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01/06/2011

Guerra Colonial

Na Banda Desenhada Portuguesa

Apesar da História pátria ter sido sempre uma temática importante na banda desenhada portuguesa, a guerra colonial (tal como o período revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril), embora tematicamente muito rica, a vários níveis, teve uma passagem mais ou menos discreta pelos quadradinhos nacionais, reflexo sem dúvida da forma complicada como a própria sociedade lidou com o tema.
Na maior parte dos casos, as referências à guerra colonial - as suas origens, as suas consequências – limitam-se a apontamentos mais ou menos breve nas abordagens históricas à época contemporânea.
É o que acontece, com algumas nuances, na “História de Portugal em B.D.” (ASA, 1989), de José Garcês e Carmo Reis, “25 de Abril – O renascer da Esperança” (SporPress, 1999), de Manuel de Sousa e Ernesto Neves, “A Revolução desenhada” (Afrontamento, 2000), de José Carlos Fernandes, João Miguel Lameiras e João Ramalho Santos, “Memória” (Má Criação, 2004), de Cristina Sampaio e Rui Cardoso Martins ou “Salazar – Agora, na hora da sua morte” (Parceria A.M. Pereira, 2006), de Miguel Rocha e João Paulo Cotrim. Ou ainda, num registo satírico, em “O País dos Cágados” (edição de autor, 1989), de Artur Correia e António Gomes de Almeida.
O (quase) endeusamento das figuras nacionais, que caracteriza muita da BD histórica nacional, está presente nas obras anteriores ao 25 de Abril, como acontece com “O Ericeira”, a biografia de um soldado com várias comissões em África onde acaba por morrer vítima de uma explosão, da autoria de Baptista Mendes, publicada (sem surpresa) na Revista da Armada, em 1972.
Casos reais, mas de sentido oposto, bem mais humanos e pacifistas, estiveram também na origem de “7 72” (Azul BD3 #2, Jogo de Imagens, 1994), de Diniz Conefrey, que conta a morte de “um soldado que nunca disparou um tiro e ia a cantar”, e de “Angola 1971” (Visão #7, Edibanda, 1975), de Pedro Massano, que narra o abate, por engano, de uma negra e do seu filho de colo, por um soldado português.
A mesma revista “Visão” publicaria “Matei-o a 24”, logo a partir do seu primeiro número, uma das abordagens mais marcantes ao tema, apesar de ser uma história que ficou incompleta. Desenhada por Victor Mesquita, a partir de um argumento de Machado da Graça, num estilo realista, a cores, com uma planificação muito dinâmica, esta BD, é narrada na primeira pessoa por Eduardo, recém-regressado à vida civil após cumprir a sua comissão em Moçambique, com evidentes sintomas daquilo que hoje se designa por Síndroma de Guerra.

Nela, descreve como, após ter sido dado como morto na sequência de um ataque, se vê frente a frente com um guerrilheiro negro – um “turra”, como eles eram chamados em África pelos portugueses - e como conseguiram ultrapassar a rivalidade inicial para se ajudarem mutuamente. Esta BD teria apenas 12 pranchas publicadas até ao quinto número da publicação. Depois, desentendimentos internos levaram à saída do seu autor, ficando os leitores sem saber o destino de Eduardo e do parceiro, embora o título o deixasse adivinhar...
A mesma revista “Visão”, criada para divulgar de forma digna “Uma nova banda desenhada portuguesa”, claramente marcada por ideias de esquerda e pela sede de liberdade que atravessava o país, voltaria de alguma forma ao tema, ao publicar uma biografia aos quadradinhos de Amílcar Cabral, embora de origem cubana.
Publicada directamente em álbum, “Operação Óscar” (Meribérica/Líber, 2000), de José Ruy, narra a relação amorosa entre um oficial português e uma negra, abarcando o período desde 1962 até à revolução de Abril, cruzando a ficção com personagens reais como Salgueiro Maia e Otelo Saraiva de Carvalho.
“Quem vem e atravessa o rio” (Quadrado #3, 2ª série, ASIBDP, 1996) de Arlindo Fagundes e Pedro Sousa Dias, mostra em tom mordaz os efeitos da guerra a longo prazo, quando o herói, Pitanga, encontra um ex-PIDE prestes a suicidar-se na ponte Luiz I, dividido entre uma atitude racista e os remorsos do que fez em África.
E se a maior parte das abordagens da BD nacional à guerra colonial se limita à simples referência histórica ou opta pela sua condenação, “Mamassuma – Comandos ao ataque” é a excepção à regra.
Lançado em 1977, num formato entre a revista e o mini-álbum, com uma tiragem anunciada de 30 mil exemplares, é uma criação de Vassalo Miranda que surpreende pelo tom assumido, se tivermos em conta o contexto, tendo sido por muitos apodada de “fascista” e “reaccionária”

