Nos quadradinhos
Diva do cinema, ontem falecida, Elizabeth Taylor teve passagem fugaz pela banda desenhada, onde se inclui uma biografia na colecção “Mujeres Celebres”.
Apesar disso, ficou imortalizada como uma das mais célebres personagens femininas de Astérix, a rainha Cleópatra, a quem serviu – involuntariamente – de modelo. Aliás, mais tarde, Goscinny e Uderzo revelaram que a ideia para o livro, cuja capa original de 1965 é decalcada do cartaz do filme de Mankiewicz, surgiu exactamente após o visionamento da película, durante o qual se fartaram de rir. De Elizabeth Taylor, a Cleópatra de Astérix não herdou apenas o visual (incluindo “o nariz muito bonito”!), mas também os modos da actriz.
O sucesso da Cleópatra do celulóide, em 1963, interpretada por Elizabeth Taylor, deu origem a uma adaptação aos quadradinhos, feita na Argentina por autores desconhecidos, e a colagens ao tema mais ou menos evidentes, nos meses (e mesmo nos anos) seguintes, em histórias aos quadradinhos (e/ou nas capas) de títulos conhecidos como “Archie’s girl Betty and Veronica” #88, “Tales of Suspense" #44 (protagonizado pelo Iron man), “Adventure Comics” #291, "80pp Giant Lois Lane" #14, “Wonder Woman” #161 ou ”Rip Hunter Time Master”, este último um viajante do tempo que na edição #21 se cruza com a (também actriz) Lyz Traymore...
Mas, seria na BD que Elizabeth Taylor, casada oito vezes com sete homens diferentes, encontraria o homem dos seus sonhos, Herbie Popnecker, uma criação de Shane O’Shea e Ogden Whitney, em 1958, que foi estrela da revista “Forbidden Worlds”.
Feio, baixo e gordo, Herbie, que podia voar, tornar-se invisível ou falar com animais, entre muitos outros poderes que obtinha lambendo um chupa-chupa mágico (!), conquistou o coração da actriz na edição #116 mas deixou-a a suspirar por si, como ela fez a muitos homens ao longo da vida.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 24 de Março de 2011)
24/03/2011
Elizabeth Taylor (1932-2011)
Leituras relacionadas
cinema,
Efeméride,
Elizabeth Taylor
23/03/2011
Mestre Gil e o Mistério do Sardoal
Ricardo Cabrita (argumento e desenho)
TAGUS e Câmara Municipal do Sardoal (Portugal, Março de 2011)
200x200 mm, 16 p., cor, brochado com badanas
Este é mais um exemplo de como as entidades públicas – quase sempre câmaras municipais – continuam a ser o principal empregador dos autores portugueses, no que à banda desenhada diz respeito, substituindo-se às editoras nacionais de BD (às editoras que em Portugal publicam BD talvez seja mais exacto…) quando deveriam ter um papel complementar.
Esclareça-se desde já que a culpa é das editoras em particular – e do contexto cultural e do mercado editorial português em geral - não das entidades, cujo papel neste particular deve ser louvado, pesem embora as limitações que normalmente têm este tipo de edições, nomeadamente a inexistente ou fraca divulgação e distribuição destas obras.
Mas adiante, chega de genera-lidades, voltemo-nos então para este “Mestre Gil e o Mistério do Sardoal“, editado com o propósito de “envolver os mais pequenos, chamando-lhes a atenção para os factos do passado que ainda hoje persistem” para lhes dar “instrumentos de análise para melhor compreender o presente e prepararem-se para o futuro”, lê-se na contracapa deste livrinho.
Esse será o seu maior defeito, o reduzido número de páginas, dando por isso a ideia que a Ricardo Cabrita faltou papel (que poderia ter sido retirado das quatro páginas finais destinadas a serem pintadas pelos pequenos leitores?) para explanar e desenvolver um pouco mais este passeio pelo passado e presente da religiosidade do Sardoal, traduzida principalmente pelo seu retábulo quinhentista e pelas expressões de arte popular que têm lugar cada ano, na Páscoa, nas igrejas e capelas locais.
Cabrita, já autor de uma interes-sante biografia de Fernando Lopes Graça para a Câmara Municipal de Tomar, opta aqui por um traço mais caricatural com personagens de narizes grandes, na tradição de muita da BD humorística franco-belga – tendo em conta o público-alvo do livro – para dar vida ao seu Mestre Gil, mas combinando-o de forma conseguida com um tratamento mais realista e rigoroso dos cenários, merecendo realce a forma como integra na narrativa, que percorre várias épocas, os azulejos que ilustram uma tragicomédia da autoria de Gil Vicente, eventualmente nascido no Sardoal.
TAGUS e Câmara Municipal do Sardoal (Portugal, Março de 2011)
200x200 mm, 16 p., cor, brochado com badanas
Este é mais um exemplo de como as entidades públicas – quase sempre câmaras municipais – continuam a ser o principal empregador dos autores portugueses, no que à banda desenhada diz respeito, substituindo-se às editoras nacionais de BD (às editoras que em Portugal publicam BD talvez seja mais exacto…) quando deveriam ter um papel complementar.
Esclareça-se desde já que a culpa é das editoras em particular – e do contexto cultural e do mercado editorial português em geral - não das entidades, cujo papel neste particular deve ser louvado, pesem embora as limitações que normalmente têm este tipo de edições, nomeadamente a inexistente ou fraca divulgação e distribuição destas obras.
Mas adiante, chega de genera-lidades, voltemo-nos então para este “Mestre Gil e o Mistério do Sardoal“, editado com o propósito de “envolver os mais pequenos, chamando-lhes a atenção para os factos do passado que ainda hoje persistem” para lhes dar “instrumentos de análise para melhor compreender o presente e prepararem-se para o futuro”, lê-se na contracapa deste livrinho.
