 de Março a 30 de Abril
Exposição da obra gráfica de José Feitor.
Galeria Principal – 1º andar.
Tintin
De 26 de Março a 30 de Abril
Uma revista dos 7 aos 77
Exposição bibliográfica.
Galeria da Ala esquerda – 1º andar.
Montra de Abril
Fanzine Terminal
De 1 a 30 de Abril
Bedeteca – 1º andar.
O fanzine Terminal surgiu no Outono de 1998, em Faro. Como se diz no seu editorial “Os motores estão agora ligados. A jornada inicia-se a uma velocidade moderada, por causa das curvas e contracurvas que existem sempre no arranque.” Neste número participavam Fernando Madeira
(Phermad), o director e editor do fanzine e principal impulsionador, Sérgio Sousa, Carlos Rocha e Geraldo. Como colaborador especial… José Carlos Fernandes. Desde essa altura até agora já passaram pelas páginas do Terminal muitas dezenas de autores (algarvios e não só). Pela qualidade dos autores representados e pela sua longevidade, o Terminal é hoje considerado uma verdadeira referência no meio “fanzinístico” nacional…
Cinema e BD
Conversas sobre Cinema e Banda Desenhada, por Véte.
Dia 14, quinta-feira, às 21h30
Exibição do filme ZATOICHI, de Takeshi Kitano.
No século XIX, o lendário samurai cego Zatoichi ganha a vida com o jogo e a fazer massagens… Por trás de sua aparência humilde há um habilidoso e imbatível espadachim.
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Cinema de Animação
Dia 21, quinta-feira, às 21h30
Traços do Japão – Sessões de Anime da NCreatures
Exibição do filme METROPOLIS, de Osamu Tezuka, apresentado por Paulo Monteiro.
Metropolis conta a história de Time – uma bela e misteriosa humanóide feminina que não percebe que é um robô…
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Noite de Terror
Dia 28, quinta-feira, às 21h30
Apresentação da revista Zona Negra, por Paulo Monteiro, e exibição do filme O Exorcista, de William Friedkin, apresentado por Hélder Castilho.
O Exorcista tem acção em Georgetown, Washington, quando uma actriz se apercebe a pouco e pouco que a filha de 12 anos adopta um comportamento cada vez mais estranho…
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Oficinas
Ouriço-do-Mar – Oficina de Banda Desenhada
Todas as terças-feiras, das 19h30 às 20h30
Para autores entre os 8 e os 12 anos…
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Toupeira – Oficina de Banda Desenhada
De 1 a 30 de Abril
Bedeteca – 1º andar.
O fanzine Terminal surgiu no Outono de 1998, em Faro. Como se diz no seu editorial “Os motores estão agora ligados. A jornada inicia-se a uma velocidade moderada, por causa das curvas e contracurvas que existem sempre no arranque.” Neste número participavam Fernando Madeira
(Phermad), o director e editor do fanzine e principal impulsionador, Sérgio Sousa, Carlos Rocha e Geraldo. Como colaborador especial… José Carlos Fernandes. Desde essa altura até agora já passaram pelas páginas do Terminal muitas dezenas de autores (algarvios e não só). Pela qualidade dos autores representados e pela sua longevidade, o Terminal é hoje considerado uma verdadeira referência no meio “fanzinístico” nacional…
Cinema e BD
Conversas sobre Cinema e Banda Desenhada, por Véte.
Dia 14, quinta-feira, às 21h30
Exibição do filme ZATOICHI, de Takeshi Kitano.
No século XIX, o lendário samurai cego Zatoichi ganha a vida com o jogo e a fazer massagens… Por trás de sua aparência humilde há um habilidoso e imbatível espadachim.
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Cinema de Animação
Dia 21, quinta-feira, às 21h30
Traços do Japão – Sessões de Anime da NCreatures
Exibição do filme METROPOLIS, de Osamu Tezuka, apresentado por Paulo Monteiro.
Metropolis conta a história de Time – uma bela e misteriosa humanóide feminina que não percebe que é um robô…
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Noite de Terror
Dia 28, quinta-feira, às 21h30
Apresentação da revista Zona Negra, por Paulo Monteiro, e exibição do filme O Exorcista, de William Friedkin, apresentado por Hélder Castilho.
O Exorcista tem acção em Georgetown, Washington, quando uma actriz se apercebe a pouco e pouco que a filha de 12 anos adopta um comportamento cada vez mais estranho…
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Oficinas
Ouriço-do-Mar – Oficina de Banda Desenhada
Todas as terças-feiras, das 19h30 às 20h30
Para autores entre os 8 e os 12 anos…
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Toupeira – Oficina de Banda Desenhada
Todas as quintas-feiras, das 19h30 às 20h30
Para autores a partir dos 13 anos…
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Para autores a partir dos 13 anos…
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Clubes
Lemon Studio – Clube de Mangá
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Todas as quintas-feiras, das 16h00 às 18h30
Magic The Gatering – Clube de Magic
Todos os Sábados, das 15h00 às 20h00
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Livro do Mês
Doutor Jekyll & Mister Hyde
Jerry Kramsky (argumento, a partir da obra de Robert Louis Stevenson)
Lorenzo Mattotti (desenho)
Sugestão de leitura disponível na Bedeteca“Ao longo da sua carreira, o Dr. Jekyll prosseguiu pesquisas sobre a dualidade da alma. Em segredo, elaborou um soro: foi então que realizou em si próprio a experiência do desdobramento científico da alma, dando origem, no meio de atrozes sofrimentos, ao abominável Mr. Hyde”.
