Rocher RougeEric Borg (argumento)
Michaël Sanlaville (desenho)
Casterman/KSTR (França, Janeiro de 2009)
191 x 278 mm, 120 páginas, cor, capa cartonadaResumo
Seis jovens ocidentais – Erwin, Eva, Steph e Marion, JP e Pauline – chegam a uma ilha paradisíaca tropical – aparentemente – deserta, para passarem três dias de “sea, sun & sex”, entregues a si próprios e à natureza virgem. O que eles não sabem é que o folclore local a indica como moradia do Maboukou, uma espécie de símio lendário, com mais de três metros de altura, conhecido por decapitar e comer a cabeça das suas presas…
Desenvolvimento
E é exactamente isso que nos é mostrado, nas páginas iniciais do livro, num flashback de poucas páginas, datado de 250 anos atrás, quando um marinheiro, perseguido por piratas (?) desembarca na ilha…
Depois, começa o relato propriamente dito, passado na actualidade. Relato, que, à partida, parece construir-se como uma (interessante) história sobre relacionamentos de jovens (abastados, o que não é indiferente para o caso…) naquela fase nebulosa (cada vez mais tardia…) entre a saída da adolescência e a entrada na idade adulta. Relato que, no entanto, acaba por se transformar num conto de puro terror (género sem grande tradição na BD franco-belga, diga-se de passagem), com desfecho surpreendente que, pela segunda vez na história, altera, reinterpretando, os dados em jogo.
Entre os seis jovens, há dois casais, mais ou menos estabelecidos, e boas relações de amizade (não só, como se verá…). Mas a aparente harmonia entre todos, esconde tensões, relacionamentos mal resolvidos e paixões secretas, mais ou menos (mal) disfarçadas, que parecem poder (que vão) explodir a qualquer momento.
Por isso, passados os primeiros momentos de euforia (e de desejo), provocada pela chegada ao paraíso, as coisas começam a descambar (para a normalidade…) com as primeiras desavenças e confrontos a surgirem, os problemas a demonstrarem que também vieram de férias e as situações dúbias a multiplicarem-se, num crescendo de tensão que acaba por culminar no aparecimento (?) do tal Maboukou…
Muda então definitivamente o tom do relato, até aí quente – escaldante mesmo, por vezes, em cenas de sexo e sedução -, com o terror a instalar-se, o sangue a correr e as mortes a sucederem-se a um ritmo que só tem comparação com a aceleração do relato, que arrasta consigo o leitor, surpreendido com a mudança operada, mas também curioso por conhecer o desfecho do novo rumo que os acontecimentos tomaram.
Isto até ao inesperado final, que mostra como por vezes o que vêem os (nossos) olhos – um piscar de olhos (pág. 102) – pode ser profundamente enganador.
Borg, constrói uma história apaixonante, forte, credível no retrato completo que traça dos seis jovens, prendendo o leitor mesmo quando muda o tom do registo, graças à forma como explora as suas/nossas angústias. Para isso contribui também, sobremaneira, o traço de Sanlaville, semi-realista, ultra-expressivo, dinâmico e movimentado, quer se trate de simples conversas, quentes cenas de sexo ou demonstrações de pura crueldade, bem tratado com cores fortes e quentes e que mostra toda a bagagem adquirida na ilustração de story-boards para o audiovisual.
E como é habitual no género no cinema, apesar de a história ficar fechada, como parece indiciar a última vinheta trata-se de um relato (à suivre), como já confirmou Eric Borg numa entrevista ao site ToutenBD, em que confirmou estar já a escrever a segunda parte deste thriller em circuito fechado.
A reter- Os excelentes contra-picados que Sanlanville nos vai servindo ao longo do relato, alguns dos quais de encher o olho, em especial nas páginas de vinheta única (págs. 10, 29, …).
- A forma como com eles e também noutras situações, o desenhador nos coloca na posição das personagens, mostrando-nos a acção como elas a vêem.
Menos conseguido- A cena de tentativa de suicídio de Erwin, embora funcione no momento como motor para a mudança de orientação do relato, é depois pouco credível quando explicada como tal.
Curiosidade
Logo na cena inicial (págs. 3-5), a posição dos dois remadores do bote pirata, de frente um para o outro, não sendo de todo impossível, é muito improvável. Assim sentados, o mais certo é que o barco não saísse do sítio, impelido em direcções opostas por cada um deles!
então boa sorte nessas divulgações bedéfilas, como sabes produz-se muito , até aqui em portugal ,mas se calhar os que fazem bd já são mais do que os que lêm
ResponderEliminarOlá Pedro
ResponderEliminarBem vindo às "escritas na net"!
Esse livro tem uma arte apelativa e a estória parece-me ser do meu tipo. Tenho um problema que só vou resolver quando tiver reformado, aprender francês!
Abraço
Nuno Amado
Grande iniciativa, Pedro. Passarei sempre por aqui pra saber o que anda acontecendo na banda desenhada.
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