Esse será o seu maior defeito, o reduzido número de páginas, dando por isso a ideia que a Ricardo Cabrita faltou papel (que poderia ter sido retirado das quatro páginas finais destinadas a serem pintadas pelos pequenos leitores?) para explanar e desenvolver um pouco mais este passeio pelo passado e presente da religiosidade do Sardoal, traduzida principalmente pelo seu retábulo quinhentista e pelas expressões de arte popular que têm lugar cada ano, na Páscoa, nas igrejas e capelas locais.
Cabrita, já autor de uma interes-sante biografia de Fernando Lopes Graça para a Câmara Municipal de Tomar, opta aqui por um traço mais caricatural com personagens de narizes grandes, na tradição de muita da BD humorística franco-belga – tendo em conta o público-alvo do livro – para dar vida ao seu Mestre Gil, mas combinando-o de forma conseguida com um tratamento mais realista e rigoroso dos cenários, merecendo realce a forma como integra na narrativa, que percorre várias épocas, os azulejos que ilustram uma tragicomédia da autoria de Gil Vicente, eventualmente nascido no Sardoal.
Leituras relacionadas
C.M. Sardoal,
Fora das Livrarias,
Ricardo Cabrita
22/03/2011
Leituras de Banca
Março 2011
Títulos que começaram ontem a ser distribuídos nas bancas portuguesas.
Panini
Manga
Vampire Knight #2
Marvel
Avante Vingadores #43
Homem-Aranha #104
Os Novos Vingadores #79
Wolverine #68
X-Men #104
Universo Marvel #1
(Será que é finalmente este mês que se estreia este título, já duas vezes anunciado?)
DC Comics
Batman #93
Liga da Justiça #92
Superman #93
Universo DC #2
Turma da Mónica
Almanaque da Mônica #23
Almanaque do Cascão #23
Almanaque do Cebolinha #23
Cascão #45
Cebolinha #45
Chico Bento #45
Magali #45
Mônica #45
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #45
Turma da Mônica – Almanaque Temático #15
Turma da Mônica – Colecção Histórica #19
Turma da Mónica – Saiba mais #36 – Amazônia
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #45
Turma da Mônica Jovem #27
Mythos
Devido a um problema de desalfandegamento, este mês serão postas à venda os títulos anunciados para o passado mês de Fevereiro.
Títulos que começaram ontem a ser distribuídos nas bancas portuguesas.
Panini
Manga
Vampire Knight #2
Marvel
Avante Vingadores #43
Homem-Aranha #104
Os Novos Vingadores #79
Wolverine #68
X-Men #104
Universo Marvel #1
(Será que é finalmente este mês que se estreia este título, já duas vezes anunciado?)
DC Comics
Batman #93
Liga da Justiça #92
Superman #93
Universo DC #2
Turma da Mónica
Almanaque da Mônica #23
Almanaque do Cascão #23
Almanaque do Cebolinha #23
Cascão #45
Cebolinha #45
Chico Bento #45
Magali #45
Mônica #45
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #45
Turma da Mônica – Almanaque Temático #15
Turma da Mônica – Colecção Histórica #19
Turma da Mónica – Saiba mais #36 – Amazônia
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #45
Turma da Mônica Jovem #27
Mythos
Devido a um problema de desalfandegamento, este mês serão postas à venda os títulos anunciados para o passado mês de Fevereiro.
21/03/2011
Selos & Quadradinhos (31)
Stamps & Comics / Timbres & BD (31)
Tema/subject/sujet: Oliver Rameau País/country/pays: Bélgica/Belgium/Belgique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 21/03/2011
Hoje, um exemplo dos DuoStamp belgas. São selos de colecção, de tiragem limitada (e custo acrescido), divididos ao meio: à direita o símbolo dos correio belgas, à esquerda o tema. No que à BD diz respeito, já houve emissões consagradas a Tintin, Bob et Bobette, os 60 anos da Lombard... Hei-de voltar ao tema.
Aujourd'hui, un exemple des DuoStamp de Belgique. Ils sont timbres de collection, en édition limitée (et bien payée), divisé en deux: à droite le symbole de la poste belge, à gauche le thème choisi. En ce qui concerne BD, il ya eu des émissions consacrés à Tintin, Bob et Bobette, le 60e anniversaire de Lombard ... Je reviendrai sur le sujet.
Today, an example of the Belgian DuoStamp. They are collectible stamps, from limited edition, divided in half: at right, the symbol of the Belgian post; at left the topic. With respect to BD, there have been issues devoted to Tintin, Bob et Bobette, the 60th anniversary of Lombard ... I will return to the topic.
Tema/subject/sujet: Oliver Rameau País/country/pays: Bélgica/Belgium/Belgique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 21/03/2011
Hoje, um exemplo dos DuoStamp belgas. São selos de colecção, de tiragem limitada (e custo acrescido), divididos ao meio: à direita o símbolo dos correio belgas, à esquerda o tema. No que à BD diz respeito, já houve emissões consagradas a Tintin, Bob et Bobette, os 60 anos da Lombard... Hei-de voltar ao tema.
Aujourd'hui, un exemple des DuoStamp de Belgique. Ils sont timbres de collection, en édition limitée (et bien payée), divisé en deux: à droite le symbole de la poste belge, à gauche le thème choisi. En ce qui concerne BD, il ya eu des émissions consacrés à Tintin, Bob et Bobette, le 60e anniversaire de Lombard ... Je reviendrai sur le sujet.
Today, an example of the Belgian DuoStamp. They are collectible stamps, from limited edition, divided in half: at right, the symbol of the Belgian post; at left the topic. With respect to BD, there have been issues devoted to Tintin, Bob et Bobette, the 60th anniversary of Lombard ... I will return to the topic.