Fazendo dos comandos heróis, nos moldes tradicionais da banda desenhada clássica de aventuras, Miranda usa a sua BD para criticar abertamente a descolonização levada a efeito por “alguns traidores”, supostamente aliciados pelas “grandes potências anti-europeias” – Rússia, China, Estados Unidos – “inspiradas por monstruosa ambição”, após o terrorismo nos territórios coloniais portugueses ter sido “completamente derrotado pela resistência das populações do Ultramar e pelo Exército Português”.
A acção, ainda segundo o autor, decorre em “Angola, um país luso-africano (…) onde todos viviam em paz e segurança” pois “as arestas étnicas e sociais estavam a ser limadas”. Este paraíso idílico, no entanto, em 1961 seria “atacado por grupos terroristas (…) de marginais e paranóicos, tanto africanos como europeus – que a traição não distingue raças”.
Ao longo das seis dezenas de páginas do livro, com uma linguagem viva e bem realista os comandos têm que libertar um aviador feito prisioneiro pelos “estúpidos e drogados terroristas do M.P.L.A.”, enfrentando-os sem piedade bem como os “comunistas de m…” que constituíam a tripulação de um cargueiro russo infiltrado em território angolano.
Vassalo Miranda, ele próprio ex-comando na Guiné, voltaria ao tema com “Operação Gata Brava” e “Operação Trovão” (ed. Intermal, 1994 e 1995) a partir de argumentos de Alpoim Calvão.
Não sendo muitos, estes exemplos revelam no entanto a abordagem diversificada que a banda desenhada permite, ao nível de temáticas, técnicas narrativas e estilos gráficos.


Nota 1: Por motivos evidentes, não foram referidas neste texto as histórias publicadas ao longo de 1999 no jornal Público, no projecto “25 de Abril, 25 Anos, 25 Bandas Desenhadas”. Pelo menos duas delas, “Memória”, de Cristina Sampaio e Rui Cardoso Martins, e “Pipu” de Daniel Lima, (ambas publicadas no mini-álbum “25 de Abril Sempre!”, da Má Criação, 2004) contêm breves referências à guerra colonial, tema a que Diniz Conefrey dedicou integralmente “A Serpente”.
Fica o registo para lamentar mais uma vez que esse projecto tenha ficado inédito em livro.


Nota 2: para aprofundar o tema, sugiro a leitura do catálogo “Uma Revolução Desenhada – O 25 de Abril e a BD” (Afrontamento/Centro de Documentação 25 de Abril, 1999), da autoria de João Miguel Lameiras, João Paulo Paiva Boléo e João Ramalho Santos, que serviu de ponto de partida para este texto.








(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 31 de Maio de 2011, integrado numa série de artigos sobre a Guerra Colonial)

29/04/2011

Pop Rock Português em BD

Apresentação
O Jornal de Notícias e o Diário de Notícias vão, a partir de hoje, sexta-feira, dia 29, homenagear em banda desenhada alguns dos maiores nomes da música popular portuguesa. Cada lançamento virá acompanhado de um CD com temas do artista da semana e de um ensaio sobre a sua história, de personalidades consagradas do panorama musical.
Xutos e Pontapés - Alex Gozblau
Os Xutos e Pontapés vão inaugurar esta colecção, com uma banda-desenhada escrita e ilustrada por Alex Gozblau. Juntamente com o livro, virá a edição remasterizada de 'Cerco' (1985), clássico do rock português que contém canções emblemáticas como 'Homem do Leme' ou 'Barcos Gregos'.
Para além da história de 30 páginas de Alex Gozblau, este volume contará com um texto da autoria de António Sérgio, Tozé Brito e Pedro Félix, e 'Adeus Vida Atinada', assinado por Pedro Teixeira.
Convém referir, já agora, que cada um dos quinze volumes desta colecção será escrito e ilustrado por um artista diferente, com um estilo e grafismo distinto para cada um dos músicos escolhidos.
O segundo volume, dedicado aos GNR, sai no dia 6 de Maio e conta com ilustrações de Nuno Saraiva e textos de Pedro Mexia e Pedro Cera.