O livro Doutor Jekyll & Mister Hyde é um exemplo acabado do domínio de Mattotti sobre a cor, aplicada de forma quase pura, a fazer doer os olhos, como impõe o texto violento de Kramsky, que adaptou o clássico de Stevenson com alma de verdadeiro inspirado. A história, já imortal, do médico respeitável com um demónio dentro de si, ganhou uma força inexcedível uma vez visitada pelo traço perturbador do autor italiano, que se deixou inspirar pelo expressionismo alemão dos anos 20 e pelo sopro de George Grosz, com as suas personagens de cabeça deformada e corpos grotescos, marcadas de fresco pelas feridas da Primeira Grande Guerra. Repleto de paredes, de muros e de pontes, quase labiríntico, este álbum desenhado a lápis de cera e pastel de óleo (dedicado a Alberto Breccia), oferece uma dimensão quase claustrofóbica da obra de Stevenson, numa simbiose perfeita entre o texto e a imagem, demonstrando que se podem desmontar velhos clássicos e insuflá-los com o sopro da vida.O livro Doutor Jekyll & Mister Hyde foi publicado pela Witloof e pela Devir, em 2002. Mattotti esteve presente em Beja em 2009, por ocasião da realização de uma exposição com o seu trabalho durante o V Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja.
Lemon Studio – Clube de Mangá
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Todas as quintas-feiras, das 16h00 às 18h30
Magic The Gatering – Clube de Magic
Todos os Sábados, das 15h00 às 20h00
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
Livro do Mês
Doutor Jekyll & Mister Hyde
Jerry Kramsky (argumento, a partir da obra de Robert Louis Stevenson)
Lorenzo Mattotti (desenho)
Sugestão de leitura disponível na Bedeteca“Ao longo da sua carreira, o Dr. Jekyll prosseguiu pesquisas sobre a dualidade da alma. Em segredo, elaborou um soro: foi então que realizou em si próprio a experiência do desdobramento científico da alma, dando origem, no meio de atrozes sofrimentos, ao abominável Mr. Hyde”.
O livro Doutor Jekyll & Mister Hyde é um exemplo acabado do domínio de Mattotti sobre a cor, aplicada de forma quase pura, a fazer doer os olhos, como impõe o texto violento de Kramsky, que adaptou o clássico de Stevenson com alma de verdadeiro inspirado. A história, já imortal, do médico respeitável com um demónio dentro de si, ganhou uma força inexcedível uma vez visitada pelo traço perturbador do autor italiano, que se deixou inspirar pelo expressionismo alemão dos anos 20 e pelo sopro de George Grosz, com as suas personagens de cabeça deformada e corpos grotescos, marcadas de fresco pelas feridas da Primeira Grande Guerra. Repleto de paredes, de muros e de pontes, quase labiríntico, este álbum desenhado a lápis de cera e pastel de óleo (dedicado a Alberto Breccia), oferece uma dimensão quase claustrofóbica da obra de Stevenson, numa simbiose perfeita entre o texto e a imagem, demonstrando que se podem desmontar velhos clássicos e insuflá-los com o sopro da vida.O livro Doutor Jekyll & Mister Hyde foi publicado pela Witloof e pela Devir, em 2002. Mattotti esteve presente em Beja em 2009, por ocasião da realização de uma exposição com o seu trabalho durante o V Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja.
(Informação da responsabilidade da Bedeteca de Beja, um equipamento da Câmara Municipal de Beja)
Leituras relacionadas
2011,
Abril,
BD para ver,
Beja
12/04/2011
Zona Monstra
Diana David, Joana Afonso, Filipe Andrade, João Amaral, João Raz, Fil, Hugo Teixeira, Gabriel Martins, André Caetano, André Oliveira, JCoelho, Filipe Duarte, César Évora, Manuel Alves, João Sousa, J. B. Martins, Carla Rodrigues, Rui Ferreira, Pedro Carvalho, Ricardo Correia, André Lima Araújo, Daniel “Pez!” Lopez, Luís Lourenço Lopes, Rui Alex, Ricardo Reis, Tiago Pimentel, Locato e Rodolfo Buscaglia, Miguel Santos, Bruno Bispo e Victor Freundt
Associação Tentáculo (Portugal, Março de 2011)
270 x 190 mm, 92 p., cor, brochada com badanas, 13 €
Resumo
Oitavo número do projecto Zona, lançado durante o Monstra - Festival Internacional de Cinema de Animação, tendo por isso as bandas desenhadas, textos e ilustrações publicadas o tema Monstros como denominador comum.