Leituras relacionadas
2011,
Bélgica,
Dany,
Oliver Rameau,
Selos e Quadradinhos
20/03/2011
Japão
A tragédia japonesa vista pelos cartoons
Poucas horas após o primeiro tremor de terra no Japão, várias pessoas se manifestavam no Twitter contra as anedotas que de imediato começaram a circular.
Poucas horas após o primeiro tremor de terra no Japão, várias pessoas se manifestavam no Twitter contra as anedotas que de imediato começaram a circular.
Esta tem sido, aliás, uma questão recorrente quando tem lugar uma catástrofe similar: qual o lugar do humor perante um evento destes?
Nesse sentido, há alguns anos, numa entrevista que lhe fiz para o Jornal de Notícias, Wolinski, um dos grandes cartoonistas franceses, a propósito dos atentados do 11 de Setembro, afirmava: “Não podemos rir de tudo... Nesse caso fiz desenhos simbólicos. Não procurei divertir, procurei a emoção.”
Numa época em que o cartoon editorial está presente em quase todos os jornais, a tragédia que o Japão ainda vive não escapou ao olhar e ao traço dos criadores gráficos.
Uma simples pesquisa na Internet permite descobrir um grande número de desenhos alusivos, nos quais se destaca o uso recorrente de alguns símbolos: a bandeira japonesa, em especial o círculo vermelho, representando uma ferida, sol posto (desespero) ou sol nascente (esperança); o sinal nuclear associado ou substituindo elementos da cultura nipónica; variações sobre a pintura “A grande onda”, de Katsushika Hokusai, feita sinónimo de destruição, com a montanha original substituída por chaminés nucleares ou destroços urbanos.
E se à maior parte deles é comum uma grande sensibilidade e contenção, apelando mais à reflexão do que ao riso, a verdade é que algumas polémicas têm surgido, com alguns leitores a insurgirem-se, obrigando mesmo, nalguns casos, os autores a explicarem-se ou os jornais a pedirem desculpas públicas, como aconteceu, por exemplo na Malásia, na sequência da publicação de um desenho de Zoy que mostrava Ultraman, um conhecido herói japonês a fugir de uma onda gigante.
No Brasil, onde a polémica também surgiu, Laerte, nas páginas do jornal Folha de S. Paulo defendeu um colega, afirmando: "Usando um ícone da cultura japonesa, ele remete a uma reflexão sobre contrastes: o milenar, permanente, sólido; e o instantâneo, devastador. Isso é um alerta, não um sinal de zombaria".
Ao mesmo tempo, têm sido criados sites como Tsunami – Des images pour le Japon, do ex-argumentista de Spirou, Jean-David Morvan, que reside no Japão a partir de onde tem tentado fazer a ponte entre a BD ocidental e a japonesa, que reúnem ilustrações de vários autores, nascidas como um acto de solidariedade para com o povo japonês.
É essa, também, a intenção deste texto.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 19 de Março de 2011)
Nesse sentido, há alguns anos, numa entrevista que lhe fiz para o Jornal de Notícias, Wolinski, um dos grandes cartoonistas franceses, a propósito dos atentados do 11 de Setembro, afirmava: “Não podemos rir de tudo... Nesse caso fiz desenhos simbólicos. Não procurei divertir, procurei a emoção.”
Numa época em que o cartoon editorial está presente em quase todos os jornais, a tragédia que o Japão ainda vive não escapou ao olhar e ao traço dos criadores gráficos.
Uma simples pesquisa na Internet permite descobrir um grande número de desenhos alusivos, nos quais se destaca o uso recorrente de alguns símbolos: a bandeira japonesa, em especial o círculo vermelho, representando uma ferida, sol posto (desespero) ou sol nascente (esperança); o sinal nuclear associado ou substituindo elementos da cultura nipónica; variações sobre a pintura “A grande onda”, de Katsushika Hokusai, feita sinónimo de destruição, com a montanha original substituída por chaminés nucleares ou destroços urbanos.
E se à maior parte deles é comum uma grande sensibilidade e contenção, apelando mais à reflexão do que ao riso, a verdade é que algumas polémicas têm surgido, com alguns leitores a insurgirem-se, obrigando mesmo, nalguns casos, os autores a explicarem-se ou os jornais a pedirem desculpas públicas, como aconteceu, por exemplo na Malásia, na sequência da publicação de um desenho de Zoy que mostrava Ultraman, um conhecido herói japonês a fugir de uma onda gigante.
No Brasil, onde a polémica também surgiu, Laerte, nas páginas do jornal Folha de S. Paulo defendeu um colega, afirmando: "Usando um ícone da cultura japonesa, ele remete a uma reflexão sobre contrastes: o milenar, permanente, sólido; e o instantâneo, devastador. Isso é um alerta, não um sinal de zombaria".
Ao mesmo tempo, têm sido criados sites como Tsunami – Des images pour le Japon, do ex-argumentista de Spirou, Jean-David Morvan, que reside no Japão a partir de onde tem tentado fazer a ponte entre a BD ocidental e a japonesa, que reúnem ilustrações de vários autores, nascidas como um acto de solidariedade para com o povo japonês.
É essa, também, a intenção deste texto.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 19 de Março de 2011)
19/03/2011
Diabrete
O grande camaradão de todos os sábados
José Azevedo e Menezes (concepção, pesquisa e paginação)
Bonecos Rebeldes (Portugal, 2010)
210 x 300 mm, 116 p., cor e pb, brochado com badanas, 20 €
Para quem escreve regularmente sobre banda desenhada, como é o meu caso, por vezes querer mergulhar no passado dos quadradinhos nacionais revela-se um caso bicudo, dada o limitado acervo que possuo de edições de tempos mais distantes e a inexistência de publicações dedicadas em especial aos seus títulos mais marcantes e importantes.