(Texto da responsabilidade do Diário de Notícias)


Calendarização
UHF - Pedro Brito
Vol. 1 - Xutos e Pontapés (por Alex Gozblau) - 29-04-2011
vol. 2 - GNR (por Nuno Saraiva) - 06-05-2011
Vol. 3 - Jorge Palma (por Susa Monteiro) - 13-05-2011
Vol. 4- UHF (por Pedro Brito) - 20-05-2011
Vol. 5 - Trovante (por Maria João Worm) - 27-05-2011
Vol. 6 - António Variações (por Daniel Lima) - 03-06-2011
Vol. 7 - Sétima Legião (por Rui Lacas) - 10-06-2011
Vol. 8 - Pop dell'arte (por Fernando Martins) - 17-06-2011
Vol. 9 - Rui Veloso (por Vasco Gargalo) - 24-06-2011
Vol. 10 - Rádio Macau (por Luis Lázaro) - 01-07-2011
Vol. 11 - Clã (por Tiago Albuquerque) - 08-07-2011
Vol. 12 - Jafumega (por Afonso Ferreira) - 15-07-2011
Vol. 13 - Trabalhadores do Comércio (por Hugo Jesus, Pedro Pires e André Caetano) - 22-07-2011
Vol. 14 – Delfins (por Adolfo Ana) - 29-07-2011
Vol. 15 - Heróis do Mar (por António Jorge Gonçalves) - 05-08-2011

António Variações - Daniel Lima
Comentário
Esta colecção a partir de hoje à venda, retoma um projecto da Tugaland do final de 2008, anunciado então para venda directa – e alguns dos volumes que agora vão ser distribuídos apareceram pelo menos na FNAC.
Em relação ao alinhamento original, refira-se o desaparecimento dos volumes dedicados aos Da Weasel (desenhado por Tiago Albuquerque), Pedro Abrunhosa (por Rui Ricardo) e Sérgio Godinho (por Miguel Rocha).

12/02/2011

Selos & Quadradinhos (24)

Stamps & Comics / Timbres & BD (24)
Tema/subject/sujet: O Snoopy nos correios / Snoopy in the mail / Snoopy dans la poste
País/country/pays: Portugal
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2006

Charles Schulz: 26-11-1922 – 12.02.2000

22/01/2011

Selos & Quadradinhos (19)

Stamps & Comics / Timbres & BD (19)
Tema/subject/sujet: Centenário do Nascimento de Walt Disney/Centenary of the Birth of Walt Disney/Centenaire de la naissance de Walt Disney
País/country/pays: Portugal
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2001

Esta é mais uma das raras emissões feitas em Portugal dedicadas à temática Banda Desenhada ou Cinema de Animação.
Deixo uma chamada de atenção para a feliz conjugação nos selos das imagens dos heróis Disney com uma arte tradicional portuguesa, a azulejaria.

This is another one of those rare philatelic issues made in Portugal dedicated to the theme comic book or animated cinema.
I leave a reminder to the happy conjunction of images on the stamps of Disney heroes with a traditional Portuguese art, decorative tiles.

C'est autre des rares émissions philatéliques du Portugal dédié á la bande dessinée ou au cinéma ou d'animation.
Je laisse un appel à l'heureuse conjonction des images sur les timbres des héros Disney avec un art traditionnel portugais, tuiles décoratives.

14/01/2011

O Mosquito abriu asas há 75 anos


A 14 de Janeiro de 1936 chegava aos quiosques portugueses um novo jornal infanto-juvenil. Era o primeiro voo de O Mosquito, “O semanário da rapaziada”, que duraria 17 anos e 1412 números e marcaria de forma indelével os quadradinhos portugueses.

