Ainda sob o peso de alguns preconceitos, este novo
reencontro
com o Príncipe
Valente
- a
caminhar a passos largos para uma decadência (hoje (re)conhecida) -
foi
como encontrarmos
um parente ou um velho amigo de quem já fomos
próximo mas
que
já não víamos
há muitos anos. As
histórias
que contam
parecem familiares, outras
soam como repetidas, mas o entusiasmo que provocam não é o mesmoe
a afinidade que em tempos se sentiu parece ter desaparecido - ou pelo
menos desvaneceu-se em grande parte. Percebe-se com tristeza que os
tempos mudaram e que não há volta a dar.
O
tema não era fácil nem a obra poderia ser ligeira, por isso
biografar Charles Baudelaire em banda desenhada comportava riscos
óbvios, mas Bernard Yslaire, que regressa ao mercado português com
este Menina
Baudelaire,
sai-se muito bem da tarefa a que se propôs, reflectindo na sua obra
a vida atribulada e a inquietação permanente do autor de As
Flores do Mal.
Numa
época em que impera a ditadura do ‘politicamente correcto’ e a
presunção de que tudo é ofensivo para alguém e em
que umas quantas minorias acéfalas tentam impor os seus pontos de
vista, censurando, reescrevendo, alterando ou proibindo, uma leitura
como Adele,
surge como uma refrescante alternativa, livre de pressões e
preconceitos e é
uma pedrada no marasmo reinante
No
actual panorama editorial português para os mais novos, nas séries
protagonizadas por crianças, podemos distinguir três ‘modelos de
base’, se assim os posso designar. A
combinação de realidade com fantasia e magia emOlívia; a
imprevisibilidade das crianças
terroristas, de que a Incrível Adele
é um feliz
protótipo e, finalmente, as histórias ancoradas no quotidiano, como
espelha este Ariol.