Os poucos que existem, ou tiveram um forte apoio institucional, geralmente estando associadas a exposições, ou devem-se à paixão pelos quadradinhos dos seus autores.
Este estudo sobre o Diabrete, agora disponível, encaixa no segundo caso.
Sem fazer considerações de conteúdo e forma, nem o enquadramento da publicação no seu tempo e em relação a outras publicações “concorrentes” – aspecto que já tem sido considerado em obras de outros autores – José Menezes optou por compilar e tornar acessíveis dados “estatísticos” relativos a um dos jornais infantis mais significativos do panorama nacional, publicado entre 1941 e 1951.
Desta forma, através de uma paginação simples e legível, mostra todos os cabeçalhos que o Diabrete utilizou, compila, com exemplos, separatas e suplementos, aborda brevemente, mostrando páginas, os principais autores (Adolfo Simões Müller, Fernando Bento) e histórias publicados a par da lista completa de uns e outros, resume secções e colaborações de leitores, indica curiosidades, gralhas, concursos e espectáculos, etc…
E, como não podia deixar de ser, como bom “tintinófilo”, dedica especial atenção às bandas desenhadas de Hergé publicadas, desde as alterações feitas em pranchas de Tintin à reprodução de 27 episódios de Quick e Flupke (conhecidos no Diabrete como Trovão e Relâmpago…) por não terem sido incluídos nos doze álbuns que a Verbo editou em português.
Trabalho de dedicação e paciência, este estudo dedicado ao Diabrete surge na sequência de um outro similar, que o autor tinha editado em 2005, sobre O Papagaio.
Fico a aguardar o próximo… (sobre o Cavaleiro Andante?!)
José Azevedo e Menezes (concepção, pesquisa e paginação)
Bonecos Rebeldes (Portugal, 2010)
210 x 300 mm, 116 p., cor e pb, brochado com badanas, 20 €
Para quem escreve regularmente sobre banda desenhada, como é o meu caso, por vezes querer mergulhar no passado dos quadradinhos nacionais revela-se um caso bicudo, dada o limitado acervo que possuo de edições de tempos mais distantes e a inexistência de publicações dedicadas em especial aos seus títulos mais marcantes e importantes.
Os poucos que existem, ou tiveram um forte apoio institucional, geralmente estando associadas a exposições, ou devem-se à paixão pelos quadradinhos dos seus autores.
Este estudo sobre o Diabrete, agora disponível, encaixa no segundo caso.
Sem fazer considerações de conteúdo e forma, nem o enquadramento da publicação no seu tempo e em relação a outras publicações “concorrentes” – aspecto que já tem sido considerado em obras de outros autores – José Menezes optou por compilar e tornar acessíveis dados “estatísticos” relativos a um dos jornais infantis mais significativos do panorama nacional, publicado entre 1941 e 1951.
Desta forma, através de uma paginação simples e legível, mostra todos os cabeçalhos que o Diabrete utilizou, compila, com exemplos, separatas e suplementos, aborda brevemente, mostrando páginas, os principais autores (Adolfo Simões Müller, Fernando Bento) e histórias publicados a par da lista completa de uns e outros, resume secções e colaborações de leitores, indica curiosidades, gralhas, concursos e espectáculos, etc…
E, como não podia deixar de ser, como bom “tintinófilo”, dedica especial atenção às bandas desenhadas de Hergé publicadas, desde as alterações feitas em pranchas de Tintin à reprodução de 27 episódios de Quick e Flupke (conhecidos no Diabrete como Trovão e Relâmpago…) por não terem sido incluídos nos doze álbuns que a Verbo editou em português.
Trabalho de dedicação e paciência, este estudo dedicado ao Diabrete surge na sequência de um outro similar, que o autor tinha editado em 2005, sobre O Papagaio.
Fico a aguardar o próximo… (sobre o Cavaleiro Andante?!)
Leituras relacionadas
Bonecos Rebeldes,
Diabrete,
José Menezes
18/03/2011
O Gato do Rabino
Os Incontornáveis da Banda Desenhada #2
Joann Sfar (argumento e desenho)
Público + ASA
Portugal, 9 de Março de 2011
295 x 220 mm, 144 p., cor, brochado com badanas
7,40 €
Leituras relacionadas
ASA,
Joann Sfar,
O gato do rabino,
opinião,
Os incontornáveis da Banda Desenhada,
Público
17/03/2011
Plácido e Mosca, 65 anos
A 17 de Março de 1946, estreava no número #56 da revista francesa “Vaillant” uma nova série intitulada “Placid et Muzo”, que rapidamente ganhou as preferências dos leitores, ocupando a capa da publicação três números depois. Os seus protagonistas eram dois animais antropomorfizados, um urso negro e uma raposa, que juntos viviam divertidas aventuras que raramente ultrapassavam uma página.
Se aquele título poderá dizer pouco aos leitores portugueses, o caso mudará com certeza de figura entre aqueles que leram histórias aos quadradinhos nas décadas de 50 e 60 do século passado, se lhes dissermos que em Portugal os dois heróis, numa aproximação à pronúncia original, foram rebaptizados como Plácido e Mosca.
E foi com esta designação que foram presença recorrente em diversas publicações da Agência Portuguesa de Revistas como o Mundo de Aventuras, Condor, Condor Mensal ou Tigre, a preto e branco ou a uma cor, chegando até a estampar a capa de cadernos escolares em meados de 1950, como revela Leonardo de Sá no seu blog Histórias dos Quadradinhos.
Inicialmente usando apenas umas calças com alças, os dois amigos – frequentemente em conflito, devido às suas diferentes formas de ser e reagir, mais pacífico Plácido, mais irrequieto Mosca – comporiam depois o seu visual vestindo pólos ou coletes, protagonizando tanto cenas quotidianas quanto episódios como polícias, cowboys, exploradores ou aventureiros, cuja leitura fácil e directa, os desfechos inesperados e os jogos de palavras contribuíram sobremaneira para conquistar os leitores.