O Início
O começo – como toda a sua vida, aliás – foi modesto: apenas 8 páginas em formato A4, papel de jornal de fraca qualidade e a presença de uma única cor apenas nas capas e nas páginas centrais. E um preço a condizer: 5 tostões, os oficiais 50 centavos, qualquer coisa como 25 cêntimos nos tempos do euro que hoje vivemos, o que durante muitos anos lhe serviu de bandeira, apresentando-se como “o jornal infantil mais barato”.
Ao leme do insecto, estavam dois dos maiores nomes do jornalismo infanto-juvenil nacional, António Cardoso Lopes, o famoso Tiotónio, já com experiência similar de outras publicações, responsável pelo grafismo, e Raul Correia, que asseguraria grande parte da criação literária da nova publicação, bem como as traduções (livres, quase sempre autênticas novas versões) das bandas desenhadas publicadas. Juntos fizeram de O Mosquito “o primeiro movimento colectivo de rebeldia das crianças em Portugal”, escreve António Dias de Deus em “Os Comics em Portugal” (Cadernos da Bedeteca, Cotovia). Porque, acrescenta, o seu conteúdo fugia às “lindas e bem-formativas revistas, como O Senhor Doutor e O Papagaio”. Por isso, “O Mosquito foi perseguido, confiscado, rasgado, queimado, deitado para o caixote do lixo, anatemizado e esconjurado. Os pais, aparentemente, tinham a razão e a força (…) mas acabaram por perder a guerra”.

Altos voos
E o sucesso foi imediato. Iniciado com uma tiragem de apenas cinco mil exem-plares, no auge da sua popula-ridade atingiu 30 mil, era publicado duas vezes por semana e as máquinas onde era impresso, trabalhavam seis dias por semana, em dois turnos de oito horas!
Combinando novelas ilustradas, textos mais moralistas e bandas desenhadas, recortadas e remontadas, ocupando todos os espaços de cada página, O Mosquito, “o jornal mais bonito”, que ao longo da sua vida mudou de formato cinco vezes e chegou a ter 16 páginas, fez da interactividade com os leitores um dos seus grandes trunfos. Por isso, a par das cartas dos leitores e da publicação das suas fotografias, teve um emblema, multiplicaram-se os concursos, as separatas e as construções para armar. O sucesso crescente levou à criação de colecções paralelas, números especiais, um suplemento para meninas – A Formiga – e emissões radiofónicas, que o fizeram voar atravessando as mudanças de três décadas e de uma guerra mundial.

Histórias memoráveis
Quem leu O Mosquito – quando foi publicado ou anos mais tarde, herdado de pais ou tios – recorda com certeza “Pelo mundo fora…”, “Formidáveis aventuras do grumete Mick, do velho Mock e do cão Muck”, “Jovens Heróis”, “O Capitão Bill, o grumete Bell e o cozinheiro Ball”, “Águias da Lei”, “O Capitão Meia-Noite”, “O Gavião dos Mares”, “Pedro de Lemos, Tenente, e o ‘Manel’, Dez Reis de Gente”, “O Voo da Águia”, “Serafim e Malacueco”, “Anita Pequenita” e, sobretudo, possivelmente, as aventuras do Cuto. E desconhecendo, com certeza, que todas elas eram estrangeiras, a maior parte inglesa, com algumas espanholas à mistura. Quase no final, surgiriam também americanas: “Príncipe Valente”, “Terry e os Piratas”, “Tommy, o rapaz do circo”…
Mais tarde, esta colaboração estrangeira seria quase completamente substituída pela produção nacional. O grande sustentáculo da revista, foi então Eduardo Teixeira Coelho (o célebre ETC), que desenhou “Os Guerreiros do Lago Verde”, “Falcão Negro”, “Os Náufragos do Barco sem Nome” ou o mítico “O Caminho do Oriente” (considerado por muitos Os Lusíadas da BD nacional). “A Casa da Azenha” (de Vítor Péon), “Os Espíritos Assassinos” (Jayme Cortez), “O reino proibido” (José Ruy) ou “O Inferno Verde” (José Garcês) são outros títulos que deixaram marca nas páginas de O Mosquito

