Saudades
do futuro
18 meses, nove (cinco) álbuns, dois Invernos e
mais de 700 páginas depois, chega ao fim a edição portuguesa da
Arte de Autor de Armazém Central,
uma das mais sublimes crónicas aos quadradinhos que a banda
desenhada nos ofereceu neste século.
Horror
com humor
O
modelo é conhecido e está testado: histórias curtas, a preto e
branco (e às vezes cinza), pinceladas aqui e ali com o vermelho vivo
do sangue que espicha, jorra, brota, salpica, corre a rodos,
descontroladamente...
Depois
de três livros - Wolverine,
Carnificina
e, agora, Deadpool
- a conclusão óbvia é que, dos três, é este último que funciona
melhor neste registo.
Mystère investiga... Zagor?!
A Sergio
Bonelli Editore - como outras grandes editoras populares - volta e
meia 'marca' encontros entre os seus heróis - ou com heróis de
outras editoras, como aconteceu recentemente com a DC Comics - os
crossovers
que
garantem atenção mediática e a atenção redobrada dos fãs das
personagens envolvidas e... dos outros.
Este
díptico -
La hacha encantada/La astronave de los seres perdidos - de
Martin Mystère. embora com características bem diferentes, de
alguma forma pode corporizar um género de crossover
diferente.
Construir um catálogo
E
assim, paulatinamente, sem que quase se dê por isso, vai sendo
construído um catálogo infanto-juvenil em português, onde cabem
tantos os mais óbvios Bia e o Unicórnio, Olivia ou
Adele... quanto este
Mausart ou, num
registo similar, Branco em Redor.
Caravana do Oeste, Sioux, Bonanza,
Mascarilha, Buffalo Bill... foram
algumas das muitas revistas de BD dedicadas aos heróis do velho
Oeste, que encheram os quiosques nas décadas de 1970 e 1980. E
títulos marcantes do jornalismo infanto-juvenil nacional, como O
Mosquito, Cavaleiro Andante, Tintin ou Mundo de Aventuras,
tiveram sempre nas suas páginas lugar para os heróis de tiro
certeiro. A última, aliás, durante alguns anos, na década de 1960,
chegou a publicar exclusivamente histórias daquele género.
Depois, as revistas foram desaparecendo e dando
lugar aos álbuns e na BD - como no cinema e noutros géneros
narrativos - decresceu o interesse por esta temática.
Memória(s)
a dois tempos
Volto
ao tema da memória que me serviu de mote há algumas semanas e que previa na altura se
prolongasse por mais alguns textos mas, o multiplicar de edições e
das consequentes leituras acabou por adiar a análise aos dois livros
que proponho hoje.
Neles,
a memória funciona a dois tempos.