O seu criador foi o catalão José Cabrero Arnal (1909-1982), que os portugueses descobriram como colaborador de “O Mosquito” onde, entre muitas outras bandas desenhadas, tinha brilhado com o cão Top, antepassado daquele que seria a sua mais famosa criação, Pif le chien, publicado pela primeira vez em 1948. Claramente inspirado pelo traço Disney, as suas criações, quase sempre animais com postura humana, combinavam humor, charme e poesia de forma harmoniosa, grangeando sucesso com facilidade.
Plácido e Mosca, que originalmente tinham argumentos de Pierre Olivier, seriam retomados por Jacques Nicolaou, quando Arnal se dedicou a Pif, perdendo no entanto um pouco da sua poesia e da originalidade dos gags iniciais, tendo sobrevivido quase até aos nossos dias.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Março de 2011)
Se aquele título poderá dizer pouco aos leitores portugueses, o caso mudará com certeza de figura entre aqueles que leram histórias aos quadradinhos nas décadas de 50 e 60 do século passado, se lhes dissermos que em Portugal os dois heróis, numa aproximação à pronúncia original, foram rebaptizados como Plácido e Mosca.
E foi com esta designação que foram presença recorrente em diversas publicações da Agência Portuguesa de Revistas como o Mundo de Aventuras, Condor, Condor Mensal ou Tigre, a preto e branco ou a uma cor, chegando até a estampar a capa de cadernos escolares em meados de 1950, como revela Leonardo de Sá no seu blog Histórias dos Quadradinhos.
Inicialmente usando apenas umas calças com alças, os dois amigos – frequentemente em conflito, devido às suas diferentes formas de ser e reagir, mais pacífico Plácido, mais irrequieto Mosca – comporiam depois o seu visual vestindo pólos ou coletes, protagonizando tanto cenas quotidianas quanto episódios como polícias, cowboys, exploradores ou aventureiros, cuja leitura fácil e directa, os desfechos inesperados e os jogos de palavras contribuíram sobremaneira para conquistar os leitores.
O seu criador foi o catalão José Cabrero Arnal (1909-1982), que os portugueses descobriram como colaborador de “O Mosquito” onde, entre muitas outras bandas desenhadas, tinha brilhado com o cão Top, antepassado daquele que seria a sua mais famosa criação, Pif le chien, publicado pela primeira vez em 1948. Claramente inspirado pelo traço Disney, as suas criações, quase sempre animais com postura humana, combinavam humor, charme e poesia de forma harmoniosa, grangeando sucesso com facilidade.
Plácido e Mosca, que originalmente tinham argumentos de Pierre Olivier, seriam retomados por Jacques Nicolaou, quando Arnal se dedicou a Pif, perdendo no entanto um pouco da sua poesia e da originalidade dos gags iniciais, tendo sobrevivido quase até aos nossos dias.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Março de 2011)
Leituras relacionadas
Arnal,
Efeméride,
Nicolaou,
Plácido e Mosca
16/03/2011
XIII Mystery
Os Incontornáveis da Banda Desenhada #3
O Mangusto
Xavier Dorison (argumento) e Ralph Meyer (desenho)
Irina
Corbeyran (argumento) e Berthet (desenho)
Público + ASA (Portugal, 16 de Março de 2011)
295 x 220 mm, 108 p., cor, brochado com badanas, 7,40 €
Resumo
Derivada da série XIII, Mystery aborda o passado de alguns dos seus protagonistas secundários. No caso presente, a origem e juventude de dois assassinos: o Mangusto e Irina.
Desenvolvimento
Uma das séries de maior sucesso em França nas últimas três décadas (o seu primeiro álbum data de 1984) e (apesar disso) uma série algo maltratada em Portugal (onde foram editados 9 tomos), XIII, muito resumidamente, narra a história de um amnésico envolvido numa conspiração para assassinar o presidente dos Estados Unidos e a busca que enceta para descobrir a sua verdadeira identidade.
Thriller de espionagem e acção, baseado numa complexa conspiração, magistralmente orquestrado por Jean Van Hamme, um dos maiores argumentistas do género aventura dos quadradinhos franco-belgas, comporta vários ciclos – nos quais o protagonista, XIII (assim designado pela tatuagem que possui no ombro), vai descobrindo e descartando diversas identidades possíveis.
Concluída em 2007, ao fim de 20 tomos – pelo menos para Van Hamme, porque Vance já manifestou o desejo de encetar um novo ciclo - o sucesso da série levou a editora a avançar com XIII Mistery, uma derivação que explora, em one-shots de 54 páginas, o passado de algumas das personagens que ao longo das aventuras se foram cruzando com o protagonista.
A génese desta sequela é narrada por Van Hamme, a abrir o álbum, que revela que diversas duplas (diferentes) de autores foram convidadas, sendo que as obras constantes do presente volume foram as primeiras a serem concluídas (e publicadas, originalmente em 2008 e 2009).
Curiosamente, ambas optaram por dar vida ao passado de dois assassinos e ambas situaram o seu nascimento do outro lado da Cortina de Ferro. Outros pontos comuns às duas narrativas são os equívocos, as traições e algumas surpresas, o que, a par de um retrato realista e credível de épocas não muito distantes no tempo – embora talvez já algo esquecidas… -, faz com que estas duas histórias revelem atractivos suficientes para prender o leitor, beneficiando ainda de uma boa dinâmica e de uma leitura fácil e fluida.