O último bater de asas
Com o correr dos anos, a chegada de novos concorrentes – O Diabrete, O Mundo de Aventuras, O Cavaleiro Andante -, a saída de Cardoso Lopes, “uma obcecação pela história pátria e pelos clássicos da língua portuguesa”, escreve António J. Ferreira, outro especialista da BD nacional (em O Mosquito nº 1, V série), a revista perde a rebeldia e “fala cada vez menos à imaginação infantil, tornando-se um prolongamento da escola”.
Chegaria ao fim, de forma discreta, já não era “o semanário infantil português de maior tiragem”, a 24 de Fevereiro de 1953. Mas deixara de tal forma a sua marca, que, escreve Leonardo de Sá no recém-lançado “Dicionário Universal da Banda Desenhada – Pequeno Léxico Disléxico”, o termo “mosquito” chegou a ser usado “para designar em Portugal qualquer revista de histórias aos quadradinhos”.

Outros voos
Por isso, também, se compreende que ao longo dos tempos tenha havido várias tentativas de retomar o título – e o fantástico e o maravilhoso a ele associados. Em 1960, Eduardo Carradinha e José Ruy, autor na primeira série, deram-lhe uma segunda vida, similar à primeira, que durou apenas 30 números. Um ano depois, nova tentativa de renascimento, teve apenas quatro números, mais longa mesmo assim que o número único de prospecção lançado em 1975.
Já nos anos 80, albergando sob as suas asas o melhor da BD europeia de então a par da recuperação de alguns clássicos, O Mosquito voou de novo, durante uma dúzia de números e um Almanaque natalício, na sua última ressurreição. Até hoje.

Quanto vale O Mosquito?
Apesar da sua idade e longevidade, ainda hoje surgem colecções completas de O Mosquito, que podem valer até 7500 euros. O alfarrabista José Vilela, estima que existirão umas 50 no total, mas Alberto Gonçalves, da Timtim por Timtim, refere que, com alguma paciência, gastando mais um pouco, através da internet e procurando em alfarrabistas, é possível completar uma colecção num prazo de um ou dois anos.
Os números mais difíceis, para além dos primeiros, mais antigos, e dos últimos, que tiveram menor tiragem e distribuição, são os que correspondem às mudanças de formato, pois estragavam-se com mais facilidade. Quase impossível, é encontrar as diversas separatas e construções que a revista ofereceu.
De qualquer forma, como este tipo de coleccionismo está geralmente associado à recordação das leituras de infância, são cada vez menos aqueles que ainda procuram O Mosquito.

O Mosquito em números
17 anos (1936-1953)
1412 números
1512 bandas desenhadas curtas
250 bandas desenhadas em continuação
381 contos
425 cartas do Avozinho
180 números de A Formiga (suplemento para meninas)
Tiragem inicial: 5000 exemplares
Tiragem máxima: 30 000 exemplares (duas vezes por semana)
Tiragem no final: 7000 exemplares

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 14 de Janeiro de 2011)

10/01/2011

Tinta nos Nervos. Banda Desenhada Portuguesa

Data: 10 de Janeiro a 27 de Março
Local: Museu Colecção Berardo, Praça do Império, Lisboa
Horário: Domingo a sexta, das 10h às 19h; Sábado, das 10h às 22h. Entrada gratuita.


A abrir o ano, possivelmente aquele que será o grande evento relacionado com a banda desenhada em Portugal em 2011. Uma mostra com cerca de 600 originais de 41 autores nacionais, modernos e contemporâneos, que terá lugar durante dois meses no Museu Colecção Berardo. Uma óptima oportunidade para (re)descobrir alguns dos nomes mais importantes dos quadradinhos nacionais a par de criadores promissores ou mais experimentais.
Para saber mais sobre a mostra, veja o texto de Pedro Moura, comissário da exposição, no seu blog Ler BD.

03/01/2011

BD Portuguesa: o que vamos poder ler em 2011

Se em anos recentes, têm sido recorrentes as notícias sobre bandas desenhadas de desenhadores nacionais publicadas no estrangeiro, que suplantam e abafam as que dizem respeito às edições em Portugal, 2011 promete uma diferença: alguns desses projectos terão uma dimensão e uma visibilidade até agora nunca atingidas, embora por motivos diferentes.

