O Professor Pardal, o mais célebre inventor dos quadradinhos
Disney, completa este mês seis décadas de invenções mirabolantes mas nem sempre
bem sucedidas.
Apesar de não se saber a sua data de nascimento “real” - ao
contrário de outras personagens Disney com quem interage – para a efeméride
conta a data da primeira aparição nos quadradinhos de Giro Gearloose (o seu
nome no original) em Maio de 1952, no número 140 da revista “Walt Disney's Comics and Stories”.
Esta banda desenhada de 10
páginas, escrita e desenhada pelo genial Carl Barks quase um ano antes,
intitulava-se “Gladstone's terrible secret” e tinha como mote a tradicional sorte
do Gastão e não a novel personagem. O próprio Barks, o mais famoso desenhador
dos “patos Disney”, confessou que não pensava utilizá-lo mais, caso contrário
tê-lo-ia feito mais baixo, da altura de Donald ou Patinhas, pois a elevada
estatura do galináceo antropomorfizado tornava complicado “encaixá-lo” nas
vinhetas a par dos patos.
Apesar disso, o inventor fez
sucesso, o que justificou a criação de uma revista própria sete anos volvidos,
em 1959; sucesso que perdurou até aos nossos dias, o que levou à sua inclusão na
série animada DuckTales, da Disney.
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Professor Pardal: a primeira aparição |
Para isso, contribuiu certamente
o seu génio inventivo, sempre a transbordar de ideias – embora para isso
contasse com a ajuda do chapéu pensante, composto por um ninho com corvos – a
par da sua lendária desorganização e distracção e dos falhanços – ou adequação
errada… - dos seus inventos. Que tanto podiam ser construídos com peças novas,
como com restos ou o lixo disponível, sendo utilizados quer para resolver (ou
complicar?) os pequenos nada quotidianos, quer para ultrapassar os maiores e
mais inesperados contratempos, ameaças e dificuldades.
Por isso, a par de foguetões,
máquinas do tempo ou automóveis incríveis, também criou o oralicóptero, um engenho voador que Donald move à
custa de “quacs”, a máquina de não fazer nada, minhocas que apanham peixes
(literalmente) ou submarinos com pernas, bem como os mais estranhos
artefactos com que heróis falidos como o Superpato (identidade secreta de
Donald), o Morcego Vermelho (Peninha) ou o Morcego Verde (Zé Carioca) combatem
o crime. Inventos muito apetecíveis para gente com más intenções, como o seu
maior inimigo, o professor Gavião, sempre apostado em roubar as suas ideias, ou
a Maga Patalógica e os Irmãos Metralha que os desejam para roubarem a moedinha
nº1 ao Tio Patinhas.
Para o ajudar – e corrigir
muitas das suas falhas – teve sempre ao lado o pequeno Lampadinha – Little Helper
no original, rebaptizado Little Bulb nos anos 1980 – um pequeno robot com uma
lâmpada a servir de cabeça, bem mais atento e equilibrado que o seu inventor,
que se estreou em Setembro de 1956, na história “The Cat Box”.
Como tantas
outras das assexuadas personagens Disney, Pardal, insensível aos avanços
femininos, não tem filhos mas conta com um sobrinho, Pascoal (Newton
no original), igualmente dotado de génio inventivo.
A sua fama extravazou os
quadradinhos, inspirando pessoas no mundo real, como o norte-americano Dean
Kamen, detentor de mais de 400 patentes, que se inspirou num invento do
professor Pardal para criar os Segway que hoje vemos em centros comerciais e
supermercados.
O
professor Pardal, no entanto, não é o único – nem o primeiro - génio dos
quadradinhos. Antes e depois dele, muitos outros revolucionaram os seus mundos
com inventos estranhos ou apenas adiantados em relação ao seu tempo.
É o
caso do foguetão do professor Tournesol que levou Tintin à lua, do
rádio-relógio que Dick Tracy utilizava ou do avião supersónico criado pelo
professor Mortimer.
Exemplos
que ficam enquanto aguardamos pela concretização da máquina do tempo que o
próprio Pardal, o Franjinha da Turma da Mônica (a par de tantos outros) imaginaram,
dos fatos de moléculas instáveis desenvolvido por Reed Richards, do Quarteto
Fantástico ou pela poção mágica de que só o druida Panoramix conhece o segredo…
(versão revista do texto publicado no Jornal de
Notícias de 14 de Maio de 2012)