Sem justificar acções ou atenuar responsabilidades, em ambas as histórias há uma humanização, desde logo pelas infâncias e adolescências complicadas que tiveram, de personagens pouco simpáticas – embora carismáticas – e o cruzamento de sentimentos contraditórios mas complementares - sobrevivência, ilusão, desencanto, reconhecimento, gratidão, vingança – para explicar as suas escolhas futuras.
Pessoalmente, se acho mais consistente a história desenvolvida por Dorison – onde existem algumas sequências muito bem conseguidas, a começar pela inicial, no barco – em termos gráficos confesso a minha preferência pela belíssima linha clara de Berthet e pelo seu traço inconfundível.
Sendo episódios soltos, podem ser lidos – e compreendidos - por quem desconhece a série principal e a participação nela do Mangusto e de Irina, mas a sua completa fruição implica esse conhecimento…
Curiosidades
- No primeiro tomo, o Mangusto cruza-se com Joe telenko, o protagonista de “Balada Assassina” (Devir), igualmente desenhada por Meyer.
- Em “Irina”, são retomadas duas cenas do décimo-terceiro álbum de XIII, “L’Enquête” (Dargaud).
- Em França, já foi publicado o terceiro tomo desta série, dedicada à Major Jones, com autoria de Yann (argumento) e de Hénninot (desenho). Na calha, com periodicidade anual, estão álbuns dedicados ao coronel Amos, Sheridan, Billy Stockton e Steve Rowland.
Nota
- Escrito antes da publicação deste álbum, hoje, com o jornal Público, este post ainda vem ilustrado com pranchas extraídas da versão original francesa.
O Mangusto
Xavier Dorison (argumento) e Ralph Meyer (desenho)
Irina
Corbeyran (argumento) e Berthet (desenho)
Público + ASA (Portugal, 16 de Março de 2011)
295 x 220 mm, 108 p., cor, brochado com badanas, 7,40 €
Resumo
Derivada da série XIII, Mystery aborda o passado de alguns dos seus protagonistas secundários. No caso presente, a origem e juventude de dois assassinos: o Mangusto e Irina.
Desenvolvimento
Uma das séries de maior sucesso em França nas últimas três décadas (o seu primeiro álbum data de 1984) e (apesar disso) uma série algo maltratada em Portugal (onde foram editados 9 tomos), XIII, muito resumidamente, narra a história de um amnésico envolvido numa conspiração para assassinar o presidente dos Estados Unidos e a busca que enceta para descobrir a sua verdadeira identidade.
Thriller de espionagem e acção, baseado numa complexa conspiração, magistralmente orquestrado por Jean Van Hamme, um dos maiores argumentistas do género aventura dos quadradinhos franco-belgas, comporta vários ciclos – nos quais o protagonista, XIII (assim designado pela tatuagem que possui no ombro), vai descobrindo e descartando diversas identidades possíveis.
Concluída em 2007, ao fim de 20 tomos – pelo menos para Van Hamme, porque Vance já manifestou o desejo de encetar um novo ciclo - o sucesso da série levou a editora a avançar com XIII Mistery, uma derivação que explora, em one-shots de 54 páginas, o passado de algumas das personagens que ao longo das aventuras se foram cruzando com o protagonista.
A génese desta sequela é narrada por Van Hamme, a abrir o álbum, que revela que diversas duplas (diferentes) de autores foram convidadas, sendo que as obras constantes do presente volume foram as primeiras a serem concluídas (e publicadas, originalmente em 2008 e 2009).
Curiosamente, ambas optaram por dar vida ao passado de dois assassinos e ambas situaram o seu nascimento do outro lado da Cortina de Ferro. Outros pontos comuns às duas narrativas são os equívocos, as traições e algumas surpresas, o que, a par de um retrato realista e credível de épocas não muito distantes no tempo – embora talvez já algo esquecidas… -, faz com que estas duas histórias revelem atractivos suficientes para prender o leitor, beneficiando ainda de uma boa dinâmica e de uma leitura fácil e fluida.
Sem justificar acções ou atenuar responsabilidades, em ambas as histórias há uma humanização, desde logo pelas infâncias e adolescências complicadas que tiveram, de personagens pouco simpáticas – embora carismáticas – e o cruzamento de sentimentos contraditórios mas complementares - sobrevivência, ilusão, desencanto, reconhecimento, gratidão, vingança – para explicar as suas escolhas futuras.
Pessoalmente, se acho mais consistente a história desenvolvida por Dorison – onde existem algumas sequências muito bem conseguidas, a começar pela inicial, no barco – em termos gráficos confesso a minha preferência pela belíssima linha clara de Berthet e pelo seu traço inconfundível.
Sendo episódios soltos, podem ser lidos – e compreendidos - por quem desconhece a série principal e a participação nela do Mangusto e de Irina, mas a sua completa fruição implica esse conhecimento…
Curiosidades
- No primeiro tomo, o Mangusto cruza-se com Joe telenko, o protagonista de “Balada Assassina” (Devir), igualmente desenhada por Meyer.
- Em “Irina”, são retomadas duas cenas do décimo-terceiro álbum de XIII, “L’Enquête” (Dargaud).
- Em França, já foi publicado o terceiro tomo desta série, dedicada à Major Jones, com autoria de Yann (argumento) e de Hénninot (desenho). Na calha, com periodicidade anual, estão álbuns dedicados ao coronel Amos, Sheridan, Billy Stockton e Steve Rowland.
Nota
- Escrito antes da publicação deste álbum, hoje, com o jornal Público, este post ainda vem ilustrado com pranchas extraídas da versão original francesa.
Leituras relacionadas
ASA,
Berthet,
Corbeyran,
Dorison,
Meyer,
Os incontornáveis da Banda Desenhada,
Público,
XIII
15/03/2011
Cinemax (2)
Para quem não viu na RTPN, aqui fica o excerto do programa Cinemax, do passado dia 12 de Março, no qual estive presente a propósito da estreia em Portugal do filme “As Múmias de Faraó – As Aventuras de Adèle Blanc-Sec”, dirigido por Luc Besson e baseado na banda desenhada homónima de Jacques Tardi.