Cronologicamente, a primeira - e possivelmente a mais mediática de todas as bandas desenhadas com assinatura lusa a editar em 2011 - será “Female Force: Angelina Jolie”, a biografia da actriz desenhada por Nuno Nobre, até agora sem bibliografia aos quadradinhos. Destacando-se pelo tema, estará disponível nas livrarias especializadas em Janeiro e é mais uma edição da norte-americana Bluewater Productions especializada em biografias de personalidades da política e da cultura.
A 2 de Fevereiro será lançado o primeiro número de “Onslaught Unleashed”, a mini-série de quatro comics que Filipe Andrade está a desenhar para a Marvel a partir de um argumento de Sean McKeever. Primeiro projecto de fôlego de um português para a Casa das Ideias, narra o regresso do vilão Onslaught e como isso irá afectar o professor Xavier, líder dos X-Men, e Magneto o seu maior inimigo. As capas serão de dois “monstros” dos comics: Humberto Ramos e Rob Liefeld.
Ainda na Marvel, igualmente em Fevereiro, Nuno Plati Alves, depois de participações em Avengers Fairy Tales, X-23, Iron Man e Shanna the She Devil, desenha o seu segundo comic completo, “Marvel Girl #1”, no qual Josh Fialkov narra como a mutante Jean Grey aprendeu a controlar os seus poderes, e João Lemos, que recentemente fez o papel de argumentista numa história de Wolverine, volta ao mutante de garras retrácteis, desenhando uma história de Sarah Cross, inserida na colectânea “Wolverine: The Adamantium Diaries #1000”.
Quanto ao terceiro projecto mediático citado, verá a luz em Maio e destaca-se por estar incluído na antologia que assinala os 25 anos da editora norte-americana Dark Horse, juntamente com criadores como Frank Miller, Mike Mignola ou Dave Gibbons. Trata-se de uma BD de 24 páginas (com um arranque excelente, que tenho o privilégio de poder assegurar pessoal-mente!) que evoca o primeiro encontro de Dog Mendonça e Pizzaboy, os heróis fantásticos criados pelo pianista português Filipe Melo e pelo desenhador argentino Juan Cavia. Esta mesma dupla, que começou por salvar o mundo de uma ameaça nazi latente nas entranhas de Lisboa (que já vai na 3ª edição), deverá regressar em Março, com “Apocalipse” (Tinta-da-China), uma graphic móvel de 120 páginas, para enfrentar o fim dos tempos, tal como descrito na Bíblia.
Outros dois projectos que marcaram recentemente a BD feita em português, “BRK”, um thriller urbano com contornos políticos, de Filipe Pina e do atrás citado Filipe Andrade, e “Asteroids Fighters”, uma space-opera de Rui Lacas (distinguido no Amadora BD 2010), verão os segundos tomos editados no próximo ano pela ASA, em data a definir.
Ainda em Portugal, possivelmente após o Verão, a Kingpin Books lançará três novos livros. O primeiro, é um policial escrito por Fernando Dordio e desenhada por Osvaldo Medina, uma sequela de “C.A.O.S.” (recentemente reeditado), com as mesmas personagens da série inicial - mais velhos , mais gordos , mais carecas e mais maldispostos - envolvidos num caso policial bem sério, com rapto, assassínio e afins.
Quanto a “O baile”, diz Nuno Duarte (argumentista das Produções Fictícias e de “A Fórmula da Felicidade”) é “uma história passada em 1967 e que gira em torno de um inspector da PIDE encarregado de abafar rumores de aparições sobrenaturais numa pequena aldeia piscatória e que podem ensombrar a visita do Papa Paulo VI ao país. Entre dúvidas da carreira que escolheu e os relatos de pescadores mortos na faina que regressam para levar os vivos consigo para o mar, o Inspector deparar-se-á com uma trama de ciúmes e vingança, num ambiente funesto onde pouca coisa é o que parece”. O desenho está a cargo de Joana Afonso.
O terceiro projecto da Kingpin é “O Pequeno Deus Cego”, escrito por David Soares que o apresenta assim: “é uma história alegórica, passada na China medieval. A narrativa orbita à volta de Sem Olhos, uma personagem frágil que talvez seja mais do que aquilo que aparenta ser. Abusada pela mãe intolerante, Sem Olhos já se resignou a viver com o sofrimento, quando contacta com duas personagens misteriosas, um velhote e um panda, que lhe irão mostrar os segredos do seu passado, levando-a a um final inesperado e épico. É, em essência, uma alegoria negra, às vezes violenta, mas sempre poética e recheada de personagens fascinantes que nenhum leitor irá esquecer. O argumento e layouts são meus e o desenho é de Pedro Serpa, que me foi sugerido pelo Mário Freitas”.
Do mesmo argumentista, transita de 2010 “É de Noite Que Faço as Perguntas” (Gradiva), uma narrativa ficcional sobre a implantação da República, o mesmo acontecendo com “O Menino Triste – Punk Redux” (Qual Albatroz), de João Mascarenhas, que evoca a Londres dos anos 70, e o segundo número do colectivo “The Lisbon Studio Mag”, que será apresentado em Janeiro, no Festival de Angoulême.
Ainda e fase de definição quanto a editora, formato e data, está uma BD sobre a pesca do bacalhau, da autoria da dupla João Paulo Cotrim/Miguel Rocha, autores de “Salazar – Agora, na hora da sua morte”.
Jorge Coelho, cujo percurso em 2010 ficou marcado pela participação na mini-série “Forgetless”, da Image, não prevê editar nada em 2011 “com excepção de pequenas colaborações como a história curta de apenas 6 páginas de nome "The Wheel Turns" para a antologia Outlaw Territory Nº2, pois estarei ocupado a desenhar uma história de maior envergadura que me ocupará todo ano. Trata-se de "Submerged Mary", uma graphic novel, escrita por Eric Skillman, para a qual ainda estamos à procura de editora, portanto, no limite, pode não chegar ao prelo”.
Do lado da Zona, revela Fil, um dos seus coordenadores, para já está apenas “programada e confirmada o lançamento da Zona Monstra, no festival de animação com o mesmo nome (A Monstra), em Março. Temos algumas ideias extra, mas não sei se teremos os meios para avançar, por isso ainda não há nada de concreto”.
No seu blog, Kuentro2, Jorge Machado Dias da Pedranocharco, acrescenta a esta lista “dois BDjornal (#27 - Maio e #28 - Outubro) e mais alguma coisa que está ainda no domínio dos deuses…”

