A reedição de títulos esgotados é um sinal de
consistência de um mercado e o regresso às livrarias de O
Fado Ilustrado é mais um sinal disso. Datado de 2011 na edição
original da Plátano, ressurge agora com a
chancela da Arte de Autor e de A Seita, com uma capa mais chamativa,
a revisão dos textos em conjunto com o autor, a inclusão de uma
cronologia dos factos referidos na obra, que ajuda a situá-los no
devido tempo, e beneficiada pelo desenvolvimento das técnicas de
impressão.
Tenho
seguido com interesse o consulado de Chip Zdarsky à frente do
Demolidor, no qual tenho encontrado boas leituras como vou
partilhado por aqui. Este
quinto volume, é claramente de transição entre dois arcos
narrativos e a verdade é que a edição ressente-se disso - mas não
só.
Pôr rótulos é sempre redutor, até porque
raramente eles descrevem na totalidade aqueles em que são colocados,
mas a verdade é que se há área em que o norte-americano Ed
Brubaker se tem distinguido é no campo do policial em banda
desenhada - inclusive quando assinou muitas das suas histórias de
super-heróis da Marvel. Se títulos como Velvet,
Fatale, The Fade Out ou
Criminal, para citar algumas das suas
obras já editadas em português pela G. Floy, o vincam claramente,
Reckless,
acabado de chegar a quiosques e livrarias perpetua essa ideia.
Nas
histórias de Julia Kendall, é normal que ela partilhe o
protagonismo com os criminosos que acabará por investigar. Menos
normal, penso eu - confesso que não fui verificar - é que lhes
entregue completamente a boca de cena, deixando-se ficar no fundo,
quase na sombra. Escrito
de outra forma, nas duas histórias deste volume, Julia apenas
aparece em 40 das 126 pranchas de A
gangue e
em 35 do segundo relato, O
quarto de pânico.