Manual Zits® para Viver com Eles
Jerry Scott (argumento)
Jim Borgman (desenho)
Gradiva (Portugal, Fevereiro de 2011)
160 x 160 mm, 80 p., cor, cartonado,
12 €
Em publicação desde Julho de 1997, Zits é uma das mais divertidas tiras diárias dos últimos anos, publicada diariamente em centenas de jornais de todo o mundo, entre os quais o Jornal de Notícias (que infelizmente não publica as pranchas dominicais).
Baseadas no (tenebroso) mundo da adolescência, têm como protagonista a família Duncan: Connie, a mãe, pró-activa, Walter, o pai, passivo, e Jeremy, o adolescente de serviço, que alterna entre a preguiça extrema e a hiperactividade - existe ainda um irmão, Chad, (quase) sempre ausente na faculdade.
Do seu núcleo duro fazem igualmente parte Sara Toomey, a namorada de Jeremy, Hector Garcia, o seu melhor amigo, e Pierce, o amigo “esqui-sóide” (não o são quase todos os adolescentes?).
Actuais, divertidas, desconcertantes, certeiras, as tiras diárias têm como pressuposto os inevitáveis choques entre as duas gerações em confronto (e guerrilha permanente): a dos pais de Jeremy e a deste e dos seus amigos. Como principais motivos de choque estão as diferenças de ritmo e de ambições, a (proverbial) incapacidade dos pais para lidarem com as novas tecnologias, a (conhecida) incapacidade do filho para respeitar regras e horários, manter conversas com mais de meia dúzia de monossílabos ou compartilhar problemas e aspirações.
Regularmente editada pela Gradiva em português, que conta já com quinze títulos no seu catálogo (catorze volumes anuais e uma antologia), Zits surge agora num formato diferente. Desde logo no suporte físico: tamanho inferior (mais manu-seável), mais luxuoso (a cores, capa dura). E também na forma, uma vez que esta edição, baptizada de “manual”, compila – em formato aumentado - algumas tiras recolhidas ao longo dos tempos, acrescentando-lhes comentários – na forma de lições de vida ou sugestões para momentos específicos - que explicam (tentam explicar) como lidar com os adolescentes (como se tal fosse de alguma forma possível ou viável).
Objecto derivado, portanto, sinónimo (?) do sucesso da tira (também) em português, é de leitura mais rápida que o habitual e indicado especialmente para quem não conhece Zits ou é normalmente resistente a leituras aos quadradinhos. E, claro, para todos os (pobres) pais de adoles-centes, presentes ou futuros.
Até porque é uma súmula do (muito bom) humor que perpassa diariamente por Zits – quer a nível do texto, quer a nível gráfico pois Borgman frequentemente ajuda o leitor a visualizar emoções, reacções, acções - e, por isso, um excelente cartão de apresentação de uma série de leitura francamente recomendável.
Jim Borgman (desenho)
Gradiva (Portugal, Fevereiro de 2011)
160 x 160 mm, 80 p., cor, cartonado,
12 €
Em publicação desde Julho de 1997, Zits é uma das mais divertidas tiras diárias dos últimos anos, publicada diariamente em centenas de jornais de todo o mundo, entre os quais o Jornal de Notícias (que infelizmente não publica as pranchas dominicais).
Baseadas no (tenebroso) mundo da adolescência, têm como protagonista a família Duncan: Connie, a mãe, pró-activa, Walter, o pai, passivo, e Jeremy, o adolescente de serviço, que alterna entre a preguiça extrema e a hiperactividade - existe ainda um irmão, Chad, (quase) sempre ausente na faculdade.
Do seu núcleo duro fazem igualmente parte Sara Toomey, a namorada de Jeremy, Hector Garcia, o seu melhor amigo, e Pierce, o amigo “esqui-sóide” (não o são quase todos os adolescentes?).
Actuais, divertidas, desconcertantes, certeiras, as tiras diárias têm como pressuposto os inevitáveis choques entre as duas gerações em confronto (e guerrilha permanente): a dos pais de Jeremy e a deste e dos seus amigos. Como principais motivos de choque estão as diferenças de ritmo e de ambições, a (proverbial) incapacidade dos pais para lidarem com as novas tecnologias, a (conhecida) incapacidade do filho para respeitar regras e horários, manter conversas com mais de meia dúzia de monossílabos ou compartilhar problemas e aspirações.
Regularmente editada pela Gradiva em português, que conta já com quinze títulos no seu catálogo (catorze volumes anuais e uma antologia), Zits surge agora num formato diferente. Desde logo no suporte físico: tamanho inferior (mais manu-seável), mais luxuoso (a cores, capa dura). E também na forma, uma vez que esta edição, baptizada de “manual”, compila – em formato aumentado - algumas tiras recolhidas ao longo dos tempos, acrescentando-lhes comentários – na forma de lições de vida ou sugestões para momentos específicos - que explicam (tentam explicar) como lidar com os adolescentes (como se tal fosse de alguma forma possível ou viável).
Objecto derivado, portanto, sinónimo (?) do sucesso da tira (também) em português, é de leitura mais rápida que o habitual e indicado especialmente para quem não conhece Zits ou é normalmente resistente a leituras aos quadradinhos. E, claro, para todos os (pobres) pais de adoles-centes, presentes ou futuros.
Até porque é uma súmula do (muito bom) humor que perpassa diariamente por Zits – quer a nível do texto, quer a nível gráfico pois Borgman frequentemente ajuda o leitor a visualizar emoções, reacções, acções - e, por isso, um excelente cartão de apresentação de uma série de leitura francamente recomendável.