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 29 de Dezembro de 2010)

21/11/2010

Selos & Quadradinhos (0) e (1)

Stamps & Comics (0/1) / Timbres & BD (0/1)

Não são banda desenhada, mas são quadradinhos - ou, as mais das vezes, rectangulozinhos…
Não são leitura, mas inspiraram-se nela e evocam muitas horas (muito) bem passadas com um livro nas mãos.
Estão cada vez mais em desuso mas mantêm um charme e uma atracção muito especiais.
Estou a referir-me a selos cuja temática é a banda desenhada, por apresentarem os seus heróis ou serem desenhados pelos seus criadores, que passarão a ser presença regular neste blog, geralmente aos sábados e domingos.
Desfrutem deles!

Ils ne sont pas des bandes dessinées, mais sont des petits carrés - ou, plus souvent, des petits rectangles... Ne sont pas pour lire, mais ils sont inspirés et évoquent les nombreuses heures (très) bien passées avec un livre de BD dans les mains. Ils sont de plus en plus en désuétude mais ils conservent un charme et une attraction très spéciale. Je parle des timbres dont le thème est la bande dessinée, parce qu’ils rendent hommage à leurs héros ou sont dessinés par ses créateurs, qui seront une présence régulière sur ce blog, habituellement les samedis et les dimanches. Profitez!

There are no comics, but they are small squares - or, more often, small rectangles … They are not for read, but they are inspired and evoke many hours (very) well spent with a comic book in hands.
They are increasingly in disuse but retain a charm and a very special attraction.
I’m talking about those stamps whose theme is the comics, because they show their heroes or are drawn by its creators, who will be a regular presence on this blog, usually on Saturdays and Sundays. Enjoy them!













Tema/subject/sujet: Heróis Portugueses de Banda Desenhada
País/country/pays: Portugal
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 8 de Outubro de 2004


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