Há muito na minha lista de desejos, este é um daqueles livros que
preferia ter lido sem saber absolutamente nada sobre ele (algo quase impossível nos tempos que correm,), pois
acredito que em termos de leitura teria sido uma vantagem, uma vez
que o seu arranque (o primeiro terço…?) não prefigura o que ele
se irá tornar.
Apreciando-se
mais
ou menos as suas criações, é inegável que a Maurício de Sousa
Editora tem feito um excelente trabalho na divulgação dos seus
heróis e na tentativa de os fazer chegar a todos os públicos.
Há 35 anos, corria o mês de Setembro de
1986, a Sergio Bonelli Editore, estreava um novo título nas bancas
italianas: “Dylan Dog”. No seu habitual formato (15 x 21 cm),
impresso em papel de jornal e com preço acessível de 1300 liras,
reforçava a sua imagem de editora de banda desenhada popular,
juntando um detective particular aos dois grandes sucessos da época: Tex e Zagor, um western
menos
convencional, que convive
bem com a ficção-científica.
A Seita 'assinala a data' com a publicação de um novo livro.
Quando
alguns pensam que nada mais há para inventar - nomeadamente em
universos como o Marvel que, apesar de latos, têm regras estritas -
eis que surge uma obra como esta que, ao abdicar de todas as cores
com uma única excepção (para além dos evidentes preto e branco)
dá um outro sentido e lógica a uma das suas personagens mais
emblemáticas.
Escolhido
sem grandes referências - para além da mais evidente, o nome de
François Walthéry na capa, que foi suficiente para me convencer -
este primeiro integral de Rubine
revelou-se uma interessante proposta, embora não pelos motivos que à
partida seriam mais expectáveis.
Numa
época
em que (também entre nós) se multiplicam as edições de
BD com adaptações de romances
literários, poucas se podem gabar de cumprir tão bem o primeiro
quesito desse tipo de obras: funcionar de forma autónoma enquanto
banda desenhada, como este Ana dos Cabelos Ruivos,
baseado no romance homónimo de Lucy Maud Montgomery e recém-editado pela
Fábula.
Na
infindável repetição de momentos e situações que caracteriza
grande parte das edições Marvel, Matt Murdock/Demolidor e Wilson
Fisk/Rei do Crime, estão de novo frente a frente, mesmo que à
distância, mesmo que por interpostas pessoas.
Com
aliados e inimigos pontuais, fruto das suas decisões e escolhas. E
em contra-ciclo.
Se a
saga (portuguesa!) Congo assenta uma anomalia evolutiva,
parece inegável que em termos autorais a evolução é
uma realidade Amélia,
uma história do Congo,
terceiro tomo da série criada pelos irmãos Henrique e Duarte Gandum
é a prova disso. Mas, ao contrário da ‘outra’, será bom que
não se fique por aqui.