A reter
- A capacidade de associar a Zona a outros eventos extra-BD (ou não…) que têm demonstrado Fil e André Oliveira, os responsáveis pela publicação.
- … e também a periodicidade (deixem-me escrever assim) que o projecto tem revelado.
- As entrevistas rápidas iniciais (a Joana Afonso e Filipe Andrade), sendo pena que não estejam associadas a bandas desenhadas dos entrevistados.
- O traço de André Caetano, que merecia um argumento mais consistente.
- Apesar de algumas limitações, a forma como a dupla J.B. Matos/Carla Rodrigues continua, número após número, a criar BDs (simples, sim, mas) consistentes, equilibradas e com princípio, meio e fim. O que é fundamental numa banda desenhada, claro está.
- O tom divertido, francamente conseguido, de “Animália – Paris je t’aime”, de Pedro Carvalho, uma sátira a alguns estereótipos associados à cultura francesa, com Amália Rodrigues pelo meio. Só faltou um final “en grand” (!) para fazer desta BD uma pequena pérola.
- “Um por um”, de Ricardo Reis, bem desenhado e com um final surpreendente.
Associação Tentáculo (Portugal, Março de 2011)
270 x 190 mm, 92 p., cor, brochada com badanas, 13 €
Resumo
Oitavo número do projecto Zona, lançado durante o Monstra - Festival Internacional de Cinema de Animação, tendo por isso as bandas desenhadas, textos e ilustrações publicadas o tema Monstros como denominador comum.
A reter
- A capacidade de associar a Zona a outros eventos extra-BD (ou não…) que têm demonstrado Fil e André Oliveira, os responsáveis pela publicação.
- … e também a periodicidade (deixem-me escrever assim) que o projecto tem revelado.
- As entrevistas rápidas iniciais (a Joana Afonso e Filipe Andrade), sendo pena que não estejam associadas a bandas desenhadas dos entrevistados.
- O traço de André Caetano, que merecia um argumento mais consistente.
- Apesar de algumas limitações, a forma como a dupla J.B. Matos/Carla Rodrigues continua, número após número, a criar BDs (simples, sim, mas) consistentes, equilibradas e com princípio, meio e fim. O que é fundamental numa banda desenhada, claro está.
- O tom divertido, francamente conseguido, de “Animália – Paris je t’aime”, de Pedro Carvalho, uma sátira a alguns estereótipos associados à cultura francesa, com Amália Rodrigues pelo meio. Só faltou um final “en grand” (!) para fazer desta BD uma pequena pérola.
- “Um por um”, de Ricardo Reis, bem desenhado e com um final surpreendente.
11/04/2011
Johan et Pirluit
A estreia há 65 anos
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 11 de Abril de 2011)
Há 65 anos, o jornal belga “La Dernière heure”, apresentava pela primeira vez Johan, um cavaleiro da idade média, alto e louro, protagonista de uma tira com quatro vinhetas. O seu autor, era um pouco conhecido Peyo, que viria a retomá-lo de forma ocasional por diversas vezes, até que, em 1952, ele se tornou um dos heróis regulares da revista Spirou, já moreno e, a partir do terceiro episódio, acompanhado pelo pequeno, irrequieto e desastrado Pirlouit. Juntos, viveriam pouco mais de duas dezenas de aventuras de capa e espada, entre narrativas curtas e longas, caracterizadas pelo heroísmo desinteressado de Joahn, as trapalhadas de Pirlouit, muita acção, algum mistério e um toque de fantástico, tudo sob a capa de um humor simples mas eficaz e de alguma ingenuidade. E pelo traço ágil, desenvolto e agradável do autor, servido por cores lisas e quentes.
No entanto, apesar de Peyo várias vezes a ter referido como a sua criação favorita, os dois heróis ficariam mais conhecidos pelo facto de nas suas páginas terem aparecido pela primeira vez, em 1958, no álbum “Les Flûte à six Schtroumpfs”, uns simpáticos anõezinhos azuis, que davam pelo curioso nome de Schtroumpfs.
Depois de mais algumas aventuras em comum, as duas séries dividiram-se, tendo Peyo conseguido conciliar ambas até 1970, data em que o sucesso crescente dos Schtroumpfs, uma criação mais original e divertida, o levou a abandonar os seus heróis de eleição.
Em Portugal, a série estreou-se em Julho de 1960, no “Álbum do Cavaleiro Andante #74”, rebaptizada como João e Pirolito. Voltaria depois, com a mesma denominação (ou como Joanico e Pirolito) no “Zorro”, “Jacaré”, “Nau Catrineta” e “Spirou” (2ª série), tendo a União Gráfica editado três álbuns nos anos 60: “O Juramento dos Vickings”, “A Flauta de Seis Schtrumpfs” e “O Anel dos Castellac”.
Leituras relacionadas
Efeméride,
Johan et Pirlouit,
Peyo,
Schtroumpfs
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