14/03/2011
Tex em 4 rodas
Aberto ao público até ontem, dia 13, o Salão Automóvel de Genebra 2011, um dos mais impor-tantes do género, teve como principais novidades diversos modelos eléctricos e com motorizações ecológicas, entre os quais está o Volkswagen Tex, um protótipo da marca alemã dedicado a Tex Willer, o mais antigo western da BD em publicação.
A viatura em questão, uma criação da Italdesign para o maior fabricante europeu de carros, é um coupé que utiliza a tecnologia Blue e-motion e o sistema de direcção Twin Drive, pois trata-se de um modelo híbrido que tanto pode funcionar a gasolina (com o seu motor de 1.4) como a electricidade (com a bateria de 85 kw). Com uma trans-missão de sete veloci-dades sequen-ciais, atinge a velocidade máxima de 220 km/h, tendo uma autonomia de 35 km quando utiliza apenas o motor eléctrico.
Giorgetto Giugiaro, o estilista que apostou na combinação entre ecologia e desportivismo, afirmou que o Volkswagen Tex “é a nossa interpretação dos carros do futuro, pensados especialmente para a cidade”. E acrescentou: “Além dos automóveis, eu e Fabrizio (o patrão da Italdesign), partilhamos outra paixão: o ranger Tex Willer, herói dos quadradinhos italianos. O Volkswagen Tex é uma homenagem aos homens que escreveram e desenharam uma página importante da nossa cultura popular”.
No caso Giovanni Luigi Bonelli (argumento) e Aurelio Galleppini (desenho), que em 1948 imaginaram o ranger, duro e com um sentido de justiça muito próprio, que fre-quente-mente o transforma em juiz e carrasco dos malfeitores que persegue. E que é um caso ímpar de popula-ridade em Itália, tendo chegado a vender mais de um milhão de exemplares mensalmente, estando na base do sucesso da editora Bonelli, que em 2007 encetou a reedição a cores das suas aventuras, com o jornal “La Reppublica” e a revista “L’Espresso”, numa colecção que, prevista para 50 números, já ultrapassou os 200 volumes.
Em Portugal, onde dispõe de um bom número de fãs, Tex está presente nos quiosques quase ininterruptamente desde a década de 1970, através de edições brasileiras de pequeno formato, que actualmente têm a chancela da Mythos Editora que, mensalmente, disponibiliza diversos títulos de Tex, entre novas histórias e reedições.
Resta saber se, em aventuras futuras, Tex Willer e o seu amigo Kit Carson vão trocar os fogosos cavalos de sempre pelo novo Volkswagen Tex! Com a certeza de que tanto eles como os seus fãs, terão que esperar até 2018, para verem o carro ser produzido em série, se tal vier a suceder.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 13 de Março de 2011)
A viatura em questão, uma criação da Italdesign para o maior fabricante europeu de carros, é um coupé que utiliza a tecnologia Blue e-motion e o sistema de direcção Twin Drive, pois trata-se de um modelo híbrido que tanto pode funcionar a gasolina (com o seu motor de 1.4) como a electricidade (com a bateria de 85 kw). Com uma trans-missão de sete veloci-dades sequen-ciais, atinge a velocidade máxima de 220 km/h, tendo uma autonomia de 35 km quando utiliza apenas o motor eléctrico.
Giorgetto Giugiaro, o estilista que apostou na combinação entre ecologia e desportivismo, afirmou que o Volkswagen Tex “é a nossa interpretação dos carros do futuro, pensados especialmente para a cidade”. E acrescentou: “Além dos automóveis, eu e Fabrizio (o patrão da Italdesign), partilhamos outra paixão: o ranger Tex Willer, herói dos quadradinhos italianos. O Volkswagen Tex é uma homenagem aos homens que escreveram e desenharam uma página importante da nossa cultura popular”.
No caso Giovanni Luigi Bonelli (argumento) e Aurelio Galleppini (desenho), que em 1948 imaginaram o ranger, duro e com um sentido de justiça muito próprio, que fre-quente-mente o transforma em juiz e carrasco dos malfeitores que persegue. E que é um caso ímpar de popula-ridade em Itália, tendo chegado a vender mais de um milhão de exemplares mensalmente, estando na base do sucesso da editora Bonelli, que em 2007 encetou a reedição a cores das suas aventuras, com o jornal “La Reppublica” e a revista “L’Espresso”, numa colecção que, prevista para 50 números, já ultrapassou os 200 volumes.
Em Portugal, onde dispõe de um bom número de fãs, Tex está presente nos quiosques quase ininterruptamente desde a década de 1970, através de edições brasileiras de pequeno formato, que actualmente têm a chancela da Mythos Editora que, mensalmente, disponibiliza diversos títulos de Tex, entre novas histórias e reedições.
Resta saber se, em aventuras futuras, Tex Willer e o seu amigo Kit Carson vão trocar os fogosos cavalos de sempre pelo novo Volkswagen Tex! Com a certeza de que tanto eles como os seus fãs, terão que esperar até 2018, para verem o carro ser produzido em série, se tal vier a suceder.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 13 de Março de 2011)
Leituras relacionadas
Bonelli,
Mythos,
Tex,
Volkswagen
13/03/2011
Selos & Quadradinhos (30)
Stamps & Comics / Timbres & BD (30)
Tema/subject/sujet: Banda Desenhada / Comics / Bande Dessinée
País/country/pays: Suíça / Switzerland / Suisse
Autor/author/auteur:Aloys, Cosey, Zep
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1992
Tema/subject/sujet: Banda Desenhada / Comics / Bande Dessinée
País/country/pays: Suíça / Switzerland / Suisse
Autor/author/auteur:Aloys, Cosey, Zep
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1992
Leituras relacionadas
1992,
Cosey,
Selos e Quadradinhos,
Suíça
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