BD
póstuma
Desde
que a banda desenhada alcançou o estatuto de arte ou a ele foi
elevado por pessoas com notórios intuitos comerciais, bem distantes
e distintos de critérios artísticos - a discussão destes pontos de
vista opostos mas nem sempre conflituosos poderia ser interessante
mas levar-nos-ia longe do propósito desta crónica, cujo tema é,
como eu pretendia escrever antes deste longo desvio, a edição
póstuma de obras inacabadas.
Por
causa...
Quantas
vezes a leitura - ou a
continuação
dela… - depende (especialmente?) de um pormenor - pormaior,
dizia alguém… - seja ele uma capa, uma ideia, o desenho, uma
história…
Ficam
três
- de muitos - exemplos, já a seguir.
Segunda
oportunidade
Não
tendo sido completamente seduzido por Descender
-
apesar de reconhecer na série algumas questões interessantes e
algures a meio um acréscimo de interesse - cheguei à sua prequela,
Ascender,
disposto
a conceder uma segunda oportunidade ao universo concebido por Lemire
e Nguyen.
Para
já, está a ser merecida.
Território
desconhecido
Para
bom número (?) de leitores - como eu - este álbum significa -
finalmente! - a continuação de uma saga iniciada, em Portugal, há
quase 30 anos e à espera de conclusão há perto de duas décadas.
Assim, esta entrada em território desconhecido, tem duplo sabor: de
encerramento (no próximo volume) e o
do
próprio relato em si.
E,
o que posso adiantar desde já, é que Loisel continua a não
desiludir, bem pelo contrário.
Ric… Vaillant!?
Não fã de Michel Vaillant - e de
automobilismo - não foi por isso que deixei de ler todas as
aventuras do piloto que me passaram pelas mãos, nos volumes
encadernados da revista Tintin
que os amigos que me emprestavam.
Por razões que serão óbvias, na
memória ficaram-me dois
títulos - e mais pelas capas do que por recordar os enredos. Uma
delas, era este Os
Cavaleiros de Königsfeld.
O
homem, antes da(s) obra(s)
Com
as livrarias repletas de versões e mais versões - originais e até
em
BD - das obras mais famosas
de George Orwell (1903-1950), 1984
e
Animal
Farm,
a Ala dos Livros propõe um exercício diferente, conhecer o homem,
antes da(s) obra(s).
Maturidade
Repito, quase palavra a palavra, a introdução que escrevi ontem a propósito de Mister No Revolution: ‘Dentro
do leitor que eu sou, coexistem duas correntes de pensamento
contraditórias. Por um lado, defendo a propriedade das séries pelos
seus autores, por outro, entusiasmo-me com variações e leituras
ousadas dessas mesmas séries. Reconheço, que com o passar dos anos
estou menos intransigente. E, também, que há casos e casos. Porque
quando foi esse o princípio desde sempre - na Marvel, na DC, na
Bonelli, em séries como Spirou…
- a retoma - de forma pontual ou continuada - por outros autores,
afigura-se-me como natural.
Mas,
quando falámos de obras de um autor (dupla de autores) só, o caso
muda de figura. Tintin
- à cabeça, obviamente - Blake
e Mortimer
- já é muito tarde, eu sei… - o próprio Astérix
- que nem devia ter sobrevivido a Goscinny… - são os exemplos mais
(mediáticos e) evidentes. E Alix
era outro. Até ler este Alix
Senator.'
Revisão
Dentro
do leitor que eu sou, coexistem duas correntes de pensamento
contraditórias. Por um lado, defendo a propriedade das séries pelos
seus autores, por outro, entusiasmo-me com variações e leituras
ousadas dessas mesmas séries.
Este
Mister
No: Revolution,
é mais um exemplo desta minha aparente (?) incongruência.